segunda-feira, 31 de maio de 2021

É ISSO O QUE BOLSONARO CHAMA DE ‘SEU’ EXÉRCITO, A TROPA DE CHOQUE DAS POLÍCIAS, POR FERNANDO BRITO

A fuzilaria disparada pela tropa de choque da PM pernambucana, depois desautorizada pelo governador do Estado, Paulo Câmara, teve todas as características de uma ação planejada por comandantes, não apenas uma agressão que tenha acontecido no “entrevero” entre policiais e manifestantes.

As imagens que têm sido mostradas pela televisão mostram que a barreira policial foi colocada adiante da marcha dos manifestantes para, sem razão, esperar que ela se aproximasse para desfechar, repetidamente, salvas de disparos de bombas de efeito moral e balas de borracha, enquanto avançavam, em formação, contra os “inimigos”.

Foi, portanto, uma ação comandada e, ainda pior, uma ação planejada, com o objetivo de produzir uma visão do que “deve” ser feito contra o que serão, assim que reflua a pandemia, uma maré de manifestações contrárias ao governo.

Como é frequente neste tipo de ação, aconteceram “danos colaterais” que expuseram politicamente a trama. As duas pessoas que perderam o olho por disparos policiais, à queima-roupa quase que certamente não estavam nos planos dos comandantes da PM pernambucana – se é que foi só em Pernambuco que se planejou a repressão – e foram típicos dos transbordamentos que acontecem quando se lança a polícia para atacar e não para proteger.

A demorada e tímida reação do governador pernambucano é um demonstrativo do medo que têm os governantes da reação das polícias que só formalmente comandam. Há vários antecedentes, com os motins policiais no Ceará e na Bahia, os quais mostram que, mesmo eventualmente tendo a moderação de alguns oficiais PM, a oficialidade e a tropa estão tomando o freio nos dentes e estabelecendo, à revelia de tudo, a formação de um ambiente repressivo e autoritário, onde o direito de manifestação pertence, exclusivamente, aos apoiadores do presidente.

Nada surpreendente, quando se tem o próprio Comandante do Exército emparedado, sem poder decretar a punição devida a um general que quebra regulamentos e hierarquia militares.

A corrupção das cadeias de comando leva, inevitavelmente, a que chefias menores, mas dispondo de tropa e força letal, mostra que a covardia em adotar titudes duras leva a tragédias como a de Recife, onde formações militares são lançadas sobre civis desarmados e pacíficos, naquela valentia própria dos covardes.

Será algo assim que Bolsonaro chama de “seu exército”?

Parece que sim.

Tijolaço.

SILÊNCIO DA MÍDIA É O GRITO AGÔNICO DA ‘3ª VIA’ QUE NÃO VINGA, POR FERNANDO BRITO

Escrevi, mais cedo, que as manifestações de rua de ontem tiveram um papel importantíssimo: o de que a oposição pudesse, para além das pesquisas e das suas percepções, onde se sentir-se viva e forte.

Os jornais, entretanto, na imensa maioria, fizeram coberturas e chamadas criminosamente minguadas, exceção à Folha. Estadão e Globo apelaram vergonhosamente para o que a gente, no jargão profissional, chamava de “matéria de gaveta” (aquela que pode ficar algum tempo guardada, para os dias de “vacas magras” do noticiário) para fazer as manchetes deste domingo.

N’O Globo, uma suposta “enxurrada de dólares” em investimentos, atrás de uma recuperação econômica que não existe; o jornalão paulista, ainda pior, sobre o “home office” e um paraíso da agricultura orgânica, que tanto faria estarem hoje na capa como amanhã ou depois, no feriado sem notícias quentes.

Foram, como disse a jornalista Eliane Brum, “uma mentira”, “uma traição a todos os princípios do jornalismo”.

Até a ex-tucanérrima Vera Magalhães, em O Globo, diz que “não é possível ignorar que as manifestações ocorreram e, ao menos na praça mais emblemática de atos políticos nas últimas décadas, a avenida Paulista, no coração de São Paulo, ela foi robusta, não ficou restrita aos partidos de esquerda e mostrou a existência de uma oposição vigorosa, disposta a desafiar até as recomendações sanitárias que continuam em vigor, para expressar sua indignação e o sentimento de que uma boa parcela da sociedade não aceitará mais que o presidente siga tentando ocupar sozinho o espaço público, quase sempre zombando da pandemia”.

43 anos depois de ter começado a trabalhar numa redação de jornal, seria hipocrisia dizer que possa me surpreender com isso.

Os grandes jornais não agem assim para proteger Bolsonaro, que nem mesmo em 2018 podia ser abertamente assumido e que, agora, tem de ser, com a mesma insinceridade, combatido.

Luís Eduardo Soares, no GGN, responde que “a finalidade do embuste estampado sem pudor, nas manchetes de hoje” não é “abraçar-se ao cadáver adiado do fascismo brasileiro” , mas “o comando do processo de transição para o pós-Bolsonaro”.

Agem para dissimular, esconder, ocultar o fato de que é em torno de forças de esquerda que a oposição a Bolsonaro está nucleada e que a candidatura de Lula é a sua expressão, e que o ex-presidente está posto – e se põe – como centro de gravidade desta maré que se levanta pela retomada do desejo brasileiro de justiça social, desenvolvimento e democracia.

Nutrem, faz tempo, a obsessão da 3a. via, que teima em não surgir, por uma simples razão: não há projeto de direita viável para o Brasil e aquele que possuem nem por Bolsonaro pôde ser executado sem a mais explícita adesão ao autoritarismo e à brutalidade.

Portanto, o mais importante nas comparações que circulam nas redes com o que se fez nas “diretas-já”, embora possam ser ainda distantes como uma semelhança total, em algo são absolutamente claras, desde Washington Luís: fazer a mudança antes que o povo a faça, para que tudo continue como está.

Nunca deu certo e não dará agora.

Tijolaço.

domingo, 30 de maio de 2021

PAZUELO, O QUE NÃO QUER ADVERTÊNCIA, PUNIA COM HUMILHAÇÃO SEUS COMANDADOS, POR FERNANDO BRITO

O Estadão colocou com destaque na grande mídia uma história que, até aqui, estava apenas nas redes e nos tribunais militares e numa menção ao fato em coluna de Ruy Castro, na Folha.

É a punição imposta por Eduardo Pazuello, quando era comandante do Depósito Central de Munições do Exército, em Paracambi, Rio de Janeiro, ao soldado Carlos Vítor de Souza Chagas.

Pazuello, então tenente-coronel, não gostou de como o animal que puxava uma carroça estava sendo tangido – depressa demais – por Chagas e outro soldado. Mandou-os parar, destrelar o equino e, em seu lugar, colocar os arreios em Chagas, então com 19 anos.

E o fez puxar a carroça, diante de todos e embaixo das gargalhadas de deboche da guarnição.

