Bastou
a visão dos raios, para os homens bons fraquejarem e passarem a obedecer aos
desígnios de Vulcano.
Os
homens bons chegaram, se aboletaram na Suprema Corte e se proclamaram homens
bons. Mas, das profundezas, os filhos de Vulcano lançaram raio de fogo em
direção aos homens bons.
Bastou
a visão dos raios, para os homens bons fraquejarem e passarem a obedecer aos
desígnios de Vulcano. E os homens bons se tornaram cruéis, usando as chaves da
crueldade para abrir, uma a uma, as jaulas que mantinham prisioneiros os filhos
das profundezas. E, das jaulas, saíram serpentes, polvos, espécies marinhas que
se julgavam extintas.
E
o pais passou a conviver com o ódio em todos os níveis, com uma guerra
intestina, pertinaz e feroz, da qual não sobreviveu sequer um indulto
presidencial.
Michel Temer assinou o indulto de Natal de 2017. O clima persecutório vigente, a falta de humanidade e de coragem fez com que a Procuradora Geral da República Raquel Dodge questionasse a constitucionalidade do decreto. Temia-se que pudesse reduzir a culpa de meia dúzia de condenados da Lava Jato e eles, os deuses, ficassem à mercê dos raios das profundezas.
Michel Temer assinou o indulto de Natal de 2017. O clima persecutório vigente, a falta de humanidade e de coragem fez com que a Procuradora Geral da República Raquel Dodge questionasse a constitucionalidade do decreto. Temia-se que pudesse reduzir a culpa de meia dúzia de condenados da Lava Jato e eles, os deuses, ficassem à mercê dos raios das profundezas.
Carmen
Lúcia, a inacreditável frasista, acolheu a representação.
A
Constituição de vários países – inclusive a brasileira – prevê como um dos
poderes centrais do Presidente a concessão do indulto. Como, há muito tempo, o
STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu reescrever a Constituição, Ministros
defenderam a tese de que, ao definir a pena, o Executivo estaria avançando
sobre as prerrogativas do Judiciário.
No
ano passado, quando havia maioria pela constitucionalidade do decreto, Luiz Fux
pediu vistas e segurou a votação.
Luis
Roberto Barroso, o Ministro que abriu as portas do país para o estado de
selvageria vigente, defendeu a tese de que caberia ao STF tutelar o Executivo.
Enquanto se discutia se crimes de colarinho branco deveriam ou não ser
contemplados, milhares de pequenos delitos ficavam sem os benefícios do
indulto.
Quatro
Ministros expostos às chantagens das redes sociais – Barroso, Fachin, Carmen e
Fux – votaram contra o decreto.
Foram
derrotados. Hoje, o STF decidiu pela constitucionalidade do decreto. Os
milhares de prejudicados não terão a quem pedir reparação.
Do GGN