Estádio
Nacional de Brasília Mané Garrincha - Foto: Tomás Faquini-Faquini/ Portal da
Copa
Acusados de
participar de esquema de superfaturamento junto aos contratos das obras do
estádio Mané Garrincha, na capital federal, o ex-governador do Distrito
Federal, José Roberto Arruda (PR), e o ex-assessor do presidente Michel Temer,
Tadeu Filippelli, além do ex-governador Agnelo Queiroz (PT) foram soltos.
A decisão
ocorreu na noite desta quarta-feira (31) pelo desembargador Néviton Guedes, do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Queiroz, Arruda e Filippelli foram
presos preventivamente no dia 23 de maio, pelo período de cinco dias, renovados
por mais cinco pelo juiz Vallisney de Souza.
Também foram
soltos os empresários Jorge Luiz Salomão e Sérgio Lúcio Silva de Andrade, e o
ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, Afrânio Roberto
de Souza Filho. Eles são investigados pelo esquema de superfaturamento em mais
de R$ 900 milhões no valor das obras do estádio no Distrito Federal, usados
para a Copa do Mundo em 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016.
O
desembargador considerou que as prisões deveriam durar somente enquanto a
Polícia Federal cumpria diligências, com a coleta de provas já realizadas.
A
investigação teve como base as delações premiadas dos executivos da Andrade
Gutierrez. Segundo os empresários, os repasses foram feitos por meio de doações
de campanha, formais e por caixa dois, e pela simulação de contratos de
prestação de serviços.
De acordo
com os procuradores da República, dezenas de pagamentos de propina foram feitos
em valores que somam mais de R$ 15 milhões, em cálculos preliminares.
"Pessoas ligadas aos agentes políticos eram os responsáveis por fazer as
cobranças junto às empreiteiras e também por operacionalizar os repasses dos
valores", disse o MPF.
O esquema
teria funcionado a partir da confirmação antecipada de que as obras e os
serviços para a construção do estádio fossem feitos pelo consórcio constituído
pela Andrade Gutierrez junto à Via Engenharia.
Entretanto,
além dos depoimentos, o Ministério Público Federal busca outros indícios e
"provas de que foi constituído um cartel entre várias empreiteiras para
burlar e fraudar o caráter competitivo da licitação", a exemplo do que foi
feito em maior escala na Petrobras, deflagrada pela Operação Lava Jato.
Segundo os
investigadores, a associação das empreiteiras e a obtenção ilícita do contrato
foi feita por "ingerência e liderança do então governador José Roberto
Arruda", e a construção "dessa obra de grande vulto" foi
realizada "durante o mandato de Agnelo Queiroz".
Os
ex-governadores seriam responsáveis por "graves irregularidades",
segundo os investigadores, "que vão desde a ausência de estudos de
viabilidade econômica, combinação entre as maiores construtoras do país no
fatiamento dos estádios".
GGN