O
bloqueio das verbas de custeio, autorizado por Jair Bolsonaro, vai paralisar
todo o sistema de ensino superior e dos Institutos Federais de Educação. E foi
motivado exclusivamente pela tal guerra ao marxismo cultural que orienta todas
as ações de governo e pelos investimentos de Paulo Guedes no setor privado.
É
tão maluco esse desmonte quanto seria a ideia de estatizar o setor privado. São
posições ideológicas sem nenhuma avaliação sobre o resultado final para o país.
Essa
loucura vai desestruturar o sistema universitário, prejudicar milhares de
alunos, interromper pesquisas científicas, comprometer o atendimento dos
hospitais universitários.
Insisto:
o país não pode continuar refém desses celerados. O governo é transitório. Dura
um mandato, dois, com reeleição. Há obras que são permanentes, como é o caso do
sistema de ensino público. Não há nenhuma possibilidade de conferir a um
mandatário o poder de destruir uma construção intergeracional e, mais do que
isso, essencial para o desenvolvimento do país.
Talvez
essa irresponsabilidade seja derrubada em breve, por uma decisão do STF
(Supremo Tribunal Federal). Mas como se pode conviver com armadilhas diárias,
desmontes diários de toda uma construção política, social, de várias gerações
de brasileiros, não apenas destruindo o que foi construído ao longo de décadas,
mas deixando um vácuo, sem nenhum projeto alternativo?
O
STF, o Congresso, o Judiciário, as Forças Armadas são parte do Estado
brasileiro. Não podem permitir a continuidade dessa loucura. Se não agirem,
serão cúmplices da destruição do país como Nação.
O
país ainda não se refez do trauma do impeachment de Dilma. O desmonte
institucional, induzido por Aécio Neves e convalidado pelo Supremo Tribunal
Federal, produziu um caos geral. Assim, há sempre o prurido de reincidir e
banalizar o impeachment como saída para as crises institucionais.
Mas
o caso Bolsonaro é diferente de tudo o que se viu no país antes e depois da
democratização. O país está entregue a um celerado, com ligações diretas com as
milícias do Rio de Janeiro, comandando um bando de alucinados que assumiram
posição de destaque no Ministério e que tem como único objetivo a destruição de
todo sistema formal construído ao longo da história.
O
que está ocorrendo não são apenas erros de políticas públicas que poderão ser
consertados a partir das próximas eleições: estão promovendo desmontes
irreversíveis, que se refletirão sobre o presente e sobre as futuras gerações.
A
maneira como estão exercendo o poder, atropelando a noção de freios e
contrapesos, esmagando o espaço político de quem pensa de forma diferente,
subverte a noção de democracia. Em qualquer circunstância, uma ameaça de tal
monta à democracia precisa ser combatida com a arma definitiva da própria
democracia: o impeachment.
No
campo ambiental, há um Ministro acusado de negocista, desmontando o sistema de
defesa do meio ambiente, escondendo mapas ambientais, indispondo o país com a
comunidade global civilizada, com reflexos inevitáveis sobre as exportações do
agronegócio. E afastando fiscais que ousaram, em outros tempos, multar
Bolsonaro por pesca ilegal. É o absolutismo nas mãos de pessoas sem nenhum
nível, com comportamento das milícias.
Na
educação, um celerado que anuncia cortes de verbas às universidades, como
consequência da tal guerra cultural. E, em vez de programas educacionais, incentiva
o conflito entre professores e alunos.
Na
economia, um Ministro sem a menor noção do mundo real, movendo-se
exclusivamente pela ideologia, desmontando uma instituição com a história do
BNDES, comprometendo as estatísticas do IBGE, ameaçando as redes de proteção
social que, até agora, impediram a explosão final da violência e da miséria.
Está matando os instrumentos de financiamento da infraestrutura, sem colocar
nada no lugar.
Na
presidência, uma família de desequilibrados, com ligações diretas com as
milícias e, agora, estimulando a guerra no campo, criminalizando movimentos
sociais, e interferindo em rebeliões internas de países vizinhos, expondo não
apenas os vizinhos, mas o próprio Brasil, às consequências de uma guerra,
comprometendo século e meio de tradição diplomática.
Liberais
podem julgar que o interesse nacional está no mercado; desenvolvimentistas
acreditam que está no Estado. Os Bolsonaro, pelo contrário, não têm a menor
noção sobre o interesse nacional. E, junto com governadores irresponsáveis,
como Wilson Witzel, do Rio, e João Dória Jr, de São Paulo, ampliando a
violência policial como resposta à crise social.
O
cenário pela frente é óbvio.
No
campo econômico, o ideologismo cego de Guedes não permitirá a recuperação da
economia e do emprego. A cada mês, mais aumentará o exército dos desempregados
e dos desanimados com o próprio país.
Na
outra ponta, um presidente enlouquecido tentando eliminar o espaço político de
todos que não concordem com suas loucuras. E estimulando a violência de ponta a
ponta do país.
Como
dois e dois são quatro, persistindo nessa loucura se terá em pouco tempo o caos
social, a ampliação da miséria, do desalento, o crime organizado expandindo seu
controle sobre o Brasil formal e as explosões sociais.
É
impossível que os demais poderes, STF, Alto Comando, presidência da Câmara e do
Senado, partidos políticos, assistam passivamente a essa destruição do país. É
preciso parar Bolsonaro! Não se trata mais de disputa entre esquerda e direita,
entre lulismo e antilulismo, mas de uma aliança tácita entre os setores
minimamente responsáveis, para não permitir o desfecho trágico dessa loucura.
Cada
dia a mais de governo Bolsonaro representa anos de destruição do futuro, até
que o caos torne a selvageria irreversível.
