sexta-feira, 31 de maio de 2019

O PIBINHO DE PAULO GUEDES, POR LUIS NASSIF

Em pouco tempo, comandando o superministério que lhe foi conferido, Guedes conseguiu jogar fora até os 6 meses de bônus que acompanha todo início de governo.
O PIB do 1º trimestre é responsabilidade total de Paulo Guedes, o Ministro da Economia. Em pouco tempo, comandando o superministério que lhe foi conferido, Guedes conseguiu jogar fora até os 6 meses de bônus que acompanha todo início de governo.
Os dados divulgados pelo IBGE mostram uma queda de 0,5 ponto no PIB estimado do trimestre. Os setores que subiram têm pouca repercussão no PIB. Os que caíram, tem muita: indústria extrativa, de transformação e de construção.
O quadro é pior quando se compara com os dados do país pré-crise. Em relação ao 1º trimestre de 2014, há uma redução de 5% no PIB, 3,1% no consumo das famílias, 1,3% no consumo do governo e de trágicos 27,8% da Formação Bruta de Capital Fixo.
Entre as maiores quedas, há 31,4% na construção, 13,7% na indústria de transformação, 12,9% na indústria total.

Não há o menor sinal da vida da parte de Paulo Guedes, mesmo se estando a poucos meses de um apagão nas contas públicas – amarradas pela Lei do Teto.
Está semana, um grupo de empresários esteve com Carlos Costa, o preposto de Guedes para o que era o Ministério de Desenvolvimento, Investimento e Comércio Exterior. Pediram planos, novidades, alguma iniciativa visando estimular a indústria. A resposta foi que Guedes colocou toda a responsabilidade nas costas do Banco Central, e não quer nenhum subordinado interferindo no assunto.
O BC não toma nenhuma medida para destravar o mercado de crédito, para conter os spreads, que estão em alta, para limpar o nome dos milhões de consumidores jogados no limbo por uma crise sistêmica.
A gestão de política econômica, assim como de uma empresa, não pode se restringir à Tesouraria: a fixação exclusiva no déficit público. Guedes se comporta como o cirurgião que leu os livros sobre o corpo humano, mas só sabe utilizar antibióticos. Ante qualquer outra restrição trava e fica esperando a pneumonia – a frustração da reforma da Previdência – para recorrer aos antibióticos.
Há algumas decisões que exigem o enfrentamento dos próprios fantasmas, que seria o caso de gastos públicos em investimento, seja pela venda de parte das reservas ou pela autorização para uma aumento da dívida pública.
]Há os bancos públicos podendo estimular a oferta de crédito e a redução dos spreads bancários. Ou então, montar um programa nacional para resolver a questão da inadimplência e das restrições de crédito de pessoas físicas e jurídicas.
Mas Guedes não veio para resolver problemas, e sim para se esconder atrás de bordões ideológicos.
É incapaz de acelerar os programas de concessões, as PPPs, menos ainda  criar frentes de trabalho para contornar um desemprego desesperador.
As decisões de investimento não dependem apenas da maior ou menor rigidez fiscal de um país. Dependem de demanda, da confiança na estabilidade política e social, da crença na vocação de crescimento, nas redes de apoio aos desassistidos sabendo que, sem elas, haverá o crescimento exponencial da criminalidade, em um  país já dirigido por um aliado de organizações criminosas.
Mas não se exija de Guedes nenhum pensamento mais sofisticado sobre ambientes econômicos, políticos e sociais adequados para o desenvolvimento.
Em algum momento, cairá a ficha do próprio Bolsonaro sobre os riscos políticos provocados pela incapacidade abismal de Guedes de tomar qualquer atitude pro ativa.
GGN

