Então
era isso, a modernidade, aquela que, desde Fernando Collor, dizem faltar em
nosso pais?
Trocarmos
os grandes debates nacionais por “tretas”? Discutirmos se a Terra é plana?
Comemorarmos, como conta hoje o El País, a redução do desemprego feita com 905 mil pessoas,
em 2019, terem se tornado entregadores, de moto ou de bicicleta?
É
isso, é normal que, num país agoniado pela pobreza, onde os mais pobres
cozinham o que têm na lenha, porque o botijão de gás ficou inacessível, as
discussões de final do ano sejam a herança do Gugu e alguma outra bobagem de
“celebridade”?
Em
que “ter religião” é atirar coquetéis molotov em quem tem outra ou em
quem não a têm?
Em
que se comemora o emprego (?) em ‘bicos’ como faz-se hoje, em O Globo, com o aumento dos contratados “intermitentes”?
Ou
será que ‘modernidade” em segurança e justiça seja armar-se mais, matar mais,
prender mais e surrar mais?
Note
que nem entrei no fato de termos um presidente idiota, grotesco, estúpido,
alguém que não pode sequer, ao menos, comportar-se.
Nem
no fato de ele empoderar, como príncipes, uma ninhada de energúmenos e boçais.
Isto
sempre esteve aí, nas beiradas da sociedade civilizada e quem os colocou neste
lugar foi gente muito bem situada, de bons modos e grandes apetites.
Este
ano, como os mais recentes, fazem lembrar os selvagens que encolhem cabeças.
Os
“cobradores de autocrítica” não praticam o que pregam, porque menos grave estes
personagens que o embrutecimento geral a que levaram o Brasil. Reclamam dos
exageros do imbecil presidente, mas não do processo que o construiu.
No
fundo, acham que isso é um mal necessário para destruir dignidades, sonhos,
país e, portanto, adequar o país a uma modernidade onde a única liberdade
sagrada é a do dinheiro, seu verdadeiro Deus.
Do
Tijolaço. Por Fernando Brito, 30/12/2019.