As
discussões sobre tigres e tchutchucas serviram apenas para Paulo Guedes
encontrar o álibi para se retirar da CCJ.
Bolsonaro de planilha,
Paulo Guedes é o Ministro que não calculava
As
discussões sobre tigres e tchutchucas serviram apenas para Paulo Guedes
encontrar o álibi para se retirar da Comissão de Constituição e Justiça.
O
ponto central da sabatina é óbvio: Guedes não apresentou em nenhum momento os
microdados nos quais se baseou para sua proposta de reforma da Previdência. Em
nenhum regime democrático e minimamente racional, toma-se decisão de tal
natureza sem abrir os números. É o mínimo que se espera. Guedes continuou
chutando estatísticas sem abrir os números.
Ontem,
o deputado Molon declarou que mais de 90% do ajuste da Previdência recairão
sobre o Regime Geral e o BPC (Benefício de Prestação Continuada).
Esse
é o Brasil que vai sofrer com a proposta de Reforma da Previdência de Bolsonaro
e Paulo Guedes: empregada doméstica que trabalhou desde os 10 anos vai
trabalhar mais e ganhar menos.
Como
é que Guedes pode afirmar que a reforma visa corrigir injustiças, sem abrir os
números e sem rebater os cálculos apresentados?
Recentemente,
Guedes anunciou a intenção de reduzir as verbas para o censo do IBGE. O
argumento é que as pesquisas levantavam mais informações do que o necessário.
Por trás dessa bobagem, o jogo ideológico de ocultar a realidade. As pesquisas
levantam dados do mundo real. E esses dados podem prejudicar o mundo ideológico
imaginado por Guedes, no qual só têm valor indicadores de mercado.
Ontem,
ainda, Guedes foi alvo de outra denúncia requentada, agora com o TCU (Tribunal
de Contas da União) requerendo informações sobre seus negócios com fundos de
pensão. Nesse caso, trata-se de uma retaliação clara das corporações por conta
de propostas na reforma da Previdência, típicas do desmonte do estado de
direito perpetrado pela Lava Jato. Infelizmente, os beneficiário do Regime
Geral têm como arma apenas o voto. E todo o jogo político, de Guedes à Lava
Jato, é para erradicar o poder do voto popular.
Bolsonaro de algemas:
Sérgio Moro, o insosso
As
últimas manifestações públicas têm comprovado o completo despreparo do Ministro
Sérgio Moro, que enxerga tudo apenas da ótica dos processos. Fora dos autos, de
nada entende, nem como os processos são preparados, nem sobre segurança
pública.
Mas
a visibilidade dada a Moro revelaram outro ângulo de sua personalidade: a
subserviência. Ficou nítido na troca da conselheira dos Direitos Humanos por um
personagem da pior espécie, machista e homofóbico. Mas também nas suas
manifestações em temas envolvendo aliados do presidente.
Foi
o caso dos “snipers” do governador Wilson Witzel. “Snipers” são atiradores de
elite que Witzel têm colocado em pontos estratégicos, e em helicópteros, com
autoridade para fuzilar pessoas. No futuro haverá um Tribunal de Nuremberger
que não poupará esse assassino.
Mas,
colocado ante o tema, Moro saiu-se com duas evasivas. A primeira, é que não
sabia o que era “sniper”. A segunda, mesmo não sabendo concordava que o
policial tem direito ao primeiro tiro. Certamente referia-se aos episódios de
confronto direto.
Mas,
a soma de subserviência e desinformação, permitiu ao jornal que o entrevistou a
manchete de que Moro era a favor das práticas assassinas de Witzel.
É destaque
no Painel da Folha desta terça (11) mais uma informação qu confirma que o
tucanato decidiu subir no muro em relação ao governo Michel Temer. Enquanto uma
ala ameaça com debandada há semanas e reforça esse discurso nos últimos dias,
sinalizando apoio a Rodrigo Maia, Fernando Henrique Cardoso decidiu ligar para
Temer e prometer que o PSDB não deixaria a base aliada. Pelo menos por
enquanto.
Ontem, os
tucanos se reuniram em Brasília, mas não selaram a saída do governo mesmo
diante da derrota inicial de Temer na Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara. "Fernando Henrique Cardoso garantiu a Temer, por telefone, que a
reunião do PSDB desta segunda (10) não selaria o desembarque dos tucanos do
governo", publicou o Painel.
Prova disso
teria sido a mudança feita pelo PSDB na CCJ para garantir que o relatório de
Sergio Zveiter orientando voto favorável ao processo de Temer no Supremo Tribunal
Federal será rejeitado.
"Durante
a leitura do parecer de Zveiter, os deputados Baleia Rossi (PMDB-SP), Pauderney
Avelino (DEM-AM) e Beto Mansur (PRB-SP) repassavam os votos pró-Temer na CCJ.
Contaram 39 a favor do presidente. Optaram por colocar os sete tucanos da
comissão como contrários", afirmou o Painel.
O GGN mostrou
nesta terça (11) que o PSDB só vai desembarcar de vez do governo quando as
reformas impopulares forem aprovadas. Hoje, o Senado deve concluir a votação da
trabalhista.
Apostando
na tática do “quanto pior melhor”, o oligarca José Sarney usou sua influência
política e articulou nos bastidores de Brasília para que o desgastado governo
Michel Temer (PMDB) descumprisse acordo firmado com a Federação dos Municípios
do Estado do Maranhão (Famem), autorizando, por meio de portaria publicada pelo
Ministério da Educação, corte de R$ 224 milhões do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) que deveriam ser repassados aos
municípios maranhenses.
