Foto: Lula
Marques/PT
No dia 18 de
maio, quando deflagrou a operação Patmos, na Lava Jato, a Polícia Federal
vasculhou endereços do coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho,
mais conhecido como Coronel Lima, e encontrou indícios de obstrução de provas
que interessam à operação.
Segundo
reportagem da Folha, isso bastaria para a força-tarefa fundamentar um pedido de
prisão contra o amigo de décadas de Michel Temer. Porém, por "questão de
estratégia", a Lava Jato decidiu não ir para cima do Coronel.
Lima é amigo
de Temer desde os anos 1980, quando o hoje presidente era secretário de
segurança em São Paulo. Na Lava Jato, ele é suspeito de ser o laranja do
peemedebista, tendo sido acusado pela JBS de operar o recebimento de R$ 1
milhão em propina que a empresa de Joesley Batista teria destinado à campanha
de Temer, em 2014. O total em caixa 2 era de R$ 15 milhões.
De acordo
com a Folha, a PF encontrou no apartamento do Coronel "documentos
rasgados, com informações sobre a reforma da casa de uma filha do presidente
Michel Temer".
"Os
rasgos nos papéis, feitos nos sentidos horizontal e vertical da folha,
aparentemente com uma régua, sugerem que alguém queria destruir a documentação,
na interpretação dos investigadores que participaram da operação de
busca."
Lima estava
na sala quando as folhas foram encontradas pela PF e teria dado sinais de
"irritação e contrariedade" com a descoberta.
"Destruição
de provas é considerada um crime grave pela Justiça. É uma das justificativas
previstas para a decretação de prisão. A Procuradoria-Geral da República,
segundo a Folha apurou, não pediu a prisão de Lima Filho neste primeiro momento
por razões estratégicas", ressaltou o jornal.
Além de
papéis relacionados à reforma do apartamento da filha de Temer, em São Paulo, a
Lava Jato também encontrou, entre outros documentos sob sigilo, alguns que
indicam que o presidente teve despesas pagas pelo Coronel.
Quando a
imprensa divulgou, na semana passada, que a Argeplan teria participado da
reforma da residência da filha de Temer, o Planalto negou a informação mas,
depois, voltou atrás e reconheceu que Coronel Lima até fiscalizou a obra entre
2014 e 2015.
Folha
lembrou que o amigo de Temer é dono da Argeplan, empresa que, ao lado do grupo
finlandês AF Consult e outras empresas brasileiras, contruiu a usina de Angra
3. O valor do negócio é de R$ 162,2 milhões.
No ano
passado, a Engevix relatou à Lava Jato ter repassado R$ 1 milhão para a
campanha de 2014 de Temer como "retribuição pelo contrato com o grupo
finlandês". Mas a força-tarefa rejeitou o pedido de delação "por
motivos não declarados".
Temer e
Coronel não quiseram comentar a reportagem sobre a obra no imóvel da filha e a
eventual destruição de provas, respectivamente.
Do GGN