quinta-feira, 30 de maio de 2019

XADREZ DOS PREPARATIVOS INICIAIS PARA 2022, POR LUIS NASSIF

Ao contrário dos contos de Cortazar, não será possível manter indefinidamente na sala o cadáver de um presidente pesadamente envolto com milícias.
Peça 1 – o governo Bolsonaro
Como tenho exposto aqui, as circunstâncias políticas atuais, de um presidente da República pesadamente envolvido com organizações criminosas, traz um grau de imprevisibilidade extrema. Ao contrário dos contos de Cortazar, não será possível manter indefinidamente na sala o cadáver de um presidente pesadamente envolto com milícias.
Além disso, o governo Bolsonaro se enredou em uma armadilha econômica ao conferir o poder absoluto da economia a um economista, Paulo Guedes, sem experiência nem conhecimento para tirar o país do atoleiro em que se meteu.
Os resultados do PIB do 1o trimestre, divulgados hoje,  são fruto direto da inoperância cia de Guedes, que não conseguiu sequer, aproveitar o bônus que sempre acompanha os primeiros meses de uma novo governo.
É incapaz de pensar qualquer ação coordenada, no super-ministério que recebeu para comandar. Escondeu-se atrás da bandeira única da reforma da Previdência, como se fosse questão de vida ou de morte. Não tem sequer uma estratégia adequada para escapar da armadilha da Lei do Teto.
A reforma da Previdência não vai acrescentar um centavo a mais na arrecadação. No máximo reduzirá os encargos futuros. Mas o governo continuará à míngua, contando apenas com a queima de estatais para se manter.Mesmo assim, há analistas que enxergam a possibilidade de Jair Bolsonaro ir até o fim de seu governo. E se ter eleições livres em 2022.
As apostas residem no papel que o Congresso tem assumido, de moderador dos abusos de Bolsonaro. As reformas sairão a conta-gotas com descontos variáveis.
Pelo sim, pelo não, as estratégias estão sendo montadas.
Peça 2 – os grupos políticos
Em princípio, há quatro grupos que entrarão no jogo em 2022
Grupo progressista- É o mais forte e o mais articulado. Junta PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB, governadores nordestinos, de Rui Costa e Flávio Dino a Renan Filho em Alagoas, entre outros. É a aliança que caminha melhor, sujeita a alguns tropeços na intemperança de Ciro Gomes. Mas há maturidade suficiente do grupo para minimizar seus arroubos em nome da unidade.
Os autênticos do PMDB e PSDB- o grupo de centro-esquerda que preservou as raízes históricas dos respectivos partidos e que hoje estão sendo expulso do PSDB por João Doria Jr e o PMDB pelo desmanche. Entram aí quadros históricos do PSDB, expoentes do velho PMDB, como o ex-senador Roberto Requiao e outros. Mas é um grupo desarticulado, sem uma liderança unificadora, depois que Marina Silva e Ciro Gomes aparentemente perderam o poder aglutinador. E João Dória Jr não os atrai.
Os liberais- entram aí os liberais clássicos, mais os anarquistas de mercado, como o Novo, MBL e outros. Não tem ainda muita expressão nem no Congresso nem nas ruas. E, por vezes, aceitam as estultices bolsonarianas em nome das bandeiras liberalizantes.
Lideranças- individualmente, só existem Lula e Bolsonaro, com perto de 20% dos votos e com poder de mobilização. As manifestações de domingo passado demonstraram que efetivamente Bolsonaro empoderou politicamente seus eleitores, abrindo campo para um segmento selvagem, que deixou de ser civilizado pelos partidos tradicionais e pelos movimentos sociais.
Peça 3 – juntando forças para 2022
Se Bolsonaro chegar inteiro até 2022, haverá a seguinte distribuição política.
O grupo mais liberal em tese teria dois cavalos para encilhar: Joao Dória Jr ou Luciano Huk. Dória definitivamente aposta na estratégia de bolsonarismo, apresentando-se como um bolsominion tão truculento quanto o original, mas que sabe comer com garfo e faca.
Será insuficiente. Não atrairá a direita civilizada, nem com a malta, que se identifica com o estilo coçando-o-saco-em-público de seu guru.
Daí a aposta maior em Luciano Huk. A avaliação de Fernando Henrique Cardoso é que, no quadro atual de redes sociais, a única alternativa é o personagem carismático, cinzelado no campo da mídia e das redes sociais. O clube dos bilionários trouxe paulo Hartung para ser o conselheiro de Huk e trabalha para prepará-lo para a arena de 2022.
Do lado progressista, o que se vislumbra é uma disputa entre o bolsonarismo e o lulismo. As alianças do 2o turno é que decidirão o jogo. Daí, a importância de buscar uma aproximação gradativa com o chamado centro democrático.
Mas há o fator Lula.
Peça 4 – o lulismo x antilulismo
Aí se entra na armadilha montada pela mídia contra o país: a estigmatização de Lula. Em qualquer democracia europeia, uma figura como Lula seria preservada por todos os lados, por se tratar de um ativo nacional, do político capaz de ser o coordenador ou o interlocutor dos grandes pactos nacionais.
Em uma democracia selvagem como a brasileira, esse ativo foi jogado fora, deixando o próprio Lula prisioneiro dessa armadilha. Ele ficou grande demais para participar do jogo, por falta de um interlocutor de sua dimensão política. E a correlação de forças atual o mantém como prisioneiro político. Mais que isso, o antilulismo como único elemento de agregação das forças do golpe.
Compreensivelmente, Lula luta para voltar ao jogo. Mas insiste em uma aposta perigosa, de atrasar sua própria sucessão.
E aí entra-se em um dilema moral, entre o direito de Lula de voltar ao jogo, o único político brasileiro com dimensão internacional, cuja prisão política é a mancha maior no atual estágio da democracia brasileira, e o realismo de, sem sair do jogo, recolher-se à posição de estrategista.
Daqui até 2022 essa aliança será cada vez mais relevante para redução de danos do país. 
GGN