Há um homem
sentado na cadeira de presidente do Brasil. A cadeira, no entanto, não lhe
pertence. Um golpe de sorte, ou simplesmente um golpe, colocou-o onde está e
ele não quer se levantar. Esse lugar é seu, tem o direito de estar lá. Ou assim
ele pensa. O que o homem não sabe, ou ainda não sabe, é que a cadeira está
infestada de cupins, como a da famosa história de Saramago. Por fora parece
firme e sólida, mas por dentro está praticamente oca. A cadeira está prestes a
cair aos pedaços e o único destino possível para esse homem é a queda.
Quando ainda
não ocupava a cadeira, o homem escreveu uma carta em que dizia estar se
sentindo um vice-presidente decorativo. A presidenta era uma mulher e no
Brasil, como em muitos países, ser decorativo é mais próprio do sexo feminino.
Ou nisso acreditava ele e muitos como ele. A carta foi o primeiro passo para
ficar com a cadeira. Antes do ataque final, uma revista de grande tiragem fez
uma reportagem sobre sua esposa. “Bela, recatada e do lar”, assim foi descrita.
A “quase primeira-dama”, 43 anos mais jovem do que o “quase presidente”, era o
modelo a seguir. O erro de ter uma mulher na cadeira presidencial estava prestes
a ser solucionado. Em um dos episódios mais sombrios da recente democracia
brasileira, o vice-presidente decorativo tornou-se presidente. Meses depois,
escândalo após escândalo, o homem continua sentado na cadeira. Com o dedo em
riste, grita “não renunciarei”. Mais do que um monarca em seu trono, parece um
refém amarrado com cordas a um assento.
O homem
ganhou a cadeira com a promessa de realizar um dos maiores processos de
destruição de direitos experimentos pelo país. O pequeno avanço em igualdade dos
últimos anos foi demais para a classe dominante brasileira. Em muito pouco
tempo, um Congresso notavelmente conservador aprovou leis que deixaram
desprotegidos os mais pobres e lançaram por terra algumas das mais importantes
conquistas dos trabalhadores brasileiros. Se os deputados continuarem
trabalhando nessa velocidade, acabarão por anular a Lei Áurea, que aboliu a
escravidão no Brasil.
O mais
impressionante em toda essa história, no entanto, são os escândalos recorrentes
que os jornais ilustram sem cessar. Os brasileiros acordam todos os dias com
novas delações, gravações incriminatórias e prisões preventivas. Sobre o homem
sentado na cadeira e alguns de seus principais aliados pesam acusações
duríssimas. A suposta cruzada contra a corrupção, que removeu a presidenta de
sua cadeira, ironicamente levou ao poder um grupo de réus atuais e futuros.
Todos dizem que são inocentes, mas são tantas as acusações e tantos os membros
do Governo afetados que o anormal, o impressionante, o extraordinário, seria
nos depararmos com a notícia de que existe um homem honesto em Brasília.
O homem
sentado na cadeira se sentia um vice-presidente decorativo, mas é um presidente
decorativo. Talvez ainda não o saiba, mas nessa cadeira podia estar ele ou
qualquer outro. O importante é executar com precisão e diligência um programa
de Governo que não foi respaldado pelas urnas, mas decidido por uma ínfima
parcela da população. O plano “dos descendentes dos senhores de escravos”, como
dizia o sociólogo Darcy Ribeiro, pode ser levado a cabo por qualquer um. Nesse
caso, a figura de presidente é tão decorativa como a de um rei europeu. O homem
está sentado na cadeira e ao mesmo tempo em queda livre e ao mesmo tempo no
chão. O espaço temporal entre a primeira posição e a última não importa. Como
na história de Saramago, seu destino já está decidido. Por isso milhares de
pessoas saíram às ruas das principais cidades do país para exigir novas
eleições.
Somente o
voto popular pode dar legitimidade a um futuro governante. As forças que colocaram
o homem na cadeira tentarão evitá-lo a todo custo. Nos últimos anos a
democracia tornou-se um estorvo para a classe dominante. A cadeira, no entanto,
não pertence ao presidente, mas aos brasileiros. São eles, e mais ninguém, os
que devem decidir quem pode sentar-se nela. No caso de a elite conseguir o que
pretende e continuar seu impopular programa de Governo com outro fantoche, é a
democracia que se tornará um elemento meramente decorativo.
*Carla
Guimarães, jornalista e escritora, publicou este artigo na edição brasileira
de El País.
O
MPF recorreu ao STJ para que julgue pedido negado pelo Tribunal Regional
Federal da 1ª Região contra decisão que retirou o nome da ex-governadora do
Maranhão, Roseana Sarney, da denúncia do caso Usimar.
Roseana
que se cuide, pois deve voltar aos bancos dos réus na Justiça Federal com a
abertura do famoso caso Usimar. Entre janeiro e março de 2000, foram desviados
R$ 44,2 milhões da extinta Sudam para a construção em São Luís de uma fábrica
de autopeças. O empreendimento, porém, nunca saiu do papel.
Na
ação o movida pelo Ministério Público Federal, a promotoria pede que o
Superior Tribunal de Justiça julgue pedido negado pelo Tribunal Regional
Federal da 1ª Região contra decisão que retirou o nome da ex-governadora da
denúncia aceita em 2014 – treze anos depois – pelo juiz federal Nelson Loureiro
dos Santos, da 6ª Vara da Justiça Federal do Maranhão.
Roseana
é suspeita de ajudar em uma plenária ocorrida no dia 14 de dezembro de 1999,
pela aprovação do projeto Usimar, no Conselho Deliberativo da Sudam (Condel),
do qual ela fazia parte.