Pazuello foi processado na Justiça Militar, porque as testemunhas disseram que aquilo não era humilhação e, segundo a promotora militar Maria Ester Henriques Tavares “há aspectos pessoais da vida de Pazuello que demonstram sua familiaridade e, sobretudo, amor aos equinos, retratados abaixo, o que revela, mais uma vez, aspectos subjetivos de sua conduta ocorrida no dia 11 de janeiro de 2005, de sentido nitidamente orientador e inteiramente voltados para a preservação da boa saúde dos cavalos de tração utilizados na OM”.

O ex-recruta Chagas ainda tem medo de contar a história e não ouviu os conselhos do pai para “levar adiante” na Justiça uma reclamação pelo que considerou um ato racista, porque é negro. Evangélico, prefere deixar “nas mãos de Deus”, a reparação à humilhação que sofreu.

Ou melhor, à não-humilhação, pelo menos no conceito de Pazuello, dos seus oficiais subordinados e de diversos praças que assistiram a cena insólita e nos juízes que a examinaram.

Se não fosse uma humilhação abjeta, um castigo absurdo e inconcebível, poder-se-ia pensar que caberia agora, por indisciplina, impor ao general um castigo semelhante ao que ele inflingiu ao seu soldado.

Talvez o destino a que submeteu aquele rapaz, o de virar exemplo de como não se devia comportar à custa dos risos dos companheiros e da vergonha pública fosse o que poderia merecer, não fosse o Exército mais que um amontoado de Pazuellos.

O castigo precisa vir: sereno, austero e sem humilhações abjetas, mas sem cumplicidade pelo fato de que se trata de um general bolsonarista.

Até para ensinar a Pazuello, que conduziu muito mal a carroça da Saúde, que a vida de milhares de brasileiros é coisa mais séria do que um cavalo de quartel.

Tijolaço.

A ESQUERDA BRASILEIRA REVIU-SE NO ESPELHO DA RUA NESTE SÁBADO DE FORA BOLSONARO, POR FERNANDO BRITO

A “explicação” bem-humorada de que cães pequenos não vacilam em avançar sobre animais maiores é que eles não têm espelhos para ver seu verdadeiro tamanho.

Na política, a rua acaba por fazer este papel refletivo, embora saiba-se que impreciso e algo distorcido pelos olhos de quem o vê.

Ontem, depois de mais de um ano, as forças do progresso e do humanismo voltaram, com todos os justificáveis receios que impediram que em número muito maior, a verem-se neste espelho, onde só apareciam, há tempos, as falanges bolsonaristas que, embora esvaziadas, inflavam-se por expedientes – carreatas, “cavaladas”, motocicletas – que dissimulavam sua magrém. Palavra que, além de magreza, no Nordeste significa também, como para Bolsonaro, a estação da seca.

O monópólio das manifestações públicas era frágil, embora a presença presidencial lhes desse, pela visibilidade, tamanho maior do que tinham.

A parca cobertura na grande mídia, embora inexplicável e inaceitável, pouco prejuízo trouxe a este aspecto essencial dos atos de ontem: no espelho da rua confirma-se o que pesquisas e nossas sensações indicavam, que a oposição a Bolsonaro é muito maior e mais palpável que a das bolhas da política e da internet e que é a retração provocada pela pandemia que ainda a impedem que ela se reflita em manifestações ainda mais massivas que as de ontem.

Todos nós, posso apostar, sentimo-nos aliviados do pessimismo e da tristeza com que passamos a ver nosso país, com a certeza de que amanhã, sem o coronavírus, será maior, muito maior.

Tijolaço.

sábado, 29 de maio de 2021

PROTESTO EM SP REÚNE MULTIDÃO PELO “FORA BOLSONARO’. POR FERNANDO BRITO

Não está nas televisões, com aquelas chamadas de “famílias inteiras enchem a Avenida Paulista”, ao qual nos acostumamos nos atos da direita.

Mas o fato é que a Avenida está cheia, muito cheia, apesar do fato de que a convocação foi chocha, polêmica, com o receio de que pudesse trazer risco para as pessoas.

O fato é que Jair Bolsonaro tem mais uma razão para continuar atrasando a vacinação e o fim da pandemia.

Sem ela, a Paulista teria hoje um milhão de pessoas, mesmo semi-ignorada pela mídia brasileira.

A Rede ‘Terceira Via” Globo ignorou até agora a multidão, limitando-se a registrar manifestações menores, sempre com ênfase” na aglomeração.

Dentro das circunstâncias, foi a mais segura das aglomerações: a da vontade, da coragem consciente, a da garotada que nos substituiu, aos mais velhos e vulneráveis.

É como escreveu João Guimarães Rosa: “O que a vida quer da gente é coragem”. Confira o vídeo aqui.

Tijolaço.

ATOS CONTRA BOLSONARO OCORREM HOJE EM MAIS DE 200 LOCAIS NO BRASIL E EXTERIOR; VEJA LISTA

Organizadores orientam os participantes a usarem máscaras, manterem distância segura de outros manifestantes e além de levarem álcool em gel.

Centrais sindicais, movimentos sociais, lideranças políticas e partidárias convocaram protestos de rua contra o governo Bolsonaro ao longo deste sábado (29) em mais de 200 cidades pelo Brasil e no exterior. Confira o local de concentração e o horário dos atos em sua cidade.

🔺NÃO ESQUEÇA:
😷 Máscara (leve mais de uma)
💦 🙏🏽 Álcool em gel
🚶🏻‍♀️ 🚶🏿 🚶🏿‍♀️Mantenha o distanciamento social no ato

NORTE
AC – Rio Branco – Arena Acreana | 15h
AC – Rio Branco – Palácio Rio Branco | 17h
AM – Manaus – Praça da Saudade | 16h
AP – Macapá – Praça da Bandeira | 16h
PA – Abaetetuba – Praça do Barco | 15h
PA – Altamira – Concentração na Equatorial Energia | 8h
PA – Belém – Praça da República | 8h
PA – Cametá – Praça das Mercês | 8h
PA – Castanhal – Praça Estrela | 16h
PA – Marabá – Em frente ao Centro de Convenções | 8h
PA – Parauapebas – Rua do Comércio (Bambuzal) | 08h
PA – Santarém – Praça de Eventos | 17h30
TO – Araguaina – Praça das Bandeiras | 16h
TO – Palmas – Av. Juscelino Kubitschek – em frente ao Palácio Araguaia | 9h
RO – Guajará-Mirim – Parque Circuito | 9h30
RO – Porto Velho – Em frente à praça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré | 8h

