Urgente!
Monstruoso ataque contra indígenas no Maranhão
Dezenas de
fazendeiros e jagunços atacaram um grupo indígena da etnia Gamela, decepando
mãos com golpes de facão e ferindo à bala um número ainda desconhecido de
índios. Os Gamela acabavam de desocupar uma área tradicional. Percebendo, após
a ocupação, que havia um movimento organizado com grande número e força muito
além do seu reduzido grupo, os índios decidiram deixar o local. Porém,
quando se retiravam foram cercados e brutalmente massacrados. Voltamos aos
tempos coloniais do genocídio indígena.
Deputado da bancada da bala incitou o
ataque
Foi apontado
como incitador do massacre o deputado federal Aluísio Guimarães Mendes Filho
(PTN/MA), membro ativo da bancada da bala no Congresso. Ele falou à rádio
Maracu atiçando os ânimos contra os indígenas. O deputado foi assessor
presidencial de José Sarney e secretário de Segurança Pública na última gestão
do governo de Roseana Sarney no Maranhão.
A Polícia
Militar estava presente na cena dos acontecimentos, e nada fez para evitar o
massacre. Ou melhor, serviu justamente para dar proteção aos jagunços e aos
fazendeiros nos atos criminosos perpetrados contra os Gamela.
O que está ocorrendo
no Brasil é responsabilidade do STF, do MPF e da Justiça. Apoiadores de
primeira hora do golpe contra a democracia, eles têm mantido total silêncio
frente aos massacres, efetuados por jagunços e fazendeiros. Eles mantém-se
igualmente calados diante de todas as barbaridades pregadas por Jair Bolsonaro,
líder da bancada da bala, e que faz sua pregação fascista sem qualquer oposição
da Justiça.
Como se viu
durante a Greve Geral no RJ, com o bombardeio da manifestação na Cinelândia,
vivemos um ascenso sem precedente da violência policial de sentido político.
Quem está por trás disso? É o STF, o MPF e a Justiça que não movem uma palha
para conter esse avanço, que não se manifestam e que, em seu silêncio,
consentem com o avanço da violência.
Até a Globo,
assustada diante da violência da PM que ela ajudou a desencadear, fez uma série
de matérias para denunciar a violência policial da sexta-feira no Rio. Só os
setores da Justiça no Brasil não dizem uma vírgula sobre a violência policial e
parapolicial, que avança em todo o país.
Vejam as
matérias da Globo:
O Artigo do
Congresso em Foco:
Ataque a
grupo de índios deixa vítimas com mãos decepadas no Maranhão
Vários
indígenas foram feridos a golpes de facão e pauladas quando se retiravam de
área no povoado de Bahias (MA). No momento do ataque, de acordo com os Gamela,
a Polícia Militar já estava no local e não interveio.
Um grupo
Gamela acabou brutalmente atacado na tarde desse domingo (30) no Povoado de
Bahias, município de Viana no Maranhão. Os indígenas decidiram se retirar de
uma área tradicional retomada e, enquanto saíam, sofreram uma investida de
dezenas de homens armados de facões, paus e armas de fogo. Pouco puderam
fazer em defesa própria a não ser correr para a mata. Um carro de polícia
estava junto ao grupo de fazendeiros e capangas antes da ação violenta.
Pelo menos
cinco indígenas feridos em estado grave foram internados no hospital Socorrão
2, Cidade Operária, na capital São Luís. Um deles levou dois tiros. Além disso,
um teve as mãos retiradas a golpes de facão, na altura do punho, e outro, além
das mãos, teve os joelhos cortados nas articulações. Os dois ainda
permanecem internados em estado grave. Outros 13 foram feridos com golpes de
facão e pauladas. Os dados ainda são parciais. Vários outros indígenas estão
feridos.
Em alguns
casos, há índios com ferimentos mais severos. Não há confirmação de
óbitos. As vítimas estão recebendo os cuidados médicos nos hospitais de
Viana, Matinha, Olinda Nova do Maranhão e Penalva – para onde foram
levados.
Ana
Mendes
Um
dos primeiros índios atendidos após o massacre
“Estavam
bêbados. Já tínhamos nos retirado da casa, estávamos tomando o caminho de
volta. Chegaram atirando e dando com pau e facão. Foi muito rápido, muito
rápido”, diz um indígena ouvido pela equipe de comunicação do Cimi (os nomes
foram omitidos por se tratam de testemunhas da agressão). Com dedos fraturados
e a cabeça atingida possivelmente por um facão, o Gamela estava ao lado de um
outro indígena também com ferimentos no rosto e no braço.
No momento
do ataque, de acordo com os Gamela, a Polícia Militar estava no local e não
interveio. Por volta das 20h30, o delegado Mário, de plantão da Delegacia Regional
da Polícia Civil de Viana, afirmou por telefone à equipe do Cimi que não sabia
ao certo o número de feridos Gamela por entender que na região eles não são
vistos como indígenas.