Conforme
revelou o blog do jornalista Raimundo Garrone, na ação de improbidade, que
inclui outras 39 pessoas, dentre elas Jorge Murad, o MPF reproduz trechos do depoimento
à Polícia Federal do ex-ministro da Integração Nacional, Fernando Luiz
Gonçalves Bezerra para demonstrar de “forma bem clara a atuação da Conselheira
Roseana Sarney para a aprovação do projeto Usimar”, “onde foram cometidos os
vários atropelos e irregularidades”.
O
objetivo para apressar a aprovação do empreendimento, segundo apontou o Grupo
Especial de Trabalho do Ministério da Integração Nacional, “porque o resultado
implicaria como devidamente implicou na liberação de recursos públicos”.
Contudo,
Roseana deve se safar mais uma vez, já que o relator no STJ da ação é o
ministro Napoleão Nunes Maia Filho, ligado à Sarney e que inocentou Temer no
TSE.
Joesley
Batista contou na Época o que todo o mundo com meio neurônio já sabia: Temer é
um chefe de gangue.
No
entanto, cheios de amor e de esperança, querendo agradar seus patrões a todo
custo, jornalistas fizeram previsões furadas e propaganda desse governo,
baseados no mais puro wishful thinking e, eventualmente, canalhice.
A
ideia era vender a ideia de o golpe não era golpe e que a destituição
de Dilma “ia tirar o Brasil do buraco”, tese consagrada por Eliane
Cantanhêde, uma espécie de porta voz terceirizada de Temer.
Em
abril, numa entrevista a uma rádio, ela disse seguinte: “Conversei com o Michel
Temer nessa semana. Ele está muito seguro e muito sereno. Fala que está pronto
para assumir a responsabilidade, que é tirar o país do buraco. O Michel Temer,
por ter mais gás, parece ter chances de conseguir”.
Confira
uma seleção de 12 promessas que a mídia fez e os midiotas acreditaram.
1. O pior que não ficou no retrovisor
Míriam
Leitão publicou em 16 de julho a coluna “O
pior pelo retrovisor”, no Globo. Num tom otimista, traçava um panorama da
economia brasileira baseado apenas na valorização dos papéis da Petrobras e na
alta das bolsas de valores.
E
acrescentava: “O resultado reflete a percepção de algumas melhoras, inclusive
regulatórias, na economia e a avaliação de que a recessão está perdendo força,
apesar de estar claro que não haverá a volta rápida do crescimento”.
As
contas do governo Temer tiveram um déficit de R$ 38,4 bilhões em novembro, o
pior resultado para o mês desde
1997. No mesmo mês do ano passado, com o governo sob Dilma, o saldo
negativo foi de R$ 21,2 bilhões. Parece que o pior da economia está longe de
sair do retrovisor, seja dos investidores ou dos cidadãos comuns.
2.“Pior que tá, não fica”
Em
maio de 2016, quando o impeachment caminhava para minar o poder de Dilma
Rousseff, Eliane Cantanhêde publicou várias colunas no Estadão dizendo
que é “pior sem ele”.
No
mês de dezembro, o Datafolha divulgou que 58% das pessoas consideram Michel
Temer pior do que Dilma. Parece que ficou pior do que estava.
3. Previsão de crescimento de 1% que
sumiu
Uma
reportagem do site
da Exame de setembro apontou que a economia sob Michel Temer poderia
crescer 1% em 2016. A previsão foi traçada pela consultoria em negócios
internacionais e políticas públicas Prospectiva, levando em conta até mesmo a
Lava Jato.
O
chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, afirmou em
dezembro deste ano que a previsão para 2016 é de recessão
de 3%, com queda na oferta de crédito bancário. Parece que as consultorias
de estimação estão perdendo crédito em suas análises em menos de seis meses.
4. “Golpe contra o impeachment”
Antes
de ficar famoso nacionalmente por perguntar a Temer como ele conheceu a mulher
numa farsa no “Roda Viva”, Noblat escreveu um artigo bonito acusando um “golpe
contra o impeachment”.
O
texto faz denúncias de uma compra de votos contra o afastamento de Dilma
Rousseff — para variar, sem apresentar provas. Teriam ocorridos
pixulecos de R$ 1 milhão por voto “não” e R$ 400 mil pelas ausências.
Parece
que o golpe contra o golpe não se concretizou. Noblat nunca explicou como é que
essa operação milionária fracassou.
5. “Interrupções presidenciais
têm impacto positivo”
Merval
Pereira falou no dia 17 de janeiro de um estudo de um economista chamado Reinaldo
Gonçalves, da UFRJ. O especialista tentava provar que o impeachment de
Dilma poderia ser positivo.
Segundo
o texto reforçado por Merval, o impedimento reverteria a recessão em 2017 e
impulsionaria a economia em 2018.
Nenhum
dos sinais dessas medidas com “impactos positivos” foram vistos com
Michel no poder. Merval Pereira aproveitou a coluna para alfinetar
advogados que criticaram a Operação Lava Jato. Nunca mais citou o tal Reinaldo.
6. Cunha “não tem nada a ver com
o impeachment”
Merval
também dá suas cacetadas no Jornal das 10 da GloboNews.
No dia 13 de dezembro de 2015, ele soltou no programa que o então presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, não tinha relação com o golpe. Um santo.
“Eduardo
Cunha não tem nada a ver com o impeachment. O Eduardo Cunha foi o presidente da
Câmara que aceitou, viu que tecnicamente havia condições de aceitar aquele
processo, aquele pedido. Então ele não tem nada a ver com isso, quem vai
decidir mesmo é o plenário da Câmara”.
