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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Xadrez do caos armado e dos pais da pátria, por Luis Nassif

Conforme previsto há tempos, encerrado o ciclo Lula-PT, ingressa-se em uma nova etapa da Lava Jato, superando o período no qual todos os abusos eram perdoados.  Cessada a blindagem, a Lava Jato começa a ser questionada pelos tribunais superiores, em alguns casos em defesa das prerrogativas desses tribunais, em outros, em defesa prévia sobre os avanços contra políticos aliados.
Tem-se um quadro complexo.
Aberta a caixa de pandora, os procuradores querem avançar além do fator PT. Ficou nítido nas manifestações da Lava Jato paulista sobre a perda do foro privilegiado do ex-governador Geraldo Alckmin. Agora, na mira, está também um dos principais operadores do PSDB, o banqueiro Ronaldo César Coelho, estreitamente ligado a José Serra, e com as contas bloqueadas na Suíça. Sua prisão, e uma investigação séria, promoveria uma verdadeira hecatombe no que restou do partido.
Esse episódio precipitou uma série de movimentos.
Peça 1 – o fator tribunais superiores
Nas últimas semanas, os tribunais superiores – STF (Supremo Tribunal Federal) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) – resolveram enfrentar, finalmente, o juiz Sérgio Moro.
O STF, através dos votos de Gilmar Mendes, Dias Tofolli e Ricardo Lewandowski, retirou de Moro vários processos contra Lula, todos baseados na mesma “teoria do fato”, juntando medidas que beneficiaram as empreiteiras com os casos tríplex e sítio de Atibaia.
Ao mesmo tempo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) passou para um juiz do Distrito Federal a decisão sobre um habeas corpus para um português envolvido na Lava Jato.
Moro reagiu, em franca desobediência a ambos os tribunais, provocando reações vigorosas da parte dos desembargadores do STJ.
Ao mesmo tempo, o STF pediu providências para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), contra manifestações do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o mais agressivo dos procuradores da Lava Jato. E avisou que, se não forem tomadas providências, o próprio STF agirá de ofício.
E há, no CNJ, uma representação contra Sérgio Moro pela divulgação ilegal das conversas de Lula com Dilma – que foi um dos principais fatores políticos para o golpe do impeachment. A divulgação foi autorizada pelo então PGR Rodrigo Janot.
Lewandowski está onde sempre esteve. A mudança de posição de Gilmar Mendes – que voltou a ser o garantista de antes do mensalão – se deve ao fator Ronaldo César Coelho. O algoritmo mágico do STF distribuiu para Gilmar as denúncias contra José Serra, Aloizio Nunes, Aécio Neves e Cunha Lima, os principais nomes do PSDB envolvidos com os escândalos.
Em todo caso, seja bem-vindo de volta ao mundo dos garantistas.
À medida em que vai sendo cercada, a Lava Jato tenderá a produzir mais foguetório. E, aí, entra em cena, o fator Raquel Dodge.
Peça 2 – o fator Raquel Dodge
Sem controle sobre a base, a Procuradora Geral Raquel Dodge tratou de se blindar perante a mídia – especialmente a Globo – através de um movimento desmoralizante, que a equipara ao antecessor Rodrigo Janot e às manipulações dos jovens procuradores da Lava Jato – que, pelo menos, têm o álibi da juventude.
Dodge seguiu o mesmíssimo figurino de ilações manipuladas da Lava Jato, a chamada “teoria do fato”, segundo o MPF (leia aqui sobre o tema) – que é uma versão particularíssima da metodologia adotada.
Trata-se de uma metodologia adotada por qualquer bom repórter investigativo e que foi introduzida no MPF pelo procurador Douglas Fischer. Consiste em criar uma narrativa inicial sobre o tema que está sendo investigado, para ajudar a organizar as informações.
Os bons investigadores e os bons jornalistas criam uma narrativa experimental no início das investigações e vão alterando, à medida em que vão aparecendo novos fatos. O fato é soberano. Maus repórteres e maus investigadores se aferram à narrativa inicial, ignorando todos os fatos que possam comprometê-la.
Esperava-se que, com mais experiência na área, a PGR Raquel Dodge não comprometesse o MPF com esse estilo, adotado por seu antecessor. Esperança vã!
Vamos entender seu jogo, por partes.
A falsa isenção
Raquel Dodge tem o desafio de não se comprometer com o PSDB e, ao mesmo tempo, aparentar alguma isenção nas suas investigações.
Para atender às duas necessidades, no caso do PT, atira em quem está no jogo; no caso do PSDB, mira nos patos mancos – Aécio Neves e Eduardo Azeredo – e preserva quem está no jogo, José Serra e, especialmente, Geraldo Alckmin.
Tome-se a denúncia recente contra Lula, Gleise Hofman e Paulo Bernardo. E compare-se com o caso Geraldo Alckmin. A diferença é escandalosa.
A propina
A Lava Jato identificou um financiamento de campanha da Odebrecht para Gleise; e outro para Alckmin. Ambos nas eleições de 2014, parte dos pagamentos pelo caixa 2. Para Gleise, o intermediário foi o marido Paulo Bernardo, ex-Ministro do Planejamento; para Alckmin, seu cunhado Adhemar Ribeiro. Não poderia criminalizar Gleise apenas pelo Caixa 2, pois teria que aplicar a mesma medida contra Alckmin. Qual a saída encontrada pela “teoria do jogo” de Dodge?
