O
ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, insinuou que o
colega Gilmar Mendes queira anular a delação da JBS, que atinge diretamente
Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).
"Todo
mundo sabe o que se quer fazer lá na frente. Eu não quero", disse Barroso,
irritado, durante a sessão desta quinta-feira 22.
O
Supremo dá sequência nesta tarde ao julgamento sobre os limites de atuação do
relator na homologação de acordos de delação premiada celebrados com o
Ministério Público, como o da JBS.
Barroso
já havia votado para manter o ministro Luis Edson Fachin como relator
responsável pela homologação das delações e para que não haja revisão ou
interferência nas regras atuais.
A
declaração foi feita num embate com Gilmar, que discordava de seu ponto de
vista sobre revisão de benefícios dos colaboradores.
"O colaborador não tem culpa, seguiu autoridade pública", opinou
Barroso. Gilmar questionou: "Essa questão não vai poder ser analisada pelo
relator?".
"Como
prova sim, não para validade da colaboração", respondeu
Barroso. "Essa questão vai ter que ser posta", insistiu Gilmar,
que pediu respeito ao "voto dos outros" e solicitou a Barroso para
"deixar os outros votarem".
Barroso
disse que "em consideração à reflexão de vossa excelência, eu trouxe a
minha. Agora não pode ser 'ah, acho que vou perder então vou embora'. Não.
Estamos discutindo".
Na
primeira sessão do julgamento, nesta quarta-feira 21, Gilmar já havia entrado em ação para questionar as delações
e, com isso, salvar Temer. Ele questionou ontem se acordos de delação
"flagrantemente ilegais" podem ser homologados, seja monocraticamente,
seja pelo plenário.
Hoje,
ele voltou a tocar no assunto, quando lembrou que a Folha de S.Paulo apontou
que a conversa entre o empresário Joesley Batista e Temer já havia sido
combinada.
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