POLÍTICA NA VEIA, AS IMPRESSÕES DO 30M IN LOCO, POR FERNANDO BRITO

O Tijolaço, por algumas horas e com o devido pedido de “licença” de véspera, deixou de acompanhar o notíciário das redes para que Fernando Brito o seu autor fizesse o que sempre fez na vida: estar na rua, ao lado das causas  da educação e da liberdade, sem o que nada do que escrevesse em seu Blog teria sentido.
Como não esteve na manifestação do dia 15, não pode dizer se foi maior, menor ou igual. Pode apenas dizer que havia gente para lotar a Cinelândia à Avenida Presidente Vargas, algo como 1,5 km de gente.
Muito maiores, claro, que os atos pró-Bolsonaro de domingo.
A mais forte impressão para quem participa de atos de protestos desde os anos 70: a juventude. A segunda, a forte natureza apartidária – embora não antipartidária – dos manifestantes. Claro, havia algumas bandeiras de partidos, mas não eram a tônica.
Entre os mais velhos que participaram do ato – a classe média de meia-idade, a maior beneficiária dos avanços vividos pela universidade pública, tinha presença pouco significante, uma pena – algo assombrava: a incredulidade de termos retrocedido tanto e termos, em última análise, um governo de energúmenos.
Várias vezes se ouvia que a ditadura que combatemos era, ao menos, menos escandalosamente burra que os sujeitos que estão no poder.
As ruas – já leio a cobertura do que houve em São Paulo e Belo Horizonte – não se esvaziaram.
A polarização, portanto, não vai cessar, só crescerá.
Ainda mais com a postura estúpida do Ministério da Educação, de pretender proibir a manifestação de professores, estudantes e até de pais de alunos.
Isso só vai aumentar a adesão ao movimento.
“Cala a boca” nunca deu certo, ainda mais com jovens.
Amanhã Brito volta a fazer análises. Hoje é o dia da emoção de ter cumprido o dever de defender aquilo que o fez ser o que é, dia de descansar a cabeça e de sentir que, tantos anos depois das primeiras batalhas que foram travadas estamos vivos, sãos e prontos para ser o que nunca deixamos de ser.
A propósito: Brito percorreu a manifestação ao lado dos seus companheiros de universidade de 42 anos atrás. Foram horas de juventude que não têm, de forma alguma, preço para quem se orgulha da vida longa que se viveu.
Tijolaço

