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terça-feira, 2 de abril de 2019

NAZISMO FOI UM MOVIMENTO DE DIREITA, DIZ MUSEU DO HOLOCAUSTO VISITADO POR BOLSONARO E ERNESTO ARAÚJO

Instituição conta a história do genocídio de seis milhões de judeus pelos Nazistas e, mais, explica didaticamente que o regime liderado por Adolf Hitler era de extrema direita e nacionalista.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
No terceiro dia de visita oficial ao governo de Israel, esta terça-feira (02), o presidente Jair Bolsonaro conheceu o centro de memória do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém.
O local conta a história do genocídio de seis milhões de judeus pelos Nazistas e, mais, explica didaticamente que o regime liderado por Adolf Hitler era de extrema direita e nacionalista. A exposição sobre a história do Museu contraria a visão defendida pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que também estava na comitiva que acompanhou Bolsonaro na visita ao memorial.
Em um artigo publicado no sábado (30) no seu blog pessoal, Araújo afirmou que o nazismo é um movimento de esquerda. “Livres dessa inibição, podemos facilmente notar que o nazismo tinha traços fundamentais que recomendam classificá-lo na esquerda do espectro político”, escreveu o chanceler.
Em uma recente entrevista ao canal do YouTube Brasil Paralelo, da mesma linha ideológica de Olavo de Carvalho, Araújo disse ainda que “fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda”.
Em seu site oficial, o centro de memória do Holocausto Yad Vashem traz um breve histórico sobre a ascensão do partido nazista na Alemanha, entre a Primeira e a Segunda guerras mundiais.
A instituição lembra que as principais potências europeias, ao assinar o Tratado de Versailles para selar a paz na região, considerou a alemanha a principal culpada pelos conflitos, obrigando o país a aceitar uma série de imposições que levando os alemães a perderes parte de seus territórios, zonas de exploração mineral e colônias.
“Essa frustração, junto a intransigente resistência e alertas sobre a crescente ameaça do Comunismo, criou solo fértil para o crescimento de grupos radicais de direita na Alemanha, gerando entidades como o Partido Nazista”, explica o museu. E esse é o cenário dá origem à criação do Partido Nazista, em 1920.
Um dos principais pontos de apoio para quem argumenta que o Partido Nazista era de esquerda está no nome completo da sigla “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães”.
Trecho no site do museu Yad Vashem dizendo que o Partido Nazista surgiu como uma reação às ameaças do comunismo na Alemanha entre a Primeira e Segunda grandes guerras.
Em entrevista à BBC News Brasil, Izidoro Blikstein, professor de Linguística e Semiótica da USP e especialista em análise do discurso nazista e totalitário, rebate esse argumento usado nos debates da internet.
“Me parece que isso é uma grande ignorância da História e de como as coisas aconteceram. O que é fundamental aí é o termo ‘nacional’, não o termo ‘socialista’. Essa é a linha de força fundamental do nazismo – a defesa daquilo que é nacional e ‘próprio dos alemães’. Aí entra a chamada teoria do arianismo”, explica.
Em setembro passado, o embaixador alemão no Brasil, Georg Witchel, em entrevista ao jornal O Globo chamou de “besteira” afirmar que o nazismo foi um movimento político de esquerda.
“É uma besteira argumentar que o fascismo e o nazismo são movimentos de esquerda. Isso não é fundamental, é um erro, é simplesmente uma besteira”, analisou.
“Isso é um fato bem fundamentado na História. É um consenso entre os historiadores da Alemanha e do mundo que o nazismo foi um movimento de extrema direita”, completou.
Sobre a confusão que se criou, especialmente em grupos radicais de direita no Brasil, de que o Nazismo é de esquerda, a professora de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF), Denise Rollemberg, disse em entrevista à BBC News Brasil que quando surgiu, o partido Nazista também se apresentou contra o capitalismo liberal que existia na época.
“Não era que o nazismo fosse à esquerda, mas tinha um ponto de vista crítico em relação ao capitalismo que era comum à crítica que o socialismo marxista fazia também. O que o nazismo falava é que eles queriam fazer um tipo de socialismo, mas que fosse nacionalista, para a Alemanha. Sem a perspectiva de unir revoluções no mundo inteiro, que o marxismo tinha”, completou.
Do GGN

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

RESISTIR PARA VENCER. PESQUISA IBOPE/DATAFOLHA AGORA É SÓ PROPAGANDA, POR FERNANDO BRITO


Qualquer um percebe que se formou um “todos por Bolsonaro” no país, com a vergonhosa entrega da mídia, do Judiciário e de parte dos políticos convencionais ao favoritismo do candidato fascista.
O Datafolha de hoje segue nessa toada, mas sem conseguir, entretanto, dar ao candidato da direita o empuxo necessário para evitar que a decisão fique para o segundo turno.

domingo, 19 de agosto de 2018

Jogo sujo da grande mídia contra decisão da ONU a Lula vai da manipulação ao cinismo, por Tiago Barbosa

A decisão da ONU de mandar respeitar os direitos políticos de Lula tem sido tratada pela parte podre da mídia brasileira com a velha sordidez filiada ao cinismo e à manipulação.
O jogo sujo consiste em minimizar a avaliação do Comitê de Direitos Humanos enquanto rebaixa a importância do assunto na arquitetura dos portais de notícia.
A manifestação da ONU é cristalina e sem margem para interpretação ou contestação: o país precisa garantir ao ex-presidente o direito de concorrer às eleições. Ponto.
O Brasil ratificou a autoridade do comitê dentro do processo. A Procuradoria da República, idem. Em outros casos, o estado brasileiro reconheceu o órgão com o qual se comprometeu através de tratados.
Significa: o Brasil deu à ONU a palavra final na questão dos direitos humanos e, assim, precisa se submeter às decisões. Ponto.
Mas aí entra a torpeza midiática.
Primeiro, a manipulação semântica e jurídica: a ONU “pediu” (e não “ordenou”), a decisão não tem “poder vinculante”, é “fake news”. E a bravata do Itamaraty, sequestrado pelo golpismo barato e irresponsável, tenta desmerecer o comitê - caminho semelhante seguido pelo apagado ministro da Justiça.
O antídoto à combinação de mau-caratismo com desinformação vem da insuspeita Sarah Cleveland, vice-presidente do comitê da ONU, formado por 18 especialistas eleitos pela Assembleia Geral: “Brasil tem a obrigação de cumprir”. Ponto.
Soterrada pela razão, parte da mídia apela ao cinismo para esconder a notícia. Sem destaque nos sites, redução a notas na TV, comentários de âncoras antipetistas ou dos especialistas de plantão ao estilo “topo tudo para aparecer”.
No dia seguinte, a desfaçatez orquestrada: espaços ridículos nas edições impressas, ênfase na posição do governo e o off para pressionar a Justiça a ignorar a força da liminar.
Não resistem a uma comparação: e se fosse a Venezuela? “Maduro é ditador. Se descumprir, merece intervenção. Sanção neles.” Repercussão com a direita brasileira, juiz, procurador, advogado, o escambau.
Não adianta a importância dada por NYTimes, The Guardian, Reuters, France Press, BBC. O planeta.
A mídia brasileira tenta reduzir a manifestação favorável do principal organismo mundial das nações a um preso brasileiro - o maior estadista das Américas - a um truque eleitoral de mau gosto.
E ainda têm a petulância de falar em fake news e outros engodos enquanto funcionários sabujos se dedicam a tentar distorcer a informação.
O golpismo é, de fato, um monumento à degeneração humana e jornalística.
GGN

