O afastamento do delegado Carlos Renato, de Paulínia, e
abertura de procedimento investigativo para analisar as circunstâncias da
invasão de residência de Marcos Claudio, filho de Lula, representa um ponto de
inflexão na curva do autoritarismo pátrio.
Louve-se o governador Geraldo Alckmin pelo procedimento.
O grande problema do quadro atual foi o liberou geral,
estimulando os atos arbitrários generalizados, com delegados, procuradores,
juízes de direito exercitando um poder abusivo na caça aos “inimigos”.
É uma praga da mesma natureza daquela preconizada por Pedro
Aleixo, quando da assinatura do AI5. Qualquer porteiro de cadeia transformou-se
em autoridade suprema contra o “inimigo”. Quanto mais apagado o delegado e o
procurador, maior a ânsia por demonstrar poder.
Com a atual onde persecutória, os filhos do Ministro Luís
Roberto Barroso espalharam-se por todos os cantos do país. Esse quadro foi
agravado pelo posicionamento vergonhoso das associações de juízes e
procuradores endossando os abusos de delegados da Polícia Federal e
procuradores de Santa Catarina, que levaram ao suicídio do reitor da
Universidade Federal de Santa Catarina. São instituições que não conseguem
avançar além do corporativismo mais canhestro.
Como José Robalinho, presidente da ANPR (Associação Nacional
dos Procuradores da República) e Roberto Carvalho Veloso, presidente da Ajufe
(Associação dos Juízes Federais) puderam endossar uma operação como aquela, que
conduz como criminosos sete professores universitários, que jamais foram
intimados a depor, que procede à revista humilhante, investigando até o ânus
das pessoas detidas. É nítido o desejo de humilhar, o prazer sádico que acomete
mentes doentias. É uma desmoralização para a ANPR e a AJUFE dirigentes que
endossam essa tara, assim como a banalização da condução coercitiva.
Em Sâo Paulo, até agora, a caça a Lula fez com que uma
procuradora interrompesse as obras do Museu do Trabalhador, incriminasse
técnicos inocentes e deixasse o museu abandonado, demonstrando o prejuízo que o
burocratismo do Ministério Público provoca no país.
Outro delegado invadiu uma escola do Movimento dos Sem Terra
agredindo mulheres, idosos e crianças. Em ambos os casos, sem que nada
acontecesse, sem que ninguém os responsabilizasse.
Com a decisão de Alckmin, cria-se uma tentativa de
disciplinamento, ainda que pequeno, a essa exteriorização do autoritarismo mais
doentio.
A partir de agora, parte dos pequenos tiranos pensará duas
vezes antes de perpetrar o próximo abuso. E o alerta virá pela parte mais
vulnerável, o cérebro inferior. Tudo dependerá do desfecho do episódio, se com
punição exemplar, fazendo valer a autoridade de Alckmin, se tergiversando e
alimentando a serpente da indisciplina.
Do GGN