"Não
comprei o silêncio de ninguém, por razão singelíssima: porque exata e
precisamente não temo nenhuma delação, nao preciso de cargo público nem de foro
especial".
Em
pronunciamento na tarde desta quinta (18), o presidente Michel Temer afirmou
que não vai renunciar ao mandato em função das denúncias da Lava Jato. Temer
foi gravado por dono da JBS dando aval à compra do silêncio de Eduardo Cunha e
Lúcio Funaro. Vídeo aqui.
Em rede
nacional, Temer admitiu que foi gravado "clandestinamente", mas
afirmou que não cometeu crime nenhum. Segundo o presidente, ele tomou
conhecimento dos pagamentos a Cunha na noite de 7 de março, mas encarou como
uma ajuda financeira ao deputado cassado, hoje preso na Lava Jato.
"Ouvi
os relatos do empresário que, por solicitação do deputado [Rocha Louras],
ajudava a família do ex-parlamentar [Eduardo Cunha]. Não solicitei que isso
acontecesse e só tive conhecimento desses fatos por esse empresário", disse
Temer.
"Não
comprei o silêncio de ninguém, por razão singelíssima: porque exata e
precisamente não temo nenhuma delação, nao preciso de cargo público nem de foro
especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome e nunca autorizei que
fosse usado indevidamente. (...) Não renunciarei. Sei o que fiz e sei da
correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para
esclarecimentos ao povo. Essa situação de dubiedade e dúvida não pode exigir
muito tempo", acrescentou.
Temer
ignorou que sua base política no Congresso começou a esfarelar nesta quinta,
quando lideranças anunciaram que discutem abandonar o governo. O principal
fiador de Temer, o PSDB de Aécio Neves - também atingido pela delação da JBS -
pressiona para que os ministros entreguem os cargos. Imediatamente após a fala
de Temer, Roberto Freira (PPS) entregou o Ministério da Cultura.
Ao rechaçar
a possibilidade de denúncia, Temer pediu investigação rápida e apegou-se aos
resultados da economia para dizer que estava fazendo um bom governo.
"Quero
deixar muito claro, dizendo que o meu governo viveu nesta semana seu melhor e
seu pior momento. Os indicadores de queda na inflação, os números de retorno ao
crescimento na economia e os dados de geração de empregos criaram esperança de
dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam no Congresso",
disse Temer.
"A
revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma da
crise política de proporção ainda não dimensionada. Portanto, o imenso esforço
de tirar o País da crise pode se tornar inútil e não podemos jogar fora o
trabalho em prol do País", avaliou.
Do GGN