O
país ainda não se refez do trauma do impeachment de Dilma. O desmonte
institucional, induzido por Aécio Neves e convalidado pelo Supremo Tribunal
Federal, produziu um caos geral. Assim, há sempre o prurido de reincidir e
banalizar o impeachment como saída para as crises institucionais.
Mas
o caso Bolsonaro é diferente de tudo o que se viu no país antes e depois da
democratização. O país está entregue a um celerado, com ligações diretas com as
milícias do Rio de Janeiro, comandando um bando de alucinados que assumiram
posição de destaque no Ministério e que tem como único objetivo a destruição de
todo sistema formal construído ao longo da história.
O
que está ocorrendo não são apenas erros de políticas públicas que poderão ser
consertados a partir das próximas eleições: estão promovendo desmontes
irreversíveis, que se refletirão sobre o presente e sobre as futuras gerações.
A
maneira como estão exercendo o poder, atropelando a noção de freios e
contrapesos, esmagando o espaço político de quem pensa de forma diferente,
subverte a noção de democracia. Em qualquer circunstância, uma ameaça de tal
monta à democracia precisa ser combatida com a arma definitiva da própria
democracia: o impeachment.
No
campo ambiental, há um Ministro acusado de negocista, desmontando o sistema de
defesa do meio ambiente, escondendo mapas ambientais, indispondo o país com a
comunidade global civilizada, com reflexos inevitáveis sobre as exportações do
agronegócio. E afastando fiscais que ousaram, em outros tempos, multar
Bolsonaro por pesca ilegal. É o absolutismo nas mãos de pessoas sem nenhum
nível, com comportamento das milícias.
Na
educação, um celerado que anuncia cortes de verbas às universidades, como
consequência da tal guerra cultural. E, em vez de programas educacionais, incentiva
o conflito entre professores e alunos.
Na
economia, um Ministro sem a menor noção do mundo real, movendo-se
exclusivamente pela ideologia, desmontando uma instituição com a história do
BNDES, comprometendo as estatísticas do IBGE, ameaçando as redes de proteção
social que, até agora, impediram a explosão final da violência e da miséria.
Está matando os instrumentos de financiamento da infraestrutura, sem colocar
nada no lugar.
Na
presidência, uma família de desequilibrados, com ligações diretas com as
milícias e, agora, estimulando a guerra no campo, criminalizando movimentos
sociais, e interferindo em rebeliões internas de países vizinhos, expondo não
apenas os vizinhos, mas o próprio Brasil, às consequências de uma guerra,
comprometendo século e meio de tradição diplomática.
Liberais
podem julgar que o interesse nacional está no mercado; desenvolvimentistas
acreditam que está no Estado. Os Bolsonaro, pelo contrário, não têm a menor
noção sobre o interesse nacional. E, junto com governadores irresponsáveis,
como Wilson Witzel, do Rio, e João Dória Jr, de São Paulo, ampliando a
violência policial como resposta à crise social.
O
cenário pela frente é óbvio.
No
campo econômico, o ideologismo cego de Guedes não permitirá a recuperação da
economia e do emprego. A cada mês, mais aumentará o exército dos desempregados
e dos desanimados com o próprio país.
Na
outra ponta, um presidente enlouquecido tentando eliminar o espaço político de
todos que não concordem com suas loucuras. E estimulando a violência de ponta a
ponta do país.
Como
dois e dois são quatro, persistindo nessa loucura se terá em pouco tempo o caos
social, a ampliação da miséria, do desalento, o crime organizado expandindo seu
controle sobre o Brasil formal e as explosões sociais.
É
impossível que os demais poderes, STF, Alto Comando, presidência da Câmara e do
Senado, partidos políticos, assistam passivamente a essa destruição do país. É
preciso parar Bolsonaro! Não se trata mais de disputa entre esquerda e direita,
entre lulismo e antilulismo, mas de uma aliança tácita entre os setores
minimamente responsáveis, para não permitir o desfecho trágico dessa loucura.
Cada
dia a mais de governo Bolsonaro representa anos de destruição do futuro, até
que o caos torne a selvageria irreversível.
É
hora de parar Bolsonaro!
GGN