quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

OMISSÃO É GRAVE, MAS PLANO GOLPISTA É AINDA MAIS, POR FERNANDO BRITO

Até agora, o peso da lei caiu sobre os que se omitiram – possivelmente por cúmplices – diante do ataque de domingo aos Três Poderes, retirando ou “amolecendo” o policiamento da Esplanada dos Ministérios. Anderson Torres, o comandante da PM do Distrito Federal e, nos próximos dias, do governador Ibaneis Rocha, são peças graúdas, mas não as cabeças do que se passou.

Anuncia-se que, agora, vai recair também sobre os contratantes dos ônibus, dos churrascos e de todo o fluxo de suprimento para os golpistas.

É preciso que isso aconteça, sim, mas não suficiente.

Não se precisaria de um PM ou de um sanduíche se não houvesse quem se interessasse em fazer uma tomada das sedes do Executivo, Legislativo e do Judiciário senão para preparar as condições de desordem para uma ação de força que desse consequência ao golpe de Estado.

Não é preciso muito para enxergar o óbvio.

Certamente havia, até domingo – senão até poucos dias antes, poucos para que se desmontasse a ação da horda de fanáticos – algum planejamento para que se iniciasse, na capital conflagrada com seus palácios ocupados, a tal “garantia da lei e da ordem”, o tão invocado “artigo 142”, tomando o controle da situação para, daí, ter o comando do país e ditar as regras sobre como seria a “normalização”, com Jair Bolsonaro ou, talvez, sem ele.

Este era o objetivo, não telefonar para extraterrestres.

Os inspiradores da baderna golpista certamente não visavam a deixar os bolsoblocs no controle do Planalto, do Congresso ou do STF. É evidente que viria uma “segunda onda”, não com os adereços verde-amarelos daquela turba, mas com um verde-oliva, escuro e sombrio.

Diz-se que, com razão, que a diferença entre o nosso 8 de janeiro e o Capitólio dos EUA no seu 6 de janeiro é que, por lá, não havia uma retaguarda das Forças Armadas aos golpistas.

Aqui, ninguém duvida que os militares emprestaram mais que as calçadas de seus quartéis aos fanáticos e lunáticos. Ao colocá-los como pelotão vanguardeiro da quebra da normalidade, havia os que planejavam – nada original – apresentarem-se como “restauradores da ordem” e, em nome disso, passarem a ditar o rumo do país.

O ministro Alexandre de Moraes, nos seus decididos despachos contra o golpismo, diz, lembrando do primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain e sua desastrosa política de “apaziguamento” com Hitler e o nazismo, lembrou seu sucessor, Winston Churchill e da sua frase de que “‘um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado”.

Esperemos que, um passo de cada vez, a Justiça não se engane e alcance os crocodilos. Sem isso, não sairemos do pântano da tutela militar.

Tijolaço.

domingo, 8 de janeiro de 2023

OS GOLPISTAS E OS CÚMPLICES, QUEM VAI PAGAR POR ISSO? POR FERNANDO BRITO

Não é preciso descrever o grau de selvageria da invasão às sedes dos 3 poderes da República. Você as viu na TV e dispensam qualificativos.

Também não é preciso falar da omissão das forças policiais e, sobretudo, dos seus chefes. Nem da necessidade do decreto de intervenção na segurança pública do DF, baixado no final da tarde.

Tudo está autoexplicado.

O que não está explicado é o que se vai fazer agora com os criminosos que continuam concentrados no gramado diante do Congresso.

Vai ser permitido que, impunemente, os protagonistas de um tosco e fracassado golpe de estado voltem para seu acampamento diante do Quartel General do Exército para o que, nas palavras do ministro José Múcio, da Defesa, continuarem sua “manifestação democrática”??

Não vão ser identificados e autuados?

Os ônibus que os levaram para o assalto à sede dos poderes não serão retidos à espera que se esclareça quem os contratou para a empreitada golpista?

O que fazia o Batalhão da Guarda Presidencial, encarregado da segurança do Palácio do Planalto que não se deslocou, como de outras vezes, para fazer a segurança da sede do Governo?

Onde estava a Polícia Federal que não foi posta a proteger o Palácio?

