As ‘provas’
de Léo Pinheiro deixaram a mídia muda. Silêncio total. Como pode? O que houve?
Não é
estranho? Primeiro, tivemos quatro dias de delírios na mídia com as
denúncias de Léo Pinheiro sem qualquer prova. Ontem, ele reuniu as ‘provas’ e
as entregou ao MPF em Curitiba. O silêncio da mídia hoje é tão estridente que
dói. Nem o G1, nem o Jornal O Globo, nem a Folha, nem a Veja, nem a Época, nem
a Isto é. Ninguém, absolutamente ninguém, fala das provas. O que aconteceu?
Aconteceu algo simples: as provas só provam que Léo Pinheiro não possui
qualquer prova. Elas não servem para nada. Vamos verificar uma por uma.
Os
documentos de Léo Pinheiro deveriam provar que Lula foi beneficiado pela
reforma do triplex. Provas são evidencias capazes de não deixar dúvidas sobre a
veracidade dos fatos ocorridos. E sobre a autoria desses fatos. A arma do crime
encontrada na mão do suposto executor de um homicídio é uma prova. Vale então
verificar se os documentos apresentados por Léo Pinheiro são ou não provas
dignas de crédito. Vejamos essas provas, de acordo com reportagem
da Folha publicada ontem:
“o registro de
que dois carros em nome do Instituto Lula passaram pelo sistema automático de
cobrança dos pedágios a caminho do Guarujá entre 2011 e 2013. Não há, no
entanto, documento que comprove que as viagens tiveram como destino o
apartamento.”
Essa primeira
prova, é ridícula e seria perder tempo fazer maiores considerações. Basta
repetir o que a própria matéria diz: “Não há, no entanto, documento que
comprove que as viagens tiveram como destino o apartamento”.
“Há também
registros de ligações telefônicas entre Pinheiro e pessoas ligadas a Lula, como
Clara Ant, Paulo Okamotto, José de Filippi Jr. e Valdir Moraes da Silva
(segurança), a partir de 2012. As listas trazem data e duração da conversa, mas
não seu conteúdo.”
Novamente
aqui, ficamos sem qualquer elemento que permita estabelecer algum vínculo entre
essas ligações e o objeto das denúncias, o triplex. E só o conteúdo das
conversas seria de fato uma prova. A reportagem novamente comenta o óbvio: “As
listas trazem data e duração da conversa, mas não seu conteúdo”.
“Foram anexados
ainda e-mails que mostram a agenda de Lula, na qual aparece a previsão de
encontros com Pinheiro, e mensagens da secretária do instituto para Okamotto,
que preside a entidade, avisando que o empresário havia ligado para falar com
ele.”
Conversas
entre empresários e um ex-presidente são tão banais quanto os pardais. Ainda
que fosse presidente, isso não seria crime. Não sendo, já que as conversas
aconteceram após o fim do segundo mandado, ai mesmo é que não faz sentido
mencioná-las, sequer como um remotíssimo indício de alguma coisa.
A intenção
era a de provar que, sendo beneficiado pelo triplex, Lula teria recebido da OAS
R$ 3.7 milhões originados de propinas por contratos na Petrobras. Provado que o
triplex pertencia a Lula ou se destinava a ele, ficaria provado o recebimento
dos R$ 3.7 milhões e, com isso, restaria provado também que Lula era o
“comandante em chefe”, o “general” dos Petrolão.
As provas de
Léo Pinheiro são uma farsa, e, se provam alguma coisa, é que ele não tem provas
e, por isso, mentiu descaradamente para conseguir sua delação premiada. É por
ser um “ativo tóxico”, uma “moeda podre” destituída de valor real, que o
impacto dessas ‘provas’ sobre a mídia foi justamente a do anticlímax,
instaurando o silêncio mortal que nos agride os ouvidos hoje.
Do Cafezinho