Depoimento de Renato Duque
Duque tenta
bala de prata contra Lula, que acusa Moro de fabricar acusação
Às vésperas
do depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, Renato Duque,
ex-diretor da Petrobras, que está preso e já foi condenado em quatro ações da
Lava Jato a mais de 50 anos de prisão, afirmou que Lula pediu para que ele
fechasse contas no exterior, onde recebia propinas.
Segundo
Duque, Lula quis saber sobre conta que ele teria na Suíça e se nela recebeu
recursos da multinacional SBM; "Eu falei não, não tenho dinheiro da SBM
nenhum, nunca recebi dinheiro da SBM. Aí ele vira pra mim fala assim 'olha, e
das sondas tem alguma coisa?' E tinha né, eu falei não, também não tem".
Renato Duque
atribuiu então a seguinte frase ao ex-presidente: 'Olha, presta atenção no que
vou te dizer. Se tiver alguma coisa não pode ter, entendeu? Não pode ter nada
no teu nome entendeu?'; Duque já havia ido a um interrogatório no dia 17
de abril, quando ficou em silêncio, e agora pediu para ser interrogado
novamente; defesa de Lula disse que relato é 'tentativa de fabricar acusações'
Às vésperas
do depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, Renato Duque,
ex-diretor de Serviços da Petrobras, tentou entregar uma bala de prata contra o
petista, depois de ter ficado em silêncio num interrogatório no dia 17 de abril
- Duque pediu então para ser ouvido novamente pelo juiz da Lava Jato.
O novo
depoimento aconteceu nesta sexta-feira 5 em Curitiba, quando Duque disse a Moro
que Lula 'tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando' do esquema de
corrupção instalado na estatal, em palavras similares aos dos procuradores da
investigação, como Deltan Dallagnol, que designou ao ex-presidente o papel de
"grande general" da organização criminosa.
Duque
afirmou que Lula pediu para que ele fechasse contas no exterior, onde recebia
propinas. Segundo o depoente, o ex-presidente quis saber sobre conta que ele
teria na Suíça e se nela recebeu recursos da multinacional SBM.
"Ele me
pergunta se eu tinha uma conta na Suíça com recebimentos da SBM", relatou.
"Eu falei não, não tenho dinheiro da SBM nenhum, nunca recebi dinheiro da
SBM. Aí ele vira pra mim fala assim 'olha, e das sondas tem alguma coisa?' E
tinha né, eu falei não, também não tem".
Renato Duque
atribuiu então a seguinte frase ao ex-presidente: 'Olha, presta atenção no que
vou te dizer. Se tiver alguma coisa não pode ter, entendeu? Não pode ter nada
no teu nome entendeu?'.
O ex-diretor
da Petrobras está preso - foi preso pela primeira vez em novembro de 2014 - e
já foi condenado em quatro ações da Lava Jato a mais de 50 anos de prisão, além
de ser réu em pelo menos outros seis processos decorrentes da operação.
Para a
defesa de Lula, o depoimento de Duque "é mais uma tentativa de fabricar
acusações ao ex-presidente Lula nas negociações entre os procuradores da Lava
Jato e réus condenados, em troca de redução de pena. Como não conseguiram
produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de
dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou
aos acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos
mentirosos".
"O
desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da audiência em que Lula
vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos. A audiência de Lula
foi adiada em uma semana sob o falso pretexto de garantir a segurança pública.
Na verdade, como vinha alertando a defesa de Lula, o adiamento serviu
unicamente para encaixar nos autos depoimentos fabricados de ex-diretores da
OAS (Leo Pinheiro e Agenor Medeiros) e, agora, o de Renato Duque.
Os três
depoentes, que nunca haviam mencionado o ex-presidente Lula ao longo do
processo, são pessoas condenadas a penas de mais de 20 anos de prisão,
encontrando-se objetivamente coagidas a negociar benefícios penais.
Estranhamente, veículos da imprensa e da blogosfera vinham antecipando o
suposto teor dos depoimentos, sempre com o sentido de comprometer Lula.
O que
assistimos nos últimos dias foi mais uma etapa dessa desesperada gincana, nos
tribunais e na mídia, em busca de uma prova contra Lula, prova que não existe
na realidade e muito menos nos autos", dizem ainda os advogados do
ex-presidente.