Inquérito
contra Palocci, ainda em outubro do último ano, indicava a estratégia desenhada
para se chegar ao ex-presidente, que agora se concretiza na condenação do
ex-ministro
O juiz da
Lava Jato do Paraná, Sérgio Moro, mostrou as recompensar de se delatar contra o
ex-ministro petista Antonio Palocci, no mesmo despacho que o condenou a mais de
12 anos de prisão.
Enquanto a
possível delação do ex-ministro foi analisada pelo magistrado de Curitiba como
"ameaça", podendo desbancar a ponte criada pela força-tarefa da
Operação para se chegar à mira final, no ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, aqueles que tornaram possível o encarceramento de Palocci e a tese que atinge
Lula obtiveram benefícios.
Desde
outubro de 2016, quando o ex-ministro da Fazenda do governo Lula e
ex-ministro da Casa Civil no governo Dilma foi preso, o GGN revela
a estratégia dos investigadores, que agora se concretiza.
Entenda:
Somente o
ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, obteve uma redução de mais de 55 anos de
prisão fechada. Isso porque o ex-diretor responde a 13 processos na Justiça
Federal do Paraná, que significariam 61 anos e 7 meses totais de
encarceramento.
Mas no
despacho que condenou Palocci, Moro determinou que Duque sairá da prisão após
cumprir somente 5 anos de regime fechado, com a condição de seu acordo de
delação premiada, ainda em negociação com o Ministério Público Federal (MPF),
for celebrado.
A premiação
ocorreu porque, apesar de grande responsabilidade nos esquemas investigados, o
ex-diretor "prestou algumas informações relevantes sobre o esquema
criminoso por parte de terceiros". "Foi muito bom para ele, mas
queremos mais e seguimos lutando", comemorou o advogado do ex-diretor da
Petrobras, Antônio Basto.
Também foram
compensados o presidente da Odebrecht, Marcelo. Pela delação com os
procuradores da Lava Jato, conseguiu diminuiu 12 anos por apenas mais 6 meses
de regime fechado, com dois anos e seis meses em regime domiciliar.
Os
marqueteiros João Santana e Mônica Moura, que sentiram a pressão da Lava Jato
nas testemunhas das campanhas petistas, sobretudo do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, resultou de 5 anos para mais 6 meses em regime fechado e quatro
anos de prisão domiciliar. Também está prevista a progressão da pena, que é a
redução desse tempo.
Moro
afirmou, no despacho de condenação de Palocci e dos outros réus, que "não
se discute" a "efetividade" da colaboração do casal de
publicitários das campanhas do PT.
O benefício
se estendeu a todos os delatores que, de alguma forma, auxiliaram na condenação
de Palocci e na criação da ponte para se incriminar o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
O
ex-funcionário da estatal Eduardo Musa recebeu apenas 6 meses de prisão fechada
e um a dois anos em regime aberto: antes havia sido condenado a 4 anos e 6
meses. O ex-presidente da Sete Brasil, José Carlos Ferraz, obteve a redução de
6 meses de sua pena, ainda perdoada com o pagamento de US$ 1,9 milhão em
indenização.
Três
executivos da Odebrecht do setor de Operações Estruturadas, Hilberto
Mascarenhas, Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo da Rocha Soares cumprirão a
maior parte de suas prisões em casa, com a possibilidade ainda de progressão da
pena. O acordo também reembolsou à União R$ 7,8 milhões por Mascarenhas e R$
9,1 milhões por Soares.
Também do
setor de Operações Estruturadas, Marcelo Rodrigues teve seus cinco anos de
prisão perdoados para 4 anos e seis meses, sendo o primeiro em regime
semiaberto, e o restante em regime aberto diferenciado e serviços comunitários.
O executivo
da Odebrecht, Olívio Rodrigues Júnior, terá que ficar 9 meses em regime
fechado, e mais um ano e três meses em domiciliar e outros cinco anos em semiaberto.
Prestou delação e pagará R$ 7,3 milhões de multa.
GGN