O mandato.
"[Eduardo Cunha] cobrou, eu acelerei o passo e tirei da frente",
disse Joesley a Temer sobre a propina, que concordou: "Tem que manter
isso"
Jornal GGN
- O Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo do grampo entre o
presidente Michel Temer e o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista. Na
conversa, Temer afirma que "se não tivesse apoio do Congresso, estava
ferrado" e dizia estar seguro do término de seu mandato: "cabe
recurso no TSE [Tribunal Superior Eleitoral, onde tramita o processo de
cassação da chapa Dilma e Temer] e Supremo, aí já terminou o mandato."
Também no
diálogo, o mandatário mostrou-se nitidamente preocupado com as perguntas
enviadas pelo ex-deputado Eduardo Cunha a ele, no processo da Operação Lava
Jato que incrimina o ex-presidente da Câmara. "O Eduardo resolveu me
fustigar, Moro indeferiu 21 perguntas dele", afirmou.
Após ser
informado sobre o pagamento da mesada ao ex-deputado, Michel Temer diz
claramente: "Tem que manter isso". Joesley disse que estava "de
bem" com Cunha, que fez "o máximo dentro do possível" e que
zerou "qualquer pendência daqui para ali". "Ele [Cunha] foi
firme, veio, cobrou, eu acelerei o passo e tirei da frente", descreveu
assim o empresário sobre o repasse ao parlamentar para a compra de seu
silêncio.
Ainda na
conversa, Joesley Batista diz que faz pedidos a Henrique Meirelles - que foi
seu executivo - e ele diz que não pode, por causa de Michel Temer. Joesley
propõe a Temer, então, um alinhamento para demover Meirelles. "Trabalhei
com Meirelles quatro anos, se eu for mais firme, acho que ele corresponde. Eu
queria ter alguma sintonia contigo [Temer] para quando eu falar com o
Meirelles", disse.
"Se ele
jogar para cima de você, eu posso bancar e dizer [que já entrou em acordo com
Temer]? Se não, não, qualquer coisa eu falo com ele". "Só esse
alinhamento mesmo que eu queria ter", completou Joesley, satisfeito.
Batista
dedicou boa parte da conversa para criticar a Operação Lava Jato, desde os
instrumentos de investigação, como o próprio acordo de delação premiada:
"delação o que é? É [considerada] uma verdade, não precisa provar nada",
afirmou.
Posteriormente,
comentou sobre o acordo fechado pelos irmãos Wesley e Joesley com a
força-tarefa, para devolver R$ 1,51 bilhão em seguro-garantia ou em títulos
públicos federais, que foi o calculo atualizado sobre os R$ 590 milhões aportados
pelos fundos de pensão Funcef, da Caixa Econômica, e Petros, da Petrobras.
"Recorri ao procurador, dei um seguro garantia de 1 bilhão e meio e,
pronto, resolveu o meu problema [sobre o congelamento de suas contas e da
retirada de seu passaporte]".
Ouça a
íntegra da gravação da conversa entre o empresário Joesley Batista e Michel
Temer, a partir dos cinco minutos: veja aqui.
Do GGN