Odebrecht
entrega todo esquema de propinas de Aécio
A empreiteira
afirma que a contrapartida oferecida pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) foram
obras em Minas Gerais, como a Cidade Administrativa, e grandes parcerias no
setor elétrico, em parceria com Furnas e Cemig; “Nós estávamos investindo
dinheiro numa pessoa que ia se constituir no mandatário do país”, disse o
executivo Benedicto Barbosa Junior; "Ele passou a ser a grande
interface nossa com o PSDB”, disse ainda Marcelo Odebrecht; alvo de cinco
inquéritos no Supremo Tribunal Federal, o senador tucano, que atirou o Brasil
na maior crise de sua história, ao liderar o golpe de 2016, disse que jamais se
envolveu em atos ilícitos.
O senador
Aécio Neves (PSDB-MG), que atirou o Brasil na maior crise de sua história,
ao liderar o golpe de 2016, é o protagonista de uma reportagem do jornalista Hudson Corrêa, que revela todo o
seu esquema de propinas na Odebrecht.
Aécio Neves
acabara de perder a eleição para presidente da República. Mesmo assim, a
Odebrecht honrou o pagamento da última parcela de sua campanha, em novembro de
2014 – em caixa dois, como mandava a regra. Eram R$ 500 mil, derradeira fatia
de um acerto de R$ 6 milhões.
O executivo
Sérgio Neves conta que pegou o dinheiro numa mochila preta no escritório da
empreiteira em Belo Horizonte, colocou no porta-malas do carro e dirigiu por
meia hora até a Minasmáquinas, concessionária Mercedes-Benz localizada na saída
da cidade. Encontrou-se no estacionamento com o dono da loja.
O Oswaldo
Borges da Costa, o Oswaldinho, tesoureiro informal de Aécio.“Ele [Oswaldo]
pegou a mochila e colocou no porta-malas do carro”, diz Sérgio Neves em seu
depoimento. Pronto, mais uma entrega de propina da Odebrecht para Aécio era
concluída com sucesso.
Oswaldinho
convidou Sérgio Neves para almoçar no escritório. Na despedida, mostrou sua
coleção de mais de 100 carros antigos, guardados em dois galpões.
Entre as
raridades figurava um Rolls-Royce Silver Wraith 1953, a bordo do qual Aécio
Neves desfilou na posse como governador de Minas Gerais em 2007.
Por pouco, o
investimento da Odebrecht não levou o tucano a passear em outro Rolls-Royce da
década de 1950, que o levaria ao Palácio do Planalto. Seria o terceiro
presidente da República ligado à Odebrecht.
Presidente
do PSDB e senador, Aécio Neves é um dos personagens mais frequentes nas
delações dos 77 executivos da Odebrecht. Não à toa, divide com o senador Romero
Jucá, do PMDB, o título de campeão no número de inquéritos derivados da
delação, abertos pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. É
investigado em cinco.
Nesta
semana, Aécio prestou seu primeiro depoimento à Polícia Federal, sobre a
investigação relacionada a irregularidades em Furnas. Reunidos os inquéritos,
Aécio é acusado de ter cometido os crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem
de dinheiro e fraude em licitação.
A divulgação
da delação da Odebrecht mudou a perspectiva do senador tucano. A segunda
candidatura à Presidência da República em 2018, que seria natural, soa muito
distante, coisa do passado. Recentemente, Aécio comentou com amigos que pode
ser candidato apenas a deputado federal, diante das dificuldades para obter
votos até para manter-se no Senado.
Aécio foi
uma aposta antiga da Odebrecht, coisa de longo prazo. As delações relatam
propinas pagas desde que ele era governador de Minas Gerais, entre 2003 e 2010.
“Nós estávamos investindo dinheiro numa pessoa que ia se constituir no
mandatário do país”, disse o executivo Benedicto Barbosa Junior, o BJ, chefe de
Sérgio Neves. BJ cuidava das principais obras da empreiteira pelo Brasil –
acima dele estava apenas Marcelo Odebrecht.
Por isso, BJ
tinha trânsito com políticos de variados partidos, entre eles Aécio. A relação
era tão boa que ele disse aos procuradores da Lava Jato que frequentava o
apartamento do senador no Rio de Janeiro e o Palácio das Mangabeiras,
residência oficial do governo em Minas Gerais. Possuía na agenda até o telefone
da mãe de Aécio para encontrar o tucano quando seus assessores não o
localizassem.
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