Os
resultados das pesquisas já foram enviados para academias e publicações
científicas e aguardam análise para publicação.
Peça 1 – sobre os testes
de consistência das notícias
O
GGN foi o primeiro veículo a publicar o áudio em que o dono da Prevent Senior
alertava para os efeitos devastadores da Covid-19 sobre seus pacientes,
incluindo a própria mãe.
Na
época, houve críticas devido ao fato da Internet estar coalhada de fake News. E
se fosse apenas mais um fake News? Decidimos dar o áudio fundado nas seguintes
evidências:
No
áudio, ele se refere ao nome do interlocutor, Alan. A fonte que me repassou o áudio
mencionou um conhecido empresário de nome Alan, que faz parte de seu círculo de
relações.
O
nível de detalhes da gravação exigiria uma sofisticação incomum em praticantes
de fake News.
A
nota saiu. A reação da Prevent foram algumas explicações titubeantes sobre o
fato, mas nenhum desmentido sobre o conteúdo. O áudio serviu para acender a luz
vermelha sobre os perigos da coronavirus.
Nos
dias seguintes, houve uma enxurrada de ofensivas contra a Prevent, devido ao
número de mortes registrados: Prefeitura, Estado e uma insólita declaração do
Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, em rede nacional, crucificando a
empresa. Todas com ampla cobertura da mídia.
Quando
baixou a poeira, tinham-se os seguintes fatos concretos:
Fiscalização
da Secretaria da Saúde que confirmou que a empresa seguia rigorosamente os
protocolos médicos.
Investigação
do Ministério Público Estadual que constatou que a empresa agiu corretamente.
Depoimentos
de clientes atestando sua seriedade, inclusive uma pessoa da minha família.
A
confirmação da existência da pandemia em São Paulo e o fato de todos os
clientes da Prevent serem de grupos de risco – pessoas com mais de 60 anos,
alguns com comorbidade.
De
qualquer modo, na guerra do dia-a-dia da cobertura, a Prevent ficou de lado.
Havia apenas menções vagas de que estaria pesquisando a doença.
Peça 2 – as pesquisas
atuais da Prevent Senior
Ontem,
procurei a assessoria da empresa para uma entrevista com o presidente Fernando
Parrillo sobre o tema do custo dos planos de saúde. Qual seria o modelo de
negócios montado por ele para oferecer um produto mais barato aos seus
clientes, em um cenário em que as mensalidades para idosos, em outros planos,
ascende a cifras exorbitantes?
Na
entrevista, para minha surpresa, Parrillo mencionou as pesquisas do grupo com
pacientes afetados pelo coronavirus.
Uma
delas foi com 360 pacientes com coronavirus – um universo apreciável -, ao
contrário do que parecia ser um universo restrito da médica Nise Yamaguchi.
Segundo ele, a injeção de cloroquina nos dois primeiros dias reduziu
consideravelmente sua exposição à doença, permitindo que, com os demais
remédios ministrados, saíssem curados do tratamento.
Uma
segunda – cujos resultados estão sendo mantidos em sigilo até sua publicação em
revista científica – com mais de mil pacientes que já tomavam cloroquina para
outras morbidades.
Os
resultados das pesquisas já foram enviados para academias e publicações
científicas e aguardam análise para publicação.
Por
que o relato deve ser levado a sério?
O
grupo tem o histórico de doença de todos os clientes e os dados clínicos de
atendimento às vítimas de coronavirus. Aliás, o segredo da redução de custos
está no acompanhamento pari-passu de todos os clientes para implementar
políticas de prevenção.
Além
disso, graças ao fato de sua clientela ser de grupos de risco, teve acesso a um
universo de pesquisa que poucas instituições teriam acesso, com todos os dados
de saúde e diagnóstico previamente organizados e catalogados.
Finalmente,
porque não dá para blefar, já que as informações serão abertas para as
instituições científicas analisarem as pesquisas.
Finalmente,
tem explicações convincentes para o fato de outras pesquisas terem mostrado
riscos para os pacientes – como a de Manaus (que divulgamos ontem), com 11
pacientes, suspensa após um deles ter falecido por problemas cardíacos.