NORDESTE
AL – Delmiro Gouveia – Câmara dos Vereadores | 9h
AL – Maceió – Praça Centenário (carro, moto ou a pé) | 9h
AL – Maceió – Praça dos Martírios | 9h
AL – Maceió – Monumento a República (carreata) | 15h
BA – Feira de Santana – Em frente a Prefeitura | 9h
BA – Ilhéus – Praça Caiuru | 9h
BA – Salvador – Largo do Campo Grande | 10h
CE – Fortaleza – Carreata Arena Castelão | 15h
CE – Fortaleza – Praça da Gentilândia | 15h30
CE – Juazeiro do Norte – Praça da Prefeitura | 8h
MA – Caxias – Praça da Matriz | 8h30
MA – Imperatriz – Praça de Fátima | 9h
MA – Santa Inês – Praça das Laranjeiras | 9h
MA – São Luís – Praça Deodoro até a Praça Maria Aragão | 9h
PB – Campina Grande – Praça da Bandeira | 9h
PB – João Pessoa – Carreata Praça da Independência (até Parque da Lagoa) | 9h
PB – Patos – Correios | 8h
PE – Arcoverde – Bicicletada Concentração na Estação da Cultura | 9h
PE – Recife – Praça do Derby | 9 h
PE – Caruaru – Centro | 9h
PE – Garanhuns – Centro | 9h
PI – Teresina – Praça Rio Branco | 8h
RN – Mossoró – Praça Cícero Dias | 16h
RN – Natal – Em frente ao Midway Mall | 15h
SE – Aracaju – Praça de Eventos entre os Mercados | 8h
SE – Itabaiana – Carreata com concentração no Calçadão Airton Teles | 16h

CENTRO-OESTE
DF – Brasília – Carreata Palácio do Buriti (até a Esplanada) | 8h30
DF – Brasília – Museu Nacional | 9h
GO – Catalão – Praça Marca Tempo | 8h
GO – Cidade de Goiás – Carreata saindo da Praça do Chafariz | 9h30
GO – Jataí – Praça Tenente Diomar Menezes | 9h
GO – Goiânia – Praça Cívica | 9h
MS – Aquidauana – Praça dos Estudantes | 9h
MS – Bonito – Praça da Liberdade | 9h
MS – Campo Grande – em frente a UFMS | 8h
MS – Corumbá – Centro – 9h
MS – Dourados – 9h
MS – Três Lagoas – Praça Ramez | 9h
MT – Cuiabá – Carreata saindo da UFMT | 9h
MT – Cuiabá – Praça Alencastro | 15h
MT – Rondonópolis – Panfletaço Praça do Centro | 9h

SUDESTE
ES – Alegre – Praça Seis de Janeiro | 15h
ES – Aracruz – Praça do Sauê | 9h
ES – Guarapari – Praça da Itapemirim | 15h
ES – Itapemirim – Praça de Itaoca | 15h
ES – Marataízes – Rotatória da barra | 9h
SP – Piuma – Praça da Prefeitura | 15h
ES – Vitória – UFES | 15h
MG – Alfenas – Praça Getúlio Vargas | 15h
MG – Bambuí – Entrada da Cidade | 16h
MG – Barbacena – Praça da Matriz | 10h
MG – Belo Horizonte – Praça da Liberdade | 10h
MG – Caratinga – Praça da Estação | 15h
MG – Divinópolis – Rua São Paulo com Primeiro de Junho | 9h
MG – Esmeraldas – Posto do Trevo | 14h
MG – Formiga – Praia Popular | 10h
MG – Governador Valadares – Praça dos Pioneiros | 9h
MG – Ipatinga – Praça Primeiro de Maio | 10h
MG – Itabirito – Em frente à Prefeitura | 8h
MG – Itajubá – Praça Theomiro Santiago | 10h
MG – Itaúna – Praça da Matriz – 10h
MG – João Monlevade – Câmara Municipal | 9h
MG – Juiz de Fora – Parque Halfeld | 10h30
MG – Lafaiete – Praça Barão de Queluz | 9h
MG – Leopoldina – Praça José Pires, viaduto do Bela Vista | 10h
MG – Mariana – Praça da Sé | 9h
MG – Mariana – Terminal Turístico | 9h
MG – Montes Claros – Praça Dr. João Alves | 9h
MG – Muriaé – Parque de Exposições | 10h
MG – Nova Lima – Praça da Matriz | 8h
MG – Ouro Branco – Posto Ipiranga IFMG | 10h
MG – Ouro Preto – Praça Tiradentes | 10h
MG – Passos – Praça do Rosário | 14h
MG – Poços de Caldas – Parque José Afonso Junqueira | 15h
MG – Pouso Alegre – Praça da Catedral | 10h
MG – São Sebastião do Paraíso – Expar | 10h30
MG – São João Del Rei – Teatro Municipal | 10h
MG – São José da Barra – Hidrelétrica de Furnas | 17h
MG – Teófilo Otoni – Praça Tiradentes | 9h
MG – Uberaba – Praça Rui Barbosa | 11h
MG – Uberlândia – Praça Ismene Mendes | 10h
MG – Varginha – Praça do ET | 10h
MG – Viçosa – 4 Pilastras | 9h30
RJ – Angra – Praça do Papão (Centro) | 9h
RJ – Barra Mansa – Rua do Lazer | 9h
RJ – Belford Roxo – Praça do Centro | 9h
RJ – Campos – Praça São Salvador | 10h
RJ – Macaé – Praça Veríssimo de Melo | 9h30
RJ – Miracema – Posto Confiança | 15h
RJ – Nova Iguaçu – Praça Direitos Humanos/ Via Light | 9h
RJ – Nova Friburgo – Centro de Turismo na Praça Getúlio Vargas | 16h
RJ – Osório – Praça da Matriz | 15h
RJ – Petrópolis – Praça da Inconfidência | 11h
RJ – Rio das Ostras – Feira Livre da Ânconra | 9h
RJ – Rio de Janeiro – Monumento Zumbi dos Palmares | 10h
RJ – Santo Antônio de Pádua – Centro | 10h
RJ – Teresópolis – Escola Sakura Ermitage | 9h30
RJ – Volta Redonda – Praça Juarez Antunes | 16h30
SP – Arujá – Avenida Amazonas | 14h
SP – Assis – Em frente ao Homem de Lata (Av. Rui Barbosa) | 10h
SP – Botucatu – Largo da da Igreja São José | 10h
SP – Campinas – Largo do Rosário | 10h
SP – Guaratinguetá – Em frente a FEG/UNESP | 10h30
SP – Ilha Bela – Praça da Mangueira (em frente ao colégio ACEI) | 9h
SP – Indaiatuba – Rua João Martini (esquina Av. Ário Barnabé) | 14h
SP – Itanhaém – Calçadão Itanhaém | 16h
SP – Itapetininga – Fórum | 15h30
SP – Jacareí – Pátio dos Trilhos | 10h
SP – Limeira – Praça Toledo de Barros | 9h
SP – Marília – Ilha ao lado da Galeria Atenas | 10h
SP – Peruíbe – Faixaço na Passarela em frente ao kartódromo ao lado da Faculdade Peruíbe | 14h
SP – Piracaia – Praça do Rosário |15h
SP – Piracicaba – Praça José Bonifácio | 9h
SP – Poá – Praça Santo Antônio | 13h
SP – Praia Grande – Quadradão do Quietude | 11h
SP – Praia Grande – Estátua Yemanjá | 13h
SP – Ribeirão Preto – Estádio do Botafogo (venha de carro, moto ou de bicicleta) | 9h30
SP – Rio Preto – Praça José Marcondes | 16h
SP – Santa Barbara D’oeste – Câmara Municipal | 8h30
SP – Santos – UNIFESP | 15h
SP – Santos – Estação Cidadania | 16h
SP – São Bernardo do Campo – Paço Municipal de SBC | 10h
SP – São Carlos – Centro + vários pontos de concentração|
SP – São José dos Campos – Praça Afonso Pena | 10h
SP – São José dos Campos – Rodovia Carvalho Pinto | 9h
SP – São Paulo – MASP | 16h
SP – São Roque – Carreata Concentração na Brasital | 9h
SP – Sorocaba – Praça Coronel Fernando Prestes | 10h
SP – Taubaté – Praça Dom Epaminondas | 10h
SP – Ubatuba – Trevo do Caiçara – Centro | 16h
SP – Vinhedo – Praça Santana | 8h