quarta-feira, 29 de maio de 2019

150 LUGARES PARA LUTAR PELA EDUCAÇÃO, POR FERNANDO BRITO

Publico, por ser de interesse de todos – e não apenas dos estudantes que estão se mobilizando – as 150 cidades, por todo o Brasil, onde já tinham sido confirmadas ontem a realização de atos em defesa da Educação.
Mas não é só nelas: haverá atos também no exterior. Nos EUA, três (BostonNova YorkLos Angeles e também uma videomobilização na Flórida. Em Portugal, em Lisboa e Coimbra; na Holanda, em Amsterdam, em Dublin, na Irlanda, na Suíça, em Genebra e até no pequeno Luxemburgo.
Veja abaixo os locais e horários das manifestações em todo o Brasil.
SUL
Caxias do Sul (RS) Praça Dante Alighieri 17h30 (https://www.facebook.com/events/2298214550429517/)
Porto Alegre (RS) Esquina Democrática 18h (https://www.facebook.com/events/392259398038989/)
Santa Maria (RS) Praça Saldanha Marinho 17h
Viamão (RS) CalçadãoTapir Rocha 13h (https://www.facebook.com/events/2286377418310709)
Bento Gonçalves (RS) IFRS – Campus Farroupilha 13h30 (https://www.facebook.com/events/341960863384954/?active_tab=about)
Lageado (RS) Em frente a Caixa Econômica Federal 10h (https://www.facebook.com/events/2061377833987695/?ti=as)
Torres (RS) Praça XV de Novembro 15h (https://www.facebook.com/events/319583988712132/)
Rio Grande (RS) Largo Dr Pio 17h30
Joinville (SC) Praça da Bandeira 15h
Chapecó (SC) Praça Coronel Bertaso 18h (https://www.facebook.com/events/461725837931894/?ti=icl)
Florianópolis (SC) Praça XV de Novembro 15h
Rio do Sul (SC) IFC 19h
Curitiba (PR) Praça Santos Antrade 18h (https://www.facebook.com/events/611119619389683/)
Maringá (PR) UEM 17h
Londrina (PR) Calçadão do centro 16h
Foz do Iguaçu (PR) TTU – Terminal de Transporte Urbano de Foz do Iguaçu 15h (https://m.facebook.com/events/572583919897194/?ti=wa)
SUDESTE
São Paulo (SP) Largo da Batata 17h (https://www.facebook.com/events/2425750947706729/)
Piracicaba (SP) Praça José Bonifácio 17h (https://www.facebook.com/events/437480163720226/)
Avaré (SP) Largo São João 18h
Santo André (SP) E.E Americano Brasiliense 12h
Sorocaba (SP) Praça Cel Fernando Prestes 13h (https://www.facebook.com/events/321635161828501/)
Caçapava (SP) Praça da bandeira 9h
Santos (SP) Estação Cidadania- Ana Costa – 340 18h
Taubaté (SP) Praça Sta Teresinha 17h
São José do Rio Preto (SP) Em frente à Câmara Municipal 18h30
Ubatuba (SP) Calçadão centro da cidade 17h
Botucatu (SP) Praça da catedral metropolina 17h (https://www.facebook.com/events/284824935606884/)
Ribeirão Preto (SP) Em frente ao Teatro D. Pedro 15h (htt0,0ps://m.facebook.com/events/327733881252538/?ti=wa)
São Carlos (SP) Praça Coronel Salles 9h
Campinas (SP) Largo do Rosário 17h (https://www.facebook.com/events/696976510759870/?ti=cl)
São José dos Campos (SP) Praça Afonso Pena 16h
Belo Horizonte (MG) Praça Afonso Arinos 17h (https://www.facebook.com/events/678014102637522)
Montes Claros (MG) Praça Dr. Carlos 15h
Sete Lagoas (MG) Av. Antônio Olinto 16h30
Uberlândia (MG) Praça do J – UFU 15h (https://www.facebook.com/events/2259407720992829/)
Itabirito (MG) Praça 1º de Maio 9h
Ouro Preto (MG) Concentração na portaria da UFOP 14h
Mariana (MG) Concentração terminal turistico 15h
Vitória (ES) Teatro da UFES 16h30
Petrópolis (RJ) Praça Dom Pedro 17h
Volta Redonda (RJ) Praça Juarez Antunes 17h
Nova Friburgo (RJ) Praça Demerval Barbosa 17h
CENTRO-OESTE
Goiânia (GO) Praça Universitária 15h
Céres (GO) Parque Curumin 8h
Brasília (DF) Museu Nacional 10h (https://www.facebook.com/events/283860272496429/)
Cuiabá (MT) Praça Alencastro 14h
Tangará da Serra (MT) Em frente a UNEMAT 8h
Campo Grande (MS) Praça Ary Coelho 15h
NORTE
Palmas (TO) UFT 18h
Belém (PA) Praça da República 16h (https://www.facebook.com/events/294062414878238/)
Bragança (PA) Praça das Bandeiras 16h
Altamira (PA) UFPA – Campus 1 16h30
Santarém (PA) Praça da Matriz 17h
Marabá (PA) Em frente à UNIFESSPA Campus I 7h30
Tucurí (PA) Praça do Rotery 8h
Castanhal (PA) Praça Matriz 16h (https://m.facebook.com/events/607954049695381/?ti=wa)
Macapá (AP) Praça da Bandeira 15h
Laranjal do Jari (AP) Praça Central 17h
Boa Vista (RR) Centro Cívico 16h
Manaus (AM) Praça da Saudade 15h (https://www.facebook.com/events/2239254829661109/)
Porto Velho (RO) Unir centro 16h
Rio Branco (AC) Praça da Revolução 11h
NORDESTE
São Luis (MA) Praça Deodoro 15h (https://www.facebook.com/events/360650647767439/)
Bacabal (MA) Praça Silva Neta 16h30
Pinheiro (MA) Praça do centenário 15h UFMA
Timon (MA) Praça São José 7h
Teresina (PI) Praça da liberdade 8h
Picos (PI) Praça Felix Pacheco 7h
Fortaleza (CE) Praça da Gentilândia 14h (https://www.facebook.com/events/613004579207564/)
Barbalha (CE) Parque da Barbalha 8h
Sobral (CE) IFCE – Campus Sobral 18h30
Limoeiro do Norte (CE) IFCE- Campus Limoeiro do Norte 7h30
Aracape (CE) Praça Matriz 14h DCE Unilab
Tabuleiro do Norte (CE) Praça da Matriz 7h30
Natal (RN) Praça Cívica 15h (https://www.facebook.com/events/335740263810833/)
São Miguel (RN) Rua Dr José Torquarto (em frente ao BB) 17h (https://www.facebook.com/events/2170064783042533/)
Currais Novos (RN) Praça Tetê Salustiano 16h
Campina Grande (PB) Praça da bandeira 13h (https://m.facebook.com/events/453737722027676/?ti=wa)
João Pessoa (PB) CCHLA / UFPB 15h (https://m.facebook.com/events/453737722027676/?ti=wa)
Guarabira (PB) Praça Lima e Moura 15h
Aracaju (SE) Praça General Valadão 15h Claudiney
Maceió (AL) Praça do centenário 13h Pedro
Arapiraca (AL) Bosque das Arapiracas 9h
Salvador (BA) Praça do Campo Grande 10h (https://www.facebook.com/events/2298692520346814/)
Paulo Afonso (BA) Praça da Tribuna 17h30
Irecê (BA) Em frente ao banco do Brasil (centro) 8h
Jequié (BA) Em frente a câmara dos vereadores 15h
Serrinha (BA) Praça Luis Nogueira 7h30
Feira de Santana (BA) Praça Tiradentes 08h30
Valente (BA) Praça do Forrodrómo 8h30
Juazeiro (BA) Em frente ao INSS 15h
Caruaru (PE) Grande hotel 8h (https://web.facebook.com/events/899001680445302/)
Vitoria de Santo Antão (PE) Próximo ao CAV 13h
Araripina (PE) Praça da Igreja Matriz 8h
Guaranhuns (PE) Praça Colunata 10h
Petrolina (PE) Praça do Bambuzinho 15h
Surubim (PE) Pátio da Usina 8h
Do Tijolaço