A contrapartida
Na denúncia de cada propina, há a necessidade de se identificar a contrapartida oferecida
Gleise Hoffman
A denúncia se reporta a uma decisão de 2010 (quatro anos antes do financiamento eleitoral da Odebrecht!), da Câmara de Comércio Exterior, ampliando o financiamento às exportações de serviços para Angola, medida fiel à estratégia de expansão brasileira na África.
A decisão passou pela Camex, constituída pelos seguintes órgãos:
•     Conselho de Ministros da CAMEX, órgão de deliberação superior e final;
•          Comitê Executivo de Gestão – Gecex;
•          Secretaria-Executiva;
•          Conselho Consultivo do Setor Privado – Conex;
•         Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações–Cofig;
•          Comitê Nacional de Facilitação de Comércio – Confac;
•          Comitê Nacional de Investimentos – Coninv; e
•        Comitê Nacional de Promoção Comercial – Copcom (tema em discussão).
O Comitê de Ministros é composto dos seguintes Ministros:
•          Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República;
•          Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços;
•          Ministro de Estado das Relações Exteriores;
•          Ministro de Estado da Fazenda;
•          Ministro de Estado dos Transportes, Portos e Aviação Civil;
•          Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
•     Ministro de Estado do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; e
•          Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Paulo Bernardo era um dos oito Ministros do Conselho, com status inferior aos Ministros da Casa Civil, da Fazenda, das Relações Exteriores, e da Secretaria-Geral da Presidência. Pouco importou à PGR. Foi o responsável pelo aumento das linhas de financiamento, e não se fala mais isso. A partir daí, repetiu a teoria do fato apud MPF – que consiste em enfiar provas a martelada na narrativa escolhida. E denunciou a “organização criminosa” comandada por Lula. O que demonstra que a parcialidade e falta de senso não são prerrogativas da 1ª instância do Ministério Público Federal.
Geraldo Alckmin
De acordo com delação premiada de ex-executivos das empreiteiras Odebrecht e Camargo Corrêa, Geraldo Alckmin recebeu R$ 10,3 milhões em caixa 2, através de seu cunhado, Adhemar Ribeiro. Todas foram beneficiadas por obras do governo paulista, autorizadas diretamente por Alckmin, do Rodoanel ao Metrô. Mas o caso foi tratado meramente como financiamento de campanha, sem sequer criminalizar o caixa 2, e remetido para o Tribunal Regional Eleitoral, integrado, em sua maioria, por juízes e procuradores estaduais aliados de Alckmin.
Peça 3 – o terror e o aparato policial
Há um conjunto de evidências mostrando que o crime organizado e a violência política estão cada vez mais entronizada entre integrantes de corporações armadas.
O deputado Antônio Francisquini foi Secretário da Segurança no Paraná, em 2015, no governo tucano de Beto Richa. Antes disso, ocupou cargo de relevância no Espírito Santo. Pertence a ala mais barra-pesada da Polícia Federal e, por seus cargos anteriores, têm relações estreitas com o aparelho policial do Paraná. No seu Twitter trata-se os membros do acampamento como “bandidos órfãos de Lula”
Por aí se entende a quase impossibilidade de apuração, pela polícia do Paraná, dos atentados cometidos contra a caravana de Lula e contra o acampamento do MST em Curitiba.
Esses atentados, mais os que resultaram na morte da vereadora carioca Marielle Franco, mais a identificação de munição das forças de repressão encontradas nos locais dos atentados, são um indicativo preocupante. Indicam que há uma força armada, provavelmente com integrantes dos aparelhos policiais, enveredando cada vez mais pelas sendas dos atentados políticos. Falta pouco para saírem totalmente de controle.
Mas não apenas político.
A mesclagem entre forças de repressão e crime organizado ficaram nítidas em dois episódios. O primeiro, no poder crescente das milícias no Rio, e na influência do PCC em São Paulo. No âmbito federal, o tratamento dado pela Polícia Federal ao caso da helicoca – o helicóptero do senador Perrela, com 500 quilos de cocaína. Qualquer adolescente, detido com quantidades irrisórias de droga, é inapelavelmente preso e condenado. No caso do helicoca, o piloto foi solto em questão de dias, para voltar a delinquir, sendo apanhado em outra operação, a serviço do PCC.
Peça 4 – a teoria do caos
Tem-se, então, os seguintes componentes do caos atual:
O embate entre tribunais superiores e a Lava Jato.
As principais instituições sendo comandas por Michel Temer (Executivo), Carmen Lúcia (STF), Raquel Dodge (MPF) e Rodrigo Maia (Legislativo). É mole?
O racha do STF, anulando completamente seu papel anti-majoritário. Em pleno tiroteio, com atentados explodindo, com a violência política se espalhando, o inacreditável Luís Roberto Barroso se prestava a um trabalho de auditoria para conferir se os condenados da Lava Jato estavam pagando ou não suas multas. E, obviamente, tratando de espalhar o meritório trabalho pelas colunas de jornais.
A economia sem nenhuma perspectiva de recuperação.
O grupo do golpe sem nenhum candidato competitivo.
A partir desses dados, montem suas apostas.
Do GGN