REGIÃO SUL
PR – Cascavel – Calçadão Av. Brasil | 10h
PR – Curitiba – Praça Santos Andrade | 16h
PR – Londrina – Concha Acústica (Centro) | 17h
PR – Maringá – Praça Raposo Tavares | 10h
PR – Ponta Grossa – Praça Barão de Guaraúna | 16h
SC – Balneário Camboriú – Praça Tamandaré | 10h
SC – Blumenau – Praça Carlos Gomes | 10h
SC – Brusque – Esquina Getúlio Vargas com Primeiro de Maio | 9h
SC – Caçador – Em frente a IFSC | 10h
SC – Canoinhas – Praça Oswaldo de Oliveira | 15h
SC – Chapecó – Carreata EFAPI-Centro e faixaço/bandeiraço nas Sinaleiras da Avenida Getúlio Vargas | 10h
SC – Chapecó – Carreata Subida da Unochapecó | 10h
SC – Criciúma – Parque das Nações (carreata) | 9h
SC – Garopaba – Carreata Rua Álvaro Ernesto dos Santos | 15h
SC – Itajaí – Calçadão da Hercílio | 9h
SC – Jaraguá do Sul – Praça Ângelo Piazera | 9h
SC – Florianópolis – Largo da Alfândega | 10h
SC – Joinville – Praça da Bandeira | 10h
SC – Rio do Sul – Praça Ermembergo Pellizzetti | 9h
SC – São Cristóvão do Sul – Margens BR 116 | 9h30 (próximo Assentamento Filhos do Contestado)
SC – São Miguel do Oeste – Trevo da BR 282 (saída para Maravilha) | 10h
SC – Tubarão – Carreata e Bicicletada Museu Wilky Zumblick | 15h
RS – Alegrete – Calçadão | 15h
RS – Capão da Canoa – Prefeitura | 15h
RS – Caxias do Sul – Praça Dante Alighieri | 15h
RS – Gravataí – Parada 66 (Em frente ao Veterano) | 10h
RS – Ijuí – Praça dos Imigrantes | 15h
RS – Novo Hamburgo – Praça Punta Del Este | 10h
RS – Osório – Manifestação e Carreata – Praça da Matriz | 15h
RS – Passo Fundo – Praça da Mãe | 8h
RS – Pelotas – Largo do Mercado | 10h
RS – Porto Alegre – Prefeitura | 15h
RS – Rio Grande – Dr. Pio | 11h
RS – Rolante – Rua Coberta | 11h
RS – Santa Cruz do Sul – Parque da Oktoberfest | 15h
RS – Santa Maria – Praça Saldanha Marinho | 10h
RS – Santa Vitória do Palmar – Em frente ao Correio | 15h
RS – São Leopoldo – Marco Zero | 9h
RS – Taquara – Rua Coberta | 9h
RS – Tramandaí – Prefeitura | 15h
RS – Viamão – Praça da Prefeitura | 10h
RS – Xangri-lá – Prefeitura | 15h

🌎🌍 Atos no Exterior
28M
Alemanha – Berlim – Em frente à Embaixada Brasileira Wallstrasse 57, 10197 Berlin | 13h

29M
🇧🇪 Bélgica – Bruxelas – Estação Gare Central | 15h
Espanha – Barcelona – Font de Canaletes | 19h30
Espanha – Palma de Maiorca – Plaza d’Espanha | 19h
EUA – Nova York – Union Square | 16h
França – Paris – Place de Republiqué | 17h
Holanda – Amsterdam – Dam 1 | 15h
Inglaterra – Londres – Russell Square (Marcha Kill the Bill) | 12h
Inglaterra – Oxford – City Center em frente ao Restaurante do Fernando | 13h
Portugal – Lisboa – Alameda de Dom Afonso Henriques | 17h30
Portugal – Porto – Frente ao Centro Português de Fotografia | 16h30
Portugal – Porto – Estádio do Dragão | 18h
Suíça – Zurich – Estação Principal de Zurich | 11h
Uruguay – Montevideo – Embaixada Brasileira – Bulevar General Artigas 1394 | 12h

GGN.

APESAR DA OPERAÇÃO ZELOTES O MP ADMITE NÃO TER PROVAS E PEDE ABSOLVIÇÃO DE LULA, POR FERNANDO BRITO

Em setembro de 2017 – há quase 4 anos, portanto – os jornais davam manchetes para o fato de Lula ter se tornado réu na Operação Zelotes, por, vejam só, ter editado uma Medida Provisória que prorrogava regras de incentivo fiscal à instalação de montadoras de automóveis no Nordeste, regra que havia sido criada, muitos anos antes, por Fernando Henrique Cardoso.

Ontem, sem manchetes hoje, apenas pequenas notas nos jornais, anuncia-se que o Ministério Público, que havia proposto a ação aceita pela 12ª Vara Federal de Brasília, pede a absolvição do ex-presidente, e de Gilberto Carvalho – uma das pessoas mais corretas com quem cruzei na vida pública – por não ter provas de que eles tivessem tido qualquer vantagem com o ato que, aliás, foi aprovado de forma unânime pelo Congresso.

Foi mais uma das ações estapafúrdias que se abriu contra Lula, sob a influência de “Era Moro” vivida por este país e que se espalhou a partir do epicentro – artificial e indevido, como reconheceu muito tardiamente o Supremo – e que não tinha densidade. A próxima a ter este destino é tão mirabolante quanto essa, o processo dos caças Gripen comprados pelo Brasil.

