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quarta-feira, 1 de maio de 2019

É HORA DE PARAR BOLSONARO, POR LUIS NASSIF

O país ainda não se refez do trauma do impeachment de Dilma. O desmonte institucional, induzido por Aécio Neves e convalidado pelo Supremo Tribunal Federal, produziu um caos geral. Assim, há sempre o prurido de reincidir e banalizar o impeachment como saída para as crises institucionais.
Mas o caso Bolsonaro é diferente de tudo o que se viu no país antes e depois da democratização. O país está entregue a um celerado, com ligações diretas com as milícias do Rio de Janeiro, comandando um bando de alucinados que assumiram posição de destaque no Ministério e que tem como único objetivo a destruição de todo sistema formal construído ao longo da história.
O que está ocorrendo não são apenas erros de políticas públicas que poderão ser consertados a partir das próximas eleições: estão promovendo desmontes irreversíveis, que se refletirão sobre o presente e sobre as futuras gerações.
A maneira como estão exercendo o poder, atropelando a noção de freios e contrapesos, esmagando o espaço político de quem pensa de forma diferente, subverte a noção de democracia. Em qualquer circunstância, uma ameaça de tal monta à democracia precisa ser combatida com a arma definitiva da própria democracia: o impeachment.
No campo ambiental, há um Ministro acusado de negocista, desmontando o sistema de defesa do meio ambiente, escondendo mapas ambientais, indispondo o país com a comunidade global civilizada, com reflexos inevitáveis sobre as exportações do agronegócio. E afastando fiscais que ousaram, em outros tempos, multar Bolsonaro por pesca ilegal. É o absolutismo nas mãos de pessoas sem nenhum nível, com comportamento das milícias.
Na educação, um celerado que anuncia cortes de verbas às universidades, como consequência da tal guerra cultural. E, em vez de programas educacionais, incentiva o conflito entre professores e alunos.
Na economia, um Ministro sem a menor noção do mundo real, movendo-se exclusivamente pela ideologia, desmontando uma instituição com a história do BNDES, comprometendo as estatísticas do IBGE, ameaçando as redes de proteção social que, até agora, impediram a explosão final da violência e da miséria. Está matando os instrumentos de financiamento da infraestrutura, sem colocar nada no lugar.
Na presidência, uma família de desequilibrados, com ligações diretas com as milícias e, agora, estimulando a guerra no campo, criminalizando movimentos sociais, e interferindo em rebeliões internas de países vizinhos, expondo não apenas os vizinhos, mas o próprio Brasil, às consequências de uma guerra, comprometendo século e meio de tradição diplomática.
Liberais podem julgar que o interesse nacional está no mercado; desenvolvimentistas acreditam que está no Estado. Os Bolsonaro, pelo contrário, não têm a menor noção sobre o interesse nacional. E, junto com governadores irresponsáveis, como Wilson Witzel, do Rio, e João Dória Jr, de São Paulo, ampliando a violência policial como resposta à crise social.
O cenário pela frente é óbvio.
No campo econômico, o ideologismo cego de Guedes não permitirá a recuperação da economia e do emprego. A cada mês, mais aumentará o exército dos desempregados e dos desanimados com o próprio país.
Na outra ponta, um presidente enlouquecido tentando eliminar o espaço político de todos que não concordem com suas loucuras. E estimulando a violência de ponta a ponta do país.
Como dois e dois são quatro, persistindo nessa loucura se terá em pouco tempo o caos social, a ampliação da miséria, do desalento, o crime organizado expandindo seu controle sobre o Brasil formal e as explosões sociais.
É impossível que os demais poderes, STF, Alto Comando, presidência da Câmara e do Senado, partidos políticos, assistam passivamente a essa destruição do país. É preciso parar Bolsonaro! Não se trata mais de disputa entre esquerda e direita, entre lulismo e antilulismo, mas de uma aliança tácita entre os setores minimamente responsáveis, para não permitir o desfecho trágico dessa loucura.
Cada dia a mais de governo Bolsonaro representa anos de destruição do futuro, até que o caos torne a selvageria irreversível.
É hora de parar Bolsonaro!
GGN

terça-feira, 25 de abril de 2017

Massacre de Colniza na conta de Padilha fomento da guerra de Temer contra os pobres

