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quinta-feira, 7 de junho de 2018

FHC ERA FREGUÊS DA ODEBRECHT, MAS MORO E MPF EM CURITIBA NÃO QUISERAM NEM SABER

Enquanto Lula está preso na Lava Jato e tem seu instituto e empresa de palestra na mira da Justiça, Fernando Henrique Cardoso, que foi flagrado em e-mail pedindo "o de sempre" (dinheiro) para a Odebrecht, sequer foi incomodado pelos procuradores de Curitiba ou juiz Sergio Moro - que estão em posse desses e-mails só agora revelados na imprensa. 
Em artigo no Balaio do Kotscho, o jornalista Ricardo Kotscho ironiza: quer dizer que FHC era "freguês da Odebrecht e só Moro não sabia?" 
"Marcelo Odebrecht ficou mais de dois anos preso em Curitiba sob os cuidados de Sergio Moro, que o condenou, mas nunca foi chamado pelo juiz para esclarecer o conteúdo dos emails encontrados nos discos rígidos do computador do empresário." 
O episódio, na visão do jornalista, só reforça a "minha impressão, cada vez mais generalizada, de que na nossa Justiça impera a teoria de dois pesos e duas medidas, a depender de quem são os políticos envolvidos." 
"Uns vão para a cadeia; outros não são nem importunados, mesmo que haja provas cabais para a instalação de processos." 
Kotscho destacou que "é a primeira vez, que o nome de FHC aparece, com provas, como arrecadador de recursos para campanhas tucanas, mas o assunto não mereceu manchetes no noiticiário. O que aconteceu?" 
FHC respondeu à grande mídia que pode ter pedido recursos para campanhas de tucanos, mas tudo dentro da legalidade e não pode ser questionado por ter favorecido empreiteiras, pois ele não era mais presidente quando fez as cobranças. A desculpa não convenceu Kotscho. 
"Existe em campanhas algo chamado 'expectativa de poder' que move os doadores de recursos e FHC certamente conhece este fenômeno. (...) FHC também conhece, certamente, aquela expressão de que não há 'almoço grátis'." 
Leia a íntegra da matéria aqui.
Do GGN

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Xadrez sobre a falsificação de documentos na Lava Jato, por Luís Nassif do GGN

O livro-bomba sobre a Lava Jato, prometido pelo doleiro espanhol Tacla Duran, começa a dar frutos.

Tacla é o doleiro cuja declaração de renda comprovou pagamentos a Rosângela Moro, ao primeiro amigo Carlos Zucolotto e a Leonardo Santos Lima.

Alguns capítulos do livro ficaram por alguns dias no site de Tacla. No livro, ele diz que a delação da Odebrecht teve vários pontos de manipulação, com a montagem de documentos, provavelmente por pressão dos procuradores, atrás de qualquer tipo de prova contra Lula.

O juiz Sérgio Moro facultou apenas aos procuradores da Lava Jato o acesso ao banco de dados especial da Odebrecht. Aparentemente, os procuradores entram lá e pinçam apenas o que interessam.

Analistas foram atrás das dicas levantadas por Tacla e quase todas se confirmaram.

Mais que isso: há indícios de que alguns dos documentos foram montados.

Evidência 1 – extrato da Innovation tem somas erradas.
Evidência 2 – os extratos com erros são diferentes de outros extratos do mesmo banco apresentados em outras delações.
Evidência 3 – os extratos originais do banco apresentam números negativos com sinal -, ao contrário do extrato montado, em que eles aparecem em vermelho.

Evidência 4 – a formatação das datas de lançamento é totalmente diferente de outros documentos do banco, que seguem o padrão americano: Mês/Dia/Ano.

Evidência 5 – a formatação nas datas de lançamento é idêntica ao da planilha PAULISTINHA, preparada por Maria Lúcia Tavares, a responsável pelos lançamentos no Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Evidência 6 – nos anexos da delação de Leandra A. Azevedo consta ordem de pagamento, com data de 28 de setembro de 2012, de US$ 1.000.000,00 da conta da Innovation para a Waterford Management Gourp Inc. Mas no extrato bancário supostamente montado, a transferência consta como saída de 27 de setembro de 2012, ou seja, antes da ordem de pagamento.

Agora, se coloca o juiz Sérgio Moro em situação complicada. Como pretende julgar o processo sem facultar o banco de dados da Odebrecht à defesa, para se identificar os documentos falsificados e os verdadeiros.