domingo, 25 de fevereiro de 2018

O coronel e a “investigação seletiva” PF/MPF, por Mello Franco


Imperdível o artigo de Bernardo de Mello Franco, hoje, em O Globo. Imperdível e irrespondível, demonstrando que, na Polícia Federal e na Procuradoria Geral da República, pau que dá em Chico não dá em coronel.
Ninguém escreve ao coronel, Bernardo de Mello Franco, em O Globo.
O novo depoimento de Ricardo Saud jogou mais luz sobre um personagem que o governo se esforça para manter nas sombras. Trata-se do coronel João Baptista Lima, homem de confiança de Michel Temer.
Ex-oficial da PM, Lima costuma ser citado como “amigo” do presidente. Puro eufemismo. Investigações da Polícia Federal indicam que ele atuava desde os anos 80 como faz-tudo do chefe. Arrecadava dinheiro, negociava com empresários e fazia pagamentos.
O coronel despontou no noticiário em abril de 2016, quando um empreiteiro o acusou de intermediar o repasse de propina nas obras de Angra 3. Temer ainda era vice-presidente, e a Lava Jato parecia mais interessada em outros alvos.
Em maio passado, Lima reapareceu na delação da JBS. Foi acusado de receber R$ 1 milhão por “indicação direta” do presidente. No seu escritório, a PF apreendeu recibos de despesas da família Temer. Em áudio entregue à polícia, Rodrigo Rocha Loures, o deputado da mala, informava: “O coronel não pode mais”.
Uma semana antes da delação-bomba, o MST ocupou uma fazenda em nome de Lima em Duartina (SP). O movimento justificou a ação como um protesto para “denunciar as conspirações golpistas de Temer”.
Discurso político à parte, os sem-terra levantaram uma lebre valiosa. No novo depoimento à PF, Saud afirmou que a propriedade é de Temer, que usaria o coronel como laranja. O Planalto nega todas as acusações.
Há oito meses, os investigadores tentam ouvir Lima em inquéritos que envolvem o presidente. Ele apresenta atestados de médicos particulares e não aparece para depor.
A blindagem do coronel também parece contar com o aval de autoridades nomeadas por Temer. O diretor-geral da PF, Fernando Segovia, já ameaçou punir o delegado que citou Lima em perguntas enviadas ao presidente.
Agora sabe-se que a procuradora Raquel Dodge tem evitado opinar sobre medidas pedidas no mesmo inquérito. Ela recebeu o ofício antes do Natal. O carnaval acabou e a doutora ainda não enviou os papéis ao Supremo. O relator do caso é o ministro Luís Roberto Barroso, que já denunciou a existência de uma “Operação Abafa” para sepultar a Lava Jato.
 Tijolaço/Globo