A animosidade, porém, segue tão grande que, em lugar de reconhecer erros no procedimento, o Ministério Público pede a absolvição repetindo acusações e chegando à beira de confessar que tinha e tem “convicções”, muito embora não tenha provas. E, sem qualquer indício ou dado que o sustente, alega que o repasse de valores indevidos “se é que de fato efetivamente chegou a ocorrer, provavelmente ocorreu em dinheiro vivo, longe do alcance dos registros bancários de transferências financeiras e quase impossível de ser provado”.

É inacreditável que o “achismo” judicial siga assim sem que haja consequência de que promotores acusem sem as provas robustas que, quatro anos depois, admitirão que não têm e que fique por isso mesmo.

Em qualquer país sério do mundo isso geraria uma imensa indenização por dano moral por parte do Estado (isto é, do meu, do seu, do nosso dinheirinho) para quem foi acusado desta forma.

Tijolaço.

QUEM LEVOU A POLÍTICA AOS QUARTÉIS FORAM OS GENERAIS, POR FERNANDO BRITO

Embora tenham o direito de estarem indignados com o fato de Jair Bolsonaro fazer gato e sapato da disciplina militar, nossos generais não podem reclamar: foram eles que deram asas à cobra que agora os constringe com o poder que tem.

Faz anos – desde o governo Dilma – que Bolsonaro passou a ser “arroz de festa” em todas as solenidades militares que reunissem tropa, especialmente as solenidades de formaturas. De tudo: cadetes, sargentos, aspirantes…

Todas elas foram transformadas em eventos sindicais compulsórios: ali estava o “herói” que defendia melhores soldos, mais franquias e benefícios e, sobretudo, o “mito” que sustentava a ideia de que uma força armada tenha o direito originário de definir os rumos do Brasil.

Ao mesmo tempo, isso se reproduzia nas polícias militares, com a anuência evidente dos comandos, reforçando as sua aproximação com as milícias, que são um ente paralelo, aceito e consentido, em muitas formações policiais.

Muitos oficiais superiores, comandantes – majores, coronéis e generais – assistiram e patrocinaram comícios dentro de seus quartéis, tendo Bolsonaro como candidato, o que ele é, sem intervalos, desde 1988, quando se elegeu pelos votos amealhados com a ameaça de explodir bombas por melhores soldos para os militares.

Não o teriam feito sem a anuência, ainda que por omissão, do comando do Exército.

O Exército Brasileiro está colhendo, nesta crise, os frutos da transgressão que praticou por anos a fio, com objetivos políticos.

Tem a chance de tomar uma posição que possa começar a corrigi-lo, mas não a terá se fizer uma punição à flagrante transgressão de Eduardo Pazuello, mesmo que tenha de aguentar, com cara feia, uma intromissão presidencial para anulá-la.

Comando não pode ser exercido sem cara feia.

Tijolaço.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

TRÊS MESTRES, TRÊS LUMINARES DA CULTURA BRASILEIRA QUE SE FORAM COM A PANDEMIA ESTA SEMANA

Perdas depauperam Brasil emocional, intelectual, humanística e esteticamente.

Nelson Sargento, Paulo Mendes da Rocha e Jaime Lerner (Thiago Ribeiro/Agif/AFP - Paja Brava/Wikimedia - Heuler Andrey/AFP).

Semana de perdas que calaram fundo no universo cultural nacional, deixando o Brasil empobrecido, depauperado emocional, intelectual, humanística e esteticamente. As mortes de Paulo Mendes da Rocha, Jaime Lerner e Nelson Sargento, tríade de ouro, de sensibilidade e competência, afetam profundamente o corpo da nação já fragilizado pelo alastramento da pandemia covidiana, em sua terceira onda, onde não há mais barreiras entre jovens e maduros.

Jaime e Nelson engrossam as estatísticas dos levados pelo vírus, Paulo, em processo decorrente de outra enfermidade, em momento de pleno reconhecimento, com honrarias locais e internacionais, de legado considerado e louvado. Permanecerão os três por razões diversas e comuns, sobretudo quando falamos de ousadia, invenção e excelência criativa. Obras arquitetônicas, urbanísticas, musicais, genuinidade e genialidade presentes. Não há transferência de bastão, há, para os interessados e admiradores, aprendizado, trilhas, pistas, caminhos a serem percorridos em rotas individuais, tendo como bússolas preciosas as vidas vividas por esses notáveis cidadãos, mestres na acepção da palavra.

Partidas em momento sensível, em cenário melancólico oposto à prodigiosa natureza cultural do país. Tristes estamos e ainda permaneceremos por uma temporada no inferno da "odiolândia" (expressão cunhada por Giselle Beiguelman) bolsonarista, empobrecedora do espírito, do conhecimento, da educação, nada mais ‘anti’ tudo aquilo que os três luminares representavam, ou melhor, representam na potência singular de cada atuação.

Talentos, inteligências e tantos outros predicados fundamentais à existência de uma cultura plena, de relevo, de referencialidade, de exuberância de um Brasil de respeito e de exemplaridade. Hoje, párias perante o mundo, assistimos ao grotesco espetáculo de motos de variada representação, assassinas, na Amazônia, ou coniventes nos asfaltos das capitais, em desfile macabro de saudação à morte do planeta e da própria nação.

Em meio à tristeza desta semana dificílima, cabe-nos celebrar a vida-obra de Paulo Mendes da Rocha, de Jaime Lerner e de Nelson Sargento, desejando-lhes uma passagem serena, em manto de luz e amor, ao ritmo da música das esferas e da poesia de Haroldo de Campos:

Tristia
minicâmaras térmicas

para inativação do vírus da tristeza

em borbulhas de

 citros

Dom Total.

SEM O ‘ESTOQUE DE VENTO’ ATUAL, O APAGÃO ENERGÉTICO SERIA CERTEZA. MAS É AMEAÇA, POR FERNANDO BRITO

Na última quarta-feira, às 9 horas da manhã, as usinas eólicas do Nordeste tiveram seu pico histórico de produção: 10.612 megawatt. No dia, a produção média ficou perto de 9 mil megawatts/horas, 77,5% de toda a produção de energia elétrica do Nordeste.

Isso quer dizer que foram estocados, por conta do vento, perto de 900 milhões de metros cúbicos de água que deixou de ser vertida dos reservatórios das hidrelétrica apenas naquele dia.

É graças a isso que o Brasil ainda não tenha certeza de que terá um apagão, embora, como anuncia a Folha, tenhamos chegado a uma situação em que o Governo emite alerta de emergência hídrica em 5 estados e vai criar comitê para acompanhar setor elétrico .

Os que debocharam daquela frase de Dilma Rouseff sobre “estocar vento” com as usinas eólicas deveriam estar agora se penitenciando.

A situação só não é pior por conta da desaceleração econômica, que fez o consumo de energia estagnar em torno de 63 mil MWh médios desde 2016.