Do GGN

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Delatores mentiram para viabilizar cassação, diz Defesa de Dilma Rousseff

Além de denunciar a desigualdade no tratamento dado à defesa e à acusação de Dilma Rousseff no Tribunal Superior Eleitoral, o advogado Flávio Caetano apresentou, nesta quinta (1), uma série de contradições que colocam em xeque as delações de Mônica Moura, João Santana e Marcelo Odebrecht. As colaborações dos delatores da Lava Jato pavimentam a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE, cujo julgamento deve retornar na próxima terça (6).

Segundo Caetano, há "diferenças graves" entre o que foi dito à Justiça Eleitoral e o que foi dito nos depoimentos de delação prestados à força-tarefa da Lava Jato.

O defensor explicou que no caso de Marcelo Odebrecht, por exemplo, sequer há lógica no que foi relatado. O empresário disse à Lava Jato que criou uma conta virtual para o PT, administrada por Guido Mantega, onde chegou a acumular 50 milhões de reais por conta de uma negociação feita com o ex-ministro entre 2008 e 2009. Segundo Odebrecht, Mantega teria começado a usar esses recursos em 2011 e, quando chegou a eleição de 2014, não havia mais dinheiro na conta.

Segundo Caetano, Marcelo Odebrecht afirmou na Justiça Eleitoral que a campanha de 2014 recebeu R$ 50 milhões em propina negociada entre 2008 e 2009 com o então ministro Guido Mantega, contrapartida para o chamado Refis da Crise, que beneficiou a Braskem, controlada pelo grupo. O valor teria sido então depositado na conta corrente de propina do PT.

Na Justiça Eleitoral, para ajudar na cassação, Odebrecht deu outra versão: disse que a campanha de 2014 foi abastecida com os 50 milhões de reais. Para o advogado de Dilma, se o PT, que saiu da campanha de 2010 com dívida de 17 milhões de reais, tivesse esse dinheiro na conta, com certeza ele teria sido usado antes da campanha de reeleição de Dilma. "O acordo deve ser questionado e Marcelo Odebrecht deve responder por falso testemunho", disse.

Já João Santana teria mentido ao afirmar que discutiu com Dilma, pessoalmente, atrasos de pagamentos, alegando que os depósitos eram feitos rigorosamente em dia. "Não é verdade. A campanha [oficial] nunca pagou em dia e era natural que reclamassem. O atraso foi oficial. No primeiro turno, os pagamentos deveriam ter sido feito até 25 de setembro e a campanha só pagou em 3 de outubro. No segundo turno, houve um gasto de R$ 20 milhões e metade deste valor só foi pago em novembro."

Monica Moura, por sua vez, mudou suas delações ao sabor dos ventos, apontou a defesa de Dilma. Primeiro, ela disse ao juiz Sergio Moro que 10 milhões de dólares recebidos da Odebrecht em 2014 diziam respeito a uma eleição no Panamá. Depois de fechar acordo de colaboração com a Lava Jato, passou a afirmar que esse montante era fruto da campanha de Dilma.

"A campanha do Panamá acabou em maio. Ela disse ao juiz Sergio Moro que recebeu o valor no Panamá. No extrato da conta Shellbill não há pagamentos feitos pela Odebrecht em 2014. O evento 14, relacionado na planilha, não é a eleição no Brasil, mas no Panamá", defendeu Caetano.

A Justiça Eleitoral não aceitou inserir no julgamento da ação de cassação o depoimento de Mônica a Sergio Moro, para que a contradição ficasse evidente. A defesa da presidente afastada pelo impeachment promete entrar com ação para anular as três delações.

Além disso, Caetano reafirmou que não há possibilidade de separar as contas de Dilma e Temer, pois o peemedebista colaborou com menos de R$ 3 milhões para o caixa que bancou as despesas da chapa presidencial. Ou seja, se reeleição de Dilma ocorreu com financiamento ilícito, foi esse mesmo dinheiro que pagous as contas de Temer.

Em março, Caetano já havia denunciado outras disparidades entre defesa e acusação no processo de cassação. Ele apontou que o relator Herman Benjamim não concedeu tratamento igual para as partes durante, privilegiando as acusações contra a petista com mais de 18 horas de depoimentos, ante apenas 1h27 de explicações das testemunhas de defesa. Leia mais aqui.

