Jair
Bolsonaro é um bronco, claro. Mas sabe muito bem o que está falando. A
entrevista dele hoje na Folha é chocante - pelos absurdos que ele diz e, mais
ainda, por sabermos que esse é o discurso que atrai sua legião de seguidores.
Bolsonaro não esconde quem é (exceto, é claro, quando diz que nunca foi citado
em escândalos de corrupção): ele expõe seu fascismo sem máscara.
Se seus
seguidores fossem só os brutalizados pelas condições de vida, sem acesso à
informação e às ferramentas cognitivas para processá-la criticamente, já seria
assustador. Mas os melhores índices do deputado marginal estão entre os mais
escolarizados. Seu discurso, por mais primário que seja, consegue capitalizar
os receios difusos que os desafios às hierarquias geram naqueles que realmente são
ou pelo menos se julgam privilegiados.
O que ele
diz é risível, mas Bolsonaro não tem graça nenhuma. Bolsonaro é a
extrema-direita soturna, truculenta, torturadora. Quando a gente ri dos
absurdos que diz a direita hidrófoba, tem um momento em que o riso engasga.
Bolsonaro é esse momento. É quando a gente lembra que aquilo que eles dizem,
eles já puseram em prática.
Do 247