Na estrutura
profunda deste filme que suavizou a estética da Guerra Fria vemos um conflito
entre público e privado.
The Spy Who
Loved Me (1977) é sem dúvida o melhor filme de 007 com Roger Moore. Com
locações na Áustria, Egito, Sardenha e outros países, o filme tem belas cenas
de ação em terra, no ar e no mar, apresentando uma curiosa cooperação entre
James Bond e a agente soviética XXX. O vilão do filme é Stromberg, um bilionário que financiou o
desenvolvimento de um equipamento que lhe permite rastrear e destruir
submarinos da Inglaterra e da URSS.
As relações
entre os dois agentes ficam tensas quando XXX descobre que 007 matou o amante
dela na Áustria. Todavia, o charme de James Bond salva a vida do espião inglês
depois que ele e sua companheira soviética conseguem destruir a arma secreta e
a base submarina de Stromberg.
Na estrutura
profunda deste filme que suavizou a estética da Guerra Fria vemos um conflito
entre público e privado. O bilionário Stromberg, que age com absoluta liberdade
como se não fosse obrigado a respeitar a autoridade de nenhum Estado, consegue
desafiar o poder de duas potências obrigando-as a agir deixando de lado suas
diferenças ideológicas, economicas e militares.
Quando The
Spy Who Loved Me foi lançado em 1977 as idéias neoliberais começaram a ganhar
força nos EUA e na Inglaterra. Elas se tornaram hegemonicas após Margaret H.
Thatcher ser nomeada Primeira Ministra da Inglaterra (1979) e Ronald Reagan vencer
a eleição presidencial nos EUA (1981). Desde então, o neoliberalismo segue
sendo a força ideológica mais importante nos EUA, na Europa, Japão e Coréia do
Sul.
A promessa
de abundância para todos não foi realizada. O neoliberalismo afundou dezenas de
milhões de norte-americanos e europeus na miséria para produzir bilionários que
tem capacidade econômica para destruir economias nacionais inteiras. A fome
voltou a ser um problema na Europa e nos EUA. Na fase atual, apoiados pelos
Economic Hit Men dos EUA eles estão destruindo os direitos trabalhistas,
previdenciários e sociais dos cidadãos de países vulneráveis como Brasil.
Em The Spy
Who Loved Me o inglês 007 e a soviética XXX derrotam o neoliberal Stromberg. Na
vida real os Strombergs criados pelo neoliberalismo agem com absoluta liberdade
e nenhum agente estatal parece capaz de destruí-los. Um bom filme de um tempo
em que preservar a natureza pública e inclusiva do Estado ainda podia ser
alimentada inclusive nos países capitalistas.
Apreciem o
filme
AQUI.
Do GGN, Fábio de Oliveira Ribeiro