Não é novidade a perseguição sofrida por aqueles que lutam por um pedaço de terra no Brasil. Corumbiara/RO, 1995, 11 mortos. Eldorado dos Carajás/PA, 1996, 19 mortos. Colniza/MT, 2017, 10 mortos. Em todos os casos agentes do Estado foram responsáveis por torturas, estupros e execuções. Nos anos noventa, policiais militares abriam fogo contra as famílias de Sem Terra, cumprindo ordens como as do então governador Almir Gabriel (PSDB/PA), que exigiu a desobstrução da rodovia ocupada pelos manifestantes em Eldorado dos Carajás. Em 2017, culpam os “encapuzados”, pistoleiros a serviço de latifundiários, velhos conhecidos das autoridades legislativas e executivas.

Ao Judiciário cabe a expedição dos mandatos de reintegração de posse, em regime de urgência, sem a lentidão característica dos tribunais. Posse de quem, se as terras ocupadas pertencem ao Estado e enquadram-se nos critérios de apropriação para fins de Reforma Agrária? Respondendo: a posse é dos grileiros, fazendeiros criminosos, assistidos por forças militares, milícias, juízes, deputados, senadores e ministros. Dentre estes, destaca-se o caso do Ministro da Casa Civil. Eliseu Padilha, acusado de grilagem, é o principal articulador da MP 759, que regulariza a invasão de terras por fazendeiros também acusados de grilagem.

Padilha invadiu áreas do Parque Estadual Serra Ricardo Franco/MT. Invadiu terras também no Rio Grande do Sul, onde é alvo de processo, acusado de ocupar irregularmente um terreno de 1.929 hectares em Palmares do Sul, no litoral do estado, segundo reportagem de O Estado de São Paulo (dez/2016).

O ministro chefe da Casa Civil e seus comparsas são os principais responsáveis pelo desmatamento de 19 mil hectares entre 1998 e 2015 no Mato Grosso. Com a conivência do governador tucano Pedro Taques (PSDB/MT), derrubaram na Justiça a liminar que obrigava Estado a combater as irregularidades.

Na mesma semana em que foram relembrados os 21 anos do Massacre em Eldorado dos Carajás/PA, o Brasil contabilizou mais um episódio de violência em Colniza, Mato Grosso, registrando a execução sumária de 10 camponeses. As suspeitas recaem sobre um grupo denominado “os encapuzados”, ou seja, sem rosto e sem identidade. Provavelmente o Massacre de Colniza, entrará para os anais da impunidade, na imensa lista de crimes cometidas por agentes do Estado, direta ou indiretamente.

Para celebrar o extermínio dos camponeses, na mesma semana, a Assembléia Legislativa/MT aprovou em primeiro turno o decreto legislativo 02/2017 que extingue o Parque Estadual Serra Ricardo Franco. Aprovado pelos deputados, o decreto segue para sanção do governador tucano, o mesmo que derrubou a liminar da Justiça contra os desmatamentos em larga escala.

Em nota o Bispo Emérito Dom Pedro Casaldáliga, personalidade de destaque na luta contra a violência no campo,  ajuda a relacionar o Massacre de Colniza com o projeto de destruição de direitos pelo governo golpista: “Este massacre acontece num momento histórico de usurpação do poder político através de um golpe institucional, com avanços tão graves na perda de direitos fundamentais para o povo brasileiro que coloca o governo do atual presidente Temer numa posição de guerra contra os pobres”.

A força dos ruralistas se sustenta em duas frentes. A dos encapuzados, que executam na emboscada, conforme o arbítrio de seus mandatários.  E a dos (des)encapuzados, que executam a agenda do Estado à luz do dia, em conformidade com a agenda do quadrilheiros, que têm nome, sobrenome, cargo oficial e registro partidário. Os grileiros não agem mais às margens da lei, eles as elaboram e as aprovam.

Do Cafezinho