Anísio
Teixeira. Reprodução.
Obra
sobre vida e morte de intelectual, educador e escritor brasileiro desvenda mais
um crime da Ditadura militar brasileira.
Será
lançado, em São Paulo, no dia 14 de março próximo, o livro Breve história da
vida e morte de Anísio Teixeira: desmontada a farsa da queda no fosso do
elevador, de minha autoria, com Prefácio de Haroldo Lima.
Inicialmente,
é apresentada uma retrospectiva das contribuições de Anísio Teixeira para a
educação e a cultura brasileira, com vistas a examinar os conflitos entre ele e
setores conservadores que, por mais de quarenta anos, enfrentaram sua tentativa
de generalizar a educação pública e gratuita de qualidade no Brasil. Merece
destaque a compreensão do educador sobre o papel da escola pública na
construção e consolidação da democracia, segundo as avançadas concepções dos
educadores norte-americanos John Dewey e William Kilpatrick, que conheceu, em
1927, no Teachers College da Universidade Colúmbia, em Nova Iorque. Passado
quase meio século, torna-se importante o esclarecimento da morte de Anísio
Teixeira, por ter sido ele o principal mentor da luta pela escola pública
universal e gratuita no Brasil. De fato, sua morte, representou um duro golpe
nessa luta, ainda bastante atual.
O
trabalho resulta da pesquisa desenvolvida pelo autor, durante 30 anos, segundo
a qual Anísio Teixeira não morreu em consequência de queda em um fosso de
elevador no Edifício Duque de Caxias, na Rua Praia de Botafogo, 48, no Rio de
Janeiro, em 11 de março de 1971, onde residia o acadêmico Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira.
Foi
uma entrevista concedida ao autor, pelo então senador Luiz Viana Filho, em 17
de dezembro de 1988, que mudou completamente o rumo da investigação sobre a
morte mal explicada de Anísio, e que agora permitiu a conclusão definitiva de
que ele nem caiu nem foi empurrado para o fosso do elevador onde seu corpo foi
encontrado no final da tarde de 13 de março de 1971.
A
versão da queda no elevador (acidental, ou provocada), que havia sido a
explicação dada para a morte pela imprensa, sem qualquer base investigativa,
conseguiu prevalecer por quase meio século. Tudo leva a crer, pelo que o livro
apresenta, que Anísio foi morto em outro lugar, e seu corpo levado e acomodado
na parte inferior do fosso do elevador.
A
farsa, agora definitivamente desmascarada, foi descoberta a partir dos novos
documentos (fotografias e o Auto do Exame Cadavérico) , entregues à família do educador
pela Comissão Nacional da Verdade. A partir deles conclui-se, definitivamente,
que a morte de Anísio Teixeira não ocorreu no dia 11, tal como a versão falsa
afirmava, mas a 12 de março de 1971, e que é impossível ele ter caído no fosso
do elevador.
Vivia-se
no país uma época tenebrosa, após a edição do AI-5, de 13 de dezembro de 1968.
Avolumava-se a escalada de truculência, arbítrio, prisões, torturas, sequestros
e assassinatos, a cargo da ditadura militar. Paralelamente, ampliava-se a
resistência, com brasileiros de variadas posições sociais em busca de formas de
se opor à ditadura, dentre as quais, no caso mais extremo, o confronto armado
com o regime que derrubou o Presidente João Goulart, em 1964.
O
livro explica de forma minuciosa que é muito provável a hipótese do assassinato
de Anísio, por conta de razões políticas. No entanto, a despeito das indicações
consistentes sobre um suposto crime político, ainda não se autorizam conclusões
definitivas sobre quem o matou e onde o assassinato foi perpetrado.
GGN