segunda-feira, 30 de julho de 2018

XADREZ DAS DERROTAS ELEITORAIS E DAS VITÓRIAS POLÍTICAS, POR LUIS NASSIF

Peça 1 – as três dimensões da política
Para efeito pedagógico, vamos dividir o mercado de opinião política pós-Constituinte e pré-Lula em três dimensões:
Dimensão intelectual
Um grupo numericamente reduzido de atores que discutia e ajudava a definir as grandes políticas públicas. Eram intelectuais, com preponderância para os economistas, acadêmicos, em especial da USP e da FGV, lideranças empresariais mais esclarecidas, todos com atuação essencialmente paulistana, orbitando no universo da mídia.
O status político era garantido pela exposição midiática, inclusive junto ao PT, como foram os casos de Eduardo e Martha Suplicy, Aloisio Mercadante e Guido Mantega.
Intelectuais e empresários de outros centros, com exceção do Rio de Janeiro da FGV e da PUC, não eram admitidos no salão principal, e era expressamente proibida no baile a entrada de sindicalistas, lideranças sociais e movimentos populares.
No máximo, grupos minoritários obtinham apoio retórico para algumas causas, servindo de álibi para os bens pensantes mostrarem sensibilidade social retórica. Se ousassem transpor os sentimentos para o campo objetivo das políticas públicas seriam marcados na testa com a condenação definitiva: populistas.
Dimensão política
Os partidos que ajudavam a compor maioria, a quem eram oferecidas as sobras do banquete do presidencialismo de coalisão. Brilhavam em seus estados, mas periodicamente precisavam vir a São Paulo comprar bens de status na Daslu e bens de opinião junto aos intelectuais e políticos tucanos.
Os invisibilizados
Aí entrava a rapa, dos movimentos sociais, sindicais, às lideranças populares, sem nenhum espaço na mídia desde as Diretas, sem direito a qualquer forma de protagonismo. As experiências inovadoras que poderiam elaborar ficavam restritas às prefeituras, nas gestões de Luiza Erundina e Marta Suplicy em São Paulo e Patrus Ananias em Minas.
Peça 2 – o governo Lula
Especialmente nos dois governos Lula, os invisíveis passaram a ter protagonismo na definição das políticas públicas, especialmente nos temas sociais.
Em pouco tempo mostraram uma criatividade inédita, como o Bolsa Família, juntando o melhor objetivo com a melhor metodologia. Depois, Luz Para Todos, o programa de cisternas no semiárido, o programa inicial de biodiesel com selo social, uma chuva de ideias inovadoras e bem elaboradas, enquanto as áreas técnicas se perdiam em medidas de manual, incapazes sequer de avaliarem criticamente os resultados, como foi e é a metodologia das metas inflacionárias.
Resultou em um movimento generalizado de inclusão social, de fortalecimento das minorias raciais, sociais, sexuais, dos deficientes, na criação de um ambiente de solidariedade inédito na história do Brasil.
Quando sobreveio a crise, constatou-se que a maior virtude do PT e Lula, o republicanismo, era sua maior vulnerabilidade.
Esse paradoxo provocou dois resultados contraditórios. O imediato foi a derrota eleitoral e o golpe do impeachment. O de médio prazo, significou uma vitória política expressiva, com a esquerda se apropriando das principais bandeiras civilizatórias, movimento ampliado pela perseguição e prisão de Lula e pela comparação com o governo Temer, com o desmonte social apoiado pelo arco do impeachment e com o receituário econômico incapaz de tirar o país da crise.
Peça 3 – a legitimação da política
Aí se entra em um território de luta política no sentido mais profundo: como se dão as formas de legitimação moral das bandeiras políticas.
O ódio produz catarses, desabafos, violência, mas não gera perenidade, a não ser radicalizando a guerra ao inimigo. No limite, esse movimento leva à perda de controle das instituições que comandam o jogo – mídia-cúpula do Judiciário-grupos políticos – para as de uma liderança carismática qualquer, ou de um poder extra institucional, como os militares. Os abusos cometidos por Policiais Federais e procuradores, auto investidos na missão redentora, são a prova cabal dessa perda de referenciais e de controle. Não é à toa que merecem a resistência de Gilmar Mendes, o mais destemido e preparado dos gurus do golpe.
O sábio (sem ironia) Olavo de Carvalho, precursor e mestre de toda uma geração de propagadores de ódio, é dono de um faro invejável para antecipar os movimentos mais profundos da opinião pública.
Quando parecia que o país tinha descoberto o caminho da paz social, ele já antecipava o movimento de ódio que viria a seguir. Forneceu o template do qual se valeram colunistas de esgoto, um receituário tão funcional que pôde ser utilizado dos mais talentosos aos mais primários.
Um ou dois anos atrás, o mesmo Olavo alertou seus discípulos para o esgotamento do modelo inicial e a eficiência de um contra discurso que nascia de novos influenciadores, defensores dos direitos humanos valendo-se das mídias sociais.
Hoje em dia, os valores civilizatórios se tornaram parte integrante do arco da esquerda, uma espécie de prêmio de consolação ao lulismo pelo republicanismo, que, de um lado, consagrou Lula como um pacificador à altura de Ghandi ou Mandela, mas, de outro, permitiu o golpe jurídico-midiático mais fácil da história. Do lado de lá, estão os Alexandres Frotas e as Janaínas.
Como tornar permanente, a não ser pelo poder das armas, jurídicas ou militares,  um modelo moralmente iníquo?
Peça 4 – a direita e a busca do tempo perdido
Desde sempre, a lógica ancestral do golpe previa um roteiro ou planejado, ou melhor, conduzido pelos ventos do golpe:
