Há quem diga que a decretação de intervenção militar no Rio
de Janeiro é prévia de uma intervenção militar no Brasil que decorrerá de
greves que estão para começar e de uma faixa colocada na entrada da favela da
Rocinha que diz que, se Lula for preso, “o morro vai descer”. Esses temores são
pertinentes e é por isso que aumenta a certeza de que o STF irá impedir um
incêndio social e político no país impedindo a prisão de Lula.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) reagiu com indignação
contra o decreto de Temer que estabelece uma intervenção militar na Segurança
Pública do Rio de Janeiro. O deputado acha que o exército pretende reprimir
greves e outros protestos que explodirão pelo país caso Lula seja preso.
A faixa na favela da Rocinha está sendo pintada pelos grupos
político-midiáticos de direita como uma ameaça de traficantes cariocas em caso
de prisão de Lula, mas essa é uma das maiores imbecilidades que os golpistas já
proferiram já que nem mesmo o consórcio jurídico-midiático anti Lula já ousou
associá-lo a tráfico de drogas.
Muito antes, a faixa traduz o sentimento de desespero vigente
entre a população mais humilde ante o acelerado empobrecimento causado pelas
reformas golpistas de Michel Temer, que estão incentivando o trabalho sem direitos
e a redução de salários no país.
A medida de Temer se coaduna bem com o viés autoritário que
está sendo imposto ao país pelo golpe de 2016; em vez de buscar a paz social,
os golpistas querem reprimir a divergência contra a retirada de direitos do
povo.
Em um momento de tanta preocupação, porém, até o jornal mais
entusiasta do arbítrio contra Lula, O Globo, já publica matérias que reconhecem
que a tendência no Supremo Tribunal Federal é a de agir para impedir uma
explosão social no país causada pela prisão arbitrária do maior líder político
brasileiro.
Matéria publicada no jornal O Globo nesta sexta-feira afirma
que já estaria consolidada no Supremo a tendência de usar o pedido de habeas
corpus preventivo impetrado pela defesa do ex-presidente Lula para suspender
uma medida arbitrária e inconstitucional, a prisão de réus antes de esgotados
todos os recursos na Justiça, Palavras de O Globo:
“Já é dada como certa no Supremo uma
decisão da Corte contra a prisão após condenação em segunda instância. Apesar
de a presidente Cármen Lúcia ter negado a intenção de retomar o assunto, a
decisão do ministro Edson Fachin de levar ao plenário o pedido de habeas corpus
feito pela defesa do ex-presidente Lula forçará uma deliberação.
Há certo desconforto entre ministros com
a estratégia da defesa de apostar numa declaração de impedimento de Cármen e de
Luiz Fux como forma de reduzir o quórum e garantir placar favorável.
Em 2016, ambos deram dois dos seis votos
pela execução da pena depois da condenação em segunda instância.
Mas, mesmo sem a presença dos dois,
hipótese hoje remota, a tendência no STF é a mudança de entendimento. Há sinais
claros de que Gilmar Mendes mudará o voto dado pela prisão, e de que Rosa Weber
manterá sua posição contra a execução da pena após a segunda condenação.”
A Lava Jato, a mídia e até Raquel Dodge, a procuradora-geral
da República que Temer tirou do bolso do colete, preferem apostar no confronto
nas ruas após uma insana prisão de Lula sob provas inexistentes, mas caberá ao
STF impedir que o país se incendeie em pleno processo eleitoral.
Há uma corrente política de esquerda que acredita até que as
eleições deste ano serão suspensas porque o país será tomado por choques entre
os militares e grevistas e manifestantes que se revoltarão se Lula for preso. É
possível, mas improvável.
O mais certo é que o vaticínio de O Globo se materialize e o
STF ponha fim a uma situação que vai acabar transformando o Brasil em uma
ditadura formal, já que com o país conflagrado não haverá clima para uma
eleição tranquila.
As eleições seriam adiadas só para prenderem Lula sem provas?
Duvido.
*Assista a reportagem em vídeo:
Blog da Cidadania