Merval
jogou a responsabilidade num Congresso que tem maioria com pendências na
Justiça só para tentar livrar a cara de um processo conduzido por um notório
corrupto. Em 2016, consumado o golpe, Cunha foi preso. Merval Pereira nunca
mais tocou no assunto.
A equipe de ilusionistas da GloboNews
7. “Impeachment ou caos”
O
economista Rodrigo Constantino, o amigo do Pateta que foi demitido da Veja e do
Globo e hoje tem coluna na Istoé, publicou um artigo em abril com o título: “impeachment
ou caos!”.
Era
baseado em teses esplêndidas como a de que o presidente Temer faria um
“governo suprapartidário” caso o golpe prosperasse, usando aspas do professor
de filosofia Denis Rosenfield.
Para
Constantino, o governo Temer seria um sucesso porque não teria vermelho em sua
bandeira. O único golpe possível era o que o PT estava fazendo, seja lá o que
isso signifique.
8. Golpe “cristalizado”
Quando
o impeachment foi consumado, em setembro, Eliane Cantanhêde afirmou em texto
que o governo Michel Temer sofre com protestos mas “termina
em pé”. Comparou-o a Itamar Franco.
“A
palavrinha mágica ‘golpe’ ajudou a cristalizar, talvez em milhões de pessoas, a
percepção de que o impeachment de Dilma foi ilegal e ilegítimo, a ‘jornada de 12
horas’ ajuda a oposição a ratificar que Temer vai retroceder nos direitos e
abandonar os pobres à própria sorte. Em vez de falar esse absurdo, o governo
bem que poderia ter usado e abusado, a seu favor e a favor da verdade, dos
resultados do Ideb, que configuram o fracasso da ‘pátria educadora’ de Dilma”,
diz Eliane no jornal.
9. A “revolta armada” do PT que não
existiu
O
ex-presidente Lula publicou uma cartilha criticando os procedimentos da
Operação Lava Jato. Na cabeça do colunista Reinaldo Azevedo, a carta afirmava
que o PT ia optar por uma “revolta armada”, segundo sua coluna na Folha
de S.Paulo em agosto.
Dilma,
segundo Reinaldo, era a “Afastada”. “Que bom que a ópera petista chega ao
último ato, com o próprio partido chamando os inimigos por seus respectivos
nomes. É o PT quem me dá razão, não os que concordavam comigo”, diz ele, sem
explicar como se daria a revolução do partido de Lula em curso.
10. O editorial que mais curtiu o
impeachment
“Impeachment
é o melhor caminho” é o editorial de apoio ao golpe mais
explícito publicado na imprensa. Feito pelo mesmo time do Estado de
S.Paulo que chamou o jornalista Glenn Greenwald de “ativista
petista” e pediu sua expulsão do Brasil, o texto é rico em previsões
furadas sobre o governo Temer já em abril de 2016.
As
propostas de novas eleições “são fórmulas engenhosas para resolver um problema
complicado. Pena que sejam todas, pelas mais variadas razões, impraticáveis”.
Hoje,
a notícia é de que a maioria da população apoia eleições diretas segundo
absolutamente todos os institutos de pesquisa.
11. “A saída da crise”, segundo Paulo
Skaf
Nenhuma
lista dessa natureza ficaria completa sem as revistas da Editora Três, aquela
que concedeu a Temer o título de Brasileiro do Ano.
Em
março, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, estava na capa da IstoÉ Dinheiro com
a chamada “A reação dos empresários”.
“O
impeachment de Dilma é a saída mais rápida da crise”, falou. A reportagem
destacava a atuação dele para conseguir a adesão “de boa parte da classe
empresarial, da indústria ao varejo”.
De
acordo com Skaf, a “economia está indo mal por causa da crise política. Há
confiança no Brasil, mas não há confiança no governo”.
Ah,
sim: o industrial sem indústria é um dos citados na delação da Odebrecht.
12. As instituições funcionam
O
Globo, que defendeu o golpe militar de 64 e só se desculpou 50 anos depois,
defendeu o impeachment com unhas e dentes em vários editoriais.
Num
deles em especial, de 30 de março, a família Marinho mandou ver: “Na estratégia
de defesa e nas ações de agitação e propaganda de um PT e de uma presidente
acuada no Planalto, a palavra ‘golpe’ ganha grande relevância”.
O
impeachment de Dilma, fomos informados, “transita pelas instituições sem
atropelos. Em 64 seria diferente”.
E
finalizava: “Aceite quem quiser que políticas de supostos benefícios aos pobres
podem justificar a roubalheira. Não num país com instituições republicanas
sólidas”.
Não
se pode adivinhar se Michel Temer perderá logo o cargo que abiscoitou pelo
golpe, o de Presidente da República.
Mas
pode-se assegurar que perdeu as condições de governar e apanhará em cada round,
a espera que o gongo vá lhe dando intervalos para respirar.
Mesmo
que Fernando Henrique Cardoso seja, desde há muito, um Tartufo, a dissimular
seus interesses e opiniões sob a aura de falsas virtudes, o fato de ele ter
manifestado a possibilidade de eleições gerais antecipadas tem muito
significado.
Claro
que lhe falta o vigor cívico para defende-las como bandeira, mas, ainda assim,
é um passo avante nesta estupidez pregada pela mídia, em seus editoriais, de
que uma eleição indireta poderia devolver ao país um mínimo de equilíbrio. Não
pode e até FHC sabe disso.
