“Eu
vou viver muitos anos ainda, Margot”. Últimas palavras do cientista político
Moniz Bandeira
Confirmada
na tarde do dia 10, às 14h, na cidade de Heidelberg, na Alemanha, a morte de um
dos maiores nomes da pesquisa sobre a história política, o historiador e
cientista Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira. Complicações renais,
pulmonares e a fragilidade decorrente de seguidos problemas cardíacos foram
decisivas para a morte deste verdadeiro brasileiro.
Moniz
Bandeira deixa um filho, Egas Moniz, e a esposa Margot Ellisabeth Bender,
alemã, com a qual falei na manhã deste sábado (11). Abatida, preocupada com a
tristeza do filho Egas, a Sra. Margot ainda encontrou forças para narrar os
últimos dias de vida do Professor Moniz. “Foi tudo muito rápido, Wellington,
ele sentiu dores nas pernas na terça-feira e eu chamei a ambulância”, narrou a
viúva. Pelo profundo respeito que tenho ao Professor Moniz, jamais publicaria
detalhes do seu sofrimento.
No
último gesto de amor à esposa Margot, Moniz Bandeira, prestes a entrar em coma
induzido, tentou acalmá-la com uma frase que serve para todos nós que
aprendemos a admirá-lo: “Eu vou viver muitos anos ainda, Margot”. A sua
imortalidade estará presente até que tombe o último brasileiro nacionalista.
Foi
a última análise, mais um certeira, de uma pessoa singular e profissional
perfeccionista, reconhecido pelo seu rigor acadêmico e engajamento, que agora
entra para o panteão dos imortais, sobretudo pela contribuição que deu à
História, Política e Relações Internacionais. Muito produtivo até mesmo com a
idade avançada, Moniz Bandeira lançou este mês os seus dois últimos livros “O
Ano Vermelho” e “Lenin”, ambos em alusão aos cem anos da Revolução Russa.
Este
texto não esgota o que tenho a falar sobre o Professor Moniz Bandeira. Estou
profundamente triste com a dor desta notícia. Falávamos praticamente todos os
dias, em vídeo. Uma amizade que me ajudou a olhar o mundo com outros olhos.
Estávamos concluindo o corpo do livro “A arte da insurgência”, para o qual fui
convidado a fazer a “escrita moderna” de artigos publicados por ele no final
dos anos sessenta. Descanse em paz, imortal!
Do Cafezinho, por Wellington Calazans