A equipe da
perícia da Polícia Federal prepara as malas para avaliar o acervo de Márcio
Lobão, filho do senador Edison Lobão (PMDB-MA), que teve 1.200 obras
apreendidas no Rio de Janeiro. A metodologia pode ter consequências no mercado
de arte brasileiro, ao detectar falsificações em galerias, leilões e museus.
“Isso
denigre o mercado, os espaços de exposição”, diz a museóloga Patricia Moura.
Com o uso de
cinco técnicas diferentes, o trabalho estabelece um parâmetro para avaliar com
segurança a autoria e o valor de uma obra de arte, e então estimar o montante e
as condições da lavagem de dinheiro.
Assim,
confere precisão à imputação do crime.
“Essa
precisão nos dá mais segurança para pedir reparação de danos e decretar o
perdimento desses bens”, avalia o procurador da República Diogo Castor de
Mattos, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato.
Márcio Lobão
é figura conhecida no meio das artes do Rio. Sua coleção inclui obras de
artistas contemporâneos dos mais valorizados do Brasil, como Adriana Varejão e
Beatriz Milhazes, além do modernista Volpi (1896-1988).
O filho do
senador Edison Lobão (PMDB-MA) que teria recebido propina pela obra da Usina de
Belo Monte, conforme delações feitas à Lava Jato, apurou seu gosto pela arte
brasileira com o sogro, o advogado Sergio Fadel. Márcio Lobão é descrito como
um bom negociador de arte, contaram ao Estado galeristas que atendem a elite
carioca.
Em sua
delação, Henrique Valladares contou à PGR que foram pagos 5,5 milhões de caixa
dois para o então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, codinome
“Esquálido”. A contrapartida era a atuação dele em favor da Odebrecht no
projeto da usina hidrelétrica de Jirau.
Conforme
relato do ex-diretor da Andrade Gutierrez, integrante do consórcio construtor
de Belo Monte, entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões foram repassados ao senador
Edison Lobão pelas obras de Angra 3 e R$ 600 mil da usina hidrelétrica. De acordo
com o delator, o valor relacionado a Belo Monte foi entregue, em espécie, na
casa de Márcio Lobão.
Valladares
informou que o dinheiro era repassado ao filho do atual presidente da CCJ do
Senado, Márcio Lobão, alvo da Operação Leviatã, na qual o nome dele já
aparecia como recebedor de pagamentos realizados pela Andrade Gutierrez no
âmbito de Belo Monte e de Angra 3.
O filho do
ex-ministro de Minas e Energia nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de
Dilma Rousseff também foi citado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado. Em acordo de delação premiada, Machado disse que os valores destinados
a Edison Lobão eram entregues em um escritório no Rio indicado por Márcio.
247/MA