Mais de 3 mil caso
foram registrados em São Luís, colocando a cidade em primeiro lugar na lista
das capitais nordestinas com maior número de portadores do vírus.
São Luís registrou
3.076 casos de Aids, número que coloca a capital maranhense como a primeira do
Nordeste e a sexta do país em ocorrências. A capital também está entre os 100
municípios onde foi observado aumento de casos – 169% nos últimos cinco anos. Os
dados são de levantamento do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde,
realizado em dezembro do ano passado, referente ao período de 15 anos; e da
Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Os números podem ser
bem maiores, pois, os casos registrados são apenas de portadores que já
desenvolveram a doença. Para tentar frear o avanço, a Secretaria Municipal de
Saúde (Semus), por meio do Programa Municipal de DST/Aids e Hepatites Virais,
promove a Semana Municipal de Prevenção às DST/Aids, em comemoração ao Dia
Mundial de Luta Contra a Aids (1º de Dezembro). A campanha prossegue até dia 10
de dezembro. A programação inclui oficinas de cursos aos profissionais da área,
atividades educativas e preventivas em várias unidades de saúde e nos terminais
de integração. Em entrevista a O Imparcial, o coordenador do setor, Claudean
Serra, relata os projetos desenvolvidos para a prevenção, combate e controle da
doença, destaca a importância em fazer o teste regularmente e fala das ações de
atendimento à população.
O Imparcial: Como será
a campanha?
Claudean Serra: Vamos
oferecer capacitação aos profissionais da saúde, realizar ações educativas e de
prevenção nos terminais de integração com distribuição de material informativo
e preservativos masculinos e femininos. Os Centros de Testagem e Aconselhamento
(CTAs) do Anil e Lira vão realizar testagens de HIV, Sífilis e Hepatites
Virais. Também teremos vacinação contra as hepatites A e B e distribuição de
camisinhas nas unidades básicas de saúde. E hoje, dia Mundial de Luta contra a
Aids, vamos promover uma caminhada na Avenida Litorânea, onde esperamos a
participação de cerca de mil pessoas. Pedimos para que, preferencialmente, as
pessoas usem vermelho, pois, no final do trajeto vamos formar um grande laço
que representa a luta contra a doença em todo o mundo. Precisamos mostrar a
importância da prevenção, pois temos dados epidemiológicos alarmantes.
OI - Como é formada a
rede de atendimento da capital?
CS – Além das
campanhas, trabalhamos com o diagnóstico e tratamento nos CTAs do Anil, Lira e
no Centro de Saúde Bairro de Fátima. Neste último é feito o tratamento, onde o
paciente recebe medicação e é acompanhado por equipe multidisciplinar. Estes
espaços funcionam de segunda a sexta, manhã e tarde. Paralelamente, todas as unidades
básicas de saúde municipal dispõem de preservativos masculino e feminino e o
gel lubrificante para distribuição.
OI - Quais ações são
promovidas pelo setor?
CS – Temos ações
durante todo o ano. No dia mundial de combate à doença realizamos campanhas e
serviços. Em datas comemorativas como Festas Juninas e Carnaval; e em escolas,
universidades e outras instituições realizamos a testagem e distribuição de
preservativos. Atuamos onde há aglomerado de pessoas.
OI – Como ocorre o
exame de testagem rápida?
CS - É feito em sala
individual com análise de uma gota de sangue retirada com um furinho no dedo. O
teste rápido é tão confiável quanto os testes de laboratório e é garantido pela
Anvisa e Ministério da Saúde. Em 15 minutos tem-se o resultado.
OI - Qual a demanda por
este exame e sua avaliação dos resultados?
CS – A média é de mil
exames por mês nos centros de referência. Se somarmos as campanhas no mês,
temos aí cinco mil testes mensais, em média. O teste é garantido, há o sigilo à
pessoa e tem sido muito bem aceito pela população. Falta, talvez, um pouco mais
de divulgação.
OI – Há população de
risco?
CS – Trabalhamos com
profissionais do sexo e usuários de drogas, não que sejam população de risco,
mas sim, vulneráveis, devido algumas práticas, por isso realizamos um intenso
trabalho com este público aos fins de semana e noite.
OI – Quanto ao
levantamento do Ministério da Saúde, quais as implicações destes registros?
CS – Os registros nos
levam a intensificar mais as ações já realizadas, fazer com que as pessoas deem
mais importância à doença e garantir mais acesso ao serviço. E quando
realizamos os testes rápidos acabamos por descobrir mais casos e a partir
disto, criamos mais estratégias para prevenção e tratamento.
OI - A que o senhor
atribui os registros?
CS - A principal via de
transmissão da doença é a sexual e as pessoas têm ainda um tabu ao falar em
sexo. Mesmo com as campanhas, os registros crescem porque as pessoas ainda veem
a Aids como doença do outro e não veem a importância de se prevenirem. O fato
da doença já ter um tratamento e garantir uma sobrevida, as pessoas acabam por
banalizar os riscos. E o vírus passa muito tempo sem manifestação, ou seja, a
pessoa pode ter a doença, mas não sabe. Dados do Ministério dizem que um em cada
quatro jovens não usa o preservativo. Então, são várias as situações que somam
no aumento de casos. As pessoas devem entender que a Aids tem tratamento, mas
não tem cura e que usar preservativos é a única maneira de se prevenir.
OI - Quais as maiores dificuldades
para estabelecer a política de atendimento?
CS - As escolas ainda
têm um pouco de resistência em tratar da questão sexual por associar ao
incentivo às práticas sexuais; há o preconceito por ser uma doença que não tem
cura; e as pessoas que não veem o problema e não se previnem.
OI - O que ainda falta
para diminuir estes registros?
CS – Mais investimento
em campanhas de prevenção e informação, pois a falta de conhecimento leva a
pessoa a ter práticas de risco; e garantir à população o acesso aos insumos –
tratamento, medicamentos, materiais. Se isso funcionar em harmonia teremos um
ciclo de prevenção.
OI - Como solicitar o
serviço?
CS – Temos o CTA Lira
no 3212.8380 e do Anil, no 3212.8805, com atendimento direto.
Do Imparcial