Mas
defendem-nas, porque acham que isso pode pavimentar a única coisa que desejam,
o retrocesso em direitos sociais, o que Janio de Freitas chamou hoje, em sua coluna na Folha, de “nostalgia escravocrata”. Não as
garantirá, porque como diz o velho mestre, com 70 anos de janela política:
“Quem
pensar a sério na relação entre essas “reformas” e a situação atual do país,
não pode fugir à obviedade simples e forte: Temer não tem condições de conduzir
reformas nem “reformas”. Sejam condições intelectuais, políticas, morais, e
quaisquer outras. É só um fantoche. À espera de que alguém conte os seus feitos
ou os silencie por dinheiro.
O Congresso, com mais de uma centena de deputados e senadores pendurados na
Lava Jato, não tem condições de examinar, discutir, aprimorar e votar projeto
algum que tenha implicações mais do que superficiais.”
A
única obra de que Michel Temer é capaz é a de, a qualquer momento, nos levar a
um novo afundamento, maior do que este da abissal crise econômica em que o país
se debate. As festejadas “melhoras” no cenário da economia – eles são os
primeiros a saberem – não têm solidez, sobretudo diante de taxas de
investimento que se aproximam dos níveis da crise de 2008/2009.
Tudo
está apoiado, até agora, num “fingimos que não estamos vendo o que se passa” do
mercado que diz ainda confiar que, mesmo sem a reforma desejada, a demolidora,
algumas castanhas ainda podem tirar do fogo. É improvável que consigam
“reformas” mais do que simbólica quem embora cruéis com os atingidos, terão
efeito econômico zero.
“Pode
ser que, com a necrose progressiva de Michel Temer, donos de poder e dinheiro
mudem de ideia”, comenta o colunista de economia, também da Folha, Vinícius Torres Freire.
Pode
ser, mas a necrose, no centro do poder nacional, faz todo o país, sem reservas
de saúde já, ficar exposto as seus miasmas e pestilências.
É
preciso sepultar Temer e restaurar os sistemas de freios e contrapesos da política,
trocar golpes por eleições, denúncias por propostas, demolição por projetos.
O
contrário seria deixar que o país siga ardendo até que sejamos todos cremados.
Presidente
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Gilmar Mendes reagiu às
informações divulgadas de que Michel Temer tenta interferir na votação da ação
de cassação de seu mandato, articulando um pedido de vistas do processo;
segundo Gilmar, as informações são plantadas na mídia pelo Planalto;
"Ficam alimentando especulações indevidas na imprensa. Agem como se o TSE
fosse um departamento do governo.
Repito: o
TSE não é um departamento do governo", disparou; "Eles não sabem
absolutamente nada do que ocorre no tribunal. Não cuidam bem sequer de seu
ofício. Se fizessem isso, não estariam metidos nessa imensa crise",
criticou; neste final de semana, Temer trocou o comando do Ministério da
Justiça, que agora fica sob o comando de Torquato Jardim, que, segundo o
Planalto, tem boa interlocução no TSE; Torquato já disse que não acha estranho
caso seja pedido vista por parte de algum ministro da Corte.
O ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), Gilmar Mendes, reagiu às informações veiculadas pela imprensa de que o
governo Michel Temer tenta interferir na votação do processo, por meio do
pedido de vista de algum ministro do colegiado, que poderá levar à cassação do
peemedebista. Segundo ele, as informações são plantadas pelo próprio Palácio do
Planalto.
"Ficam
alimentando especulações indevidas na imprensa. Agem como se o TSE fosse um
departamento do governo. Repito: o TSE não é um departamento do governo",
disparou Gilmar. "Isso me irrita profundamente. Eles não sabem
absolutamente nada do que ocorre no tribunal. Não cuidam bem sequer de seu
ofício. Se fizessem isso, não estariam metidos nessa imensa crise",
criticou.
"As
fontes do Planalto são outro ramo das Organizações Tabajara, que é no que se
transformou o Brasil", afirma ainda o magistrado", completou. Para
Gilmar, "essas fontes tumultuam um julgamento que já é dificílimo. Num
julgamento complexo é normal pedir vista. Mas, se alguém fizer isso, não será a
pedido do Palácio".
Gilmar
abandona Temer: “TSE não é joguete”
Tido como um
dos pontos de apoio mais sólidos da "Pinguela Temer", que foi ao chão
com as delações da JBS, o ministro Gilmar Mendes, integrante do STF e
presidente do TSE, emitiu claros sinais de que não vai segurar na alça deste
caixão. Mais ainda: indicou que, se depender dele, deixará andar (ou vai dar
seu precioso empurrão?) para viabilizar a "solução TSE". Esta é saída
pela qual o TSE cassará a chapa Dilma-Temer, afastando o atual presidente e
abrindo caminho para a eleição indireta de um presidente cujo nome vem sendo discutido,
neste momento, pela oligarquia político-econômica que manda no Brasil. O
próprio Gilmar tem seu nome na lista.
Estas são as
conclusões óbvias permitidas pelas declarações de Gilmar publicadas nesta
segunda-feira pela jornalista Monica Bérgamo, da Folha de S. Paulo. Ele critica
duramente as especulações passadas à imprensa por assessores palacianos, no
sentido de que alguns ministros pedirão vistas do processo retardando uma
decisão contrária a Temer. "O TSE não é joguete nas mãos do governo",
disse Gilmar.
Gilmar, pela
primeira vez, usou um tom áspero em relação ao governo, dizendo: "Isso (as
"plantações palacianas") me irrita profundamente. Eles não sabem
absolutamente nada do que ocorre no tribunal. Não cuidam bem sequer de seu
ofício. Se fizessem isso, não estariam metidos nessa imensa crise". E mais
ainda: "As fontes do Planalto são outro ramo das Organizações Tabajara,
que é no que se transformou o Brasil".
