Enquanto
isto, permanecem intocados Flávio Bolsonaro, o lugar-tenente Queiroz, as
investigações sobre a autoria da morte de Marielle.
O
vice-presidente, general Hamilton Mourão, declarou o óbvio: o tal sargento da
aeronáutica não agiu sozinho. Têm-se, aí, um caso grave, um problema que já
afetou Forças Armadas de diversos países, mais ainda aquelas que foram
colocadas na linha de frente da luta contra a droga.
As
fotos na Internet, sobre carregamentos de 40 kg de cocaína, comprovam a impossibilidade
do sargento ter atuado sozinho.
Na
viagem, ele certamente tinha uma mala para seus pertences pessoais, mais o
adicional de 39 kg, que exigiria uma mala gigante. Essa mala chegou no hangar
da FAB, foi transportada até o avião. Sendo o avião da comitiva presidencial,
supõe-se que seja submetido a fiscalização adicional pelas próprias normas de
segurança do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), incumbido de zelar pela
segurança do presidente.
Depois,
na chegara ao destino final, o sargento carregava a mala, imensa. Mesmo se
passasse pela alfândega, é evidente que não passaria despercebida de seus
colegas de voo. Além disso, há indícios de que era reincidente na prática. Ou
seja, havia um esquema azeitado de entrega dos pacotes no hangar da FAB e de
entrega no destino final.
Em
países sérios, haveria uma imediata mobilização das autoridades, do Ministro da
Justiça, da Polícia Federal e do próprio comando da Aeronáutica, para
investigar o caso. E a principal suspeita seria de uma organização criminosa
atuando no âmbito da Aeronáutica.
A
repercussão internacional mostra a gravidade do episódio:
- ‘Financial Times’: “cocaína na Espanha coloca Bolsonaro sob pressão”.
- ‘New York Times’ “Pó branco, rostos vermelhos: carga de cocaína a bordo de avião presidencial do Brasil”.
- ‘Le Monde’, de Paris, : Bolsonaro foi sacudido pelo “Aero Coca”, depois de 39 quilos de cocaína terem sido descobertos
A
própria Aeronáutica, que é uma corporação idônea, certamente está empenhada
nessa apuração.
O
que faz o Ministro da Justiça, Sérgio Moro? Sua primeira atitude é afirmar que
foi um caso isolado, antes mesmo de qualquer análise.
Não
se duvide da honra da FAB. Mas o pré-julgamento de Moro, transformando um
indício preocupante, de organização criminosa atuando na FAB, em “ínfima
exceção” visa exclusivamente fortalecer o apoio militar a ele, no momento em
que é exposta sua parcialidade na Lava Jato. E no momento em que vai aos
Estados Unidos, com a desculpa de se inteirar de técnicas na luta contra o
tráfico. E o responsável pela segurança do vôo, General Alberto Heleno, diretor
do GSI, explica que não tem o dom da adivinhação, incluindo um componente novo
nas normas de segurança: a adivinhação.
Pior!
Servindo a um governo sobre o qual pairam suspeitas sérias de envolvimento com o
crime organizado, as milícias, contra as quais Moro, até agora, não definiu uma
estratégia de combate.
No
mesmo momento, o 3º filho, Carlos Bolsonaro, tuitava mensagem de apoio ao PL
1379/19 que, como explica com seu estilo tormentoso, “anistia multas transportes
coletivos que circulam nas faixas de ônibus”.
Ora,
transportes coletivos é um dos setores preferenciais de atuação das milícias no
Rio de Janeiro. É mais um avanço da economia do crime sobre a economia formal.
Simultaneamente,
o inacreditável Ministro da Educação Abraham Weintraub faz a defesa mais
esdrúxula do governo, reeditando a máxima “sou, mas quem não é?”
Enquanto
isto, permanecem intocados Flávio Bolsonaro, o lugar-tenente Queiroz, as
investigações sobre a autoria da morte de Marielle.
GGN