As empresas de prospecção, extração e comercialização de
petróleo são as mais assassinas.
Com seu poder decorrente do mais famoso produto nas costas,
as grandes potências estrangeiras negociam com os governos dos países de onde
retiram a matéria-prima as condições operacionais, políticas e econômicas que
envolvem as parcerias, as quais são diferentes de país a país, de acordo com o
poder de cada país. Tudo é negociado, exclusivamente, com as autoridades dos
governos locais.
Qualquer resistência que surgir é “dobrada” com generosas
propinas ou ricos presentes a políticos, cientistas, empresários e jornalistas
e sempre de acordo com o poder de decisão de cada um. Golpes de estado,
revoluções, derrubadas de governo, são práticas habituais em países ex e
neocolonialistas, quando suas decisões não são obedecidas e cumpridas à risca
pelos governos locais.
Problemas são conhecidos, mas ninguém toma providências
Não são boatos. Tudo tem sido registrado e comprovado. Desde
o golpe de estado no Irã, em 19 de agosto de 1953 e a derrubada do governo
democraticamente eleito do primeiro-ministro Mohammed Mossadegh, à execução,
por enforcamento, do presidente do Iraque, Saddam Hussein, à execução por
linchamento do presidente da Líbia, Muammar Kaddafi, na Líbia, e as recentes e
incessantes tentativas das multinacionais de petróleo de derrubarem os governos
da Venezuela, constituem suas macabras “técnicas” do marketing de energia em
uso para conquistarem as ricas reservas de petróleo e gás existentes no mundo.
A atuação da Shell na Nigéria pertence ao cânone aplicado,
especialmente, às alterações em cada país e em cada época. Acontecimentos
conhecidos e situações também conhecidas que poderão resultar em investigação
de tribunal para definição de responsabilidades são extremamente difíceis,
lentos e, frequentemente, perigosos. A propósito, a Anistia Internacional
precisou envolver-se em investigações que duraram 20 anos para encontrar
evidências da presença da Shell nos massacres praticados em Rupanca.
A Anistia Internacional convocou Reino Unido e Holanda para
iniciarem investigações sobre o papel do gigante petrolífero anglo-holandês
Shell, acusando-o da autoria de inúmeros crimes cometidos durante o período da
última ditadura do governo militar da Nigéria, especificamente na região de
Ogoniland, durante a década de 1990.
“As provas que analisamos revelam que a Shell (…)
encarregava, frequentemente, o exército nigeriano para solucionar as graves
manifestações que criavam as comunidades”, denunciou Audrey Gaughran, a
diretora de Assuntos Internacionais da Anistia Internacional.
Fim definitivo
E prosseguiu Audrey: “Tudo está descrito detalhadamente. Por
intermédio de documentos confidenciais, fax, ofícios e relatórios dos próprios
executivos da Shell, revelam-se evidências da ‘contribuição’ da Shell e do
pleno conhecimento de sua diretoria dos terríveis crimes cometidos. Apenas em
um ataque das Forças Especiais Nigerianas, para que fosse ‘sufocada’ uma
pacífica reclamação dos moradores da aldeia Umuechem, foram assassinadas, a
sangue frio, 80 pessoas e incendiadas 595 casas. Os cadáveres de moradores
estraçalhados pelas explosões de granadas e os disparos de armas automáticas
foram lançados em um rio próximo”.
E finalizou: “Tudo isso porque os moradores da aldeia
protestavam contra a extração do petróleo que provocava contaminação das fontes
de água e do meio ambiente em geral. Os altos executivos da Shell
encontravam-se na Nigéria, e nos escritórios centrais da empresa, em Londres,
mantinham frequentes reuniões com o alto-comando da junta de ditadura e de
governos planejando o fim das manifestações de protesto no país.”
Enquanto mudam os governos na Nigéria, prosseguem as
manifestações populares contra a falta de medidas para higienização do ar e da
água dos rios e dos lagos, permanentemente contaminados, apesar das reclamações
oficiais da Anistia Internacional, tanto nos escritórios da Shell na Nigéria,
quanto nos escritórios centrais em Londres. Provavelmente, os altos executivos
da multinacional, tanto em Lagos, quanto em Abuja, conhecem os problemas
provocados, desrespeitando a população da Nigéria.
Mas e daí? Os problemas de contaminação do meio ambiente
deverão ser enfrentados pelas autoridades sanitárias do país, as quais, quando
procuradas pelos reclamantes cidadãos, prometem tomar as providências
necessárias, mas os problemas continuam provocados pela Royal Shell, pela
Chevron e pela Exxon Mobil.
África News Agency/Sucursal da África Ocidental da
Latino-americana de Notícias.
Do Monitor Mercantil/GGN