Comentário ao post 'Xadrez
da República Fundamentalista do Brasil, por Luis Nassif'
Estudaremos no futuro como foi possível a junção no voto de
boa parte dos neopentecostais, pastores midiáticos e seus rebanhos de classes
populares, e de boa parte da classe média e médio-alta tradicional com seu
esoterismo e sua ligação com o Espiritismo e a busca pela liberdade irrestrita,
que o fundamentalismo religioso repelirá.
Duas forças, a primeira: do Fundamentalismo Religioso, da
Vida regida pela leitura ao pé da letra do Antigo Testamento com a segunda: da
busca por uma liberdade absoluta, sem nenhuma vontade de acatar regras, de se
sentir pertencente a uma sociedade, que é contra a ingerência do Estado e do
individualismo extremo.
Um voto inconciliável dentro da razão. Por isto, acerta,
creio eu, quem diz que a irracionalidade permeou a Eleição, claro, que dentro
de um processo de construção dela, que vem, com maior força e sem muitos
anteparos, desde 2012 com o Julgamento do "Mensalão", e o desespero
da Direita liberal de retomada do Poder a qualquer custo, não possível via urna
com o sucesso das administrações do PT.
Associou-se no voto em 2018 o incluído da sociedade de castas
dos tempos de FHC para trás e o incluído na Era petista.
O sujeito que ia na Paulista protestar contra o Governo do PT
e o sujeito da ascensão social pelos anos petistas no Governo Federal juntos no
voto.
O que tinha ódio do pobre, da sua ascensão e concorrência nas
universidades e mercado de trabalho e o pobre que ascendeu socialmente, em
parte significativa, se juntaram no voto. O que quer que o pobre continue pobre
e o pobre que sentiu, pós-Golpe, um novo declínio social, se deram as mãos em
um abraço de afogados.
O contra o Bolsa Família se juntou do que recebe ou tem
parentes que recebem Bolsa Família.
E assim caminharemos:
O classe média tradicional adentrando em uma realidade
comandada por um fundamentalismo religioso e restrição das liberdades
individuais e o neopentecostal caminhando para a degola plena nos seus direitos
sociais.
Duas partes inconciliáveis. A da patroa e a da faxineira se
deram as mãos e, agora, ficamos todos perdedores.
Como pode ser racional esse voto casado?
Como é que uma Luta de Classes se transformou na
irracionalidade do voto? Do voto contra si mesmos. É um voto sem vencedores.
Gente de todas as classes sociais irmanadas em uma mesma candidatura? Em um
país, onde, a marca registrada do voto foi o voto profundamente marcado pela
Luta de Classes nas eleições presidenciais deste Século?
Não é um processo racional o que a nossa sociedade vive, e,
por isto, nasce uma união de opostos, que não são duas metades, acreditando que
se faça um inteiro, são dois opostos que não se juntaram jamais e que juntos
caem no chão num strike único, logo na primeira bola arremessada.
GGN