Crack está cada dia mais presente na realidade do maranhense. Muito além da cracolândia do João Paulo, consumo é assustador no São Francisco, Centro, Forquilha.
A praga do crack se espalha pela capital maranhense, assim como já abre trincheiras no interior do estado. Além do bairro João Paulo, cuja lateral da feira foi batizada como "cracolândia", há cerca de dois anos, outros pontos já começam a se destacar no consumo da droga, subproduto da cocaína, que misturada a outros produtos químicos se transforma em um dos mais potentes males químicos dos grandes centros urbanos mundiais.
Pontos de consumo da droga
Os retornos dos bairros São Francisco e Forquilha, a Rua da Estrela (Praia Grande), a Rua da Manga (Portinho), a Rua da Salina e Agostinho Gomes, ambas no João Paulo, entre outras localidades começam a ostentar a carga negativa do consumo da "pedra". A criminalidade nesses locais já é notória, com homicídios registrados por conta do consumo e comércio do entorpecente. De acordo com informações do titular da Delegacia de Combate aos Narcóticos (Denarc-MA), delegado Cláudio Mendes Pereira, o crack já está presente em praticamente todos os bairros de São Luís. Segundo o raciocínio dele, todos os bairros de São Luís possuem "bocas de fumo", o que leva à dedução de que há oferta de tanto de crack quando de cocaína. No atual contexto, a maconha já não é uma novidade.
"Praticamente todos os bairros de São Luís têm bocas de fumo. Portanto, pode ter pelo menos crack e cocaína. Já observamos também o consumo em vários locais, além do João Paulo, como a Rua da Caema (Maiobão), no Portinho, Barreto, Jordoa, entre outros", disse. Os bairros que registram os maiores números de apreensões da droga são Barreto, Liberdade, Jordoa, Aldeia e Camboa.
"Na Ilhinha tem muitos traficantes, assim como no Barreto. Na Camboa, nos prédios do PAC, já tivemos algumas ações. Temos apreensões diárias. Na verdade isso é um problema de saúde pública e com o comércio e consumo, aumenta o número de homicídios, assaltos, enfim, existe uma lei deles. E nela quem deve morre", disse.
Consumo
De acordo com informações dos funcionários de um estabelecimento comercial localizado na área do retorno do São Francisco, o consumo já existe no local há vários meses, inclusive com mortes por conta da droga. Os moradores de rua também consumem de acordo com a oportunidade, segundo informações das testemunhas.
"Eles passam parte da manhã dormindo. Quando acordam, umas 10h, começam a se movimentar. Qualquer dinheiro que eles pegam, vão para comprar e consumir. Eles são uns cinco: três homens e duas mulheres. Não sei onde eles compram, mas já mataram uns dois por causa disso", disse um funcionário de loja que preferiu não se identificar.
A reportagem foi ainda até a Rua da Estrela, exatamente atrás do Convento das Mercês, de fundo com uma antiga fábrica, que está abandonada e é utilizada pelos usuários para o consumo, principalmente à noite. De acordo com um investigador policial que estava no momento de nossa passagem pela área, além do consumo dos entorpecentes, os dependentes ainda assaltam os transeuntes.
"Aqui o negócio é pesado. Tem uns vinte moradores de rua que ficam por ai, consumindo tudo quanto é coisa. Eles ainda roubam e assaltam os turistas e as pessoas que passam por perto. É uma coisa complicada. A polícia vem, retira eles, depois todos voltam e continuam do mesmo jeito", disse o investigador policial Evandro Lucas. Na Rua da Manga, no Portinho, a situação não é diferente. Uma das mais antigas localidades do Centro, as ruas do portinho abrigam armazém, pequenos comércios, fábricas de gelo. O local à noite se transforma em uma área de criminalidade, consumo de substâncias lícitas e ilícitas, além de atividades relacionadas com prostituição, reforçada pela proximidade da Rua 28 de Julho, a tradicional e decadente zona de baixo meretrício do Centro. De acordo com uma comerciante que não quis se identificar,
à noite acontece de tudo na área.