Devido
ao caráter experimental do tratamento, Ministério da Saúde e órgãos de medicina
recomendam utiliza-lo apenas em pacientes já intubados, em estado grave – e,
portanto, com os pulmões já afetados e com alta probabilidade de morbidade. E
há também a dosagem ministrada, que não pode ser exagerada.
Já
os procedimentos da Prevent Senior foram com pacientes até o segundo dia de
manifestação da doença. Segundo Parrillo, este é o momento adequado porque,
depois dos pulmões tomados pela doença, não haveria mais como a cloroquina
reverter o quadro.
Quando
chega no hospital para se tratar, informou Parrillo, os pacientes já estão no
quinto ou sexto dia do aparecimento dos sintomas. Para aplicar o remédio até o
segundo dia, foi montado um serviço de tele atendimento para identificar os
sintomas e ministrar a droga antes mesmo que o paciente chegue no hospital.
De
qualquer modo, há que se aguardar o veredito das instituições centíficas para
quem as pesquisas foram submetidas.
Peça 3 – as consequências
Se
confirmadas, as pesquisas trarão consequências políticas, científicas e médicas
relevantes.
Do
lado político, o inconsequente Jair Bolsonaro tem se valido da retórica da
cloroquina para combater o isolamento social. Sem isolamento social, haverá um
desastre, com ou sem cloroquina.
A
politização imposta ao tema – por ele e por seu guru Donald Trump – fará com
que a vitória da cloroquina seja considerada vitória da anticiência sobre o
pensamento científico. Haverá uma exploração política intensa, com Bolsonaro
tentando ocultar sua ciclópica incompetência na aposta no medicamento. Esse é o
dilema maior: sendo boa para os pacientes, a mística da cloroquina será um
horror para a política.
E,
se as pesquisas forem confirmadas, a cloroquina apenas melhorará as condições
iniciais dos pacientes, sem prescindir da retaguarda de leitos médicos e de
UTI.
O
estardalhaço que se seguirá provocará uma nova corrida do público às farmácias,
mesmo daquelas pessoas sem sintomas de coronavirus. Será mais um efeito
negativo da politização imposta por Bolsonaro.
Do
lado científico, haverá a necessidade de se acelerar as análises das pesquisas
e grandeza para despolitizar o tema, sabendo que poderá significar o
fortalecimento dos dois governantes mais irresponsáveis e inconsequentes da
história de seus respectivos países.
Do
lado médico, se confirmados os efeitos positivos da cloroquina, haverá riscos
no uso excessivo da dosagem ministrada. Daí o fato de não prescindir de
acompanhamento médico.
Peça 4 – as políticas a
serem aplicadas
Se
confirmadas as pesquisas, não será tarefa fácil administrar a cloroquina.
O
primeiro passo será a montagem de sistemas de identificação em massa dos
sintomas do coronavirus na população. Haverá a necessidade de se utilizar
recursos de tele atendimento.
Depois,
a centralização do medicamento nas mãos do SUS, impedindo movimentos
especulativos e privilégios para os detentores de renda.
Haverá
a necessidade de um sistema tão amplo quanto o da vacinação. E um enorme
esforço geral para impedir que a adesão à cloroquina seja confundida com o fim
do isolamento social.
Além
disso, a cloroquina é apenas a fase inicial do tratamento, que não prescindirá
de estrutura hospitalar. Sorte do país é que a implementação ficará a cargo do
SUS, e não do Paulo Guedes.
Peça 5 – não se briga com
os fatos
Todos
esses pontos foram pesados no GGN, antes da publicação da entrevista de
Fernando Parrillo. Mas não cabe aos jornalismo brigar com os fatos. Mas será
importante que todos os agentes envolvidos – políticos, médicos e científicos –
se preparem para mudanças na discussão pública do tema, caso as pesquisas sejam
confirmadas.
Mesmo
assim, manteremos o “se confirmados” até a confirmação final pela ciência.
Do GGN