sábado, 22 de julho de 2017

Luís Nassif: A blindagem dos MPs a José Serra é antiga

Quando vazou os dados da agenda de Marcelo Odebrecht no seu celular, os policiais da Lava Jato trataram de colocar uma tarja sobre o nome de José Serra. Quando os arquivos se tornaram públicos, pelo vazamento, não foi difícil eliminar a tarja. O encontro se daria n escritório de Verônica Serra, filha de Serra.

Há mais de vinte anos se conhecem os modus operandos de Serra:
1. Através de contas no exterior, operadoras por Ronaldo César Coelho e Márcio Forte.

2. Através dos fundos de investimento de sua filha.

Se se avançar até seu início de carreira no serviço público se encontrará sinais exteriores de riqueza no imóvel que adquiriu, logo que se tornou Secretário do Planejamento de Franco Montoro e, como tal, o homem que controlava a fila dos precatórios e as aprovações para importações de equipamentos médicos.

Nos anos 90, envolveu-se diretamente com escândalos no Banespa, através de seu sócio Vladimir Rioli; depois, no Banco do Brasil, através de seu cunhado José Marin Preciado e do operador Ricardo Sérgio.

No episódio do buraco do Metrô, consta que Serra recebeu R$ 15 milhões das três empreiteiras, para permitir que cada qual indicasse o engenheiro responsável, em vez da responsabilidade recair sobre o presidente de cada empreiteira. Fontes com acesso aos dados da Operação Castelo de Areia contam que, entre os documentos, estavam as comprovações do acerto.

No final de sua gestão, no governo do Estado, entregou à Serasa-Experian todo o banco de dados do Cadin (Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Estaduais), uma mina de ouro.

Pouco depois, Verônica Serra adquiriu um provedor de e-mail marketing, que deveria valer no máximo R$ 40 milhões e revendeu para a Experian por R$ 104 milhões. Apesar de listada na Bolsa da Inglaterra, a Experian tratou os valores como sigilosos.

É possível que a inexplicável compra de um site bancário, a Patagon, pelo Santander – pela inacreditável quantia de R$ 700 milhões – tenha sido um modo de lavagem de dinheiro, visando influenciar autoridades para permitir que, mesmo depois de privatizado, o Banespa permanecesse com as contas dos funcionários do estado. A assessora do grupo argentino Patagon era justamente Verônica Serra.

Além desses episódios, o livro “A privataria tucana” está repleto de levantamentos sobre outras operações de Serra. Os fundos administrados por Verônica são de capital próprio. Provavelmente ele deve dispor de um capital superior a US$ 200 milhões, com participação expressiva no Mercado Livre.
É o maior sistema de lavagem de dinheiro da atualidade.

No entanto, o mais suspeito dos políticos brasileiros é blindado pelo Ministério Público Federal e pelo Estadual. Quando a blindagem se torna muito explícita, há alguns movimentos lentos, que não tem sequência.

No caso do escândalo Alstom, por exemplo, foi nítido o trabalho de abafa do procurador Rodrigo de Grandis. Ele atrasou por anos a entrega de documentos solicitados pelo MP suíço. Sua alegação foi que trocou de pasta os papéis e, por isso, não se lembrou mais do caso. A alegação foi aceita pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) apesar das informações do Ministério da Justiça de que solicitara várias vezes a ele o encaminhamento dos documentos requeridos.

Agora, a montagem da ala paulista da Lava Jato não parece mudar muito o quadro.

Em Brasilia, não se tenha dúvida de que os processos contra Serra cairão com um Ministro amigo. A manipulação dos algoritmos do Supremo garantirá.

Vai se chegar ao final de uma onda supostamente moralista deixando intocável o mais rico e suspeito político brasileiro.