"Eu fecho cedo porque não dá para ficar ninguém por aqui. Eles ficam nessa rua ao lado e rola de tudo. Pra piorar, a rua está sem luz. O pior é que eles não deixam ninguém vender nada. Depois das 20h fica um deserto. É muito perigoso", disse. Uma outra testemunha que também não se identificou ainda reforçou: "acho que tem mais de 15 pessoas aí que consumem crack".
No bairro João Paulo, os remanescentes da maior "cracolândia" da capital maranhense continuam firmes com o consumo. O Imparcial flagrou alguns dependentes consumindo, entre outras substâncias, como maconha e merla, o crack. Com cachimbos em punho, os usuários nem notaram a presença dos trabalhadores, transeuntes e clientes da Feira do João Paulo, no outro lado da rua. Na tarde do sábado, dia 9, duas mulheres identificadas como Patrícia Vieira Rocha, 23 anos, e Marcele Michele Cantanhede, 21 anos, foram presas em flagrante delito. Elas são acusadas de roubar uma empresária, proprietária de um salão de beleza, na área da Jordoa, de quem levaram a quantia de R$ 400 e alguns objetos pessoais. Elas foram capturadas na rua da feira, e são acusadas de serem dependentes químicas, usuárias de crack. De acordo com informações da polícia, elas ainda resistiram à prisão e apedrejaram a viatura da Polícia Militar que atendeu a ocorrência. Após a detenção das duas, foram levadas até o Plantão Central da Beira-Mar, onde foram autuadas em flagrante delito, por assalto. Em seguida, foram encaminhadas ao presídio feminino.
Ação
Representantes da segurança pública do estado, Município, Ministério Público e Judiciário devem se reunir na próxima semana para iniciar elaboração e posterior execução de um grande plano de combate ao consumo de drogas nas chamadas "cracolândias" da capital maranhense.
De acordo com o delegado Sebastião Uchoa, superintendente de Polícia Civil da capital, o plano visa atuação em vários locais, com ações diversificadas e participação de diversos órgãos públicos. "Estamos elaborando um grande plano que será executado para combater o consumo de crack em várias áreas de São Luís. Esse plano contará com a participação de vários órgãos, de forma conjunta, inclusive para tratamento dos dependentes químicos. Vamos fazer uma reunião na próxima semana justamente pra elaborar esse plano, com participação do Estado, Município, Ministério Público e do Judiciário", disse Uchoa.
De acordo com ele, as duas mais recentes incursões da polícia na cracolândia do João Paulo não foram suficientes para resolver o problema, o que suscita uma ação mais aprofundada, multidisciplinar e que congregue uma maior gama de profissionais para dar encaminhamento mais específico no que diz respeito à questão de segurança e saúde. O plano em questão contemplará a participação direta das secretarias Municipal e Estadual de Saúde, além de conselhos de saúde.
Crack
De acordo com dados fornecidos pela Denarc, foram apreendidos nos dois primeiros meses deste ano quase dois quilos e meio de crack. O número, quando comparado com os dois primeiros meses de 2011 (4,31 kg) e de 2010 (3,2 kg), são baixos. Durante todo o ano de 2010, os agentes da Denarc apreenderam 56,4 kg, enquanto que no ano passado foram apenas 15,5 kg, ou seja, houve uma redução de 73%. Mas é bom ressaltar que esse montante diz respeito apenas às apreensões da Denarc, sem contar com as apreensões de outras delegacias e da Polícia Militar. Outro fator relevante é a quantidade de operações realizadas pela Polícia Civil.
