Está
na hora de falar português claro, com todas as letras: o capitão reformado Jair
Messias Bolsonaro já provou, apenas 45 dias após a sua posse, que não tem a
menor condição de governar o país por quatro anos.
O
batalhão de generais que ele levou para o governo já sabe disso.
Eleito
presidente da República sem participar de debates, sem apresentar qualquer
plano concreto de governo, apenas atacando os adversários e repetindo bordões
imbecis nas redes sociais, era uma caixa preta levada pelo voto ao Palácio do
Planalto para derrotar o PT.
Agora,
que o país vai descobrindo, a cada dia mais assombrado, de quem se trata, não
adianta repetir que “é preciso torcer para dar certo porque estamos todos no
mesmo avião”.
Não
tem como dar certo. Bolsonaro vai pilotando a esmo, sem qualquer plano de
voo, desviando das nuvens pesadas em meio a tempestades que ele mesmo e seus
celerados filhos não cansam de provocar.
Os
militares que o apoiaram sabiam muito bem quem era o capitão reformado pelo
Exército aos 33 anos por atos de indisciplina, não podem alegar inocência.
Bastava
consultar seu prontuário no breve tempo em que serviu ao Exército.
Mesmo
sabendo o risco que corriam, foi a forma encontrada pelos militares e seus
aliados daqui e de fora para voltarem ao poder, apenas 34 anos após o fim da
ditadura.
Definido
pelo general Ernesto Geisel como “mau militar”, Bolsonaro passou sete mandatos
escondido no baixo clero da Câmara, sem fazer nada que preste, e resolveu ser
candidato apenas por capricho para combater seus inimigos reais ou imaginários.
Fez
da campanha eleitoral uma guerra, imitando arminhas com as mãos, e ameaçando
fuzilar a petralhada.
Uma
vez no poder, continua sua guerrilha nas redes sociais, sob o comando do filho
Carlos, mais conhecido por Carlucho, o 02, chamado pelo presidente de “meu
pitbull”.
Ao
retornar a Brasília nesta quarta-feira, depois de passar 17 dias internado num
hospital em São Paulo, recuperando-se da terceira cirurgia, sem passar o cargo
para o vice, em quem ele e os filhos não confiam, Bolsonaro encontrou um banzé
armado no Palácio do Planalto.
O
02 resolveu detonar pelo twitter o secretário-geral da Presidência, Gustavo
Bebianno, dono do cofre da campanha do PSL, denunciado por variadas falcatruas
com a verba do fundo eleitoral.
Em
mais uma entrevista à Record, Bolsonaro apoiou o filho e resolveu carbonizar o
seu ministro mais próximo, dando uma ideia do clima no Palácio do Planalto.
Bebianno,
que deve saber demais, não pediu demissão nem foi demitido até a hora em que
escrevo este texto.
Como
devem se sentir agora os outros auxiliares do presidente, que nem conhecia a
maioria deles, e foi montando seu ministério meio a olho, catando o que de pior
encontrou em cada área?
Este
já é de longe o pior ministério da história da República. E vai governar com o
pior Congresso e o pior Supremo Tribunal Federal que já tivemos.
Com
a revelação do laranjal de candidatos bancados com dinheiro público, desviado
para gráficas fantasmas, sabemos agora como foi montado o esquema da “nova
política”, que levou uma manada de cacarecos para Brasília.
Antes
que se pudesse imaginar, eles já estão se engalfinhando por nacos de poder no
governo e no Congresso, num clima de desconfiança generalizada, todos andando
de costas para a parede.
Twitter,
WhatsApp, Facebook, tudo isso pode ser muito bom e bonito para eleger um
presidente pelas redes sociais, mas é impossível governar com um celular na
mão, sem ter a menor ideia do que se pretende fazer para enfrentar os
gravíssimos problemas sociais e econômicos do país.
A
impressão que me dá é que Jair Bolsonaro não esperava ganhar a eleição quando
se lançou candidato e agora já deve estar arrependido de ter vencido.
De
crise em crise, de recuo em recuo, de trombada em trombada, a caixa preta desse
circo de horrores vai sendo aberta para espanto do mundo civilizado.
Das
duas uma: ou os generais vão tutelar o ex-capitão por mais quatro anos ou o
país enfrentará uma crise institucional sem precedentes.
A
primeira providência deveria ser tirar os celulares das mãos dos Bolsonaros.
Vida
que segue.
Parte
inferior do formulário
GGN