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Notas
fiscais, comprovantes de transferências e planilhas comprovam que Michel Temer
recebeu diretamente de Joesley Batista, dono da JBS, R$ 3,540 milhões e mais um
"mensalinho" de R$ 100 mil por um ano, no período de 2010, 2012, 2014
e 2015. Em 2017, o presidente da República acertou receber, por meio de seu
assessor, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), cerca de R$ 50 milhões
de propina em uma negociata do Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica).
A imprensa
amanheceu dizendo que o grampo do mandatário "não leva a conclusão",
que foi mera prevaricação, e Michel Temer justifica que "não acreditou nas
declarações" feitas naquele encontro por Joesley Batista, dono da JBS, das
quais o presidente aceitou a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e
apoiou o corrompimento de um procurador e dois juízes. Além disso, o Planalto
resolveu mandar a gravação a peritos, "desconfiando que foi
editada".
Mas os autos
da delação de Joesley são mais conclusivos do que o próprio grampo. No anexo 9
do acordo com a Procuradoria-Geral da República, o empresário mostra planilhas
e notas fiscais para comprovar que ele pagou propina a Michel Temer em 2010,
2012, 2014 e 2015. O próprio título do anexo se chama "Fatos diretamente
corroborados por elementos especiais de prova - Michel Temer". Acompanhe a
seguir o detalhamento de cada um dos repasses de propinas a Temer:
O primeiro
pedido, em 2010, ano em que o empresário conheceu o então candidato a
vice-presidente de Dilma Rousseff, Batista atendeu "a um primeiro pedido
de Temer", concordando em "pagar 3 milhões de reais em propinas,
sendo 1 milhão através de doação oficia, e 2 milhões para a empresa Pública
Comunicações".
Para essa
transação, o empresário do frigorífico apresentou duas notas fiscais numeradas
149 e 155, que foram entregues à PGR.
Naquele
mesmo ano, nos meses de agosto e setembro de 2010, Temer pediu e Joesley pagou
240 mil reais à empresa Ilha Produções. Três notas fiscais de números 63, 64 e
65 foram apresentadas.
Já no outro
ano, em 2011, após a saída de Wagner Rossi do Ministério da Agricultura, que
era ponte entre o empresário e o então vice-presidente, Temer pediu mensalinho
de R$ 100 mil e mais R$ 20 mil a Milton Ortolan, então secretário-executivo da
pasta, e Joesley consentiu. Segundo o delator, o pagamento foi feito
"dissimuladamente por cerca de um ano".
Em 2012,
Temer pediu mais R$ 3 milhões para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura
de São Paulo pelo PMDB. Os pagamentos, segundo Joesley, foram feitos por meio
de caixa dois e todas as notas fiscais e planilhas foram anexadas aos autos
para os procuradores.
O empresário
da JBS disse que, após esse episódio ficou claro que "o então
Vice-Presidente [Michel Temer] operava, além de Wagner Rossi, em aliança com
Geddel Vieira Lima, Moreira Franco e Eduardo Cunha, entre outros".
Ainda narrou
que em pleno processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Temer o
procurou "convidando-o para uma reunião" em seu escritório jurídico
nos Jardins, em São Paulo, e pediu uma propina de R$ 300 mil para pagar
despesas de marketing político pela internet, pouco antes de assumir a
Presidência com a queda de Dilma. O repasse teria ocorrido por meio do
marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco.
Já com Temer
na Presidência, ainda neste ano de 2017, em um outro encontro, desta vez com o
deputado afastado e assessor de Michel Temer, Joesley Batista acertou o
pagamento de 5% ao governo sobre o lucro da operação de uma usina termoelétrica
em Cuiabá. A negociata renderia a Michel Temer cerca de R$ 50 milhões.
A propina
acertada era como contrapartida para o presidência autorizar a pressão sobre o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para "afastar o
monopólio da Petrobras do fornecimento de gás para termoelétrica do Grupo
J&F". Loures teria ligado para o presidente interino do Cade, diante
de Joesley, pedindo a intervenção.
O empresário
dono da JBS então "prometeu, caso a liminar fosse concedida, 'abrir
planilha', creditando em favor de Temer 5% desse lucro" e "Rodrigo
[Rocha Loures] aceitou", disse no acordo de delação.
Abaixo, a
íntegra do Anexo 9 "Fatos diretamente corroborados por elementos especiais
de prova - Michel Temer":
Do GGN