Os chefes dos poderes Legislativo e Judiciário vão permanecer no Twitter com “manifestações de repúdio” ou irão a público exigir responsabilização de autores e de mandantes das agressões.

Governos que não se defendem acabam caindo. E isso vale também para a própria democracia, que frequentemente na história morreu por overdose de tolerância.

Tijolaço.

sábado, 7 de janeiro de 2023

O ANO DE 2023 COMEÇA VIOLENTO EM BURITI DE INÁCIA VAZ

Foto pública do Galego

Hoje pela manhã ficou-se sabendo por populares inclusive com imagens fortes da morte violenta do rapaz conhecido por Galego, filho do professor e carpinteiro o senhor Delfino, morador antigo do balneário Morro. Situação lamentável, a eliminação sumária de qualquer ser humano, seja em qualquer circunstância.

O homem foi encontrado sem vida na localidade Fazendinha próximo ao Bairro Bacuri, depois de ter sido supostamente morto violentamente por pauladas na região da cabeça, e em seguida arrastado para dentro do mato fechado, com a clara intenção de ocultação do cadáver.

O crime deve ter acontecido antes da meia noite ou no início da madrugada, pois a vítima fora vista por volta das 11:30h da noite de ontem pedindo R$ 0,50 (cinquenta centavos) a uma pessoa, pois aparentava ser dependente química, ou usuária de entorpecentes.

Imagem captada por câmeras das imediações do Comercial Santa Cruz.

Outro crime que também já está se tornando corriqueiro para estas bandas de Buriti de Inácia Vaz, são os assaltos análogos aos praticados contra as instituições bancárias, surgidos lá pelo ano de 2003, muito em voga ainda hoje, o tal crime é conhecido como “sapatinho”, em que os criminosos ao par de bastante informações sobre suas vítimas, sequestram as em um outro local de fácil acesso, e sob chantagem e miras de armas potentes os levam aos seus estabelecimentos a fim de roubarem seu patrimônio, como valores em dinheiro, veículos e tudo mais.

Em similitude aos roubos que aplicaram aos empresários Neto Borges e Herbert da Novinha, ocorridos no ano passado, todos com o mesmo modus operandi. Hoje, dia 07 de janeiro de 2023, ao amanhecer a vítima foi outro empresário, o senhor Nena (Antonio Pereira da Cruz Filho), dono do  Comercial Santa Cruz, quando realizava a sua costumeira caminhada  pela MA-034, a sua esposa também fora envolvida no evento, antes disto já haviam abordado por engano o senhor  conhecido como Totô Tertulino.

Os detalhes já devem estar com as autoridades policiais, o levantamento pericial, as imagens, o relato das vítimas, das testemunhas, para subsidiarem as investigações aos autores de tais crimes, é o mínimo que se espera das forças policiais em operação nestes casos.

É que se descubra a autoria dos delitos, prendam os bandidos, e entreguem ao sistema de justiça para que sejam punidos exemplarmente, no caso do bem jurídico tutelado seja a própria vida é irreparável, em sendo patrimônio sejam resgatados  e restituídos aos seus verdadeiros donos, vez que o trauma sofrido pelas famílias, estes não tem quem as repare, a não ser o tempo que tudo consola.  

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

A FESTA ESTÁ NO FIM E A GUERRA SERÁ NA ECONOMIA, POR FERNANDO BRITO

 

Um bom amigo de Lula, Leonardo Boff, já escreveu que “a festa é o tempo forte no qual o sentido secreto da vida é vivido mesmo inconscientemente” e que, nela, todos estão juntos não para aprenderem ou ensinarem algo uns aos outros, mas para alegrarem-se, para estar aí, um-para-o-outro comendo e bebendo na amizade e na concórdia”.

A festa de posse de Lula, ontem, foi assim e não poderia ser mais carregada de símbolos do que foi.

Como em todas as festas, sobra um pouco ainda para hoje – uma agenda repleta de encontros com autoridades estrangeiras, e não é ainda dia para voltarem as intolerâncias e os ódio que, como ontem, ficam restritos aos resmungos dos derrotados.

Mas logo voltarão e o de novo Presidente Lula sabe que, desta vez, tudo será mais rápido e urgente.

Ele não terá o período de boa vontade com que, normalmente, novos governos contam e lhe será todo o tempo exigido que abandone seus compromissos de estadista para agir como um contabilista que pratique a mesma política de transferência da renda nacional para o rentismo que há quase uma década passamos a viver.