“Tem uma
questão aqui, que eles (Gamela) não são aceitos pela população local como sendo
indígenas. Tem uma grande questão aqui sobre isso, eu mesmo não sei se eles são
indígenas ou não são, até agora a gente não sabe, entendeu?”, disse o delegado.
O Governo do Estado foi informado do ataque contra os Gamelas por intermédio da
Secretaria Estadual de Direitos Humanos.
Esse, no
entanto, não é um caso isolado na região. Em 2015, um ataque a tiros foi
realizado contra uma área retomada. Em 26 de agosto de 2016, três homens
armados e trajando coletes à prova de bala invadiram outra área e foram
expulsos pelos Gamela, que mesmo sob a mira de armas de fogo os afastaram da
comunidade.
Ação
premeditada
De acordo
com farto material público divulgado em redes sociais e mídia, apoiadores do
povo Gamela e as lideranças indígenas afirmam que o ataque foi premeditado.
“Fazendeiros e gente até de fora aqui da região passaram o dia reunidos,
fazendo churrasco e bebendo. O encontro foi convocado dias antes, logo após a
nossa última retomada”, diz uma liderança Gamela.
Foto divulgação CIMI
Os Gamela haviam retomado uma área contígua à aldeia Cajueiro Piraí
Na última sexta-feira, 28, os Gamela retomaram uma área (na foto ao lado) contígua à aldeia Cajueiro Piraí localizada no interior do território tradicional reivindicado pelo povo. Na ocasião, os Gamela trancaram a rodovia MA-014 em apoio à greve geral e em sincronia com o 14º Acampamento Terra Livre (ATL), que ocorria em Brasília. Em seguida, retomaram a área incidente na terra indígena, localizada ao fundo da aldeia Nova Vila, usada para a criação de búfalos e gado.
Parlamentar
envolvido
Por meio de
entrevista a uma rádio local, o deputado federal Aluísio Guimarães Mendes Filho
(PTN/MA), que foi assessor presidencial de José Sarney e secretário de
Segurança Pública na última gestão do governo de Roseana Sarney no Maranhão,
após a retomada de sexta-feira (28), chamou os Gamelas de arruaceiros e, em
diversos momentos, emitiu opiniões com teor de incitação à violência. Num
trecho o parlamentar percebe os excessos e tentar baixar o tom (ouça o programa
abaixo).
Ouça o áudio
abaixo com a entrevista à rádio Maracu: [clique aqui]
“Botou
gasolina na fogueira que acenderam pra queimar o nosso povo. Não teve
responsabilidade com as nossas vidas. As notícias que chegavam eram de uma
concentração cada vez maior de fazendeiros pra nos atacar. Mobilizaram por
celular e pelas rádios. Pegaram gente de outras regiões. Pensávamos que seria
na (aldeia) Cajueiro, mas quando percebemos que seria no Povoado das Bahias,
não tinha como ficar lá com tão pouca gente. Olha, foi um massacre”, destaca um
outro Gamela presente na hora do ataque e que sofreu apenas escoriações.
A equipe de
comunicação do Cimi teve acesso a áudios de ligações telefônicas, que serão
encaminhadas às autoridades públicas. Em uma gravação, os policiais afirmam que
os indígenas estavam invadindo fazendas e diz que a polícia estava “largando o
pau” nos Gamelas. “Estavam invadindo fazendas e a polícia estava largando o pau
mesmo e parece que balearam dois, viu. (…) os índios tá botando bem curtinho.
Vai dar morte ali. Já foi hoje já”. Em outro, o policial afirma: “não sabe se
dá pra mandar gente lá (local do conflito) porque é a população contra os
índios mesmo”.
Na região,
os fazendeiros têm se revoltado com o movimento de “corta de arame” empreendido
pelos Gamela por todo o território tradicional. A cada cerca levantada, os
indígenas vão e cortam seus arames.
Ações contra
o massacre
O Governo do
Estado do Maranhão, por intermédio das secretarias de Segurança Pública e
Direitos Humanos, já foi informado dos fatos. A Fundação Nacional do Índio
(Funai) também foi notificada. O grupo pretende pedir apoio ao governo federal
para garantir direitos humanos básicos e proteção. Os índios Gamela acreditam
que as polícias Militar e Civil são próximas dos principais opositores da pauta
indígena.
O Conselho
Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e a 6a Câmara de Coordenação e Revisão, que
cuida dos assuntos ligados aos povos indígenas e quilombolas na
Procuradoria-Geral da República (PGR) já estão analisando formas de intervenção
na situação. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a
relatora da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz,
será comunicada nas próximas horas sobre o ataque contra os Gamela.
Com informações
do Conselho Indigenista Missionário
Do Cafezinho, Por Bajonas Teixeira