Tirar Lula, PT, esquerda e movimentos sociais do mapa político e midiático. Para tal, praticar um discurso de ódio e de guerra total ao inimigo.
Esse discurso tiraria da garrafa o gênio da ultra-direita e da violência indiscriminada, com os gendarmes tentando levar o freio aos dentes.
Consumado o golpe, tentativa de recriação de um espaço minimamente civilizado, como o que se formou no pós-Constituinte, admitindo-se uma pluralidade restrita e seletiva e combatendo os extremismos.
Há dois objetivos em jogo, além do cuidado em não perder o controle da situação.
O primeiro, a tentativa de recriação da mídia como locus de mediação, conferindo um mínimo de legitimação ética ao discurso midiático, profundamente abalado por anos de ódio e falsificação das notícias. O segundo, tentar recriar uma centro-esquerda midiática, uma pluralidade sob controle.
De fato, abriram-se espaços para alguns colunistas que passaram a exercitar os limites do jornalismo. Prosseguindo assim, serão os jornalistas referenciais da nova geração. Ao mesmo tempo, tentam montar uma espécie de República de Vichi acadêmica, cooptando alguns intelectuais de esquerda para um combate sem trégua à “esquerda velha”.
O combate aos fakenews – prática midiática desde 2005 – está servindo como uma espécie de evento de corte, para marcar a “nova mídia” em relação ao jornalismo de esgoto praticado anteriormente por ela própria. A cada dia que passa, o jornalismo de esgoto fica restrito à chamada imprensa de segunda linha ou a colunistas de segunda linha, sem instrumental para vôos mais sofisticados.
O que impede a busca do tempo perdido? De um lado, o abandono das teses programáticas pelo PSDB, que trocou a social-democracia pelo MBL, deixando vazio de legitimidade no anti-petismo. Mas, principalmente, pelo fenômeno Lula que trouxe tantos personagens novos para a cena política que o país tornou-se grande demais para caber nas dimensões restritas da grande imprensa, em ambiente democrático.
Peça 5 – a dimensão política de Lula preso
E, aí, entram em cena aspectos psicossociais pouco compreendidos por esses cabeções de planilha.
A prisão de Lula, a perseguição escandalosa contra ele, a exposição da face partidária da Justiça, as arbitrariedades da Lava, escancaram o que o próprio Lula antecipou no comício de São Bernardo.
O último comício de Lula foi um clássico de estratégia política, especialmente a transferência simbólica do seu legado para o povo - “agora vocês são milhões de Lulas” – e a imagem criada por Pablo Neruda, que Lula utiliza desde a campanha de 1989: “podem matar uma, duas, três rosas, mas não podem deter a primavera’”.
No Festival Lula, na Lapa, um público estimado entre 10 mil e 40 mil pessoas, muitas vindas de outros estados, mostrou a força do mito. Os apresentadores relembravam a vida de Lula, o nascimento em um casebre de dois quartos, para sete irmãos, a vinda no pau-de-arara para São Paulo, os empregos na infância e na adolescência. Depois, os depoimentos de artistas e músicos sobre as políticas sociais, os meninos pobres ascendendo à Universidade, entremeados de vídeos das palavras de Lula no comício de São Bernardo. Tudo isso, mais a lembrança de que o personagem está em uma cela da Polícia Federal, impedido de se candidatar a presidente, formam o quadro final da criação do mito.
Entre os artistas presentes no Festival Lula Livre, tempos atrás, um dos mais ilustres chegou a esboçar uma composição-lamento sobre a decepção com Lula e o PT. Reviu a posição quando a perseguição a Lula e seu encarceramento desnudaram o jogo político-policial que se montara.
O encarceramento de Lula apressou seu julgamento histórico, minimizou os erros da atuação política do PT, reaproximou Lula não apenas das bases, mas dos setores independentes e de grupos de esquerda historicamente críticos da realpolítik do PT.
No encontro, confraternizaram-se lideranças do PcdoB, PSOL, artistas populares de primeira grandeza e jovens músicos praticando suas músicas de resistência.
Quem estava ali não eram apenas petistas ou lulistas, mas pessoas independentes, tendo em comum a defesa da democracia e dos valores civilizatórios, ou seja, um pacto em torno de princípios, como a defesa da democracia, dos direitos sociais, da recuperação da coesão social.
No palco, as palavras de ordem eram contra a ditadura, o preconceito, o feminicídio. E a lembrança de Lula a combustão maior, o fio que amarra as esperanças de todo o Brasil, representado na multidão que compareceu ao Festival e nas pesquisas de opinião, ampliando sua diferença em relação aos demais candidatos.
A cada dia que passa, torna-se mais acachapante a diferença de estatura entre Lula, que preferiu a prisão para preservar seu legado, e Fernando Henrique Cardoso, com seu oportunismo mesquinho, personagem minúsculo e, no entanto, o melhor símbolo que o golpe do impeachment tinha a oferecer.
Peça 6 – os desdobramentos do jogo
Não significa que, até as eleições, haverá a recuperação das regras democráticas. O estado de exceção ainda se prolongará por bom tempo. Mas os valores democráticos, as bandeiras da solidariedade social, o entendimento da democracia como um valor nacional, estão vivos como sementes plantadas em solo fértil. E, na base de tudo, o legado de Lula, não apenas no discurso e na palavra, mas nas políticas implementadas em seu governo e nos resultados alcançados.
É a semente para uma nova política que ainda está nascendo, mas que é irreversível.
Do GGN