A água represada nos reservatórios do Sudeste e Centro Oeste – que respondem por 70% da capacidade nacional – está em 32% do volume no início da estação seca e é provável, sem uma mudança inesperada no regime de chuvas, vai ficar abaixo dos 10% en outubro/novembro, quando se inicia a estação chuvosa.

Para a economia, isso significa vários meses de bandeira vermelha aumentando as contas de energia e a inflação. Isso se não vierem novos aumentos para segurar o consumo e evitar um racionamento politicamente desastroso.

Então, é bom que o governo torça para que a temporada de ventos, fortes agora no Nordeste, sobretudo, ajude o Brasil a estocar vento na forma de água nas represas.

Tijolaço.

BOLSONARO VIROU PAJÉ DA GRANDE ALDEIA BRASIL, POR FERNANDO BRITO

Jair Bolsonaro já não é só charlatão, agora é pajé.

Na sua live de hoje anunciou que os índios do Norte do Amazonas têm uma medicação infalível contra a Covid.

Na aldeia tribo Balaio, ninguém morreu; nos yanomamis só três, índios idosos , “provavelmente com comorbidades”.

Nenhum tomou cloroquina, mas beberam chá de “carapanaúba, saracura ou jambu”.

“Perguntei se algum tinha morrido. Responderam não. Foi antes da vacina? Disseram que sim. Perguntei por que não morreram. Eles tomaram chá de carapanaúba, saracura ou jambu.(…) Poderia essa querida CPI do Senado, que tem como presidente o senador Omar Aziz, convidar os índios para ouvi-los, para, quem sabe, levar os chás de carapanaúba, saracura ou jambu.”

Todos os três, há anos, são vendidos nas feiras de Manaus e em bancas de cascas e ervas do país inteiro.

A carapanaúba é casca de árvore de “amplo espectro” na cultura popular. Cura desde inflamações do útero e ovário, diabetes, problemas de estômago, câncer, é anticontraceptivo e age contra febre e reumatismo.

A “saracura” – que não é saracura, mas “sara-tudo”, ou murici (Bysonima intermedia) – serve para alívio de dor de dente e inflamações em geral.

E o jambu, é indicado como fortificante, estimulador de apetite, anti-inflamatório, remédios contra lombrigas, analgésico, diurético, anestésico bucal e estimulante sexual.

Não posso dizer que Bolsonaro é um Villas-Bôas porque, alem de ser uma ofensa aos irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo, três importantes indigenistas brasileiros e porque ele vai pensar que o nome é de seu patrono, Eduardo Villas Bôas, que enfiou o exército nesta encrenca.

Pensemos positivo, porém: Jair Bolsonaro salvou a humanidade! Podemos agora exportar os pacotinhos de feira mais caros que as bijuterias de nióbio que alimentam a mente (mente?) presidencial.

E encher as ruas de motoqueiros gritando: “O jambú é nosso”

Tijolaço.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

O BRASIL REAL NÃO ESTÁ NOS NÚMEROS DO BRASIL OFICIAL DE GUEDES, POR FERNANDO BRITO

Os números divulgados hoje pelo IBGE põem cada vez mais em descrédito os indicadores otimistas de emprego formal apresentados seguidamente pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Ontem, Guedes mostrou supostos números que indicariam a criação de quase um milhão de empregos (958 mil) com carteira assinada de janeiro a abril, quase tantos quanto se criou nos melhores tempos de expansão da economia brasileira.

Hoje, o IBGE mostra que, ao contrário, o número de pessoas com carteira assinada caiu cerca de meio milhão entre o último trimestre de 2020 e os primeiros três meses de 2021.

Se considerarmos o período de um ano (antes e depois da pandemia, o número de trabalhadores registrados teve uma redução de 10,7%, ou menos 3,5 milhões de pessoas.

O argumento de Guedes que a “sensação de desemprego” vem do fato de que os informais estão sendo a origem dos índices de desocupação apurados pelo IBGE que indicam mais 880 mil pessoas desocupadas, totalizando 14,8 milhões na fila em busca de um trabalho no país.

É o maior número já apontado pela série histórica das pesquisas do IBGE: 14,7% dos brasileiros, quase um em cada oito, procuram emprego sem encontrá-lo.

É claro que alguns setores, como o e-commerce, podem ter gerado vagas pelas mudanças dos perfis de consumo nas classes alta e média, mas basta ir ao comércio convencional para ver quantas vagas foram aniquiladas. Idem no turismo, nos bares e restaurantes, no transporte e em todos os outros setores que sofrera, sofrem e estão sujeitos a sofrer mais com a possibilidade de uma nova onda.

O mundo otimista de Paulo Guedes se dissolve em qualquer estatística de calçada.

Tijolaço.

A PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS SERÁ O GOLPE DO SÉCULO, POR LUIS NASSIF

O projeto de lei de privatização da Eletrobras é um dos golpe mais ruidosos já registrados nas privatizações brasileiras. A Eletrobras tem capacidade de gerar 30,1% da energia e detém 44% das linhas de transmissão do País.

A privatização da Eletrobrás também significa a privatização da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). / Foto: Maria Hsu/Chesf.

A Eletrobras sempre teve um papel regulador de preços no mercado, atuando em duas pontas. Uma delas, nas licitações de energia e a outra na oferta de energia contratada barata (aquela que é vendida para distribuidoras).

Exemplo claro ocorreu depois que foi desenvolvido o novo modelo do mercado de energia, ainda no período da então Ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff.

No mal-sucedido modelo de liberação do mercado, no governo FHC, a Eletrobras foi incluída na relação do Plano Nacional de Desestatização (PND). Com isso, deixou de investir em novos projetos.

No modelo Dilma, havia uma licitação para a construção de novas usinas. Vencia o melhor preço oferecido no kwh – ou maior deságio em relação ao preço teto.

Segundo Nelson Hubner, um dos técnicos mais respeitados do setor, até 2003, sem a participação da Eletrobras, em apenas 2 lotes de licitação houve algum deságio significativo, entre 20% e 30%. Ainda assim, por razões bastante subjetivas. Uma delas foi a Copel, em uma linha de transmissão no Paraná; a outra a Cemig, em Minas Gerais. Em todas as demais licitações, não houve deságio sobre o preço base.

A partir da entrada da Eletrobras no jogo, o deságio médio de todas as licitações foi mais de 30%.

Com a redução, considerou-se que a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) estava calibrando mal o preço teto. Foi feita uma revisão que reduziu mais ainda o preço teto.

No leilão seguinte, julgou-se que iria diminuir o deságio, já que aumentou o preço de referência. Mas ocorreu um novo aumento do deságio.

Dois anos depois, houve a licitação do trecho Norte-Sul 3, com concorrência maior. O deságio ficou acima de 60%, dando uma ideia das margens extraordinárias praticadas pelas empreiteiras.