terça-feira, 28 de maio de 2019

CIRO GOMES VIRA “MINION” DE SI MESMO, POR FERNANDO BRITO

Dias atrás, ao comentar a visita de Carlos Lupi, presidente do PDT, a Lula, em Curitiba, disse que esta era a visita que deveria ter sido feita por Ciro Gomes.
Tenho certeza que, a esta altura da crise nacional, Lula teria visitado Ciro, se pudesse. Não pode porque, como grosseiramente disse o irmão Cid Gomes, “está preso, ô babaca”.
Hoje, Ciro Gomes fez a demonstração do quanto está correto o que disse e que evitei polemizar com aqueles companheiros que, com sinceridade, embora com razões menores, defendiam sua omissão.
Ciro, permita que desde a minha humildade eu te diga: política não é a arte de guardar rancores e frustrações.
Se fosse, Brizola jamais o teria apoiado depois do que você disse dele, em 1993, como estampa esta manchete de O Globo. Quem me chamou a atenção para ela foi um companheiro de três décadas, do qual quase sempre divergi e com o qual isso jamais foi razão para romper a amizade e o respeito pessoal e político.
Ninguém me contou: eu ouvi o apelo de Brizola a que você desistisse em favor de Lula em 2002 e soube de sua irada reação.
Lupi, com quem tive as maiores divergências e a quem dirigi o meu pedido de desligamento do PDT, depois de mais de 20 anos de militância política, merece o meu respeito: como ex-ministro e integrante do governo de Lula, como você foi, não poderia ter deixado de emprestar sua solidariedade pessoal a Lula, ainda que convidado a visitá-lo.
Agiu como um homem de bem, e você não.
O que você espera ganhar com isso, os ex-bolsonaristas que ainda acham que ele foi um “mal menor” frente ao mais reconhecido presidente da história recente do país?
Você a negaria a visita a um homem submetido à injustiça e ao martírio, como confessa, mesmo que houvesse um convite.
Tomara que não tenha havido.
Seria imerecido.
Do Tijolaço