quarta-feira, 4 de julho de 2018

DIREITA OBRIGA BRASILEIRO A COMER VENENO!

A direita brasileira, que vive enchendo a boca para falar das vantagens da “livre escolha” numa sociedade capitalista, está conseguindo aprovar no Legislativo projetos que tiram o poder de escolha do consumidor. Graças à direita no Congresso nacional, podemos perder o direito de saber se um alimento é transgênico, porque querem tirar o rótulo das embalagens; não teremos o direito de comer alimentos com menos agrotóxicos, porque querem liberar os pesticidas sem restrições; e agora querem nos impedir de comprar orgânicos onde quisermos. Esse é um caso típico de atentado ao direito do consumidor. Cadê o Procon?
Aproveitando a distração dos brasileiros com a Copa do Mundo, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou no último dia 15 de junho o projeto de lei 4576/16, do deputado Edinho Bez (PMDB-SC), que estabelece que os orgânicos só podem ser vendidos diretamente ao consumidor e apenas pelo agricultor familiar integrante de organização de controle social cadastrada nos órgãos fiscalizadores. Se aprovada, a proposta faz graves restrições à venda direta de orgânicos, inclusive ao governo, e poderia inviabilizar boa parte da agricultura orgânica, acabando com anos de avanços.
Relator da matéria, o deputado Luiz Nishimori (PR-PR), o mesmo do projeto que liberou os transgênicos, defendeu a proposta. “Um regramento mais rígido para a venda direta de produtos orgânicos trará benefícios para os produtores que verdadeiramente investem e observam os preceitos da agricultura orgânica, assim como para os consumidores”, justificou o deputado, integrante da bancada ruralista. O projeto vai agora à Comissão de Constituição e Justiça para seguir ao plenário.
Já o relatório de Nishimori que libera geral os agrotóxicos foi aprovado pela comissão especial que analisa o tema no dia 25 de junho. O texto permite a liberação de agrotóxicos pelo Ministério da Agricultura mesmo antes de serem concluídas as análises sobre eventuais riscos à saúde humana por órgãos reguladores como Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O relatório inclusive rechaça a palavra “agrotóxicos” e adota o termo “pesticida” –os ruralistas queriam que fosse “defensivo agrícola”.
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) reclamou que a proposta é inconstitucional, mesma avaliação do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União, duas das várias instituições que se posicionaram contra o parecer de Nishimori. Além do Ibama e da Anvisa, o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional do Câncer) também estão entre os que criticam o texto aprovado. O projeto seguirá agora para apreciação do plenário.
No caso da obrigação de um selo para os transgênicos, as comissões de Meio Ambiente e de Agricultura e Reforma Agrária do Senado deram seu aval ao projeto do deputado ruralista Luis Carlos Heinze que põe fim ao “T” nas embalagens de produtos que contêm transgênicos, aprovado no plenário da Câmara em 2015. Os críticos à proposta afirmam que ela fere frontalmente o Código de Defesa do Consumidor, que perde o direito de ser informado se o que está comprando possui transgênicos ou não.
O senador Cidinho Santos (PR-MT), defensor do projeto, recorreu a uma pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para dizer que o “T” não é importante porque 14% das pessoas confundiriam o símbolo com “um sinal de trânsito”. “Essa proposta que tramita no Senado é uma violação ao direito à informação, à alimentação saudável e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, previstos no Código de Defesa do Consumidor e na Constituição Federal”, rebateu Renata Amaral, do Idec(Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), para quem a proposta atenta contra o poder de decisão do consumidor.
Assista [aqui] ao minidocumentário de 2015 O Custo Humano dos Agrotóxicos, do fotógrafo argentino Pablo Piovano, sobre os efeitos dos defensivos químicos na saúde dos agricultores e de suas famílias. Uma das fotos do ensaio de Piovano ilustra essa reportagem: a mão de Alfredo Cerán, que trabalhou durante 9 anos aplicando agrotóxicos em campos de soja. Suas unhas ficaram queimadas e ele adquiriu cirrose não-alcoólica. Exames mostraram que seu sangue contém resíduos de glifosato, clorpirifós, azatrina, ácido diclorofenóxiacético e cipermetrina.
No curta, ele mostra outras dezenas de casos de contaminação por agrotóxicos em adultos e crianças, causando desde problemas físicos até mentais, de asma a câncer.
 Do blog Socialista Morena

