Entre
1993 e 1996, Youssef participou de esquema que desviou mais de R$ 15 milhões da
Prefeitura de Maringá. O julgamento só ocorreu em agosto deste ano, mais
de duas décadas após o escândalo. O principal argumento do doleiro para não ser
condenado foi o acordo que fez com Sergio Moro no Banestado.
Fotos:
Agência Brasil
O
acordo de delação premiada que Sergio Moro fez com Alberto Youssef em meados
dos anos 2000, no âmbito do caso Banestado, foi usado pelo doleiro como
argumento contrário a uma nova condenação, agora pelo desvio de R$ 15 milhões
da Prefeitura de Maringá. A sentença, proferida pelo juiz Joaquim Pereira
Alves, da 3ª Vara Criminal de Maringá, saiu em agosto passado, e estabelece
mais de cinco anos de regime fechado a Youssef, sem nenhuma das regalias que
ele recebeu na Lava Jato.
O
julgamento do esquema de corrupção já se arrastava há mais de 10 anos. O
Ministério Público ofereceu em 2002 a denúncia relativa aos desvios praticados
na Prefeitura entre 1993 e 1996. Mas o caso só foi aceito em 2009. De lá para
cá, dois dos principais acusados (o então prefeito Said Felício Ferreira e seu
secretário de finanças, Luis Antonio Paolicchi) já faleceram.
Na
sentença, o juiz Joaquim Alves anotou que Youssef citou o acordo com Moro na
tentativa de evitar mais uma condenação. O doleiro afirmou "que quando fez
o acordo com o Sérgio Moro, em 2003, acabou englobando um acordo geral,
englobando municípios e governo do estado." Youssef alegou que já havia
colaborado com a Justiça e, inclusive, cumprido pena relativa aos desvios em
Maringá.
Moro,
à época do Banestado, concedeu benefícios a Youssef mesmo com o doleiro
declarando que movimentou "cerca de R$ 245 milhões" em recursos
ilícitos em apenas um ano, destacou Alves.
"O
acusado Alberto Youssef, em sede de alegações, pleiteou alternativamente pela:
a) suspensão da presente ação penal, pelo prazo de 10 (dez) anos, nos termos de
colaboração premiada; b) declaração judicial de que o acusado já está cumprindo
a pena, e de consequência a extinção da punibilidade; c) reconhecimento da
atenuante da confissão espontânea."
Mas
o juiz decidiu que o acordo de Youssef com Moro não acrescentou nada ao
processo em tela.
Além
disso, o juiz entendeu que Youssef não cumpriu pena nenhuma em relação aos
crimes praticados em Maringá. E não só isso: "(...) conforme afirma o
Ministério Público, o acordo foi rescindido com a reiteração delituosa do
acusado Alberto Youssef na denominada Operação Lava Jato."
Segundo
a denúncia, uma auditoria na Prefeitura mostrou que empréstimos eram tomados
junto à Caixa Econômica Federal e declarados ao Tribunal de Contas do Estado de
maneira fraudulenta.
Enquanto
isso, os recursos eram desviados com ajuda da equipe que controlava a
secretaria de finanças. O titular da pasta usava empresas ligadas a Youssef
para lavar o dinheiro. Em três anos (1993-1996), R$ 15,4 milhões sairam dos
cofres públicos - o equivalente a 21% da arrecadação anual do município.
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GGN