Pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(UERJ) que acompanharam 90 grupos de WhatsApp ao longo das eleições afirmam que
os núcleos que apoiam Jair Bolsonaro atuam de maneira "orquestrada"
na difusão de fake news. As notícias falsas, ainda por cima, seriam produzidas
por profissionais e direcionadas a vários setores do eleitorado.
Segundo a reportagem da Agência Pública, grupos de apoio a
Ciro Gomes, Marinas Silva, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad também foram
monitorados, mas em menor quantidade. Foi nos grupos em favor de Bolsonaro,
contudo, que os pesquisadores detectaram profissionalismo e técnicas para
engajar o discurso em favor do capitão da reserva.
O estudo mostra, ainda, que de 30 mensagens disparadas em
favor do Bolsonaro, 1 veio de exterior. As fake news são produzidas e jogadas
em grupos que possuem até 250 pessoas como membros. Uma parte dessas pessoas,
voluntariamente, leva a notícia falsa de um grupo para outro. Com o prefixo do
número de celular, é possível criar grupos que atinjam todas as regiões do
País.
As mensagens são personalizadas para cair mais fácil no gosto
dos internautadas. Os principais temas abordados colocam o PT como um risco
para a família tradicional, como uma ameaça comunista, e exploram também a
questão da segurança, garimpando apoiadores à bandeira de Bolsonaro: o
armamento da população.
Segundo a Pública, a informação é que a ideia do Brasil virar
uma Venezuela caso o PT volte ao poder está sendo trabalhada por esses grupos
ao menos há 2 anos.
Há também casos em que os bolsonaristas se infiltram em
grupos de adversários, fingindo que são simpatizantes, e depois de ascenderem à
posição de administrador, deletam o grupo. Aconteceu com Marina Silva, por
exemplo.
Além disso, a pesquisa da UERJ mostra que há internautas
coordenando a mensagem que deve ser espalhada. Isso ficou claro após o primeiro
turno, quando discursos atacando o Nordeste pipocaram. Esses direcionadores
chegaram a deletar quem fazia ataques aos nordestinos, alegando que Bolsonaro
precisa de votos na região para vencer.
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GGN