sábado, 10 de fevereiro de 2018

O poder de manipulação do Judiciário

Por que a Justiça brasileira tem uma tendência em beneficiar a elite nas suas sentenças? O Comitê dos Juristas Piauienses pela Democracia está divulgando um texto esclarecendo algumas questões acerca do judiciário nacional que podem ser parte da resposta à pergunta. 
Para entender o Judiciário
Você já parou para pensar como pode um cidadão prepotente, arrogante, parcial, ser Juiz (Ministro) do Tribunal mais importante do País, o Supremo Tribunal Federal, que julga as questões fundamentais da República Federativa do Brasil?
Você já parou para pensar como pode um cidadão prepotente, arrogante e parcial, que protege os amigos senadores e persegue os inimigos políticos de seus amigos senadores, ser o juiz mais badalado e festejado pela Rede Globo?
Tudo muito esquisito, não é mesmo?
Nós sempre fomos tentados a acreditar que dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), o único que não é escolhido por nosso voto democrático, seria o mais sério.
A justiça, imaginamos, seria o equilíbrio entre o modo como as pessoas vivem, se comportam e agem, por um lado, e a situação, o tratamento que, por outro lado, recebem. Os seja: se a pessoa se comporta mal, fere aos demais membros da sociedade, merece um tratamento corretivo proporcional a sua maldade. Por isso o símbolo da justiça é a balança.
A vida em sociedade acaba exigindo que assim seja. Afinal não se pode esperar que um ladrão se arrependa e devolva a motocicleta roubada a seu legítimo dono. Isso pode até acontecer, mas não é comum.
A sociedade ideal, pensada ainda nos anos de 1700, na França, seria mais ou menos assim: o poder legislativo (Câmara Municipal, Assembleia Legislativa ou Congresso Nacional) faria as leis para melhorar a situação de vida do povo. O poder executivo (Prefeito, governador ou Presidente), governaria de acordo com essas leis. E o poder judiciário julgaria o comportamento das pessoas que agissem contrariamente a essas leis.
O modelo é perfeito. Sua aplicação em nossa história, entretanto, nunca seguiu a esse modelo.
O conjunto das leis brasileiras obedece a uma certa hierarquia. A isso se chama “Ordenamento jurídico”. Pois bem, nosso ordenamento jurídico, desde que o Brasil existe, foi concebido como um modelo completo e coerente.
Completo porque regula todos os aspectos da vida em sociedade. Desde o registro de nascimento da pessoa até como deve funcionar a transmissão de dados via internet.
Coerente porque as leis, respeitada a hierarquia que as ordena, não guardam contradição entre si, o que poderia ocorrer num país gigantesco como o Brasil.
Mas veja: ordenamento jurídico completo e coerente, porém absolutamente independente de nossa realidade social e econômica.
E isso é importante: independente das dificuldades por que passa o povo justamente porque serve a interesses das elites que sempre estiveram alheias a essa realidade social e econômica objetiva. Talvez por isso se diga que a Justiça é cega.
Você poderia dizer: o problema aí é da lei. De fato. Mas a aplicação dessa lei, pelo Judiciário, desde que o Brasil existe, aprofunda, em muito, as desigualdades existentes em nossa realidade socioeconômica.
Vamos tentar entender um pouco do que é e como funciona essa “caixa preta” chamada Poder Judiciário no Brasil.
Primeiro precisamos entender como, em geral, funciona o processo judicial. Processo é a forma como “anda” uma ação que se propõe em juízo.
Nosso processo, se diz, é “inquisitorial”. Primeiro se busca o culpado, depois se arranjam as provas da culpa. As condicionantes sociais e econômicas são irrelevantes. Não importa, por exemplo, que a mãe de família furtou aquele pacote de bolacha para alimentar seus filhos famintos...
E quando se diz que o processo, no Brasil, é “inquisitorial” se quer dizer que todos (todos à exceção das elites) são, de antemão, presumidamente culpados. No inquérito policial o acusado é ouvido sem poder se defender. A polícia produz a prova a partir desse depoimento do acusado e de indícios outros.
E o interessante é que quando o inquérito policial se transforma em ação penal, já na justiça, o acusador se senta ao lado do julgador, na sala de audiências. A defesa não tem esse privilégio!
Ou seja, a partir da forma como se distribuem os personagens em um julgamento já se denota que a máquina judicial está montada para condenar. A esse sistema não interessa se o acusado é “inocente” ou “culpado”. E sim a maior ou menor de forma de controle a ser exercido sobre esse acusado que, presumidamente, optou pelo crime e por isso deverá perder uma parte maior ou menor de seus direitos de cidadania.
Esse sistema inquisitorial do processo brasileiro, no qual todos os pobres, todos os pretos e todos os moradores da periferia das grandes mansões, são culpados (basta depois conseguir as provas!) tem raízes históricas perfeitamente definidas em um modelo de sociedade excludente e de judiciário elitista.
E quando se diz que a sociedade brasileira é excludente, que exclui os pobres do centro de suas preocupações, se diz com base em dados: hoje apenas 5 (cinco) pessoas ricas do Brasil detém tanta riqueza quanto o somatório de tudo o que possuem mais da metade de nossa população! Um historiador inglês já dizia que o Brasil é “um monumento às desigualdades sociais”.
Desigualdades sociais acobertadas pelo Poder judiciário.
Sempre achamos que aquele homem branco de quarenta e poucos anos, o Juiz de nossa cidade, seria o homem mais inteligente, mais preparado da cidade. Por isso mesmo o mais justo.
Não nos enganemos. A justiça que esse homem branco de quarenta e poucos anos distribui não é a Justiça em favor dos pequeninos. É a justiça dos fariseus!
A Justiça no Brasil, desde que o Brasil é Brasil, em essência, é tradicional, formal. Serve-se a si mesma. Enquanto a sociedade se transforma, o Judiciário continua a se pautar por muitas características do passado.
Até 1808, pelo menos, quem julgava e condenava os moradores de suas terras era o latifundiário. Evidente que nos núcleos urbanos havia uma pequena estrutura de judiciário que, de certa forma, independia dos latifundiários.
Esse Judiciário de então era um serviço público que funcionava como a uma “franquia”. Uma concessão: o cidadão formado em Direito (os cursos superiores eram sediados em Portugal: portanto somente os filhos de latifundiários ou dos altos funcionários da Corte Portuguesa podiam ser advogados e juízes) adquiria a concessão daquele serviço público chamado Judiciário, passando a ser o dono das taxas e custas cobradas dos “clientes” da justiça.
Eram os chamados “Juízes de Fora”. Aqui no Piauí o mais famoso foi o Juiz de Fora de Campo Maior e Parnaíba. Esse Juiz de Fora aplicava aos casos que julgava um “direito” absolutamente deslocado daquela específica realidade social e econômica. Por exemplo: o costume na região era a partilha na base da quarta. Pois esse juiz de fora poderia condenar o agricultor a partilhar sua roça na base da meia, costume de outra região, com notórios prejuízos ao agricultor.
E o que é pior: os Juízes de Fora sempre consultavam ao Executivo quanto a como decidir determinada demanda. Isso além de atrasar a solução do caso, mostrava a subordinação do judiciário ao executivo.
E se o agricultor que quisesse recorrer contra aquela sentença injusta deveria ir até a Casa de Suplicação de Lisboa (isso mesmo: em Lisboa) para apresentar seu recurso.
É verdade que desde 1587 havia um Tribunal de Relação, em Salvador, na Bahia. Mas esse Tribunal tratava de questões meramente administrativas, do funcionamento da Corte Portuguesa no território brasileiro.
Fica claro, então, que as três questões fundamentais para que entendamos o judiciário no Brasil, desde sua origem, são exatamente essas:
O Juiz de Fora era um filho das elites (altos funcionários da Corte Portuguesa ou latifundiários);O Judiciário era uma concessão pública, uma espécie de “franquia”, de modo que as taxas judiciárias beneficiavam exclusivamente aqueles filhos da elite que tivessem o privilégio de possuí-las; eO Juiz de Fora aplicava uma regra geral, também de fora, interpretando de maneira particular. Ou seja: de forma absolutamente desconectada com a realidade local.
Essa três características dos primórdios do judiciário no Brasil findaram por moldar toda a estrutura do judiciário que hoje temos no Brasil: um conjunto de servidores públicos filhos da elite, cheios de privilégios corporativos, que julgam as questões sem o menor senso crítico de nossa realidade socioeconômica de gritantes desigualdades sociais.
Um concurso público para Juiz, com as famosas “perguntas de algibeira”, frequentemente usadas para excluir do certame aqueles candidatos que não tiveram condições financeiras para estudar por anos à fio, finda por elitizar cada vez mais a esse judiciário.
É certo que, por vezes, alcançam êxito em concursos públicos alguns que não são, por berço, gente da elite. Ocorre que a própria carreira da magistratura é instrumento para enquadrá-los no sistema. A jurisprudência dos tribunais superiores é por eles absorvida sem qualquer discussão.
Assim, se o Juiz de Fora consultava ao Executivo como julgar aquela demanda, hoje o Judiciário está tão hierarquizado que os juízes novatos, recém aprovados em concurso, mesmo não sendo por acaso filhos da elite, findam por incorporar aquela jurisprudência, aquela forma de decidir já estabelecida no sistema.
Portanto: é um sistema fechado. Alheio à nossa realidade socioeconômica. Não há como mudá-lo.
Lamentavelmente, não bastam reformas pontuais no Judiciário brasileiro.
Os democratas brasileiros devem repensar, de forma amiudada, esse Poder.
Do Comitê dos Juristas Piauienses pela Democracia

domingo, 7 de janeiro de 2018

O caso da chefe de gabinete do TRF 4 mostra quem, de fato, APARELHOU O ESTADO. Por Kiko Nogueira