Pontos de consumo da droga
Os retornos dos bairros São Francisco e Forquilha, a Rua da Estrela (Praia Grande), a Rua da Manga (Portinho), a Rua da Salina e Agostinho Gomes, ambas no João Paulo, entre outras localidades começam a ostentar a carga negativa do consumo da "pedra". A criminalidade nesses locais já é notória, com homicídios registrados por conta do consumo e comércio do entorpecente. De acordo com informações do titular da Delegacia de Combate aos Narcóticos (Denarc-MA), delegado Cláudio Mendes Pereira, o crack já está presente em praticamente todos os bairros de São Luís. Segundo o raciocínio dele, todos os bairros de São Luís possuem "bocas de fumo", o que leva à dedução de que há oferta de tanto de crack quando de cocaína. No atual contexto, a maconha já não é uma novidade.
"Praticamente todos os bairros de São Luís têm bocas de fumo. Portanto, pode ter pelo menos crack e cocaína. Já observamos também o consumo em vários locais, além do João Paulo, como a Rua da Caema (Maiobão), no Portinho, Barreto, Jordoa, entre outros", disse. Os bairros que registram os maiores números de apreensões da droga são Barreto, Liberdade, Jordoa, Aldeia e Camboa.
"Na Ilhinha tem muitos traficantes, assim como no Barreto. Na Camboa, nos prédios do PAC, já tivemos algumas ações. Temos apreensões diárias. Na verdade isso é um problema de saúde pública e com o comércio e consumo, aumenta o número de homicídios, assaltos, enfim, existe uma lei deles. E nela quem deve morre", disse.
Consumo
De acordo com informações dos funcionários de um estabelecimento comercial localizado na área do retorno do São Francisco, o consumo já existe no local há vários meses, inclusive com mortes por conta da droga. Os moradores de rua também consumem de acordo com a oportunidade, segundo informações das testemunhas.
"Eles passam parte da manhã dormindo. Quando acordam, umas 10h, começam a se movimentar. Qualquer dinheiro que eles pegam, vão para comprar e consumir. Eles são uns cinco: três homens e duas mulheres. Não sei onde eles compram, mas já mataram uns dois por causa disso", disse um funcionário de loja que preferiu não se identificar.
A reportagem foi ainda até a Rua da Estrela, exatamente atrás do Convento das Mercês, de fundo com uma antiga fábrica, que está abandonada e é utilizada pelos usuários para o consumo, principalmente à noite. De acordo com um investigador policial que estava no momento de nossa passagem pela área, além do consumo dos entorpecentes, os dependentes ainda assaltam os transeuntes.
"Aqui o negócio é pesado. Tem uns vinte moradores de rua que ficam por ai, consumindo tudo quanto é coisa. Eles ainda roubam e assaltam os turistas e as pessoas que passam por perto. É uma coisa complicada. A polícia vem, retira eles, depois todos voltam e continuam do mesmo jeito", disse o investigador policial Evandro Lucas. Na Rua da Manga, no Portinho, a situação não é diferente. Uma das mais antigas localidades do Centro, as ruas do portinho abrigam armazém, pequenos comércios, fábricas de gelo. O local à noite se transforma em uma área de criminalidade, consumo de substâncias lícitas e ilícitas, além de atividades relacionadas com prostituição, reforçada pela proximidade da Rua 28 de Julho, a tradicional e decadente zona de baixo meretrício do Centro. De acordo com uma comerciante que não quis se identificar,
à noite acontece de tudo na área.
"Eu fecho cedo porque não dá para ficar ninguém por aqui. Eles ficam nessa rua ao lado e rola de tudo. Pra piorar, a rua está sem luz. O pior é que eles não deixam ninguém vender nada. Depois das 20h fica um deserto. É muito perigoso", disse. Uma outra testemunha que também não se identificou ainda reforçou: "acho que tem mais de 15 pessoas aí que consumem crack".