domingo, 26 de maio de 2019

COM PAUTAS DIFUSAS E AUTORITÁRIAS, ATOS PRÓ-BOLSONARO SÃO MENORES QUE O PROMETIDO

Convocatória falava em "parar o Brasil" com atos "do Oiapoque ao Chuí"; números são inferiores aos do 15M, pela educação.
Manifestantes pressionaram o STF e o Congresso e pediram aprovação da reforma da Previdência e do pacote "anticrime" de Sergio Moro / Nelson Almeida / AFP
Com pautas difusas e tons de autoritarismo, manifestantes pró-Bolsonaro (PSL) se reuniram em cerca de 130 cidades do país neste domingo (26) para demonstrar apoio ao presidente da República. Embora a convocatória nas redes sociais falasse em "parar o Brasil" com atos "do Oiapoque ao Chuí", os números foram inferiores à greve nacional do último dia 15 em defesa da educação pública, que mobilizou 152 municípios. 
Grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem pra Rua, que lideraram as manifestações pelo golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) e ajudaram a eleger Bolsonaro nas ruas, não compareceram aos protestos deste domingo. Eles reuniram setores com pautas mais conservadoras, como o Direita São Paulo, Revoltados Online e o Clube Militar. Entre as demandas apresentadas na rua, estão a aprovação da reforma da Previdência e do pacote "anticrime" do ministro Sergio Moro. As palavras de ordem mais agressivas eram direcionadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao chamado "Centrão", ala que reúne partidos de centro-direita no Congresso Nacional.
Ao todo, houve manifestações em 22 estados e no Distrito Federal (DF) – os protestos contra os cortes na educação, no dia 15, ocuparam as ruas de todos os 26 estados brasileiros e mobilizaram mais de um milhão de pessoas.
Segundo os manifestantes, o governo não sofre de inaptidão e ineficiência. Para eles, Bolsonaro não consegue reverter a crise econômica e institucional porque não há harmonia entre os poderes, que impossibilitam a efetivação dos planos do presidente e sua equipe ministerial. Aos gritos de "mito", os apoiadores do presidente criticaram o vice, Hamilton Mourão, e enalteceram Olavo de Carvalho, considerado o "guru do bolsonarismo".
Os atos aconteceram em algumas das maiores cidades do país desde as 10 horas da manhã. Em Brasília (DF), se reuniram 10 mil manifestantes, segundo a Polícia Militar (PM). Em Belém (PA), foram três mil. Em Belo Horizonte (MG) e no Rio de Janeiro (RJ), não foi divulgada uma estimativa oficial de público.
Em São Paulo (SP), Recife (PE), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR), os atos começaram à tarde, a partir das 14 horas. A Avenida Paulista, na cidade mais populosa do Brasil, recebeu o maior protesto do dia.
Brasil de Fato