Daniela Lau, chefe de gabinete da presidência do TRF 4, quer Lula preso
Uma dúvida.
E se a chefe de gabinete da presidência do TRF 4 — militante virtual que pedia, entre outras coisas, a prisão de Lula num abaixo assinado — fosse de esquerda? Mais: e se fosse petista?
Daniela Tagliari Kreling Lau usou seu Facebook para postar propaganda do MBL, da Escola Sem Partido e de outras bandeiras.
E se ela divulgasse, por exemplo, vídeos do MST? Ou discursos do senador Lindbergh Farias?
Desnecessário dizer que, a essa altura, Daniela já teria sido crucificada pela mídia e exonerada por seu chefe, o presidente do tribunal, Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. 
Seria acusada de fazer parte de algo que desapareceu desde o golpe: o aparelhamento do país.
Nas admistrações petistas, esse bordão foi martelado todo dia. O PT havia aparelhado o Brasil. O falecido Arnaldo Jabor chegou a dar números.
“Nunca antes se roubou em nome de um projeto político alastrante em todos os escaninhos do Estado, aparelhado por mais de 30 mil militantes”, afirmou em 2014.
Quando o perfil de Miriam Leitão na Wikipedia foi alterado por um desocupado, o Globo decretou que era coisa de “um bode expiatório da militância petista” que tomou conta do governo.
Ainda hoje essa tecla continua a ser acionada pelos suspeitos de sempre.
Num artigo psicótico para a Folha, há duas semanas, Luiz Felipe Pondé escreveu que, se Lula for eleito em 2018, “o Poder Judiciário, já em grande parte na mão da ‘malta’ do PT, servirá ao partido de forma sincera e submissa”.
Vê-se agora, com casos como os de Daniela e de Ivanice Grosskopf, diretora da secretaria da 13a. Vara Federal de Curitiba e braço direito de Sergio Moro, que quem aparelhou as instituições da Justiça não foram os demônios lulistas, dilmistas e socialistas.
Foram os amigos. Portanto, não se trata de aparelhamento, mas de manifestações legítimas de cidadãos de bem.
Post de Ivanice Grosskopf, braço direito de Moro em Curitiba
Do DCM

domingo, 1 de outubro de 2017

O ex-presidente Lula deve sua liderança no Datafolha a Moro, Temer e a mídia. Por Kiko Nogueira do DCM


Lula deve seu desempenho no Datafolha a Michel Temer, a Sérgio e à mídia.

Ao primeiro, por razões óbvias: MT é um fracasso completo em todas as áreas, um desastre ambulante que não entregou a rapadura do golpe e cujo horizonte político é tenebroso.

Fisiológico e acostumado a operar nas sombras, foi um pau mandado pago para destruir, em tempo recorde, a obra dos governos anteriores. Ficou claro que nunca teve projeto algum.

Lula sempre teve.

Sob um massacre diuturno, Lula cresceu 5 pontos percentuais e se isolou ainda mais na disputa pela Presidência em 2018.

Agora tem 35% das intenções de voto, contra 30% do levantamento anterior, feito em junho, antes da condenação a nove anos e seis meses de prisão por Moro.

Bolsonaro e Marina aparecem empatados com 16% e 13%, respectivamente. Doria e Alckmn têm 8%.

Em junho, Marina Silva era a única capaz de vencer Lula no segundo turno. Agora ele se isolou na frente.

A Lava Jato fortaleceu Lula, que assumiu uma postura combativa desde o primeiro tiro. Mais de três anos após iniciadas as investigações, o que Moro e seus homens produziram foi uma tentativa malfadada de colocar Lula no centro de uma “organização criminosa”, a tal orcrim, e fazer uma conta de chegada.

O ápice da cruzada fascistoide de Deltan Dallagnol e seus cometas foi um powerpoint ridicularizado até por membros da igrejinha.

Desde então, o decoro foi para o buraco. A delação de Palocci era considerada a bala de prata. Duas semanas depois, vê-se o resultado.

Moro dá sinais evidentes de fadiga de material. De acordo com a Veja, diz que está cansado e vai largar a Lava Jato. Primeiro precisa entregar a cabeça de Lula.

Um fiasco. Na segunda feira aparece com mais um escândalo. O dos recibos durou menos do que se esperava.

Manchetes e jograis do Jornal Nacional não conseguiram destruir uma candidatura. Vazamentos a granel, armações, ataques a Marisa Letícia, morta — nada disso funcionou. Os Marinhos querem cortar os pulsos.

Se Lula está assim depois de uma condução coercitiva, imagine-se se Moro decretar sua prisão. No cenário de destruição promovido pelo estado policialesco que vivemos, com a esperada descrença na democracia, Lula vai surgindo como o que seus inimigos não queriam: o pacificador.

DCM

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Pesquisa indica que apoio a Lula deve disparar em 2018, por Eduardo Guimarães

Em 17 de abril de 2016, enquanto o Senado Federal se preparava para consumar o golpe parlamentar que cassou Dilma Rousseff, este Blog anteviu o que resultaria daquele ato insensato, antidemocrático e literalmente criminoso.

“(…) O que os golpistas esquecem é que o eleitorado majoritário que está eventualmente posicionado contra Dilma espera que tudo se resolva por milagre no exato momento em que ela deixar o poder.

Só um imbecil acredita que, com o país convulsionado, a economia vai se consertar assim. Quando o povo descobrir que lhe venderam uma mentira, ficará furioso, sobretudo porque a queda de Dilma se fará acompanhar de retirada de direitos.

Por fim, a saída de Dilma dará discurso a Lula e ao PT. E como Lula ainda é extremamente popular mesmo com toda artilharia que vem sofrendo, sua candidatura para 2018 será fortíssima, com ou sem golpe (…)”

