Para cobrir o rombo de R$ 58,2 bilhões no
Orçamento de 2017, o governo de Michel Temer acabou com a desoneração da folha
de pagamentos em 50 setores. Preservou quatro que, segundo a alegação
oficial, são intensivos de mão de obra.
Diga-me quem o governo Temer preserva e eu
direi onde está a corrupção.
O primeiro deles é o setor de transporte
rodoviário coletivo de passageiros. O setor é representado pela Fetranspor
(Federação das empresas de Transportes), permanentemente envolvida com a
corrupção política.
Segundo o jornal O Globo (https://goo.gl/eNa4Hz) de hoje:
“RIO
— Uma pequena mudança na legislação, aprovada pela Assembleia Legislativa do
Rio em dezembro do ano passado, abriu caminho para as empresas de ônibus
embolsarem R$ 90 milhões em créditos do RioCard pagos pelos passageiros. A nova
lei, nº 7.506/16, incluiu os cartões eletrônicos na relação de passagens com
prazo de validade de um ano. Embora o RioCard seja uma bolsa de crédito em
dinheiro do consumidor, a Alerj desobrigou os empresários, após o prazo, a
devolver os valores não utilizados.
Entre
as 17 pessoas levadas na quarta-feira, sob condução coercitiva, à Polícia
Federal no Rio, estão o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), e o
presidente da Federação das Empresas de Transportes (Fetranspor), Lélis Marcos
Teixeira. Picciani é suspeito de organizar o pagamento de propina pela
Fetranspor ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), para favorecer o setor em
atos de fiscalização do tribunal. Foram auditores do TCE os responsáveis pela
descoberta dos créditos de R$ 90 milhões retidos pelas empresas. O processo é
de 2014, mas até hoje não chegou ao plenário do órgão”.
Alguma dúvida sobre a preferência?
Outros setores foram o de transporte
ferroviário e metroviário de passageiros e construção civil, área prioritária
de atuação das empreiteiras. E, finalmente, em retribuição à defesa de seu
mandato, as empresas de comunicação – rádio, TV e impressos.
Ficaram de fora das benesses oficiais
setores muito mais intensivos de mão-de-obra, mas que não costumam colaborar
com governos, nem comprando favores nem vendendo apoios, como o segmento de
call center, de tecnologia de informação, o hoteleiro, as padarias, o de
confecções, o comércio varejista, de autopeças, móveis, têxtil, brinquedos,
cerâmicas entre outros.
Ontem, a ANER (Associação Nacional das
Editoras de Revistas) organizou belo seminário sobre a pós-verdade e a maneira como
a imprensa é o último baluarte contra as informações falsas. Hoje a Folha
lançou seu novo manual, com profissão de fé nos princípios jornalísticos.
O patrono dessas causas provavelmente será
o consultor Rubnei Quícolli.
Do GGN