Do GGN

terça-feira, 13 de junho de 2017

As falcatruas de Aécio em entrevista a Rogério Correia

Rogério Correia, que há 13 anos investiga: Como funcionava e quem blindava a turma de Aécio; sob a Lei Kandir, Minas perdeu R$ 135 bi em arrecadação
Rogério Correia (à esquerda): “Todos sabiam das denúncias contra o Aécio, só que preferiram ignorá-las solenemente e blindar o senador de forma absurda”. No topo, da esquerda para a direita: ministro Gilmar Mendes, juiz Sérgio Moro, PGR Rodrigo Janot. Na coluna à direita, de cima para baixo: ex-PGR Roberto Gurgel, ex-procurador de MG  Alceu José Torres Marques, Danilo de Castro. No pé, Oswaldo Borges da Costa, Oswaldinho, e Danilo de Castro com Antonio Anastasia.

Ao disputar a presidência da República, em 2014, Aécio Neves, queridinho da Globo, Veja, Isto É, Época, Estadão, Folha, recebeu apoio maciço da grande mídia, que prontamente incorporou o slogan dos marqueteiros dele — “o homem preparado para governar o Brasil”.

Neto do doutor Tancredo, bonitão, tucano.

Um perfeito menino do Rio, com “brasão” tatuado no braço.

Um príncipe.

No início da noite de 17 de maio, assim que caiu na rede a reportagem de O Globo, revelando grampos-bomba, ele começou a se transformar:

* Joesley Batista, dono da JBS, havia gravado uma conversa de 30 minutos com o senador e presidente nacional do PSDB, pedindo-lhe R$ 2 milhões.

*O dinheiro vivo, entregue a um primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, foi depositado na conta de empresa do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

Na manhã do dia seguinte, 18 de maio, ao olhar-se no espelho, ele viu um sapo.

O primo Fred e a irmã, Andrea Neves, tinham sido presos em suas casas, na Grande Belo Horizonte.

Andrea é considerada operadora do irmão nas irregularidades investigadas pela Lava Jato. Fred foi o administrador financeiro da campanha de Aécio à presidência.

O seu gabinete no Senado, a casa em Brasília, o apartamento no Rio de Janeiro e o em Belo Horizonte foram alvo de busca apreensão pela Polícia Federal (PF).

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento imediato de atividades parlamentares, mandou apreender o passaporte e o proibiu de ter contato com outros investigados.

No final da tarde, menos de 24 horas após a denúncia vir a público, Aécio pediu o afastamento da presidência do PSDB. Em comunicado oficial, disse:

“Me dedicarei diuturnamente a provar a minha inocência e de meus familiares para resgatar a honra e a dignidade que construí ao longo de meus mais de 30 anos de vida dedicada à política e aos mineiros, em especial”.
A cada dia, novas denúncias são divulgadas. Aguarda-se para breve a delação de Oswaldo Borges da Costa, o Oswaldinho, principal operador de Aécio, inclusive na Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).

O príncipe virou irremediavelmente cururu. Aquele que, quando morre, nem formiga come.

Pesquisa da CUT/Vox Populi divulgada na segunda-feira passada (06/06) sobre intenção de voto para presidência da República em 2018 aponta nessa direção. Aparece com zero por cento de intenção de voto.

“Aécio ludibriou os brasileiros”, disse há alguns dias o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

“Judiciário, Ministério Público, imprensa e mesmo boa parte dos eleitores tinham conhecimento das denúncias envolvendo o senador Aécio”, rebate o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), em entrevista exclusiva ao Viomundo.

“Eu mesmo entreguei a essas instituições — em alguns casos várias vezes — documentos demonstrando improbidade administrativa, corrupção, truculência contra os que dele discordavam, entre outros crimes do senador Aécio”, atenta Rogério.

“Assim como eu sempre passei amplamente à grande imprensa essas denúncias”, frisa.

“Só que todos preferiram ignorá-las solenemente e blindar Aécio de forma absurda”, põe o dedo na ferida.


Continue lendo, segue a íntegra da entrevista, AQUI.

Vi o Mundo

sexta-feira, 19 de maio de 2017

P F grampeou Michel Temer e Gilmar Mendes

Mesmo que indiretamente, Michel Temer e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes foram grampeados pela Polícia Federal, em investigação que tinha os telefones do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) interceptados; numa conversa com Aécio, Gilmar atua como articulador do PSDB no Congresso; o senador tucano pede para que o ministro telefone para o senador Flexa Ribeiro e recomende que o parlamentar siga a orientação do voto proposto por Aécio no projeto sobre abuso de autoridade; a conversa de Temer foi com o deputado Rocha Loures, flagrado recebendo R$ 500 mil da JBS para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso.

