Apesar
de não ter o potencial político de Lula, Dilma Rousseff, com seus périplos
denunciantes pelo mundo, virou uma pedra no sapato dos golpistas – incluída,
aí, a dita “operação policial” que viabilizou a desestruturação da economia e,
portanto, o golpe.
Dilma
não para. Toda a luta política que deveria ter travado no seu governo – entre
2011 e 2015 – ela deixou para travar pouco antes do seu afastamento da
Presidência. E não parou até hoje de lutar. E, como não para, virou um
problema.
Os
frequentes périplos de Dilma pelo exterior maculam a imagem do governo Temer, o
que lhe gera muitas dificuldades devido à verossimilidade das acusações da
antecessora.
Além
disso, a aura de honorabilidade de Dilma não combina com o afastamento do cargo
por “crime de responsabilidade”. O interesse em anular a atividade política da
ex-presidente, portanto, é óbvio.
Tão
óbvio quanto os nomes dos interessados…
Enfim,
o fato é que apareceram, caíram do céu os instrumentos para pôr em xeque a
credibilidade de uma presidente deposta por razões pouco claras e, até então,
impermeável a denúncias de corrupção.
A
delação do casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura ainda pode, no
limite, encarcerar aquela que tanto vem incomodando o presidente Michel Temer,
que tanta simpatia desperta no Judiciário.
A
mulher de Santana contou uma história digna dos melhores ficcionistas. Uma
fórmula aparentemente segura de ela e Dilma planejarem crimes.
A
empresária entregou ao Ministério Público Federal um registro com as imagens de
e-mail que diz ter usado para trocar mensagens com a ex-presidente Dilma
Rousseff. As fotografias estão em uma Ata Notarial lavrada em 13 de julho de
2016 no 1º Tabelionato Giovannetti em Curitiba.
Monica
afirmou em delação premiada que criou “no computador da presidente” uma conta
de e-mail com nome e dados fictícios, com senha compartilhada entre as duas e o
ex-assessor de Dilma Giles Azevedo.
Segundo
a delatora, ela e a então presidente combinaram que, se houvesse notícia sobre
avanço da Lava Jato em relação ao casal, o aviso seria feito através desse
e-mail. As mensagens escritas pela presidente ficariam na caixa de rascunhos do
e-mail, para não circularem, e Mônica acessaria a conta de onde estivesse.
Analisemos
a fala dessa senhora:
—
Eu criei um email no computador dela, sentada lá no Alvorada, o Giles [Azevedo]
estava do lado (…) e eu, no lap top dela, no computador dela, criei um gmail
(…)
Ora,
está dito pela delatora que criou o email em conjunto com Dilma no computador
dela, na residência oficial dela. Monica foi presa em fevereiro de 2016. Um dia
antes diz que salvou uma mensagem para Dilma, através do método que descreve.
Tudo
isso tem que estar registrado. O Google tem que informar se esse email foi
criado nessa data. O provedor de internet tem que dizer se houve acesso a essa
página do gmail no computador de Dilma.
Será
que desde fevereiro de 2016 – um ano e três meses atrás – a Lava Jato não
conseguiu confirmar esses dados? Isso pode ser resolvido em horas ou, no
máximo, em dias pela toda-poderosa Operação Lava Jato.
Cadê?
Por que a Justiça Federal não liberou a delação de Mônica Moura já com a
informação de que realmente o email foi criado no gabinete pessoal de Dilma, em
sua residência oficial enquanto foi presidente da República?
Estão
de brincadeira com a sociedade?
Que
a Lava Jato diga de uma vez por todas se esse email foi mesmo criado no
computador de Dilma usando uma conexão de internet da Presidência da República.
Se não tem esse dado, se não achou, a versão da delatora está em cheque e não
deveria nem ser divulgada.
Se
a Justiça divulgou a delação de Monica Moura sem confirmar sua afirmação é
porque não conseguiu confirmar. Desse modo, a acusação só serve para tentar
reduzir a credibilidade das denúncias de golpe que Dilma vem fazendo no
exterior.
Na
opinião desta página, usar uma delação falsa para retirar credibilidade de
alguém seria um crime. Espera-se, pois, que a Justiça tenha confirmado a
afirmação de Monica Moura antes de tornar pública sua denúncia. Do contrário,
terá surgido um escândalo colossal.
Do
Blog da Cidadnia