As
declarações de Gilmar indicam um avanço considerável nas articulações da elite
política conservadora que, apesar da força das manifestações pró-eleições
diretas, como se viu ontem no Rio de Janeiro, querem apressar o fim de Temer
impondo a eleição indireta pelo Congresso desacreditado, que tem boa parte de
seus integrantes nas listas da Lava Jato.
Estão no
páreo para as "indiretas" o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o
próprio Gilmar, o ex-ministro Nelson Jobim e os senadores Tasso Jereissatti e
Armando Monteiro Neto.
Para as
diretas, o candidato imbatível é Lula. E por isso mesmo, como diz Marcos
Coimbra, da Vox Populi, as elites não aceitam a solução natural, a decisão pelo
voto popular, optando pela "solução pelo alto", que mesmo prevista na
Constituição, deixa o povo fora do processo. Sangrado e capado, como diz o
autor do conceito de "pacto pelo alto", o historiador José Honorio
Rodrigues.
"Aceitemos
isso como um sinal dos deuses e sigamos até onde eles acenam, vingando-nos de
nossos inimigos hipócritas. A sorte está lançada" (Júlio César).
Quando
Júlio César decidiu atravessar o rio Rubicão com suas legiões - algo que era
proibido a qualquer general por lei do Senado - a República romana, a rigor, já
vivia seus estertores. Ela vinha morrendo desde as derrotas e o assassinato dos
irmãos Graco, das guerras civis entre Sila (aristocracia) e Mário (partido do
povo) e com a anulação da lei da reforma agrária. Roma era dominada pela
aristocracia, que havia transformado a República num simulacro. Já não havia
equilíbrio entre o povo e os nobres e o poder estava concentrado no Senado.
O
Brasil está muitíssimo longe de ter vivido a grandeza da República de Roma,
mas, politicamente, existe hoje uma certa similitude com os tempos em que César
decidiu-se a cruzar o Rubicão. O país está dominando por uma elite perversa que
destrói direitos e desequilibra o poder em favor dos ricos, impondo pesados
confiscos tributários aos pobres. O conflito entre os dois lados chegou a um
ponto de não retorno, pois é preciso radicalizá-lo com o objetivo de buscar
restabelecer algum equilíbrio, evitando um empobrecimento e uma exploração
ainda maiores dos trabalhadores.
O
governo aristocrático de Brasília, que vem se tornando cada vez mais uma
oligarquia destrutiva e opressora, precisa ser derrotado, seja pela via
eleitoral, seja pela via das lutas de rua, de rebeliões sociais. O pacto
republicano-democrático foi rompido quando Aécio Neves não aceitou o resultado
das urnas e começou a urdir o golpe que resultou no afastamento do governo
eleito.
Na
última semana, o violento ataque perpetrado contra Lula, partindo de vários
meios, comprova que as forças
conservadoras estão dispostas a usar todos os meios da guerra - judiciário,
delações, acusações, destruição da imagem pública pela mídia, etc. - para
alcançar seus objetivos. A sentença contra Lula já está decidida. A nova onda
de ataques surgiu com três objetivos: 1) manter fogo cerrado contra a
candidatura Lula; 2) esconder o fracasso de Temer depois de um ano de governo;
3) criar uma cortina de fumaça para levar ao esquecimento as pesadas denúncias
que vieram a tona contra líderes do PSDB, Temer e ministros do governo.
Uma
batalha campal pela democracia, por direitos e pela candidatura Lula
É
preciso reconhecer que as forças progressistas, Lula e o PT não estão com uma
nitidez estratégica definida e com definições de iniciativas táticas que
indiquem um caminho a ser seguido e objetivos a serem conquistados. Após atos,
manifestações públicas de rua e a própria greve geral, os setores populares
carecem de solução de continuidade e não sabem qual será o movimento seguinte.
Em que pese o momento ser propício para uma virada em favor de uma ofensiva
popular, na verdade, persistem elementos de desorganização e de defensiva que
vêm se observando desde o início de 2015, quando se iniciou o projeto do golpe
conservador.
A
rigor, existem três grandes tarefas postas na conjuntura: defender a
democracia; lutar pela preservação dos direitos, contra as reformas
conservadoras e o desmanche da educação, da saúde, da cultura e da ciência e
tecnologia; e exigir que Lula tenha o direito de ser candidato em 2018. Há
consenso no campo progressista acerca dos das duas primeiras tarefas. O que
falta é organização, tática ofensiva e um cronograma de lutas.
Independentemente
de que se venha apoiar ou não a candidatura de Lula, o fato é que o direito de
ele ser candidato tornou-se uma questão democrática crucial para enfrentar o
condomínio conservador e antipopular estabelecido no governo. Em primeiro
lugar, é preciso observar que a cruzada contra Lula é a mais violenta e cruel
já levada a efeito contra um político brasileiro. O juiz Moro, a Lava Jato,
setores do Judiciário, o PSDB e setores da mídia jogam sem piedade para
destruir a personalidade política de Lula e tudo o que ele representa enquanto
política popular. Com o linchamento moral recorrente, criaram as condições para
a violência política e para o linchamento físico do ex-presidente. Os conteúdos
técnicos e jurídicos dos processos contra Lula já estão enterrados e seu
julgamento é puramente político.
Se
a Lava Jato faz reféns, como disse Gilmar Mendes, as delações forçadas são
pagamento do resgate. É espantosa a degradação moral a que o país chegou: um
corrupto notório como o marqueteiro João Santana teve a ousadia de afirmar que
Dilma sofreu um "apagão moral". A normalidade com que se revestiu a
delação de Marcelo Odebrecht e dos outros executivos, descrevendo o roteiro de
como o capitalismo brasileiro assalta o Estado e os pobres, prova que a
sociedade brasileira já não tem mais alma, não tem mais virtudes, vendeu-se ao
demônio. As perguntas sem sentido do juiz Moro, a pavonice estúpida de Deltan
Dallagnol, o disse-me-disse sem provas e sem dignidade das delações forçadas
transformaram a Lava Jato num comitê de absurdos, numa guilhotina da verdade,
num instrumento persecutório, numa proteção da mentira. Na equação perversa que
a Lava Jato montou, serão salvos os maiores corruptos, os que causaram mais
dano ao Brasil.