Do GGN

sábado, 6 de maio de 2017

Aécio a interface da Odebrecht com o PSDB, diz Marcelo

Odebrecht entrega todo esquema de propinas de Aécio

A empreiteira afirma que a contrapartida oferecida pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) foram obras em Minas Gerais, como a Cidade Administrativa, e grandes parcerias no setor elétrico, em parceria com Furnas e Cemig; “Nós estávamos investindo dinheiro numa pessoa que ia se constituir no mandatário do país”, disse o executivo Benedicto Barbosa Junior; "Ele passou a ser a grande interface nossa com o PSDB”, disse ainda Marcelo Odebrecht; alvo de cinco inquéritos no Supremo Tribunal Federal, o senador tucano, que atirou o Brasil na maior crise de sua história, ao liderar o golpe de 2016, disse que jamais se envolveu em atos ilícitos.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que atirou o Brasil na maior crise de sua história, ao liderar o golpe de 2016, é o protagonista de uma reportagem do jornalista Hudson Corrêa, que revela todo o seu esquema de propinas na Odebrecht.

Aécio Neves acabara de perder a eleição para presidente da República. Mesmo assim, a Odebrecht honrou o pagamento da última parcela de sua campanha, em novembro de 2014 – em caixa dois, como mandava a regra. Eram R$ 500 mil, derradeira fatia de um acerto de R$ 6 milhões.

O executivo Sérgio Neves conta que pegou o dinheiro numa mochila preta no escritório da empreiteira em Belo Horizonte, colocou no porta-­malas do carro e dirigiu por meia hora até a Minasmáquinas, concessionária Mercedes-Benz localizada na saída da cidade. Encontrou-se no estacionamento com o dono da loja.

O Oswaldo Borges da Costa, o Oswaldinho, tesoureiro informal de Aécio.“Ele [Oswaldo] pegou a mochila e colocou no porta-malas do carro”, diz Sérgio Neves em seu depoimento. Pronto, mais uma entrega de propina da Odebrecht para Aécio era concluída com sucesso.

Oswaldinho convidou Sérgio Neves para almoçar no escritório. Na despedida, mostrou sua coleção de mais de 100 carros antigos, guardados em dois galpões.
Entre as raridades figurava um Rolls-Royce Silver Wraith 1953, a bordo do qual Aécio Neves desfilou na posse como governador de Minas Gerais em 2007.

Por pouco, o investimento da Odebrecht não levou o tucano a passear em outro Rolls-Royce da década de 1950, que o levaria ao Palácio do Planalto. Seria o terceiro presidente da República ligado à Odebrecht.
  
Presidente do PSDB e senador, Aécio Neves é um dos personagens mais frequentes nas delações dos 77 executivos da Odebrecht. Não à toa, divide com o senador Romero Jucá, do PMDB, o título de campeão no número de inquéritos derivados da delação, abertos pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. É investigado em cinco.

Nesta semana, Aécio prestou seu primeiro depoimento à Polícia Federal, sobre a investigação relacionada a irregularidades em Furnas. Reunidos os inquéritos, Aécio é acusado de ter cometido os crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e fraude em licitação.

A divulgação da delação da Odebrecht mudou a perspectiva do senador tucano. A segunda candidatura à Presidência da República em 2018, que seria natural, soa muito distante, coisa do passado. Recentemente, Aécio comentou com amigos que pode ser candidato apenas a deputado federal, diante das dificuldades para obter votos até para manter-se no Senado.
  
Aécio foi uma aposta antiga da Odebrecht, coisa de longo prazo. As delações relatam propinas pagas desde que ele era governador de Minas Gerais, entre 2003 e 2010. “Nós estávamos investindo dinheiro numa pessoa que ia se constituir no mandatário do país”, disse o executivo Benedicto Barbosa Junior, o BJ, chefe de Sérgio Neves. BJ cuidava das principais obras da empreiteira pelo Brasil – acima dele estava apenas Marcelo Odebrecht.

Por isso, BJ tinha trânsito com políticos de variados partidos, entre eles Aécio. A relação era tão boa que ele disse aos procuradores da Lava Jato que frequentava o apartamento do senador no Rio de Janeiro e o Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governo em Minas Gerais. Possuía na agenda até o telefone da mãe de Aécio para encontrar o tucano quando seus assessores não o localizassem.

Leia aqui a íntegra.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Marcelo Odebrecht em depoimento a Moro diz não ter provas contra Lula

A narrativa é a seguinte: Marcelo Odebrecht criou um fundo para agradar Lula e avisou Antonio Palocci, que decidiu mexer na conta em uma oportunidade envolvendo saques em dinheiro vivo. Em outra, a Odebrecht teria comprado terreno para o Instituto Lula com os recursos do "saldo Amigo". Mas Marcelo admitiu que não tem como "comprovar" que o ex-presidente estava por trás das demandas.