Dois serão os alvos destes primeiros dias e semanas: uma reaceleração da inflação e crises na base de sustentação política do governo no Congresso.

Não é à toda que, numa gag em seu discurso de posse, agora de manhã (assista abaixo), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recomendou a seu auxiliar Guilherme Mello, pediu que este “aguentasse o tranco”, “porque a turma está batendo duro”.

Vai bater mais duro ainda e será preciso enfrentar a polêmica e foi apenas isso que, ao cumprimentar ontem Haddad, este blog lhe pediu: que sua equipe sustentasse a polêmica econômica, porque é com isto que se tentará deslegitimar o projeto social e democrático que está a cargo do governo Lula levar à frente.

Nenhuma ingenuidade será possível neste campo e, diante da absoluta ausência de políticas que temos, com o festival de gambiarras econômicas que nos é legado pelo período guedesiano de gestão que Fernando Haddad estimou em “um rombo de cerca de R$ 300 bilhões, provocado pela insanidade”.

É preciso, porém, que passe rápido das intenções declaradas para os gestos tomados, porque o longo prazo, o melhor e mais consistente em economia, para o “mercado” brasileiro é nada, viciado em voracidade e gula.

Mas ciente de que haverá palmas ilusórias para decisões que, embora bem recebidas e apoiadas pelo “andar de cima” são armadilhas para que se desgaste Lula onde ele deve permanecer invulnerável: o povão. Confira o primeiro pronunciamento de Fernando Haddad:


Tijolaço.

domingo, 1 de janeiro de 2023

O ÚLTIMO ATO DO DELÍRIO MILITAR FOI UMA COVARDIA, POR FERNANDO BRITO

Hamilton Mourão, ironicamente, foi o personagem da primeira e última fala de um delírio, autoritário e anacrônico, de volta dos militares ao poder no Brasil.

Lá atrás, ainda no período Dilma, foi a peça da qual se serviu o então comandante do Exército para encobrir o xadrez subversivo em que já se encontravam, tramando a derrubada do governo constitucional. Foi a voz aberta da desobediência militar que todos na cúpula das Forças Armadas sussurravam.

Ontem, melancolicamente, coube ao mesmo Mourão apresentar a vexaminosa versão de que as Forças Armadas nada tinham a ver com o projeto golpista e autoritário do qual Bolsonaro foi o pretendido e fracassado “Cavalo de Tróia”.

Entre outras bobagens e autolouvações, no pronunciamento em rede nacional – em que se serviu da ridícula condição de “Presidente da República em exercício” de um titular que fugiu do país e nem lhe transmitiu o cargo – quase lamenta que não se possa dar golpes de estado sem quebrar a Constituição.

A falta de confiança de parcela significativa da sociedade nas principais instituições públicas decorre da abstenção intencional desses entes do fiel cumprimento dos imperativos constitucionais, gerando a equivocada canalização de aspirações e expectativas para outros atores públicos que, no regime vigente, carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional em curso.

“Carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional”?

O que é isso, general, o senhor espera que alguma Constituição vá dar “lastro legal” à sua própria violação?

Pior ainda é o “me incluam fora desta” que Mourão pretende usar diante das responsabilidades das Forças Armadas por um quadro que boa parte de sua oficialidade estimulou e integrou:

Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de País deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social e de forma irresponsável deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta, para alguns por inação e para outros por fomentar um pretenso golpe.

Se o comando das Forças Armadas não tivessem sido sócios ativos deste processo, não estariam “pagando a conta”, conta na qual a instituição teve prejuízos imensos, mas alguns de seus integrantes, como Mourão, recolheram lucros, como os oito confortáveis anos que terá no Senado.

A culpa é de Bolsonaro, mas não só dele. E não será fingindo que não tiveram nada com isso que os militares, se conseguirem, vão apagar estes anos de demolição de sua imagem. Verdade e dignidade, para começar, seria uma boa e bem-vinda demão de cal nas nódoas com que as mancharam.

Aliás, a maior prova de que são necessárias é a reação dos bolsonaristas a Mourão, que tem de se calar quando é chamado por eles de “traidor”.

Tijolaço.