"Essa
semana, tanto o juiz federal Sérgio Moro, quanto o coordenador dos procuradores
da Lava Jato, Deltan Dallagnol, admitiram que o apoio do que chamam de 'opinião
pública' é fundamental para o êxito da Lava Jato, o que é estranho em casos
penais, se basear mais na pressão popular que nas evidências. Em um país como o
Brasil, onde a mídia é fortemente concentrada em poucos grupos, em especial nas
Organizações Globo, isso é ainda mais grave", aponta reportagem do Instituto
Lula
Do
site Lula.com.br – Essa semana, tanto o juiz federal
Sérgio Moro, quanto o coordenador dos procuradores da Lava Jato, Deltan
Dallagnol, admitiram que o apoio do que chamam de "opinião pública" é
fundamental para o êxito da Lava Jato, o que é estranho em casos penais, se
basear mais na pressão popular que nas evidências. Em um país como o Brasil,
onde a mídia é fortemente concentrada em poucos grupos, em especial nas
Organizações Globo, isso é ainda mais grave.
Moro,
que em artigo de 2004 analisou a importância dos vazamentos e do apoio da
"mídia simpatizante" na Operação Mãos Limpas, afirmou, na Argentina,
conforme registra o El País, que “Segundo a Constituição brasileira, todos os
processos têm de ser públicos. Na prática isso é excepcional. A maioria desses
processos complexos costuma ser encaminhada de forma secreta. Nós decidimos
tratar esses casos com o máximo de transparência e publicidade. É importante que
a opinião pública possa controlar o que está acontecendo, saber o que a Justiça
está fazendo.
Isso permitiu que houvesse um grande apoio da
opinião pública e serviu como proteção da Justiça porque, quando pessoas
poderosas estão envolvidas, há grande risco de obstrução, há pressões. Milhões
saíram às ruas, protestaram contra a corrupção e apoiaram as investigações”,
afirmou.
Moro
recebeu em 2015 o Prêmio "Faz Diferença", das Organizações Globo, e
participou de eventos e publicou artigos em revistas da Editora Abril, que
publica a revista Veja.
Já
Dallagnol, em
entrevista ao site da revista Época Negócios, também das Organizações
Globo, apontou a "comunicação social" como um dos fatores, junto com
a formação da força-tarefa e as delações premiadas, importantes para o sucesso
da Lava Jato. "Outro fato foi a comunicação social, sendo transparente,
prestando contas para a sociedade. Em um caso com tantos interesses poderosos
envolvidos, não se vai para a frente sem que a sociedade empreste seus ombros
para carregar adiante o caso."
Em
tese, de acordo com o Código de Processo Penal, Moro deveria ser imparcial em
relação a equipe de Dallagnol e os advogados de defesa. Mas Dallagnol já disse
que ele e Moro são do "mesmo time" e ambos tem discurso afinado como
rostos públicos da força-tarefa onde a equipe de Dallagnol atua em todos os
casos e Moro julga todos os casos.
O
ex-presidente Lula tem criticado o conluio entre a Operação e a imprensa, onde
a pessoa é condenada perante a opinião pública antes mesmo do devido
processo legal.
Para
o desembargador Guilherme de Souza Nucci, "quando uma força-tarefa,
seja de que espécie for, passa da conta, invade o campo da ilicitude,
pratica abuso de autoridade e começa a contar com apoio popular para se
segurar, tem alguma coisa errada".
Do
247