A divulgação do vídeo que registra o depoimento de Marcelo Odebrecht ao juiz Sergio Moro mostra que o empresário e delator da Lava Jato admitiu, sim, que o "Amigo" que aparece em planilhas apreendidas pela Lava Jato era, em sua concepção, o ex-presidente Lula. Porém, os principais jornais do País ignoraram o trecho em que Marcelo afirmou que o fundo destinado ao "Amigo" nunca foi movimentado por Lula. Além disso, Marcelo, apesar de ter convicção de que Lula sempre soube de tudo e se beneficiou do esquema, não tinha "como comprovar" isso.

"Veja bem, o Lula nunca me pediu diretamente. Essa informação eu combinei com [Antonio] Palocci. Obvio que, ao longo de alguns usos [do saldo controlado por Palocci], ficou claro que realmente era para o Lula, porque teve uns usos que ficou evidente isso para mim. Teve uns que o pedido era feito e saia via espécie, e o Palocci pediu para mim que isso fosse descontado do saldo 'Amigo'. Então, quando ele pedia para descontar do saldo 'Amigo', eu sabia que ele estava se referindo a Lula, mas não tinha como comprovar."

Segundo Marcelo, sua relação com Palocci começou em 2008, quando o ex-ministro teria pedido doações ao PT para a eleição municipal, visando bancar os custos do marqueteiro João Santana. A partir daí, Palocci teria recebido da Odebrecht uma espécie de conta cujos recursos serviam aos interesses do PT. Parte dessas verbas foi registrada no Programa Especial Italiano. "Sempre que eu falei Italiano [nos e-mails encontrados pela Lava Jato], eu estava me referindo a Palocci", disse.

Quando Palocci deixou o governo, a Odebrecht validou um fundo que passou a ser gerido pelo "Pós Itália", ou seja, o ex-ministro Guido Mantega. "Quando chegou em meados de 2010, tinha um saldo ainda da minha relação com ele [Palocci]. Desse saldo, 50 milhões eu combinei com Palocci que seria gerido por Mantega, pois foi uma solicitação específica que Mantega fez a mim. Palocci sabia dos 50 milhões, mas só podia mexer com anuência de Mantega."

Marcelo ainda disse que do saldo combinado com Palocci, havia um crédito de R$ 40 milhões que não era de uma relação com o PT do Brasil, mas com a presidência da República. "Vai mudar o governo, vai entrar a Dilma, então esse saldo passa a ser gerido a pedido dela", disparou.

Mas, na visão de Marcelo, ainda era necessário separar um saldo que deveria "atender as demandas de Lula". "A gente sabia que ia ter demandas de Lula, para questão de Instituto e outras coisas. Então a gente disse: 'vamos provisionar uma parte desse saldo, uns 35 milhões, e colocamos no saldo Amigo, que é Lula'. Então, [o saldo era] para uso que era de orientação de Lula, porque a gente entendia que Lula ainda ia ter influência na presidência e no PT." 

Depois de expôr o contexto em que o "Amigo" foi criado por Marcelo, o delator deixou claro que tinha convicção de que Lula sabia dos fundos mas, na prática, não tinha como comprovar isso, porque quem teve acesso aos recursos foi Palocci.

Segundo Marcelo, dois episódios o levaram a crer que Lula tinha ciência do saldo Amigo. O primeiro foi quando "veio um pedido para a compra do terreno do IL, que não consigo me lembrar se foi via Paulo Okamotto ou [José Carlos] Bumlai, mas com certeza foi um dos dois - e depois eu falei com os dois - e eu deixei bem claro que se fosse comprar o terreno, sairia do valor provisionado."

O segundo episódio foi uma doação ao Instituto Lula, em 2014, que teria saído do saldo "Amigo", disse Odebrecht. "São as duas únicas coisas que eu saberia dizer. O resto vinha de informações de Palocci. Quando ele dizia para Brani [Branislav Kontic] pegar o dinheiro em espécie, ele dizia 'olha, é para abater do saldo Amigo ou do saldo Itália, que era gerido por ele."

Ao todo, o depoimento de Marcelo Odebrecht teve pouco mais de duas horas de duração, e foi dividido em quatro vídeos. No primeiro, ele relatou como a empresa operacionalizava os pagamentos de propina e doações via caixa 2 desde a década de 1990, esclareceu como começou sua relação pessoal com Antonio Palocci e denota que a destinação de fundos ao "Amigo" foi iniciativa da Odebrecht para agradar Lula, já que mesmo fora da presidência, ele poderia manter influência sobre Dilma Rousseff e PT, mas não há como afirmar que o ex-presidente tinha conhecimento disso.