No bairro João Paulo, os remanescentes da maior "cracolândia" da capital maranhense continuam firmes com o consumo. O Imparcial flagrou alguns dependentes consumindo, entre outras substâncias, como maconha e merla, o crack. Com cachimbos em punho, os usuários nem notaram a presença dos trabalhadores, transeuntes e clientes da Feira do João Paulo, no outro lado da rua. Na tarde do sábado, dia 9, duas mulheres identificadas como Patrícia Vieira Rocha, 23 anos, e Marcele Michele Cantanhede, 21 anos, foram presas em flagrante delito. Elas são acusadas de roubar uma empresária, proprietária de um salão de beleza, na área da Jordoa, de quem levaram a quantia de R$ 400 e alguns objetos pessoais. Elas foram capturadas na rua da feira, e são acusadas de serem dependentes químicas, usuárias de crack. De acordo com informações da polícia, elas ainda resistiram à prisão e apedrejaram a viatura da Polícia Militar que atendeu a ocorrência. Após a detenção das duas, foram levadas até o Plantão Central da Beira-Mar, onde foram autuadas em flagrante delito, por assalto. Em seguida, foram encaminhadas ao presídio feminino.
Ação
Representantes da segurança pública do estado, Município, Ministério Público e Judiciário devem se reunir na próxima semana para iniciar elaboração e posterior execução de um grande plano de combate ao consumo de drogas nas chamadas "cracolândias" da capital maranhense.
De acordo com o delegado Sebastião Uchoa, superintendente de Polícia Civil da capital, o plano visa atuação em vários locais, com ações diversificadas e participação de diversos órgãos públicos. "Estamos elaborando um grande plano que será executado para combater o consumo de crack em várias áreas de São Luís. Esse plano contará com a participação de vários órgãos, de forma conjunta, inclusive para tratamento dos dependentes químicos. Vamos fazer uma reunião na próxima semana justamente pra elaborar esse plano, com participação do Estado, Município, Ministério Público e do Judiciário", disse Uchoa.
De acordo com ele, as duas mais recentes incursões da polícia na cracolândia do João Paulo não foram suficientes para resolver o problema, o que suscita uma ação mais aprofundada, multidisciplinar e que congregue uma maior gama de profissionais para dar encaminhamento mais específico no que diz respeito à questão de segurança e saúde. O plano em questão contemplará a participação direta das secretarias Municipal e Estadual de Saúde, além de conselhos de saúde.
Crack
De acordo com dados fornecidos pela Denarc, foram apreendidos nos dois primeiros meses deste ano quase dois quilos e meio de crack. O número, quando comparado com os dois primeiros meses de 2011 (4,31 kg) e de 2010 (3,2 kg), são baixos. Durante todo o ano de 2010, os agentes da Denarc apreenderam 56,4 kg, enquanto que no ano passado foram apenas 15,5 kg, ou seja, houve uma redução de 73%. Mas é bom ressaltar que esse montante diz respeito apenas às apreensões da Denarc, sem contar com as apreensões de outras delegacias e da Polícia Militar. Outro fator relevante é a quantidade de operações realizadas pela Polícia Civil.
Outro dado interessante é que a quantidade de crack apreendido pela Denarc em 2010 foi bem maior que a de outros entorpecentes. Foi cerca de 85% a mais que maconha (8kg), 92% a mais que merla (4,6kg) e 98% a mais que cocaína (1,2kg). Já em 2011 o crack (15,5kg) perdeu para a maconha (127kg) em 88%, mas superou a merla (0,911kg) e a cocaína (0,367kg).
Dados de apreensões da droga:
%u2022Crack
2012: 2,4kg (Jan e Fev)
1011: 15,5kg
2010: 57,4kg
%u2022Maconha
2012: 84,7kg (Jan e Fev)
2011: 127,4kg
2010: 8,4kg
%u2022Merla
2012: 0,5kg (Jan e Fev)
2011: 0,911kg
2010: 4,6kg
%u2022Cocaína
2012: 0,74kg (Jan e fev)
2011: 0,367kg
2010: 1,2kg
*Dados Delegacia de Combate aos Narcóticos
Informações do Imparcial