O maior exemplo foi na licitação das grandes elétricas estruturantes do Amazonia, inicialmente Santo Antônio e Jirau e, depois, Belo Monte.

Em Santo Antônio, a Odebrecht se associou com Furnas. Como tinha feito todos os estudos do inventário, partia com grande chance. Houve uma reunião no MInistério de Minas e Energia, tentando uma maneira de promover uma competição que derrubasse os preços.

Não havia nenhum grupo grande privado para participar. Decidiu-se que a Petrobras não participaria do leilão, mas haveria uma disputa entre os diversos grupos para levar a Eletrobras como parceria.

Conseguiu-se montar dois consórcios, o de Furnas-Odebrecht e o Chesf-Eletronorte com mais um grupo de empresas privadas menores. A Odebrecht venceu. O preço teto era de R$ 115 o mwh – apontado como exageradamente barato pelo mercado. No entanto o preço final foi de R$ 78,00. Em 30 anos, significou uma economia de R$ 30 bilhões nas tarifas.

A PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS

O projeto de lei de privatização da Eletrobras é um dos golpe mais ruidosos já registrados nas privatizações brasileiras.  A Eletrobras tem capacidade de gerar 30,1% da energia e detém 44% das linhas de transmissão do País

O Estado continuará com participação societária na Eletrobras, mas sem direito sequer a um assento no Conselho.

Mais que isso, em todos os países desenvolvidos, hidrelétricas já amortizadas são de controle do Estado, devido ao fato de fornecerem energia barata, essencial para a competitividade da economia e a universalização dos serviços.

Hoje em dia a Eletrobras dispõe de grandes usinas já amortizadas e contratos d elongo prazo com as distribuidoras de energia, garantindo um freio no preço das tarifas.

A privatização irá descontratar a energia. Significará que haverá o pagamento por uma nova outorga, que recairá sobre a conta do consumidor.

Em 2014, por questões políticas a Cemig, CESP e Copel se recusaram a aceitar a renovação das outorgas nos moldes propostas pelo governo. Significaria a renovação da concessão, mas mantendo o custo baixo das hidrelétricas já amortizadas, tendo uma margem de lucro de 10%.

Recusaram. Depois, tiveram que adquirir as concessões, pagando R$ 12 bilhões, obviamente repassado ao consumidor. A tarifa operacional, que era de 29,45 reais, saltou para 107,51 reais, inclusive nos contratos para o mercado regulado.

Há inúmeros exemplos de liberalização de mercado levando à alta da energia.

Nos Estados Unidos, 73% das hidrelétricas são estatais. Em Quebec, Canadá, a exploração é estatal, o que permitiu ao estado uma enorme competitividade. A empresa é obrigada a suprir as necessidades do estado com tarifas razoáveis. A sobra poder ser vendida para os EUA a preços mais elevados.

Nos EUA, quase todo o país é coberto por Administradores do Mercado de Energia, uma espécie de agência controlada pelos estados, donas de ¾ dos ativos de transmissão em suas áreas de atuação.

GGN.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

O PGR AUGUSTO ARAS DEFENDE SALLES EM TROCA DE VAGA NO STF, POR FERNANDO BRITO

É fácil de entender que a teimosia do Procurador Geral da República, Augusto Aras, em tentar bloquear o inquérito que apura o envolvimento do ainda ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem toda a relação com um lance final por sua indicação para a vaga que se abrirá com a aposentadoria compulsória do Ministro Marco Aurélio Mello.

O objetivo, claro, é retardar a investigação, até porque a transferência da relatoria de Alexandre de Moraes para Cármem Lúcia nenhum tipo de benefício traria para o ministro antiambiental.

Ricardo Salles, na prática, já é o ex-ministro do Meio Ambiente.

Sua presença no cargo expôs ainda mais as fragilidades de Jair Bolsonaro: no exterior (ainda mais pelo fato de que o caso policial nasceu de uma comunicação do governo dos EUA) e no plano interno, como ficou claríssimo na reclamação do vice-presidente da República, Hamílton Mourão, sobre a ausência do Ministério do Meio Ambiente na reunião do Conselho da Amazônia.

Salles está praticamente clandestino, sem ter o que falar ou fazer, sem ninguém mais que obedeça – até por prudência – suas ordens no MMA, no Ibama ou no ICM-Bio.

Teve a defesa solitária de Bolsonaro no dia seguinte à operação policial, quando o chamou de ” um excepcional ministro” e culpou os “xiitas ambientais” do Ministério Público por sua encrenca contrabandista.

Mas está em péssima posição entre os demais ministros, entre os militares e no próprio Supremo, onde Aras não deve conseguir sucesso.

Salles, além de tudo, tem a confissão – espontânea e gravada – de que usaria a pandemia para distrair as atenções e “passar a boiada” pela porteira do “parecer-caneta” dos atos de liberação aos agentes da devastação.

Bolsonaro tem feito a si mesmo de surdo e perdeu a chance de degolar Salles logo após as medidas de busca e apreensão ordenadas pelo STF. Poderia ter alegado surpresa; já não o pode mais.

Pior, ninguém ficará surpreso se a teia dos negócios de Salles alcançar outros integrantes do governo e, até, da família presidencial.

Fogo, quando começa a arder, é difícil de apagar. A incineração de Salles vai atingir muitas áreas vizinhas ao presidente antes que se consiga apagá-la.

Tijolaço.

O DILEMA DO COMANDANTE DO EXÉCITO, A PUNIÇÃO É A BOLSONARO, POR FERNANDO BRITO

Compreende-se a cautela com que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, conduz a punição de Eduardo Pazuello pela transgressão disciplinar, evidente e provocadora, de ir discursar ao palanque de Jair Bolsonaro, domingo, no Rio de Janeiro.

Nomeado por ele para o comando da Arma há dois meses, o general sabe que não se tratou de um ato pessoal de Pazuello apenas, mas de uma convocação política feita pelo Presidente para que o “nosso gordinho” estivesse lá, galgando mais um degrau do que pretendia mostrar ser o “seu” Exército, como fizera antes ao convocar para isso o Ministro da Defesa, Braga Netto, a quem deu a mesma tarefa, uma semana antes.

Netto, porém, é da reserva e pode, embora jamais devesse, comparecer a manifestações políticas. Agora, com Pazuello, Bolsonaro vai um passo além e transgride o limite legal com um oficial que, por tudo, já se lhe mostrara “pau para toda obra”, inclusive para afrontar seus colegas com a resistência em passar à reserva.

Paulo Sérgio, porém, sabe que – embora com respeito absoluto aos prazos regulamentares – terá de tomar a atitude disciplinar que o cargo de comandante lhe impõe, o Alto Comando deseja e a opinião pública e a mídia lhe exigem.

Mas não ignora que, quando a tomar, será criticado e contestado pelo seu comandante em chefe, o presidente da República.

