A
menos de uma semana para o julgamento do maior e mais importante líder popular
do planeta na atualidade, Luís Inácio Lula da Silva, no TRF4 de Porto Alegre,
algumas perguntas pairam no ar: A quem interessa esse processo de perseguição
que vem se arrastando há anos? Precisamos dar nomes aos bois. Tentar nomear
para que cada brasileiro e brasileira entenda que esta luta não é,
definitivamente, uma luta contra a corrupção, mas uma luta de classes, uma
tentativa desesperada que as elites encontraram de retirar da vida pública o
único cara que realmente fez pelo povo nos últimos anos.
Bernie
Sanders, senador nos EUA pelo Estado de Vermont. Filiado ao Partido Democrata
desde 2015, foi o político independente com mais tempo de mandato na história
do Congresso dos Estados Unidos. Escreveu recentemente:
"Difícil
de compreender, o fato é que as seis pessoas mais ricas da Terra agora possuem
mais riqueza do que a metade mais empobrecida da população mundial — 3,7
bilhões de pessoas. Além disso, o top 1% tem agora mais dinheiro do que os 99%
de baixo. Enquanto os bilionários exibem sua opulência, quase uma em cada sete
pessoas luta para sobreviver com menos de US$ 1,25 [algo como R$ 4] por dia e –
horrivelmente – cerca de 29 mil crianças morrem diariamente de causas totalmente
evitáveis, como diarreia, malária e pneumonia."
Sanders
cutuca a ferida que ontem, de outra forma, os professores Marcelo Neves,
Eugênio Aragão e a professora Beatriz Vargas da UnB também fizeram quando
falaram sobre o processo político que as elites e seus lacaios da justiça
brasileira movem contra o ex-presidente Lula.
Entender
um pouco como funciona isso é fundamental para cada um de nós. Sei que o dia a
dia, muitas vezes impede, ou dificulta a reflexão política por parte dos
trabalhadores e trabalhadoras. Mas, mesmo assim, precisamos pensar. Eles estão
pensando. Eles estão agindo. E, pode ter certeza, a ação desses canalhas é para
ferrar com você.
Por
isso companheiro e companheira, as perguntas e reflexões precisam de um lugar e
tempo na cabeça e na vida de cada um e cada uma. Não pensar é deixar que eles,
a elite, pensem por você.
A
quem interessa essa caça a um dos mais influentes políticos do mundo
contemporâneo? Quem ganha com a retirada da cena política nacional e mundial do
ex-torneiro mecânico que ascendeu ao poder no Brasil e chamou a atenção do
planeta para suas políticas de inclusão do pobre no orçamento?
Analise,
pense, reflita. A maioria das ações políticas e de mídia (diga-se rede Globo
etc.), dos últimos anos, tem um grande objetivo: retirar você, pobre,
trabalhador e trabalhadora, do orçamento, da vida digna. Retirar você dos
caminhos que levam à construção da plena cidadania.
Com
toda certeza essa violência jurídica, essa violência política não interessa aos
"subcidadãos" subclasse social criada a partir de um pensamento cruel
e elitista e, que foi destacado pelo professor Marcelo Neves no encontro de
ontem (18/01) no teatro Dulcina. Os milhões de subcidadãos ("os
desprezíveis"), como completou o professor, não ganham nada com essa
perseguição. Mas, afinal, quem ganha?
Transformar
o Lula em "Homo Sacer", "o homem excluído de toda a vida em
sociedade", na explicação do professor Marcelo Neves, é o grande e mais
urgente objetivo das elites brasileiras neste momento. Tirar da cena pública,
de uma forma radical, todo o legado, todo o simbolismo que representa Lula para
o povo brasileiro.
Para
tentarmos entender quem ganha, precisamos antes dizer quem trabalha nos
bastidores e na cena jurídica, política e midiática. Entender quem são os
partidos políticos conservadores, os parlamentares, as organizações anti-povo,
como o MBL, os policiais federais e delegados golpistas, os juízes e
procuradores que apenas se beneficiam do Estado é tarefa de casa e do trabalho,
urgente.
Esses
grupos, organizações e pessoas são o que chamamos de
"capitães-do-mato", aqueles que fazem o trabalho sujo. São aqueles
que aparecem na mídia com discursos moralistas para te ferrar. São os lacaios
do grande capital, da "Casa-Grande". São os representantes dos 1%.
Os
trabalhadores e trabalhadoras e a sociedade em geral precisam se esforçar para
entender que um magistrado, um juiz, um desembargador, um promotor, um
apresentador de TV, um parlamentar e até um presidente tipo o que o país tem
hoje, não são exatamente parte da elite que controla o poder econômico e compra
a seu bel-prazer o poder político.
Esses
atores citados são os capitães do mato apenas. Eles são o pau-mandado das
verdadeiras elites. São os escudos da “gulodice da minoria insaciável”, como
afirmou certa vez o saudoso educador popular Paulo Freire.
Os
1% que controlam a riqueza e a produção da riqueza no Brasil estão fisicamente
distantes do parlamento e até da mídia. Esse tipo não aparece com frequência,
estão quase sempre escondidos em seus próprios interesses.
Não
é fácil chamá-los nominalmente um a um. Por exemplo, a família Marinho,
controladora da maior rede de comunicação do país que envolve TV aberta,
jornal, TV Fechada, revistas, canais na internet, rádio de grande alcance...
Seriam sim parte desse seleto grupo de controladores do poder econômico e que
estão por trás de todas as mudanças ruins que acontecem hoje no país e que
afetam diretamente os trabalhadores e trabalhadoras.
A
revista Exame (revista controlada por eles) em sua edição de 13 de setembro de
2016, trouxe alguns nomes de pessoas que fazem parte dessa elite, desse 1% que
controla a produção e a riqueza brasileira. Alguns nomes: Jorge Paulo Lemann,
segundo a revista ele, além de mais rico do Brasil é também o 19o. homem mais
rico em todo o mundo. Joseph Safra é outro que se destaca na reportagem como o
bilionário com uma fortuna de 17,2 bilhões de dólares.
É
essa gente que ganha com a destruição de Lula. É esse grupo seleto de
super-ricos que controla não apenas a riqueza, mas explora brutalmente a força
de trabalho no Brasil é que ganha com esse viciadíssimo processo judicial que
será julgado em 2a.instância dia 24 de janeiro em Porto Alegre.
Essa
é a cara da elite brasileira. Os 1% que não possuem nenhum tipo de interesse na
vida do povo e da nação brasileira, a não ser explorar.
São
esses os verdadeiros donos do poder. Os caras que estão usando jovens do MBL,
parte da classe média idiotizada, o judiciário e o parlamento comocapitães do
mato.
É
dessa gente que Bernie Sanders falou, é desse grupo que os professores Marcelo
Neves, Beatriz Vargas e Eugênio Aragão se referiam no dia de ontem no teatro
Dulcina quando esclareciam de forma brilhante os vícios do processo contra Lula
da Silva.
Os
professores em suas falas afirmaram "tribunais e juízes acima das
leis" agem como querem colocando em risco a democracia e o Estado de
Direito no país. A insegurança jurídica é enorme.
A
reação do povo tem que ser agora.
Quem
se interessa pelo país e seu povo, reagirá agora!
Para
concluir vou usar uma parte da matéria veiculada no jornal do PCO - Partido da
Causa Operária que foi distribuído ontem durante o evento: "É preciso
mobilizar a militância de todo o país para impedir a prisão de Lula e derrotar
a direita e os golpistas, na lei ou na marra".
*Mestre
em Ciência Política, professor formado em História pela Universidade Estadual
do Ceará em 1988.
Do
GGN