sexta-feira, 24 de maio de 2019

XADREZ DA ESCOLHA DE SOFIA, IMPEACHMENT OU NÃO IMPEACHMENT, POR LUIS NASSIF

A grande vantagem da oposição é que a queda de Bolsonaro depende muito mais dele, Bolsonaro, do que dela, oposição.
Peça 1 – impeachment, teoria e realidade
Em meu longo trajeto no jornalismo econômico, aprendi uma verdade comprovada: no campo das ciências sociais (dentre as quais se inclui a política) só existe teoria aplicada à realidade. Não existe a teoria solta no ar, como um passarinho. Vale para a economia, a política, o direito.
Um dos grandes dramas brasileiros que impediu, aliás, que o país deslanchasse no período das grandes transformações globais, dos anos 90 em diante, foi a teoria econômica se impondo sobre a realidade.
Digo isso a respeito das discussões sobre o impeachment ou não de Bolsonaro.
Parte dos cientistas sociais diz que um novo impeachment consolidaria a ideia do golpismo no país. Foi o golpismo que trouxe para a política os vultos que habitavam as profundezas do tecido social, instaurou a selvageria, a quebra total de regras. Logo, a melhor maneira de sanar o mal é não mexer na ferida, esperar que se cicatrize pelo voto e que, nas próximas eleições, o eleitorado reconheça o erro e traga o país de volta à normalidade, em um fenômeno que poderia ser denominado de fé na mão invisível da democracia.
Fernando Collor foi vítima do golpe do impeachment. Lula foi vítima do golpe do “mensalão”. Dilma, vítima do golpe das “pedaladas”. No dia em que ouvi o Ministro Luis Roberto Barroso alegar que o fato de ter perdido a base parlamentar justificava, por si, o impeachment percebi que o golpismo se espalhara por todos os poros do Judiciário.
Agora se volta ao dilema do impeachment e a análise exige que se traga a realidade para a mesa: Bolsonaro é um presidente pesadamente envolvido com o crime organizado, com os militares egressos dos porões da ditadura, que enveredaram pelo mundo do crime. Não se trata de um detalhe, mas de uma questão central.
Vamos detalhar um pouco o universo habitado por Bolsonaro.
Peça 2 – o exército das profundezas
Não se pense em velhos matadores aposentados. O grupo continua em plena atividade. Eram militares de baixa patente que foram convocados pelo Alto Comando do regime militar para compor forças de extermínio. Em seus livros, Elio Gaspari conta que o próprio Ernesto Geisel avalizava suas ações.
Foram para a linha de frente, com a ordem de exterminar os inimigos.
Quando veio a redemocratização, parte deles foi recompensada pelos serviços prestados e para garantir seu silêncio. Foi o caso do Major Curió, que recebeu áreas de garimpo em Serra Pelada. Parte se perdeu pelos desvãos da vida, levando para sempre os traumas provocados pela selvageria da repressão.
Procuradores envolvidos com a justiça de transição aprenderam que, no final da vida, muitos torturadores sentem necessidade de falar. Vamos a três casos que mostram a maneira como a “tigrada” ainda atua.
Caso Paulo Manhães
Paulo Manhães foi na Comissão Nacional da Verdade (CNV) e deu depoimentos importantes que ajudaram a esclarecer algumas das mortes da ditadura. Logo depois, foi assassinado. No dia seguinte ao do anúncio da sua morte, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro pediu busca e apreensão em sua casa. Chegaram até um diário que ajudou a desvendar o atentado do Rio Centro, comprovando que o carro utilizado no atentado era de um dos militares dos porões.
O assassinato de Manhães, não foi interpretado como queima de arquivo – pois já tinha denunciado o que sabia -, mas como aviso.
Caso Cláudio Guerra
Cláudio Guerra virou pastor, se converteu à Igreja Evangélica e começou a falar. Pouco depois da morte de Manhães, divulgou a informação de que os mortos na Casa da Morte, em Petrópolis, foram queimados nas usinas de açúcar de Campos. A Comissão Nacional da Verdade foi até lá e nada encontrou.
Deu depoimentos, foi protagonista do filme “O Pastor que Assassinava e Queimava Corpos”. Não se sabe se era uma verdade que vinha a conta gotas ou se era contra informação.
Logo depois, sua mulher foi assassinada, assim como o filho. E os homicídios foram atribuídos a ele. Por ter mais de 70 anos e estar doente, conseguiu transformar a pena em prisão domiciliar. Foi punido, mas não pelos crimes da ditadura. Provavelmente, foi vítima de uma armação.
Caso Chico Dólar
Chico Dólar escreveu livro Macaba, nome de uma serra do Araguaia. Contava histórias macabras, como a exigência dos oficiais de que a morte dos guerrilheiros fosse comprovada com a entrega das suas cabeças e dedos – para reconhecimento pelas impressões digitais e não identificação dos corpos. Depois, alguns dos “tigrões” faziam colar com os dedos decepados dos guerrilheiros mortos.
No livro, ele cita mais de 200 colegas que participaram desse movimento e, hoje em dia, querem anistia. Chico acreditava piamente que fez um trabalho relevante para a República e, assim como os colegas, ficou com distúrbios emocionais pelo resto da vida.
Logo depois apareceu morto. A alegação foi de suicídio, em um caso raríssimo de suicida com tiro na testa.
Os três casos comprovam que as forças dos porões estão vivas, ativas. Parte delas migrou para as milícias, assim como os delegados que se tornaram bicheiros nos anos 70. É nesse ecossistema que se deu a formação de de Jair Bolsonaro. Portanto, está corretíssimo Janio de Freitas ao ver a ligação permanente de Bolsonaro com a morte.
Peça 3 – o caso Marielle Franco e Bolsonaro
Já publicamos diversos artigos mostrando o envolvimento dos Bolsonaro com as milícias, especialmente aquelas ligadas à morte da vereadora Marielle Franco.
Há uma hipótese de investigação que sugere envolvimento direto de Bolsonaro, a partir das seguintes evidências:
Quando começou a abertura política, a “tigrada” planejou o atentado do Riocentro dentro de uma lógica de disfarce: a idéia seria atribuir o atentado à esquerda.
Bolsonaro se mostrou vivamente contrário à intervenção militar no Rio de Janeiro. Provavelmente por atrapalhar as ligações históricas das milícias com as forças policiais.
Ronie Lessa, o assassino de Marielle, pesquisou pelo Google nomes de vários vereadores que se colocaram contra a intervenção. Marielle era o nome em mais evidência, por ter sido indicada para presidir uma comissão incumbida de fiscalizar a intervenção. Há elementos para uma tática diversionista, de atribuir o atentado aos defensores da intervenção militar.
O principal acusado, além de comerciante de armas era vizinho de condomínio do próprio Bolsonaro. O motorista que o levou era ligado a Flávio Bolsonaro. Outro integrante do Escritório do Crime – grupo de matadores profissionais das milícias – , capitão Adriano Magalhães, teve mãe e esposa empregadas por Flávio Bolsonaro.
Peça 4 – Bolsonaro e o golpe
Há inúmeras manifestações dos Bolsonaro, pai e filhos, sobre a importância de armar a população para resistir ao Estado. A liberação das armas foi um movimento nítido de fortalecimento da economia das milícias – que têm no tráfico de armas seu principal negócio – e de armar grupos aliados para uma futura resistência a qualquer tentativa de impeachment.
Abordamos várias vezes essa possibilidade.
Peça 5 – Cenários: Bolsonaro ou Mourão
Não se tenha dúvidas sobre os propósitos democrático do vice-presidente, general Hamilton Mourão: decididamente, ele não é um defensor da democracia como sistema de governo. Ele é da linha do general Augusto Heleno. Este é intelectualmente medíocre, assustadoramente medíocre, diria. Mourão, não.
Não são pequenos os riscos de um futuro governo Mourão. Ele avançaria, com estratégia, empunhando quase todas as bandeiras defendidas por Bolsonaro.
Há poucas evidências de que tenha um projeto de nação na cabeça, que trabalhe o conceito de interesse nacional, que impeça os negócios que estão sendo montados pelos negocistas que aproveitaram a onda Bolsonaro.
Mas impediria o desmonte total perpetrado pelo hospício que Bolsonaro levou ao governo, dos quais os principais são o desmonte da Eletrobrás e da Petrobras, da diplomacia, do sistema de meio ambiente, da Anvisa, da educação. Principalmente, barraria o controle do país pelas milícias.
Trata-se de uma autêntica “escolha de Sofia”:
Cenário 1 – a manutenção de Bolsonaro, que prosseguiria em sua política de terra arrasada até o final do governo, tentando armar suas milícias particulares e tentar o auto-golpe. A esperança da oposição é que, ao final dos quatro anos, o governo estaria tão desmoralizado que abriria espaço para o grande pacto nacional em torno de eleições livres e diretas. Não há condições de avaliar o tamanho do estrago produzido até lá. Os hunos de Bolsonaro destroem e salgam a terra.
Cenário 2 – impeachment e governo com Hamilton Mourão. Haveria racionalidade e lógica na estratégia implementada. No final do governo, o país estaria menos destruído, mas também seriam reduzidas as possibilidades do sistema de abrir espaço para eleições livre.
Cenário 3 – queda do governo e novo governo mediado pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia. Aí, se trata do imponderável. Antes de apostar no fator Mourão, dificilmente o sistema aceitaria a hipótese Rodrigo Maia.
Confesso minha total incapacidade para apontar o melhor caminho. Não tenho a menor pretensão a demiurgo.
A saída se dará por pequenos solavancos, pequenas aproximações entre o lado civilizado da Nação, até que haja massa crítica para, em algum momento do futuro, se chegar ao grande pacto civilizatório nacional.
Quanto tempo levará? Sou um mero jogador de xadrez, não uma pitonisa. Limito-me a olhar as nuvens e tentar prever sua próxima formação. Sem me descuidar do fato de que o chefe da polícia, Sérgio Moro, e a chefe dos procuradores, Raquel Dodge, são os principais avalistas do chefe das milícias na Presidência.
A grande vantagem da oposição é que a queda de Bolsonaro depende muito mais dele, Bolsonaro, do que dela, oposição.
Do GGN