A
caminho da violência política
A
parcialidade da Lava Jato, do Ministério Público, do STF, da Polícia Federal e
de setores da mídia está levando o país a uma crise de violência política
gravíssima. Histórias de vários eventos políticos e militares mostram que
quando se leva determinadas forças a becos sem saídas, elas lutaram até a
morte. É isto o que está acontecendo hoje no Brasil com Lula e com os
movimentos sociais. Cabe perguntar: o que quer o Ministério Público? A rebelião
social? O que querem o juiz Moro e outros setores do Judiciário? A violência
política? O que querem setores da mídia? Incendiar o país?
Ate
agora não há elementos consistentes que justifiquem a condenação ou a prisão de
Lula. Condená-lo ou prende-lo e impedir a sua candidatura, deixando livres Aécio Neves, vários ministros
e o próprio Temer significa jogar dinamite num deposito de pólvora e é
inaceitável sob qualquer ponto de vista. Existe um curto-circuito político no
país que só será desfeito se a imparcialidade do judiciário e a coincidência
temporal dos processo forem estabelecidas. Como a democracia foi quebrada com o
beneplácito do Supremo Tribunal Federal, parte da sociedade e um dos lados do conflito
perderam toda a confiança em qualquer neutralidade das instituições. O STF está
com um estopim acesso nas mãos diante de um mar de gasolina. Cabe a ele decidir
se incendiará país ou se permitirá que os líquidos e os humores inflamáveis
escoem para alguma saída.
As
forças progressistas, se não quiserem sofrer uma derrota ainda mais
devastadora, precisam se pôr de acordo, criar uma unidade, cruzar o Rubicão e
invadir Brasília. Se não há um César para comandar as legiões, que as comandem
outros cadetes. E se não há legiões, que se lute com os trabalhadores da cidade
e do campo, com os índios, com as mulheres e com os jovens.
É
preciso parar o governo e o Congresso na sua criminosa investida contra os
direitos do povo. É preciso exigir do STF e do Ministério Público que recobrem
a sobriedade e a responsabilidade constitucional. Nas atuais condições, as
forças progressistas devem perceber que não há o que negociar. Para que se
estabeleçam condições de negociação é preciso restabelecer o funcionamento da Constituição
e o fim do ataque aos trabalhadores e ao povo pobre.
COMPARAÇÃO
DILMA X TEMER – Segundo a pesquisa DataPoder360, aumentou a quantidade de
pessoas que acham o governo Temer pior do que o governo Dilma Rousseff (PT).
Essa é a percepção de 48% dos entrevistados, 7 pontos percentuais a mais do que
em abril. No mês passado, 41% achavam a administração de Temer pior do que a de
Dilma. Para 20%, o governo atual é melhor que o anterior.
Na
comparação por região, a preferência ao governo da petista é maior entre os
nordestinos (70%), quase o dobro da região Centro-Oeste (36%). No Nordeste,
apenas 8% responderam que a gestão Temer é melhor do que a de sua antecessora.
No geral, 26% dos brasileiros não veem diferença entre os dois governos.
(…) Foram
entrevistados 2.157 brasileiros e brasileiras com 16 anos de idade ou mais, em
243 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para
menos. [a pesquisa foi realizada nos dias 7 e 8 de maio.]
Separamos
algumas tabelas ainda sobre o mesmo tema: a comparação entre Temer e Dilma.
A
pesquisa Datafolha que apontou a disparada do ex-presidente Lula e também um
consenso nacional por diretas-já revelou que sete em cada dez brasileiros são
contra a reforma da Previdência proposta por Michel Temer; o levantamento,
portanto, revela a encalacrada em que o Brasil se meteu com o golpe de 2016.
Concretamente, o Brasil tem hoje um governo ilegítimo que faz o oposto do que deseja a
população; somada à greve geral, que paralisou o País na última sexta-feira, o
Datafolha praticamente sepulta as reformas, pois mesmo que Temer esteja
comprando parlamentares com cargos na máquina pública, deputados e senadores
terão que pedir votos em 2018 para se reeleger.
Sete
em cada dez brasileiros se dizem contrários à reforma da Previdência, segundo
aponta o Datafolha, na mesma pesquisa que apontou a disparada do ex-presidente
Lula (leia aqui) e também um consenso nacional por diretas-já (leiaaqui).
"Há
maioria antirreforma entre todos os grupos sociodemográficos, e a taxa cresce
entre mulheres (73%), brasileiros que ganham entre 2 e 5 salários mínimos
(74%), jovens de 25 a 34 anos (76%) e os com ensino superior (76%)",
revela a Folha.
O
levantamento, portanto, revela a encalacrada em que o Brasil se meteu com o
golpe de 2016: o Brasil tem hoje um governo ilegítimo que faz o oposto do que
deseja a população.
Somada
à greve geral, que paralisou o País na última sexta-feira, o Datafolha
praticamente sepulta as reformas, pois mesmo que Temer esteja comprando
parlamentares com cargos na máquina pública, deputados e senadores terão que
pedir votos em 2018 para se reeleger.
A
pesquisa comprova que a mensagem mais importante da chamada "voz das
ruas" é a que aparece na imagem acima: Temer sai, aposentadoria fica.