Como este Blog vem dizendo há muito tempo, basta deixar que a direita governe que ela mesma tratará de se afundar politicamente. Foi previsto aqui que isso ocorreria simplesmente porque, em 11 dos 13 anos de governos petistas, o salário aumentou todo mês e a pobreza, a desigualdade e o desemprego caíram todo mês.
Nesse aspecto, o período que vai de abril de 2016 até agora operou importante mudança na mentalidade dos brasileiros. E as razões são as seguintes:
1 – A maioria do povo descobriu que era mentira da mídia, dos movimentos de rua de direita e dos partidos políticos sócios do golpe que bastava tirar Dilma da Presidência que tudo se resolveria.
2 – A maioria do povo descobriu que os maiores acusadores do PT, os tucanos, não apenas são hipócritas como autores de muita roubalheira.
3 – A maioria do povo descobriu que a perseguição contra Lula empreendida por Sergio Moro e o Ministério Público Federal objetiva apenas impedi-lo de devolver justiça social aos brasileiros, razão pela qual, segundo o Datafolha, o PT já começa a crescer e a recuperar a popularidade perdida e Lula está cada vez mais forte e menos rejeitado.
4 – A maioria do povo descobriu que há uma guerra dos ricos brasileiros contra os pobres e crê que estão usando o poder usurpado pela direita para retirar direitos sociais e trabalhistas históricos.  O povo percebe que Temer é uma espécie de Robin Hood com sinal trocado.
Até um tempo atrás tudo isso era apenas uma previsão, uma percepção. Agora, porém, pesquisa Datafolha realizada entre os dias 21 e 23 de junho com 2.771 pessoas de todas as regiões do Brasil confirma o que se intuía.
A pesquisa relata que “Cresce apoio a ideias próximas à esquerda” no Brasil.
O Datafolha mostra que cresceu o apoio da população a ideias identificadas com a esquerda do espectro político e esse apoio agora sobrepujou o avanço das ideias de direita que, segundo o instituto de pesquisas, explodiu em 2013.
Essas premissas acabam de ser confirmadas por pesquisa Datafolha que mede a inclinação ideológica no país. As perguntas elaboradas buscam demarcar as diferenças entre convicções associadas à direita e à esquerda, em temas econômicos e comportamentais.
Com base nas respostas, os eleitores são agrupados em uma das cinco posições da escala ideológica (esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e direita).
O gráfico do Datafolha divulgado na pesquisa e reproduzido abaixo mostra a disparada das opiniões de direita entre 2013 e o dia do fechamento da pesquisa em 23 de junho de 2017.
Na comparação com o levantamento anterior do Datafolha, feito em setembro de 2014, nota-se uma maior sensibilização do brasileiro a questões que envolvem a igualdade, possível reflexo da crise econômica e do alto desemprego que atingem o Brasil.
Subiu, por exemplo, de 58% para 77% a parcela que acredita que a pobreza está relacionada à falta de oportunidades iguais para todos. Já a que crê que a pobreza é fruto da preguiça para trabalhar caiu de 37% para 21%.
Essa notícia é extraordinária e arrasadora para uma direita insana que, para derrubar Dilma, contou com o apoio de uma maioria esmagadora e pobre da população que só tem a perder com o golpe e com as reformas neoliberais de Temer e do PSDB e que, agora, está descobrindo que ao apoiar o golpe jogou contra si mesma.
Na mesma edição da Folha, análise do diretor do Datafolha, Mauro Paulino, explica por que Lula e Bolsonaro vêm crescendo tanto nas pesquisas.
Segundo Paulino, a população voltou a se dividir em duas correntes simétricas, 41% à esquerda, 40% à direita e 20% no centro, a exemplo do que se observava em 2013, após as manifestações de junho.
A agenda antissocial de um governo impopular que vem se dedicando a reformas em setores nevrálgicos e se vê envolto em denúncias da Lava Jato se reflete na opinião pública sob a forma de ameaças a direitos conquistados, diz o diretor do Datafolha.
Ele ainda afirma que se valoriza o papel do Estado como agente facilitador para o desenvolvimento econômico e para socorrer empresas nacionais. E que a tal “meritocracia”, tão presente no debate de 2014, está sendo colocada em xeque no ambiente de crise e desemprego crescentes.
Diante disso, Paulino afirma que, agora, “parte da população volta a ficar sensível ao discurso de inclusão do petismo, o que explica o crescimento de preferência pelo partido e a liderança de Lula nas pesquisas”.
E para explicar a disparada de Lula nas pesquisas desde que foi levado à força para depor no ano passado, a opinião praticamente unânime entre os eleitores de esquerda e de direita é a de que, no Brasil, a Justiça trata os ricos melhor dos que os pobres.
Ora, ao ver que só petistas se dão mal na Justiça enquanto que direitistas como os ex-presidentes do PSDB Aécio Neves e Eduardo Azeredo são tratados como reis, o povo começa a perceber que os petistas é que estão ao seu lado.
A pesquisa ainda afirma que o único político que cresce ao lado de Lula é Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e que isso ocorre porque ele vende o discurso de extermínio de “bandidos” como solução para uma criminalidade que ainda vai crescer até a eleição do ano que vem devido ao caos social e econômico.
Contudo, Bolsonaro tem um limitador importante. A população pobre, que é majoritária no país, é vítima da truculência de uma polícia preconceituosa que atira primeiro e pergunta depois se a pessoa for negra e pobre. O apoio de Bolsonaro aumenta entre os mais ricos, que estão abandonando tucanos, demos e afins pelo ex-militar defensor da ditadura.
Sergio Moro certamente irá condenar Lula proximamente. Não condenou ainda porque está assustado com a reversão de suas condenações pela segunda instância. Já percebeu que se condenar Lula com base apenas nas delações terá sua sentença reformada pelo TRF4.
Contudo, Moro não tem alternativa. A melhor oportunidade de condenar Lula é na questão do tríplex, na qual os investimentos da mídia, dos tucanos e da Lava Jato foram gigantescos. Se absolver o ex-presidente, ficará desmoralizado.
Moro não sabe o que fazer. Se condenar Lula só com os indícios fracos que tem, ele não só será absolvido em segunda instância como crescerá ainda mais rápido nas pesquisas. A sentença que Moro dará sobre Lula nos próximos dias o tornará candidato imbatível em 2018. Condena Lula de uma vez, Moro! Você vai elegê-lo para um terceiro mandato.

Blog da Cidadania 

sábado, 17 de junho de 2017

Xadrez de Janot na estrada de Damasco e o fundo do poço, por Luís Nassif

No Novo Testamento (Atos 9), quando Saulo (depois chamado Paulo) cai de seu cavalo na estrada para a cidade de Damasco e recebe a visita do próprio Jesus, se convertendo ao cristianismo.
Assim como na economia, todo processo politico caótico tem momentos de corte, uma espécie de fundo do poço, no qual há duas possibilidades subsequentes:

Alternativa A: todos os grupos majoritários se sentirem perdedores. Aí se começa a abrir o espaço para o diálogo; ou Alternativa B: novas rodadas radicalizantes, e movimentos oportunistas ou de esperneio dos grupos que serão expelidos do poder.

Há sinais no ar, tênues embora, de que possa se estar entrando na alternativa Alternativa A. Enfatizo: sinais tênues ainda.

Ainda se está a quilômetros de distância de um referencial mínimo, que aponte os novos rumos. Mas o ciclo da subversão constitucional aparentemente começa a se esgotar.

Nesse período terrível, aconteceu de tudo, com externalidades negativas em todos os setores, novos poderosos montando uma caçada ideológica no serviço público, procuradores desvairados entrando com ações contra escolas e reuniões políticas, movimentos de ultradireita saindo das profundezas e investindo contra avanços civilizatórios e a quase consumação do mais execrável pacto político da história: o que permitiria a uma organização criminosa apossar-se do Estado brasileiro e livrar-se da Justiça em troca de reformas radicais enfiadas goela abaixo da opinião pública.