É exatamente isso que pretende Bolsonaro, que enxerga o Exército como um lugar de camaradagem e espírito de corpo, não como uma instituição baseada na hierarquia e na disciplina.

E que tem, é notório, um histórico de sabotagem a ambas.

O dilema do general-comandante, portanto, é que terá de decretar por lealdade ao Exército, uma punição disciplinar que, na prática, atinge o presidente e, por isso, se submeter à punição política que receberá por ter sido um militar que respeita os regulamentos.

O contrário, porém, seria mais grave. Relevar o ato inaceitável de Pazuello será perder o respeito do Alto Comando do Exército e deixando que se dissemine, em toda a tropa – e também na Marinha e na Aeronáutica – que só há um comandante militar no Brasil: o ex-capitão que nunca soube o que é disciplina militar.

Tijolaço.

CHINA DÁ MAIS UM PASSO DE CONTROLE DA FINANCEIRIZAÇÃO DESENFREADA, POR LUIS NASSIF

A revolução que a China está promovendo na economia global não é para implantação do socialismo, mas de combate aos vícios mais perniciosos da financeirização global. Está devolvendo a regulação que os mercados perderam nas últimas décadas, gerando desequilíbrios de toda sorte.

Um deles foi a financeirização das commodities. Em vez de refletir oferta e demanda, as cotações passaram a ser submetidas a jogadas especulativas, com a criação sucessiva de bolhas alimentadas por boatos, especulações e, mesmo, notícias falsas, afetando diretamente a economia real.

Por exemplo, houve uma tentativa de conter a produção de aço intensivo em carbono, devido às novas metas ambientais. O movimento foi dramatizado pelo mercado, elevando os preços devido a expectativas de redução da produção.

A China passou a importar a inflação de commodities. Segundo a empresa de pesquisa TS Lombard, de Londres, mostrou que os preços dos produtos intermediários aumentaram 5,3% no ano, dificultando o repasse para o consumidor final.

Por esse descompasso, há tempos os fabricantes chineses alertam para o risco de aceitar novas encomendas, devido à imprevisibilidade nas cotações de commodities. Houve uma onda de paralisações temporárias da produção, afetando principalmente fábricas no centro de manufatura do sul da China.

Recentemente, a Modern Casting Ltda, uma das maiores fábricas de fornecimento de ferro e aço fundido de Guangdong, comunicou a clientes sua incapacidade de atender os pedidos recebidos devido ao aumento de preços. Reportagem do China Morning Post mostrou que um fabricante reduziu a produção de 5 mil toneladas para 400 toneladas mês, podendo cair para 200 toneladas devido ao aumento nos preços de commodities.

No início do mês passado, a Comissão de Estabilidade Financeira e Desenvolvimento da China, chefiada pelo vice-premiê Liu He, principal assessor econômico do presidente Xi Jinping, mostrou preocupações sobre os riscos econômicos potenciais associados aos altos preços das commodities e à inflação. Até abril, o Indice de Preços ao Produtor registrava alta anual de 6,8%.

Ontem, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, agência de planejamento econômico da China, anunciou que iria reprimir monopólios nos mercados de commodities, as bolhas financeiras e a disseminação de informações falsas. Anunciou que a China fortaleceria os controles de preços do minério de ferro, cobre, milho e outras commodities em seu 14º plano de cinco anos (2021-25) para lidar com as flutuações nos preços.

O anúncio derrubou em 7% o contrato futuro de minério de ferro na bolsa de Dalian, 20% abaixo do recorde histórico do início do mês. Houve queda também em produtos manufaturados, como barras de reforço e bobinas laminadas a quente.

O primeiro movimento foi o acompanhamento do mercado à vista e a doação de uma atitude de tolerância zero com irregularidades encontradas. 

O efeito China é fulminante. Depois de conflitos com a China, o governo da Australia previa que seu principal produto de exportação, o minério de ferro, cairia de mais de US$ 200 para US$ 55 a tonelada. Além disso, a China tem estoques estratégicos que poderão ser utilizados.

É mais um capítulo na consolidação de um modelo estado-empresas privadas que certamente acelerará o movimento de volta da regulação e do papel dos estados nacionais.

GGN

terça-feira, 25 de maio de 2021

O “EXÉRCITO” DE BOLSONARO É O DA SUA MILÍCIA, POR FERNANDO BRITO

Editoriais e analistas políticos, nos jornais, repetem o evidente: Jair Bolsonaro aposta num golpe, na ruptura do que resta das estruturas democráticas do país, como forma de continuar no poder.

Até Edson Fachin, que até há pouco legitimava todo a qualquer atropelo da Lava Jato, passou a dizer que, “se concedermos” no “mínimo essencial” da democracia, “não haverá Judiciário amanhã”.

A questão é que – apesar dos generais que pensaram cavalgá-lo quando o empurrá-lo para o poder e que descobriram tornarem-se, ao contrário, suas cavalgaduras – as Forças Armadas e, muito especialmente, o Exército, não serão pontas de lança de uma aventura golpista.

O Exército Brasileiro, apesar de todo o sabujismo que desenvolveu em relação a ele, não é o que ele chama de “meu” exército.

O exército “dele” foi o que ele fez desfilar em Brasília e no Rio de Janeiro: suas falanges de núcleo miliciano.

O psicanalista Paulo Sternick, em ótimo artigo hoje, em O Globo, os enumera: ” seguidores fanáticos, civis e militares (de baixa patente e policiais), que julgam deter o monopólio do patriotismo, e milicianos dispostos a matar ou morrer por subterrâneas causas”.

“Então, como se daria uma tentativa de golpe sem as Forças Armadas, no caso de uma inconformidade pela perda do poder? Remember Capitólio? Alegar fraude e não reconhecer a derrota? Apelar para ameaça do comunismo, ou “retorno” da corrupção, tocando o terror para convocar os militares?"

Há uma coerência em tudo o que Jair Bolsonaro fez na liberação de armamentos – em parte limitada pelo Supremo, mas só em parte – e, nos tempos mais recentes, no desmonte da capacidade de que os comandantes das Forças Armadas conservem alguma independência e autoridade sobre suas tropas e sua obsessão em manter sob sua influência (sua, da família e de seu principal parceiro militar, o general Augusto Heleno) o Gabinete de Segurança Institucional, a Abin e comando da Polícia Federal.

Bolsonaro fez um ousado movimento com a convocação – prontamente obedecida – para que Eduardo Pazuello fosse quebrar a disciplina militar e deixar o comandante do Exército numa situação crítica.

Seu silêncio é prudente e deve mesmo acompanhar o processamento regular da punição por indisciplina, mas traz o risco de que seja entendido como aceitação de que Bolsonaro pode acabar com a disciplina militar com o mesmo estalar de dedos com que chamou Pazuello para seu palanque.

Tijolaço.