A DEMOCRACIA ESTÁ EM PROCESSO DE DESTRUIÇÃO, POR FERNANDO BRITO

O processo autoritário que começou com a judicialização da política e virou a politização da justiça (veja só como decisões impactantes sobre bloqueios de contas de partidos e políticos saiu hoje, antevéspera dos atos dos bolsolavajatistas) também vai produzindo seus danos em outras áreas: a ocupação do governo por ex-dirigentes das Forças Armadas está levando à perigosa simbiose entre  os militares e o governo.
Primeiro foi o Clube Militar, sempre reacionário instrumento político do Exército, através de seus altos oficiais reformados. Agora, juntaram-se como patrocinadores dos atos de domingo o Clube Naval e o Clube da Aeronáutica.
Não é um apoio pessoal de militares reformados, que têm todo o direito de se posicionarem como quiserem na política: são instituições que têm de representar todos os oficiais da reserva.
Não se tem notícia de uma linha sequer de ponderação sobre os pesados cortes orçamentários sofridos pelas três Armas, não há ao menos um murmúrio de preocupação com a entrega de nossa tecnologia de defesa aérea, nenhum sinal de preocupação com que faltem recursos para manter os quartéis, mas há a mistura perigosa da “Lava Jato” e da reforma da Previdência (que, aliás, não os atinge) como se fossem “manifestações cívicas e patrióticas” que devam patrocinar.
Cívicas como Olavo de Carvalho, que enxovalhou seus oficiais generais e com quem, agora, vão confraternizar com faixas e tapinhas nas costas? Patriótica como o sabujismo que presta continências à bandeira americana assim que vê uma?
Não importa que as falanges que se organizam sejam minoritárias e verdadeiros zoos ideológicos. Velhos generais, do alto de suas confortáveis reformas, não hesitam em unir-se a pitbulls fanáticos.
Do tijolaço