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Agência Brasil
A
delação de Lúcio Funaro revelando os repasses de diversos grupos ao PMDB de
Eduardo Cunha e Michel Temer, em troca de leis que favoreciam os setores
empresariais, coloca em xeque não apenas a votação do impeachment de Dilma
Rousseff - que contou com dinheiro da JBS para compra de votos - mas também os
demais projetos debatidos no Congresso nos últimos anos. É o que avalia a
jornalista Helena Chagas, em artigo divulgado na noite de sábado (14).
Acima
e além de mais uma constrangedora rodada de acusações envolvendo em propinas,
desvios e transporte de caixas de dinheiro os caciques do PMDB, os vídeos da
delação do operador Lúcio Funaro trazem a estarrecedora confirmação da
existência de um megaesquema e venda de medidas provisórias e projetos de lei
no Congresso Nacional.
A
informação de que Eduardo Cunha e outros parlamentares teriam, em diversas
ocasiões, negociado o conteúdo de matéria legislativa com empresários não chega
a ser uma novidade. Mas a dimensão do esquema, e sua abrangência, sim. A
descrição feita por Funaro da rotina parlamentar de, tão logo recebida uma MP
ou um projeto de lei sobre tema importante, os deputados chefiados por Cunha
procurarem as empresas interessadas para negociar mostra, sobretudo, que se
tratava de um comportamento generalizado.
É
assustador porque coloca em xeque tudo o que foi votado no Legislativo nos
últimos anos. E não apenas em votações polêmicas como o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff. Ficam sob suspeição todas elas, das mais
comezinhas e técnicas às mais importantes, envolvendo o orçamento da União e
regras de regulação da economia.
Se
alguém, com base em elementos das investigações e delações que estão sendo
feitas, resolver questionar a validade dessas leis na Justiça, alegando que
foram elaboradas de forma espúria e criminosa, poderá provocar um nó no sistema
legislativo do país.
Pior:
ninguém garante que a fábrica de leis de Cunha e da turma do PMDB não continue
funcionando segundo os mesmos métodos na Câmara e no Senado. Afinal, alguns dos
integrantes do grupo citado por Funaro estão presos, como o próprio Cunha,
Geddel Vieira Lima e Henrique Alves. Os outros estão no Congresso e no
Planalto.
GGN