A Polícia Federal interceptou conversas de Michel Temer e do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, segundo relatório da Operação Patmos, deflagrada nesta quinta-feira 18 e que teve como um dos alvos o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Numa conversa ocorrida entre Aécio e Gilmar Mendes em abril, o senador tucano "pediu ao ministro [Mendes] para que telefonasse para o senador Flexa Ribeiro. Neste diálogo, o senador investigado [Aécio] pede que o magistrado converse com Flexa Ribeiro para que este siga a orientação de voto proposta por Aécio", aponta reportagem da Folha.

Segundo o relatório da PF, os dois se referiam ao projeto sobre abuso de autoridade, em tramitação no Congresso Nacional e relatoria do senador Roberto Requião (PMDB-PR).

Há também uma conversa entre Temer e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), flagrado recebendo R$ 500 mil da JBS, em uma mala, para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso. No diálogo, Temer fala sobre uma expectativa que o deputado tinha a respeito de novas regras para o setor de portos.

Aécio e Loures eram quem tinham seus telefones interceptados pela PF.

Do 247

Temer e Aécio deram o golpe para estancar a lava jato, Janot

Em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma claramente que Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) agiram "em articulação" para impedir o avanço da Lava Jato; "Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", afirma Janot; no pedido para investigar Temer e Aécio, a procuradoria afirma que o senador teria "organizado uma forma de impedir que as investigações [da Lava Jato] avançassem por meio da indicação de delegados que conduziriam os inquéritos, direcionando as distribuições".

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) agiram "em articulação" para impedir o avanço da lava jato.

"Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", afirma Janot.

Declaração bombástica consta na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin que determinou a abertura de inquérito para investigar Temer, Aécio e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que está relacionado ao acordo de delação de executivos da JBS.

Janot diz que a atitude dos dois configura "possível prática do crime de obstrução à Justiça". No pedido para investigar Temer e Aécio, a procuradoria afirma que o senador teria "organizado uma forma de impedir que as investigações [da Lava Jato] avançassem por meio da indicação de delegados que conduziriam os inquéritos, direcionando as distribuições."

Do GGN

Desmontando a tentativa da Folha de São Paulo de livrar o golpista Michel Temer do impeachment

Mais do que amenizar as acusações contra Temer, Folha simplesmente omitiu todo o trecho da conversa que dá à oposição o 3º motivo para o impeachment, caso o suposto aval à compra de silêncio de Cunha e prevaricação não bastem: o presidente abriu a porteira do governo para a JBS entrar e fazer as modificações necessárias aos interesses da empresa. Tudo através do blindado ministro Henrique Meirelles

Jornal GGN - O jornal Folha de S. Paulo decidiu ocasionalmente abandonar o modus operandi que vinha praticando em relação à Lava Jato nos últimos três anos e comprar a versão do acusado em detrimento das provas e delações divulgadas pelo Ministério Público Federal.

A edição desta sexta (19) prima pela presunção de inocência de Michel Temer num momento em que a cabeça do peemedebista é rifada pela Globo, autor do furo que pode provocar um novo impeachment.

Mas o benefício da dúvida a Temer é dado ao custo da omissão de parte substancial da conversa gravada por Joesley Batista, da JBS. O material foi divulgado na noite de ontem pelo Supremo Tribunal Federal e, no mesmo dia, Folha apressou-se em declarar o conteúdo "inconclusivo".

Para ter certeza que o leitor entendeu que Temer não pode ser acusado de dar anuência a pagamento de propina a Eduardo Cunha na prisão, como afirma a Lava Jato, Folha escreveu três vezes a mesma manchete, dentro da mesma edição. Capa e páginas 4 e 10 trazem a informação, de que não ficou claro, dada a péssima qualidade do áudio, que Temer sabia que o "acerto em dinheiro" dado entre a JBS e Cunha era propina para o ex-deputado ficar calado. Na versão do presidente, era uma "ajuda humanitária". Ajuda mensal e dada após cobrança insistente de Cunha, diga-se.

