Foto:
Agência Brasil
Provocado
pela defesa de Lula, o ex-deputado federal Pedro Corrêa admitiu, em audiência
com o juiz Sergio Moro, na semana passada, que refez sua delação premiada
contra o ex-presidente a pedido da Lava Jato. O depoimento de Corrêa colocando
Lula como peça fundamental à corrupção na Petrobras ocorreu às vésperas da
apresentação da denúncia feita pela equipe de Deltan Dallagnol sobre o caso
triplex.
Corrêa foi
testemunha contra Lula na ação penal em que o petista é acusado de receber
propina da OAS na forma de um apartamento no Guarujá, entre outras benesses, e
também no segundo processo contra o ex-presidente a ser julgado por Moro, sobre
repasses supostamente feitos pela Odebrecht.
Foi durante
audiência desse segundo caso que Pedro Corrêa revelou que estava negociando um
acordo de delação premiada com a Lava Jato antes de Lula ser denunciado pelo
triplex. Como os procuradores de Curitiba apontaram que estavam "faltando
alguns aspectos" na delação, Corrêa fez o mesmo que outros pretensos
delatores: se dispôs a testemunhar contra Lula, atendendo aos interesses da
Lava Jato.
"Eu
sabia que depois das afirmações que eu fiz, eu fatalmente seria convidado a ser
testemunha de todos esses processos", disse Corrêa.
Aos 26
minutos, a defesa de Lula questiona se Pedro Corrêa sabia desde o início que
seu depoimento seria usado para fundamentar a peça de acusação contra o
ex-presidente no caso triplex. O ex-parlamentar nega conhecimento prévio, num
primeiro instante, mas depois admite que seu depoimento mudaria a opinião de
Sergio Moro, responsável por aceitar a acusação.
"O
Ministério Público não informa muita coisa, ele faz pergunta. Eles me
perguntaram se eu estava prestando o depoimento de livre e espontânea vontade.
Na verdade, na verdade, eu sabia que depois dessa minha audiência, isso iria
corroborar a posição do juiz Sergio Moro no sentido de que pudesse ou não abrir
processo contra Lula", disse Corrêa.
E continuou:
"Não tinha em mente, não tinha acerto com ninguém [para denunciar Lula em
troca da delação]. Nem o juiz Moro nem o Ministério Público tinham o
compromisso comigo de que isso fosse transformar Lula em réu. Mas evidentemente
eu achava que isso ia me transformar em testemunha contra Lula."
A delação de
Pedro Corrêa foi negociada com a Procuradoria-Geral da República por envolver
nomes com foro privilegiado, como Aécio Neves. No final do ano passado, a
delação foi devolvida pelo ministro Teori Zavascki, então relator da Lava Jato,
por falta de provas e teor muito superficial.
Embora não
tenha sido homologada, a delação embasa a acusação do caso triplex, ao lado das
falas do delator Delcídio do Amaral. Lula é acusado de ter sido responsável
pelo desvio de R$ 87 milhões da Petrobras, já que nomeou os diretores que
operavam para partidos políticos.
Diante de
Moro, Corrêa disse ainda que a defesa de Lula mente quando afirma que sua
delação foi rejeitada. "Não é verdade que meu acordo foi rejeitado. Meu
acordo foi devolvido pela PGR para que eu complementasse uns anexos. Eu refiz
alguns anexos e, entre eles, o do ex-presidente Lula."
Segundo a
defesa de Corrêa, recentemente a negociação em torno do acordo de cooperação
com o Ministério Público foi concluída e, agora, a delação aguarda, novamente,
homologação do Supremo Tribunal Federal. Caberá ao ministro Edson Fachin
analisar o pedido.
PRETENSOS DELATORES
Não é a
primeira vez que a Lava Jato leva ao julgamento de Lula um condenado que está
tentando obter uma delação premiada, para depor na condição de testemunha de
acusação.
O mesmo
ocorreu com Renato Duque, que a exemplo de Corrêa, disse que Lula sabia de todo
o esquema de corrupção na Petrobras. Léo Pinheiro, da OAS, que também teve
delação inicialmente rejeitada por "poupar" o ex-presidente, mudou
sua versão dos fatos e agora sustenta que o triplex era de Lula.
Veja mais:
Do GGN