Parecia que todos os filtros de uma sociedade civilizada haviam sido desativados, até os básicos, o olhar crítico sobre os puxa-sacos, a desconfiança contra os exibicionistas, o pudor em tratar com governantes notoriamente corruptos. 

A própria Lava Jato se tornou um centro escandaloso de vaidade e oportunismo, com procuradores se comportando como blogueiros teens (na expressão feliz de Nina Lemos), aproveitando a visibilidade dada pelo Ministério Público Federal para surfar no universo rentável das celebridades.

Figuras que deveriam estar atrás das grades, como Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, Moreira Franco e o próprio Temer, e seus seguidores, como Laerte Rímoli, Elsinho Mouco, o submundo jornalístico que se manteve à tona graças a Eduardo Cunha, Aécio Neves, Michel Temer (https://goo.gl/E8Hsf3) comportavam-se como os conquistadores imbatíveis, como piratas do Caribe em cima dos destroços da Constituição.

As delações da JBS foram como uma bomba de nêutron, desmontando toda a armação política-midiática erigida nos últimos anos, o discurso pseudomoralista que derrubou uma presidente eleita e caiu a ficha de parte do golpe, da inviabilidade de um pacto político com uma organização criminosa para promover o desmonte das redes de proteção social brasileiras.

A delação da JBS se abateu sobre o Procurador Geral da República Rodrigo Janot como a luz que derrubou Paulo do cavalo, a caminho de Damasco, e lhe mostrou o rumo. Em uma tacada só, exibiu o amadorismo exibicionista da Lava Jato e suas fixações, reassumiu o protagonismo da operação, a ponto de deixar Dallagnoll com síndrome de abstinência, passando a opinar até sobre o caso JBS para não perder espaço para o PGR.

Nos últimos dias, o portal da PGR divulgou o questionamento de leis de municípios que vetaram material sobre ideologia de gêneros nas escolas, a criação de cotas para negros nos concursos do MPF, a PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão) encaminha pedido de informações do Alto Comissariado das Nações Unidas para o Itamaraty, sobre a inconstitucionalidade de leis que proíbem discussões sobre gênero em escola.

Os próximos capítulos permitem um pouco de fé nos novos tempos:

Peça 1 – o desembarque do PSDB
Se não há motivos para manter presa Andrea Neves, existem motivos sólidos para a prisão de Aécio Neves. Solto, ele ficará articulando com colegas do Senado e com o Ministro Gilmar Mendes maneiras de impedir as investigações.

Além disso, a prisão terá um simbolismo especial.

Como era possível a uma sociedade que se pretendia civilizada conviver com a exposição pública de Aécio, flanando sobre a Justiça, mandando adversários para a cadeia – como o episódio do jornalista Jorge Carone -, com investigações paralisadas sobre aliados, sob suspeita de tráfico de cocaína? Como seria a democracia brasileira com a falta de limites de Aécio e seus amigos?

Sua provável prisão finalmente trará o PSDB para a realidade política, constatando a impossibilidade total de bancar uma organização presidida por Temer. Mais relevante: quebra o elo da possível parceria com o Judiciário e fecha a porta para o que parecia ser a saída planejada do impeachment.

Ao se inviabilizar politicamente, paradoxalmente, o PSDB se habilita para um passo mais maduro, em busca de entendimento. O duro é localizar no partido alguma liderança que, mesmo de longe, tenha a dimensão de um Mário Covas ou Franco Montoro.

De sobra, interrompe a articulação do chanceler Aloysio Nunes  com o governo Donald Trump, de abrir brechas para a invasão da Venezuela. A ideia fixa de Aloysio – vergastando Maduro diariamente, como se não houvesse outro tema no Itamarty - não é apenas falta de imaginação e conhecimento para outros temas diplomáticos: cumpre o roteiro do guru José Serra. Em vez da tradição diplomática pacifista brasileira, de buscar uma solução para um país que se desmancha, o papel de gendarme da volta do grande cacete norte-americano.

Aloysio e Serra se valem da perda total de substância ideológica do PSDB, da ausência de estudiosos internos, para montar suas jogadas pessoais com o Grande Irmão. São os últimos vagidos de políticos que perderam a dimensão de país.

Peça 2 - A denúncia de Michel Temer
Mal empossado presidente, Michel Temer levou para dentro do governo seus quatro operadores particulares: José Yunes, Sandro Mabel, José Felipelli e Rodrigo Loures.

A maneira como foi bajulado pelos grupos de mídia se constitui em um dos episódios mais vergonhosos da história do jornalismo, cujo ápice foi o Roda Viva com ele.
Poucos imaginavam seu nível de mediocridade e de falta de noção. E aí Deus mostrou, pelo menos uma vez, que ainda é brasileiro. Criou-se tal desorganização institucional com o golpe, que um político mais habilidoso e ousado – como o próprio Aécio - poderia ter conduzido o país ao estado de exceção amplo e se perpetuado no poder. Felizmente, se entregou a Temer a responsabilidade do pós-golpe.

A denúncia próxima da PGR contra Temer repõe nos eixos um mínimo de dignidade na política. Hoje em dia, é visível em qualquer cidadão, mesmo o menos politizado, o sentimento de vergonha de ver o país governado por uma pessoa da dimensão e do caráter de Temer e sua turma.

Para se acreditar em um país sério só faltaria o MPF investigar os negócios da FIFA-Globo, do IDP de GIlmar Mendes com o Tribunal de Justiça da Bahia e o enriquecimento de José Serra.

Peça 3 diretas-já ou Constituinte
A entrevista de Joesley Batista à revista Época é arrasadora. Com todas as ressalvas que se possa fazer, expõe de maneira ampla o apodrecimento final do modelo político.

Com a saída do PSDB do jogo de apoio a Temer, resta saber qual será o tamanho do centrão para resistir ao Supremo Tribunal Federal e à denúncia contra Temer e ao clamor das ruas.

Entra-se, agora, nos momentos cruciais que definirão a travessia para o novo ciclo político.

Há na mesa as seguintes alternativas:

1.     Eleições indiretas com Rodrigo Maia. Será uma tentativa de dar continuidade à quadrilha de Temer, mas com alguns acenos para setores de oposição. E eleições em 2018.

2.     Eleições indiretas com Tasso Jereissatti. A delação da JBS destruiu essa ponte.

3.     Eleições diretas-já.

Qual a resultante das eleições diretas, não se sabe. Entra-se em um daqueles momentos em que Deus joga dados e tudo pode ocorrer.

Às forças democráticas resta o desafio de construir uma alternativa política e econômica viável, os estudiosos trazendo seus diagnósticos, as lideranças conversando e definindo os contornos de um novo pacto. Ou então, o caos.

Do GGN