Herdeiro do
"Rei dos Ônibus", o empresário Jacob Barata Filho foi preso na noite
deste domingo (02) pela Lava Jato, sob a suspeita de pagar milhões de reais em
propina a políticos do Rio de Janeiro. Além da influência no setor, o alvo da
Operação também guarda relações com políticos ruralistas e a esposa do ministro
Gilmar Mendes.
Jacob é
sócio de diversas empresas de ônibus no Rio, o que trouxe a fama do nome ao
empresário. A pedido de procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Ministério
Público Federal (MPF) e autorizado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal
Criminal, ele foi detido no Aeroporto Internacional do Galeão, quando estava
prestes a embarcar para Lisboa, em Portugal, com passagem apenas de ida.
Os
investigadores monitoravam o empresário e solicitaram a detenção quando
descobriram que Barata Filho havia comprado uma passagem apenas de ida à
Europa, levantando a suspeita de fuga do país.
O empresário
já tinha conhecimento que estava sendo alvo das investigações e portava
consigo, dentro de sua bagagem, um ofício do banco informando que a quebra de
seu sigilo bancário. A prisão iria ocorrer posteriormente, mas a possibilidade
de fuga fez com que os procuradores antecipassem a Operação.
Herdando de
seu pai os negócios do ramo dos transportes de ônibus no Rio de Janeiro, o
patriarca Jacob Barata é fundador do Grupo Guanabara, e seu filho, agora preso,
era um dos gestores das empresas de transporte de passageiros.
Em nota
oficial, a assessoria de imprensa do empresário afirmou que ele não estava
fugindo, mas "realizando viagem de rotina a Portugal, onde possui negócios
há décadas e para onde faz viagens mensais". Os advogados decidirem se
pronunciar somente após o acesso aos autos da investigação.
Relações de parentesco
O nome do
empresário estampou o noticiário em 2013, quando foi realizado o luxuoso
casamento da filha de Jacob, Beatriz Perissé Barata com Francisco Feitosa
Filho. Em pleno ápice de atos contra o aumento das tarifas de ônibus no Brasil,
manifestantes protestaram em frente ao Copacabana Palace, na zona sul do Rio,
onde ocorria a festa de calculados R$ 2 milhões.
Entre os
convidados presentes no evento, estava o ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Gilmar Mendes. As relações de Gilmar vão além de um simples convidado,
ele foi padrinho do casamento. Se a noiva é neta do "Rei dos Ônibus",
o noivo Francisco é filho do ex-deputado federal cearense Chiquinho Feitosa,
irmão de Guiomar Feitosa, a esposa do ministro.
O pai,
Chiquinho, é um político ruralista, com milhões de bens declarados em empresas
agropecuárias e publicamente dono de grandes fazendas no Ceará. Chiquinho é
cunhado do ministro do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além de
carregar como tia a esposa de Gilmar Mendes, Francisco Feitosa Filho, agora
marido da filha do empresário preso, também é sobrinho também do ex-deputado
federal Mário Feitoza (PMDB).
Do GGN