Do GGN

segunda-feira, 13 de março de 2017

‘Sempre existiu caixa 2. Desde a época do meu pai’, diz Emilio Odebrecht

No depoimento que prestou ao juiz Sergio Moro nesta segunda-feira 13, e que está sob sigilo por determinação do magistrado, mas cujo conteúdo foi vazado, o executivo Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração da empreiteira, relatou que “sempre existiu” caixa 2 na construtora para doações de campanhas não eleitorais; “Sempre existiu. Desde a minha época, da época do meu pai e também de Marcelo [Odebrecht]”, disse o patriarca; ele falou como testemunha de defesa de seu filho, Marcelo, que está preso no âmbito da Lava Jato

No mesmo dia em que Moro determinou que o depoimento de Emilio Odebrecht, patriarca da maior empreiteira do Brasil, ficasse sob sigilo, os vídeos vazaram por um erro na Justiça Federal do Paraná. Trecho de seu relato ao magistrado, feito nesta segunda-feira 13, aponta que "sempre existiu" caixa 2 na empresa.

"Sempre existiu. Desde a minha época, da época do meu pai e também de Marcelo [Odebrecht]", depôs o executivo, presidente do Conselho de Administração da empreiteira, ao falar sobre esquema de doações de campanhas não eleitorais por parte da construtora. Ele falou como testemunha de defesa de seu filho, Marcelo, que está preso no âmbito da Lava Jato.

"Na minha época, as coisas eram muito mais simples. Não tinha a complexidade que a organização passou a ter, trabalhando em mais de 20 países e lidando com 'n' negócios", afirmou ainda Emílio Odebrecht, lembrando que o esquema do caixa 2 era "um modelo reinante" no País. Segundo ele, a empresa doava para todos os partidos, por dentro e fora, e inclusiva fazendo "uma mescla" de recursos oficiais e não oficiais.

"Sim, sabia que existiu o uso de recursos não contabilizados. Sempre foi modelo reinante no país e que veio até recentemente. O que houve impedimento a partir de 2014. Até então, sempre existiu. Desde minha época, da época do meu pai e também de Marcelo, sem dúvida nenhuma", afirmou.
 Do 247

terça-feira, 7 de março de 2017

Brasil o império da hipocrisia

O delator Cláudio Melo Filho, ex-dirigente da Odebrecht, afirmou ontem, em depoimento ao TSE, que Michel temer participou pessoalmente do pedido de dinheiro à empreiteira em 2014.

Embora fosse o sabido e esperado, o depoimento tem importância por algumas outras razões.

Não é a maior delas, mas é significativa, o fato de que isso revela uma contradição entre o que ele diz e o “deixar a menor” de Marcelo Odebrecht, afirmando que Temer não pediu pessoalmente, embora estivesse numa reunião que tratava disso.

Uma espécie de “fumei, mas não traguei” do financiamento eleitoral que, aliás, só os hipócritas fingem que não se faz, em todos os partidos e em todos os níveis, com dinheiro das empresas que, por óbvio, tem de ser pedido por alguém, senão não vem.

O “caixa 2” responde mais aos interesses da empresa que aos do candidato, que não tem limite de gastos e já nem mesmo teme a reprovação pública pelos gastos excessivos de campanha.

A corrupção, o compadrio, a preferência na contratação não precisa do “caixa 2”, necessariamente,  pois nada impede que a propina venha na forma de doação legal.

Mas, como vivemos na era do falso moralismo, usado e abusado para atingir e derrubar o governo eleito, ele acaba se voltando contra seus manejadores.

Na prática, o vice-presidente reunir-se com empreiteiros e seu braço direito Eliseu Padilha só acertar quanto e onde seria feito o pagamento dá no mesmo que ele pedir pessoalmente. Ele é o aval pessoal do negócio, inquestionável.

Note-se que, por muitíssimo menos, Lula está sendo execrado pelo Judiciário, sem que ninguém, mesmo com a facilidade e o aplauso que viriam de Moro e do Ministério Público a quem “entregasse o chefe” se referiu jamais a um pedido de apoio financeiro do ex-presidente.

Temer e Aécio solicitaram pessoalmente dinheiro, mas isso, até agora, não veio ao caso.

Mas veio à tona e é difícil imaginar que se possa fazer isso submergir.

A permanência de Michel Temer na presidência do país cada vez mais assemelha-se à manutenção de Eduardo Cunha na presidência da Câmara: lá permanecerá enquanto for necessário para dar viabilidade ao golpe.

Daquela vez, ao golpe eleitoral, com o impeachment.

Agora, o golpe social, com a degola dos direitos previdenciários.

Do Tijolaço