Temer anunciou corte de ponto.
Geraldo
Alckmin foi à Justiça para impedir que metroviários e ferroviários nem
mesmo parcialmente possam paralisar suas atividades – e a Justiça
paulista, docemente, produziu uma decisão que abole o direito de greve.
João Dória,
o “gestor Angélica” contratou táxis – taxis? eu sou um antiquado, foi Uber! –
para levar os funcionários da Prefeitura paulistana ao trabalho.
Claro que tudo é factóide.
Mas é
revelador do que se vem dizendo aqui há dias: o movimento grevista tomou corpo
e há uma imensa preocupação no casal Temer-PSDB com sua repercussão.
Por mais que
desidrate a reforma previdenciária – hoje o Valor diz que a economia
de gastos , em 10 anos, caiu 25% ante o originalmente previsto –
ela tem, desde o início, o estigma da rapina contra os mais pobres e disso não
consegue se livrar.
A greve de
amanhã está fadada a ter sucesso político, ainda que não logre paralisar todo o
país – e os jornais e a televisão vão tratar com esmero aquilo que não parar.
Vai
demonstrar que, apesar deles e contra eles há gente que se importa com a vida
real das pessoas, algo que Janio de Freitas descreve, magistralmente, em sua
coluna de hoje, na Folha:
As greves e
os demais protestos previstos para amanhã, não importa a dimensão alcançada,
justificam-se já pelo valor simbólico: há quem se insurja, neste país de
castas, contra a espoliação de pequenas e penosas conquistas que fará mais
injusta e mais árdua a vida de milhões de famílias, crianças, mulheres, velhos,
trabalhadores da pedra, da graxa, da carga, do lixo, do ferro –os que mantêm o
Brasil de pé. E, com isso, à revelia, permitem que as Bolsas, a corrupção e
outras bandalheiras vicejem.
No meio do
mar de propaganda idiotizante em que nos mergulham, onde o sucesso é apenas
mérito pessoal – conquistado a que preço! – sobrevive a sabedoria atávica do
povo, sua busca pela dignidade, sua compreensão de que somos uma coletividade
solidária ou não somos ou seremos uma nação.
Porque,
embora o maestro Tom Jobim tenha tido a genialidade de traduzi-lo em verso,
cada um de nós, na nossa simplicidade, sabe que é impossível ser feliz sozinho.
Tijolaço