Conselho
Federal da OAB deve instar Supremo a julgar logo ações sobre execução
antecipada da pena de prisão, dizem advogados.
O criminalista Leonardo Yarochewsky afirmou nesta
terça-feira (13/3) que a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal
Federal, está “virando as costas” para o Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil e à sociedade ao não pautar as duas ações que discutem a
constitucionalidade do artigo 283 do Código de Processo Penal. O
dispositivo proíbe a execução da pena de prisão antes do trânsito em
julgado.
Ele falou durante a sessão desta terça do Conselho Federal,
após leitura de manifesto do Instituto dos Advogados do Brasil que
insta a Ordem a “levantar sua voz em defesa do Estado Constitucional” e pedir
ao STF urgência na análise dos processos. Yarochewsky lembrou que a
ministra contou com o apoio da OAB para ser escolhida e fazer parte da corte.
Yarochesky foi ao Conselho Federal nesta terça acompanhando
integrantes do IAB que foram pedir à Ordem que se manifeste a favor do
julgamento das ações pelo Supremo. O Conselho Federal é autor de uma delas, mas
não tem participado dos debates, segundo os advogados que foram à sede da
autarquia.
“A presunção da inocência prevista pela Constituição é um
direito de todos”, afirmou. Segundo ele, o STF deve julgar a questão para
acabar com a insegurança jurídica que paira sobre o tema, e não porque poderia
supostamente favorecer algum condenado. O criminalista lembrou que ministros da
corte têm deferido liminares para cassar ordens de prisão antes do trânsito em
julgado.
A ministra Cármen Lúcia participou nesta terça de evento
promovido pelo jornal Folha de S.Paulo e reafirmou que não pretende pautar os
processos durante sua gestão, que termina em setembro deste ano. O relator das
ações, ministro Marco Aurélio, já as liberou para julgamento.
Yarochewsky citou dados que apontam para a importância
da definição do assunto pelo Supremo. Falou da população carcerária, que passa
dos 700 mil presos, como 40% de presos provisórios. Segundo o advogado,
mais de 40% dos Habeas Corpus concedidos pelo Superior Tribunal de Justiça
acabam revendo injustiças cometidas em condenações pelos tribunais brasileiros,
beneficiando condenados que seriam presos antes do trânsito em julgado.
O presidente do Conselho Federal, Claudio Lamachia, disse que
o plenário da entidade deverá decidir na próxima reunião, ainda sem data
marcada, se será protocolado algum pedido de urgência junto ao STF. Ele lembrou
que a entidade entregou à ministra Cármen, em meados do ano passado, ofício
pedindo para que o STF analise as ações sobre a presunção da inocência, dentre
outras patrocinadas pela OAB.
Do Conjur