Esse primeiro esforço da Folha em livrar Temer é derrubado quando lemos o próprio jornal, que cita uma segunda gravação (essa não publicizada), de Joesley com Rodrigo Rocha Loures, deputado indicado por Temer para cuidar dos interesses da JBS junto ao governo e filmado pela Polícia Federal carregando uma mala de dinheiro. Nessa gravação, segundo Folha, Joesley aparece dizendo ao parlamentar: "Eu disse pra Michel, desde quando Eduardo foi preso e ele [Funaro], quem está segurando as pontas sou eu". Loures concorda: "Cuidando deles lá". Temer disse algo no mesmo sentido: "Tem que manter isso aí, viu?". 

Para Folha, o único possível crime cometido por Temer foi o de prevarização. Isso porque o presidente ouviu relatos de Joesley sobre a compra de procuradores e, quem sabe, até de juízes, para desacelerar investigações do Ministério Público contra a JBS, e respondeu: "Ótimo, ótimo." Claro que o jornal não relatou esse trecho da conversa com tal contundência. Disse que Temer ouviu relatos que dão conta de obstrução de Justiça, de maneira genérica, e nada fez. 

O 3º MOTIVO PARA IMPEACHMENT
Mais do que amenizar as acusações contra Temer, Folha simplesmente omitiu todo o teor explosivo do trecho da conversa que dá à oposição o 3º motivo para o impeachment, caso o suposto aval à compra de silêncio de Cunha e prevaricação não bastem: o presidente abriu a porteira do governo para a JBS entrar e fazer as modificações necessárias aos interesses da empresa. No Cade, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na Fazenda, na Receita Federal. Tudo através do blindado ministro Henrique Meirelles, o adorado do deus mercado.
O leitor que não puder conferir a conversa que cita a pressão por uma mudança de postura de "Henrique" (o GGN ouviu o aúdio e registrou os principais pontos aqui), deve apenas abrir outro jornal da grande mídia e conferir a diferença de tratamento.

O Globo, autor do furo que pode acabar com Temer, publicou que Joesley foi autorizado "a ser firme com Meirelles." No áudio, um dos trechos mais claros são os relatos de que o ministro da Fazenda vinha sendo cobrado por mudanças em órgãos onde a JBS acumula problemas. Joesley queria um "alinhamento" com Temer, para que Meirelles parasse de dar respostas evasivas e executasse as cobranças.

"É só isso que eu queria, ter esse alinhamento. Para ele perceber que nós temos... Mas quando eu digo ir mais firme no Henrique, é isso... esse alinhamento que eu queria ter...", disse. Temer respondeu: "Tá bom, pode fazer."

A outra gravação, de Rocha Lourdes com Joesley, O Globo igualmente tratou como "outro exemplo de sintonia entre Temer e Joesley".

Ao deputado, Joesley relatou interesse em ter "posições-chave" no Cade, CVM, Receita, Banco Central e Procuradoria da Fazenda. "Eu só preciso é resolver meus problemas, não é que eu gostaria que fosse João ou Pedro [o indicado]..."

Imediatamente, Loures fez uma série de telefonemas na frente de Joesley para provar que podia ajudá-lo. O deputado foi filmado pela PF, depois, recebendo uma mala com R$ 500 mil da JBS. O jornal dos Marinho tem as imagens, mas a Folha decidiu ignorar esse fato e também omitiu da reportagem.

Se a lógica da grande mídia e Lava Jato for aplicada ao caso, Temer está para Lourdes e JBS assim como Lula está para os ex-diretores da Petrobras e as empreiteiras Odebrecht e OAS.  
DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Quem seguiu os passos de Folha foi o Estadão, com um editorial igualmente fora da curva em relação à Lava Jato.

Nesta sexta (19), o diário tratou os vazamentos contra Temer como uma "arma política" - situação nunca aplicada a Lula ou Dilma Rousseff, por exemplo. Também disse que Temer ficou refém da demora do STF em liberar os áudios, prevalecendo a "versão do acusador" e provocando reação "estapafúrdia" no Congresso, dos que clamam por impeachment sem pensar na estabilidade do País. Preocupação que também não se teve com Dilma. Por fim, e depois de chamar a gravação de "clandestina", Estadão considerou o material inconclusivo, ignorando que Temer já é alvo de um inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal por causa dessas evidências.

Não se sabe o que fez a cobertura da Folha (e em menor grau, a do Estadão) tirar o pé do acelerador quando a Globo parece patrocinar o impeachment de Temer. O que se sabe é que o benefício da dúvida é concedido menos de 24 horas depois do presidente mandar suspender R$ 200 milhões em publicidade.

Do GGN