Fábio Yonamine disse que reforma no triplex foi paga
pela OAS "só com recursos lícitos", sem nenhuma conexão com
Petrobras, contrariando denúncia da Lava Jato.
A Lava Jato colheu mais um depoimento
de empresário que contraria o testemunho de Léo Pinheiro no caso triplex. Fabio
Yonamine, ex-diretor-financeiro e presidente da OAS Empreendimentos, disse em
depoimento ao juiz Sergio Moro, na terça (26), que Pinheiro nunca afirmou que
Lula tinha um apartamento "reservado" no Condomínio Solaris, no
Guarujá.
Por outro lado, o executivo admitiu que a reforma no
triplex foi feita a pedido de Pinheiro, com o objetivo de "deixar a
unidade mais bonita" para venda ao petista.
"Doutor Léo nunca me disse que tinha uma
unidade reservada para o ex-presidente", disse Yonamine nos minutos finais
de seu depoimento a Moro, que durou cerca de duas horas. Segundo o executivo, o
apartamento 164-A era, no seu entendimento, um "estoque" da OAS,
"não era uma unidade reservada para Lula". "Não posso dizer se
estava à venda ou não", acrescentou.
Um dos argumentos da Lava Jato para acusar Lula de
ser o proprietário oculto do triplex é o fato de a unidade - que recebeu
aprimoramentos que custaram em torno de R$ 1,2 milhão - não ter sido vendida
ainda. Outros dirigentes da OAS já afirmaram a procuradores da Lava Jato que o
imóvel, que sempre esteve em nome da OAS e consta como ativo da empresa,
poderia ser "vendido a qualquer cliente", inclusive a Lula.
Já em seu depoimento a Moro, Pinheiro disse que foi
"orientado" por Vaccari a não colocar o apartamento à venda porque
Lula e sua família tinham interesse no imóvel. Ainda de acordo com Pinheiro, a
OAS não ficaria no prejuízo porque os investimentos feitos no triplex poderiam
ser abatidos de uma conta virtual que a construtora mantinha com o PT, chamada
de "caixa geral".
Yonamine
disse que recebeu de Pinheiro um pedido para "decorar" o apartamento,
para "deixar mais bonito" com o intuito de vender ao ex-presidente
Lula. Quem tocou o projeto com detalhes, porém, foi a equipe da OAS
Empreendimentos em São Paulo, liderada por Roberto Moreira. Como informou o
GGN, Moreira já disse à procuradores da Lava Jato que o triplex não havia sido
"destinado" oficialmente a Lula, apesar da personalização da unidade.
Segundo
Yonamine, o apartamento ficou pronto às vésperas da prisão de Léo Pinheiro na
Lava Jato. Por isso, ninguém procurou Lula e dona Marisa Letícia para saber o
que o casal pretendia fazer com a unidade. "Nunca fui atrás nem mandei
ninguém atrás", comentou.
Ainda de
acordo com Yonamine, 100% dos recursos empregados na construção e reforma do
triplex eram da OAS Empreendimento, e "só têm recursos legais". Todos
os pagamentos eram feitos com recebimento de nota fiscal, pagamento de tributos
e prestação de contas, informou. Além disso, ao contrário do que suspeita a
Lava Jato, a OAS Empreendimentos nunca teve qualquer relação com a Petrobras.
Segundo o
executivo, o apartamento 164-A era, no seu entendimento, um "estoque"
da OAS, "não era uma unidade reservada para Lula". "Não posso
dizer se estava à venda ou não", acrescentou.
Do GGN