Na coluna de ontem, mencionei a necessidade da USP
(Universidade de São Paulo) ser regida por um Conselho Administrativo. Leitores
supuseram que eu me referia ao Conselho Superior, que existe. Seria algo acima
do Conselho Superior, formado por membros da sociedade civil, produtiva, órgãos
de fomento, indústria, governo que pudessem definir claramente a missão da
universidade.
O mesmo problema do excesso de concentração de encargos
burocrático acomete as universidades federais, tornando quase impossível a função
do reitor. Este tem que ser um super-homem, entender de área administrativa,
acadêmica, prestar contas para o governo, enfrentar a lei de responsabilidade
fiscal. Não foi treinado para isso, porque escolhido exclusivamente entre
professores.
As universidades americanas têm o CEO, o presidente. Debaixo
dele, as áreas administrativa e acadêmica. E o Conselho Administrativo
definindo a missão e os indicadores de desempenho.
Com essa polarização maluca que tomou conta do país, com CEOs
sem visão sistêmica de país, e muitos departamentos sem visão de eficácia, há
que se ter muito cuidado para impedir interferências indevidas na missão da
Universidade. O que só seria possível com governos legitimados pelo voto e uma
ampla discussão sobre a governança.
Outro fator decorrente dos problemas estruturais da USP é a
incapacidade de pagar salários competitivos aos professores em tempo integral.
Nos últimos anos, perdeu diversos professores para as federais - antes que
Temer e Maria Helena Guimarães iniciassem o trabalho de demolição - e para as
universidades privadas de ponta.
Por trás dessa crise, uma redução da receita em decorrência
da queda da atividade. Mas também a falta do modelo administrativo eficiente.
Tome-se o caso do campus de São Carlos. Tem Institutos de
Física, Química, Arquitetura, Engenharia, Matemática, Computação e a prefeitura
do campus. São 6 unidades.
É um campus essencialmente de exatas. Cada unidade tem uma
estrutura administrativa independente, com diretor, vice-diretor, chefes de
departamento, vice-chefes, RH, transporte e motoristas. Tudo isso para um
campus com 5 mil alunos de graduação e 3 mil de pós.
Em todo caso, São Carlos é um centro de excelência (e seria
melhor ainda com objetividade gerencial e com os professores libertados das
malhas burocráticas da administração). No caso da USP Leste, o quadro é mais
confuso, porque a universidade não definiu sua vocação. O único critério
a justificar sua criação é o da localização.
Se a USP ainda é a melhor universidade do país, deveria estar
participando das grandes discussões, dos grandes problemas nacionais. Por que
não está? A PUC-SP faz mais eventos, discute mais o Brasil do que a USP.
O MIT (Massachusetts
Institute of Technology) é uma unidade, que tem departamentos.
Quando se fragmenta a gestão, dificilmente se conseguem
projetos multidisciplinares, que deveriam ser afetos apenas à área acadêmica.
Dependem de cada instituto, de cada departamento envolvido. Torna-se um
paquiderme burocrático.
Há muitos modelos internacionais que funcionam. Se não souber
como fazer, que se copie o modelo de uma universidade padrão internacional.
Do GGN