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domingo, 10 de dezembro de 2017

Brasil um pais que combate a corrupção e ao mesmo tempo tolera governo corrupto, por Janio de Freitas

Em artigo contundente, Janio de Freitas tenta resgatar o sentido de Brasil, de ser brasileiro. Um país em que ninguém pensa no amanhã, em seu lugar no mundo. Um país rico em recursos naturais que nunca teve política industrial, tornando-se refém de latifundiários e fazendeiros em política de privilégios desordenada. Torna-se difícil pensar o Brasil quando famílias se juntam para celebrar atos anticorrupção e se lixam para uma Presidência ocupada por indíviduo acusado de corrupção, formação de quadrilha e salvo por corrupção de deputados.
Janio, na Folha, vai mais longe nesse não entender. Acha difícil uma contradição tão corrosiva dormindo em berço esplêndido. Contradição que vai longe, quando lembra do golpe de 64, em que militares americanófilos e a classe dominante falaram em nome da democracia e instauraram a ditadura; quando esses mesmos foram parte da derrubada de Getúlio em 1945 e impuseram uma ditadura.
Democracia sempre foi sua pequena conveniência, diz Janio. Contradição sempre foi sua marca. Mas o Brasil é mais, diz ele, o Brasil é você, somos nós.
Leia o artigo a seguir na Folha: Este Brasil, por Janio de Freitas
Ninguém, parece mesmo que ninguém, tenta pensar o Brasil em seu pleno sentido e em seus possíveis amanhãs. É um país sem estratégia, sem ideia do que é e conviria vir a ser no mundo. Na grande tecitura internacional, não vive do que faça para uma inserção desejada, mas do que cada dia lhe traz. Segue adiante porque os dias se sucedem. Condicionado integralmente pelo mundo exterior, perplexo, lerdo, segue.
Com uma gama invejável de minérios, tantos outros recursos e grandes necessidades de consumo, nunca teve uma política industrial. País de latifundiários e fazendeiros, suas políticas agropecuaristas são mera distribuição discricionária de dinheiro e privilégios, de uso à vontade. E nem isso, para uma ciência coordenada com objetivos nacionais e contingências externas.
É difícil pensar um país assim. É difícil pensar mesmo o Brasil atual, o país de hoje. Já a partir do mais grotesco e rudimentar na situação imediata: como explicar, por exemplo, o convívio familiar entre a empolgação generalizada com os êxitos contra a corrupção e, de outra parte, a tolerância indiferente com a Presidência da República ocupada e usada por um político acusado de corrupção, formação de quadrilha, obstrução de justiça, e salvo de processos mediante a corrupção de deputados com cargos e verbas do Orçamento?
Presidência povoada por notórios como Moreira Franco, marginais como Geddel Vieira Lima, acusados como Eliseu Padilha, e deputados, senadores e ministros com lastros semelhantes na polícia e na Justiça?
É difícil pensar um país assim, capaz de contradição tão corrosiva.
Mas esse país é o da contradição em que militares americanófilos e a classe dominante deram um golpe em nome da democracia e por 21 anos aprisionaram a nação na ditadura. Muitos dos artífices dessa contradição ali completavam uma outra, de que foram parte quando em 1945 derrubaram o Getúlio para o qual deram um golpe e impuseram uma ditadura.
Convertidos à democracia, como diziam, em sua pequena convivência com oficiais americanos na Itália da Segunda Guerra, os derrubadores de Getúlio ajudaram a entrega do poder, por via de "eleição democrática", ao general que sustentou a ditadura até a queda. A vasta fraude que contribuiu para o resultado eleitoral, movida pelos "coronéis" do interior, foi silenciada a pretexto de não se desmoralizar a primeira eleição da "democracia".
Contradição em cima de contradição. O normal no país em que os primeiros bafejos de democracia vieram de uma ditadura, com a legislação social de Getúlio –inclusive as Leis Trabalhistas agora estupradas. 
É difícil desenvolver a compreensão desse Brasil, tão inculto, tão controvertido, tão amalucado. Esse Brasil exultante com as ações contra a corrupção e indiferente à ocupação de sua Presidência por uma declarada quadrilha de corruptos.
O Brasil é você. O Brasil somos nós.
GGN